sábado, 24 de janeiro de 2015

BRASIL FALHA NA ERRADICAÇĀO DA HANSENÍASE




Situação da hanseníase no Brasil será levada à ONU durante evento global sobre a doença, no Japão
Estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das metas dos 8 Objetivos para Desenvolvimento Milênio, projetados para 2015, a eliminação da hanseníase ainda é um grave problema de saúde pública para o Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, a cada ano, 30 mil pessoas são diagnosticadas com a doença - o que faz do Brasil o país com o maior número de novos casos de hanseníase e o segundo em números brutos, atrás somente da Índia. A grave situação brasileira contraria as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS): de acordo com a entidade, o coeficiente de prevalência da hanseníase em um país deve corresponder a menos de dez casos por cada 100 mil habitantes. No Brasil, em 2013, o índice foi de 15,44 casos novos de hanseníase por cada 100 mil habitantes. 
O quadro alarmante é agravado, sobretudo, pela condição social da hanseníase. “A história da hanseníase no Brasil é marcada pela contínua violação de direitos humanos, praticada de forma institucional pelo Estado durante a fase do isolamento compulsório das pessoas diagnosticadas com a doença. Como política, esta prática foi interrompida na década de 1980, mas as violações e abusos persistem até hoje, em todo o país”, aponta Artur Custódio, coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). 
Em 27 de janeiro, terça-feira, Artur participará do lançamento do Apelo Global 2015 para a Erradicação do Estigma e do Preconceito contra Pessoas Atingidas pela Hanseníase, no Japão. A iniciativa, organizada pela instituição japonesa The Nippon Foundation, é realizada todos os anos, com o apoio da ONU, da OMS e de centenas de países. “Neste encontro terei a oportunidade de apresentar ao mundo a situação da hanseníase no Brasil. Nós concentramos a atenção global no esforço de eliminação da hanseníase porque somos o país com o maior índice de prevalência da doença. E para enfrentar este quadro não podemos nos dedicar somente à epidemiologia e à clínica da doença. Precisamos, sobretudo, enfrentar o estigma ainda associado à hanseníase e garantir os direitos humanos das pessoas que são ou já foram atingidas por ela”, declara Artur. 
O coordenador nacional do Morhan se refere, por exemplo, à situação da antiga colônia Santa Marta, em Goiás. “Hoje, quarenta famílias que vivem na região estão sob ameaça de remoção forçada. São pessoas que foram separadas de seus familiares pelo Estado e agora sofrem com a possibilidade um novo isolamento. A ONU recomenda a reparação dos danos sofridos durante a fase do isolamento compulsório das pessoas com hanseníase e a garantia dos direitos humanos desses cidadãos. Se preciso, vamos recorrer à entidade”, afirma Artur. 
Apelo Global 2015
Em 2015, o Apelo Global para a Erradicação do Estigma e do Preconceito contra Pessoas Atingidas pela Hanseníase chega à sua 10a edição, com o apoio do Conselho Internacional de Enfermagem e associações nacionais de enfermagem de todo o mundo. Atuando na ponta do sistema de saúde, enfermeiros têm contato direto com as pessoas que precisam de diagnóstico, tratamento e atenção continuada e por isso têm um papel fundamental no enfrentamento da hanseníase. Além de todo suporte clínico, por sua proximidade com os pacientes, esses profissionais são estratégicos para desfazer mitos e preconceitos. 
Hanseníase no Brasil
A hanseníase tem cura e o tratamento está disponível no SUS, gratuitamente. Neste cenário, o Brasil teria todas as condições para eliminar a hanseníase. No entanto, o país segue ocupando o primeiro lugar no ranking mundial de prevalência da doença, que conta os novos casos de hanseníase na população, e o segundo lugar em termos de números absolutos.  De acordo com o Ministério da Saúde, 30 mil  novos casos de hanseníase são identificados no país a cada ano. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o coeficiente de prevalência da doença corresponda a menos de dez casos por cada 100 mil habitantes – em 2013, o Brasil registrou o coeficiente de 15,44 casos novos por 100 mil habitantes.

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