terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Mais de 1,5 mil pessoas aguardam por transplante de medula óssea no Brasil




Registro nacional de doadores precisa, cada vez mais, de novos voluntários; procedimento de coleta de amostragem é rápido, simples e requer apenas 5ml de sangue


A fila dos pacientes que esperam por um transplante de medula óssea no Brasil é preocupante. Hoje há 1.570 pessoas com esperanças de encontrar um doador compatível e também um leito disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
Em 2014, foram realizados 2.013 transplantes de medula óssea, 202 procedimentos a mais do que no ano anterior. No Distrito Federal, o número também aumentou: em 2014, 56 pacientes receberam doações, enquanto em 2013 foram apenas 19. Os números são da Associação Brasileira de Transplante de órgãos (Abto).
De acordo com o último dado Irodat (International registry on organ donation and transplantation), com informações de 2013, o Brasil está em terceiro lugar no número de cadastro do doadores, atrás dos Estados Unidos e Alemanha. No DF, em 2014, todos os transplantes realizados foram com a medula do próprio paciente.
Essa decisão geralmente é tomada após a falta de doadores na família. As chances de encontrar um doador ideal entre irmãos - de mesmo pai e mãe - é de 25%. Caso não haja um familiar compatível, o paciente pode tentar o procedimento com a própria medula. Quando a opção não rende bons resultados, a solução é recorrer ao Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) ou aos do exterior. O cadastro nacional conta com 3,5 milhões de candidatos a doação e os internacionais com 21 milhões.

Espera
A fila de espera pode chegar a um ano. Além da compatibilidade, o paciente depende ainda da disponibilidade de leitos nos hospitais. A probabilidade de um paciente encontrar um possível doador no Redome é bem mais remota do que entre familiares: uma a cada dez mil, e dependendo do tipo sanguíneo pode chegar a uma em cada um milhão, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Com objetivo de reduzir as filas, o Ministério da Saúde criou um incentivo financeiro para criação de leitos exclusivos para internação dos transplantados. Atualmente, o Brasil tem 50 centros autorizados para realizar transplante entre parentes e 27 para procedimentos entre desconhecidos. O paciente, que fica com a capacidade imunológica muito baixa, requer infraestrutura diferenciada, como isolamento, para garantir que o tratamento tenha sucesso.
A coordenadora da central de transplante do DF, Daniela Salomão, explica que o mais difícil é conseguir alguém 100% compatível com o paciente: “É preciso haver uma total compatibilidade entre o doador e o receptor, caso contrário, a medula pode ser rejeitada, causando outras doenças”, esclarece a médica.

Tira-dúvidas

O que é o transplante?
É um tratamento para doenças que afetam as células do sangue, como leucemia, linfomas, anemias graves e osteoporose.

Quantos tipos de transplante existem?
O autogênico e o alogênico são os mais comuns. No primeiro, é usada a medula do próprio paciente, que é retirada e colocada novamente após o tratamento de quimioterapia. No tipo alogênico, é transplantada a medula de um doador. O transplante também pode ser feito a partir do sangue de cordão umbilical.

Como se candidatar a doador?
Basta ir ao hemocentro (em Brasília, ele fica na SMHN Q 3 Conj A - Bloco 3 - Asa Norte), ter entre 18 e 55 anos, boa saúde, preencher um formulário e permitir a retirada de 5 ml de sangue para testes de compatibilidade.

Quem tem piercing e tatuagem pode ser doador?
Tatuagem, piercing e gravidez não são empecilhos para o cadastro no Redome.

Pode doar a medula óssea de alguém que está morto?
Não. O transplante pode ser realizado apenas em vida.

A mistura racial brasileira dificulta o encontrar doador compatível?
Sim. Em outros países é mais fácil por não existir a quantidade de misturas de raças do Brasil. Isso diminui as chances de se encontrar um doador compatível.

O que ocorre se a minha medula for compatível com alguém?
Uma vez confirmada uma compatibilidade entre um doador e um paciente, o cadastrado no Redome receberá uma ligação e terá que confirmar se realmente quer fazer a doação. Se a decisão for positiva, serão feitos exames pré-operatórios e após os resultados o transplante é marcado.

O doador corre riscos?
Segundo o Inca, são poucos. Os sintomas que podem ocorrer são após o transplante: dor local, fraqueza temporária e dor de cabeça. Um receio comum entre os interessados em doar é ficar paraplégico, mas o risco não existe, já que o transplante é de medula óssea e não espinhal.

Pode desistir de doar, mesmo depois da realização do cadastro?
Sim.

Tempo de duração do transplante?
Em média, duas horas e a anestesia local ou geral, depende da estrutura corporal do doador. Os doadores retornam às suas atividades até dois dias após a doação.

Existe corte ou cicatriz após o transplante?
Não existe corte ou cicatriz. É usada uma agulha, que colhe 15% da medula óssea do osso da bacia.

Fonte: www.correiobraziliense.com.br/

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