sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Agora é oficial: obesidade em alta no Brasil





Enquanto não se atingir condições de prevenção desde o nascimento, as ações relacionadas ao controle do aumento do sobrepeso e da obesidade claramente terão pouco sucesso

De acordo com dados do Vigitel 2014, pesquisa realizada através de 40.853 entrevistas com adultos com mais de 18 anos residentes nas capitais dos 26 estados e DF, por inquérito telefone entre fevereiro e dezembro de 2014, os índices de sobrepeso estão aumentando no país, quando comparados aos obtidos em 2006, conforme mostra o gráfico da pesquisa. Já, segundo o mesmo estudo, os dados de obesidade não apresentam evolução significativa nos últimos 3 anos.

Pesquisa Vigitel-2014 do Portal do Ministério da Saúde
52,5% dos brasileiros estão acima do peso – o índice era de 43% em 2006 e de 51% em 2013, enquanto 17,9% da população está obesa. Vale lembrar que esse é um fator de risco para as doenças crônicas (hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer) que respondem por 72% dos óbitos no país.
O maior aumento da taxa de sobrepeso ainda está no sexo masculino (56,5% vs. 49,1% no sexo feminino), enquanto que a obesidade tem uma pequena vantagem para o sexo feminino (18,2 contra 17,56% no sexo masculino) e na faixa etária de 35 a 64 anos (tanto no sobrepeso quanto na obesidade).
A pesquisa ainda mostra que os níveis de colesterol estão elevados em 20% da população pesquisada (22,2% em mulheres / 17,6% em homens), especialmente acima dos 40 anos (6,8% em adultos jovens de 18 a 24 anos), mesmo com um aumento de 18% na atividade física dos adultos e uma queda de 19,3% na taxa de adultos que vê TV por mais de 3 horas ao dia, nos últimos 6 anos.
No que diz respeito às características da alimentação nessa população, o estudo aponta para uma presença maior de frutas e hortaliças na rotina da população brasileira, com um aumento no número de pessoas que buscam uma alimentação saudável, com menos gordura.
Mas, o consumo de sal (12 gramas/dia) ainda é muito alto (2,5 vezes o recomendado de 5 gramas/dia) e essa população ainda tem substituído refeições por lanches (16,2%).
 “Chama a atenção, segundo o Ministério da Saúde, que várias ações estão em andamento há pelo menos 4 anos, visando a prevenção da obesidade. São campanhas educativas na mídia, com incentivo à adoção de hábitos saudáveis, um plano de enfrentamento de DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis) em escolas (“Programa Saúde na Escola – atingindo 18 milhões de estudantes, em 80 mil escolas de 4.787 municípios”), uma revisão do Guia Alimentar com “Recomendações Nutricionais para Prevenção das DCNT”, o lançamento recente de um Guia de Alimentos Regionais para “incentivar a população a aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras, valorizando a alimentação de cada região brasileira”. Mas qual a eficácia disso tudo?”, questiona-se o  pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Prevenindo a obesidade

Enquanto não se atingir condições de prevenção desde o nascimento, as ações relacionadas ao controle do aumento do sobrepeso e da obesidade claramente terão pouco sucesso.
“O estímulo para uma ação eficaz deve ser feito desde os primeiros mil dias (270 dias da gestação + 730 dias dos dois primeiros anos de vida), com um acompanhamento adequado da gestante, uma atenção ao parto ética, estímulo ao aleitamento materno desde a sala de parto (atualmente 65%), exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês (média atual de 51 dias e 40% aos 6 meses), estendido até 2 anos ou mais (mediana atual de 11 meses)”, destaca o  pediatra, que também é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Além disso, deve-se dar muita atenção à introdução alimentar adequada a partir dos 6 meses, seguindo recomendações do Guia Alimentar para Crianças Menores de Dois Anos - Dez Passos para uma Alimentação Saudável – do Ministério da Saúde (2013) e do Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (2012).
“Enquanto buscarmos apenas apagar um incêndio já começado, ação importante, mas muito imediatista, e não nos ativermos à educação, aos cuidados e à promoção de saúde da população desde a gestação, e durante a primeira infância, estaremos dispendendo esforços excessivos e não tão eficazes quanto gostaríamos. EDUCAÇÃO e INFORMAÇÃO são fundamentais e devem ser a base para se implementar qualquer ação com perspectivas de bons resultados imediatos e de longo prazo”, defende Moises Chencinski.

Moises Chencinski - http://www.drmoises.com.br - Email: fale_comigo@doutormoises.com.br


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