Dengue
de novo ou ainda? Vamos acordar, Brasil?
Alguns assuntos não deveriam
mais estar sendo conversados e discutidos, de tão claros e informados que eles
são, mas a realidade nos mostra que não podemos deixar de falar e alertar se
quisermos, de fato, provocar mudanças.
Aleitamento materno,
vacinação, obesidade infantil fazem parte do nosso-dia-a-dia e não importa
quanto agimos e quanto informamos e quanto nos esforçamos, percebemos, sempre,
através das estatísticas e da avaliação da realidade que ainda estamos muito
distantes de um consenso e de um bom senso.
Entre esses assuntos
que merecem nossa atenção, a bola da vez é a DENGUE.
Minha primeira
matéria sobre o assunto é de 2007, na qual eu comentava sobre o surto
de dengue no Brasil. Naquele ano, até o mês de março, já haviam sido
notificados mais de 85.000 casos, representando um aumento de quase 30% em
relação ao mesmo período em 2006.
Vamos matar os
mosquitos.
Vamos evitar águas paradas.
Vamos fechar caixas
d’água.
Uma enorme campanha
e uma enorme pressão.
No final de 2007
(outubro) escrevi uma atualização
sobre a situação da dengue naquele ano e um dado chamou demais a atenção:
“Um dado curioso apresentado na
mostra nacional do levantamento é a de que 55% dos entrevistados acham que se o
vizinho não tomar as precauções necessárias para evitar dengue, as medidas que
ele mesmo adotar não adiantarão.”
O alerta era para que a
responsabilidade fosse compartilhada por todos nós. E parece que
responsabilidade não é mesmo nosso forte.
Em 2010, nova matéria no site,
exaltando os serviços
do Instituto Adolfo Lutz, com uma epidemia de 1000 casos no Guarujá nos primeiros 3
meses do ano, com 7.500 casos suspeitos notificados no Estado de São Paulo e
ressaltando que doenças (H1N1, norovírus e dengue) que poderiam ser prevenidas
com cuidados simples (LAVAR
AS MÃOS, MATAR
MOSQUITOS E EVITAR ACÚMULOS DE ÁGUA PARA SUA PROCRIAÇÃO) estavam fora de
controle.
Agora, em 2014, em começo de março
aparece a notícia de que as taxas de dengue caíram, com redução de 80% do total
dos casos (427.000 para 87.000), 95% menos óbitos e 84% menos de casos graves,
em relação ao primeiro bimestre de 2013, segundo dados
do Portal Brasil de 18 de março.
Porém o que temos visto em março e
abril é que os casos de dengue voltaram a aumentar em escala de epidemia e algumas
cidades como Maringá (1.200 casos confirmados até março), Brasília (2.285), Osasco
(312 – tendo triplicado nos últimos 20 dias). Na cidade de São Paulo, segundo
a Agência Brasil, houve um aumento de 42% dos casos comparados a 2013.
O Ministério da Saúde considera
incidência média entre 100 e 300 casos por 100 mil habitantes. Acima disso, a
incidência é considerada alta. A média da cidade de São Paulo está em 15,5
casos por 100.000 habitantes. Porém algumas regiões da cidade, especialmente a
zona Oeste, apresentam índices muito mais preocupantes. No Jaguaré, foram
registrados 324 casos, com índice considerado alto, de 649,8 casos por 100 mil
habitantes. Na Lapa, foram notificados 158 casos, com índice médio de 240,3
ocorrências por grupo de 100 mil habitantes.
Assim, como se observa, longe das
informações otimistas, a dengue está aí.
O que é dengue?
A dengue é uma doença transmitida
por um arbovírus (isso mesmo, é mais uma das viroses), com evolução benigna na
forma clássica, mas que pode ser muito grave quando se apresenta na forma
hemorrágica.
Como ela é transmitida?
O vírus da dengue é um arbovírus
e são conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4. Nas Américas, os vírus
são transmitidos pela picada do mosquito
do gênero Aedes aegypti. Ele mede menos de um centímetro, parece um
mosquito comum, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas. Diferente
da maioria dos mosquitos, o Aedes pica durante o dia e a noite, ao contrário do
mosquito comum, que pica só durante a noite. Eles se proliferam dentro ou nas
proximidades de habitações (casas, apartamentos, hotéis), em recipientes onde
se acumula água limpa (vasos de plantas, pneus velhos, caixas d’água). A
transmissão não acontece por contato direto de um doente ou de suas secreções
com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento.
Como desconfiar de dengue?
A dengue é uma doença aguda que pode ter um quadro bem
variável e inespecífico de sintomas, especialmente em sua fase inicial:
- Febre alta (acima de 39 – 40º) que começa rapidamente (do nada),
que pode durar até 7 dias;
- Além disso, fraqueza, dor no corpo, nas articulações e no fundo dos
olhos, dor de cabeça, náuseas e vômitos são os sintomas mais comuns da
dengue clássica. Se além desses sintomas houver dores abdominais
contínuas, suor intenso e queda de pressão, tem que se suspeitar de dengue
hemorrágica.
Como confirmar o diagnóstico?
Além da suspeita clínica, devem ser
feitos exames laboratoriais complementares:
- Hemograma com contagem de plaquetas;
- PCR para dengue;
- Sorologias para dengue (identificam o tipo de vírus – 1,2, 3 ou
4).
Como se trata a dengue?
Não há tratamento específico para o
quadro além de hidratação, repouso e medicação para os sintomas. Não se deve
usar Ácido Acetil Salicílico (pode evoluir para dengue hemorrágico). Mesmo
assim, tanto o diagnóstico quanto o tratamento só devem ser feitos por um
médico, após examinar o paciente. NUNCA SE AUTOMEDIQUE. Apesar de muita
pesquisa, ainda não existem vacinas para dengue.
INFORMAÇÕES FINAIS IMPORTANTES SOBRE A DENGUE:
- Dengue não é contagiosa. Sua transmissão só acontece pela
picada do mosquito Aedes aegipty;
- O mosquito se multiplica em águas paradas, normalmente perto das
casas. Não deixe acumular água em vasos de plantas, pneus. Não deixe
caixas d’água abertas;
- Dengue é uma doença de notificação compulsória, conforme PORTARIA
Nº 104, DE 25 DE JANEIRO DE 2011 (página 4). Isso quer dizer que todo caso de dengue
confirmado deve ser comunicado ou nos postos de saúde ou até on-line (por exemplo –
para o CVE). Através dessa comunicação a Vigilância Epidemiológica
poderá tomar as providências para o rastreamento e contenção dos casos;
- Outros quadros podem parecer dengue, especialmente na fase inicial
como gripe, sarampo, rubéola e outros quadros virais. Com febre alta e se
estiver em região já com casos de dengue confirmados, procure
imediatamente um serviço médico.
Moises
Chencinski- CRM-SP 36.349 - Médico especializado em
Pediatria e Homeopatia. Autor dos livros Gerar e Nascer- Um canto de amor e
aconchego e Homeopatia- Mais simples do que parece. Redator do blog Mama
que te faz bem. http://www.drmoises.com.br - Email: fale_comigo@doutormoises.com.br
- https://www.facebook.com/tudosobrepediatria
- Blog: http://mamaquetefazbem.zip.net
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