Adote um bandido!
Essa
é a campanha lançada pela infeliz jornalista Raquel Sheherazade (SBT), depois
que um grupo de bandidos de classe média, no Rio de Janeiro, chamados “Bairro
do Flamengo”, prenderam, espancaram e amarraram em um poste um jovem
“criminoso” ou “possível criminoso” (O Globo 5/2/14, p. 8). Justificativa: o Estado
é omisso, a Justiça é falha e a polícia não funciona. Tudo isso é verdade, mas
o Estado democrático de direito não permite a “solução” encontrada: justiça com
as próprias mãos! Quem faz isso é um bandido violador do contrato social. Quem
se entrega lascivamente à apologia do crime e da violência (da tortura e do
linchamento) também é um bandido criminoso (apologia é crime). Se isso é feito
pela mídia, trata-se de um pernicioso bandido midiático apologético. Para toda
essa bandidagem desavergonhada e mentecapta a criminologia crítica humanista
prega a ressocialização, pela ética e pela educação.
A
ressocialização desses jovens bandidos de classe média se daria por meio de uma
marcha da sensatez, em todo país, quebrando tudo quanto é resistência da elite burguesa
estúpida, adepta do capitalismo selvagem, extrativista e colonialista, que é a
grande responsável pelo parasitismo escravagista assim como pelo ignorantismo
do povo brasileiro (em pleno século 21, 3/4 são analfabetos totais ou
funcionais – veja Inaf). A ressocialização desta casta burguesa retrógrada
passa pelo ensino do elogiável capitalismo evoluído e distributivo, fundado na
educação de qualidade para todos, praticado por Dinamarca, Suécia, Suíça,
Holanda, Japão, Coreia do Sul, Noruega, Canadá, Áustria etc.
Quanto
aos jovens marginalizados temos que distinguir: os violentos perversos, que
representam concreto perigo para a sociedade, só podem ser ressocializados
dentro da cadeia, que por sua vez e previamente também precisa ser
ressocializada, depois de um arrastão ético em toda sociedade brasileira que,
nessa área, encontra-se em estágio avançadíssimo de degeneração moral. Em
relação aos jovens não violentos, a solução é a educação de qualidade
obrigatória, em período integral e em regime de internação, quando o caso.
Nenhuma sociedade moralmente sã admite milhões de crianças abandonadas nas ruas!
E quanto à bela jornalista da bandidagem
apologética? Eu proponho dar início à sua proposta e gostaria de adotá-la por
uns seis meses para ensinar-lhe ética iluminista, de
Montesquieu a Voltaire, de Diderot a Beccaria, de John Locke a Rousseau e por
aí vai. O que está faltando para toda essa bandidagem nacional difusa é a
emancipação intelectual e moral de que falava Kant, que hoje exige uma
revolução (da qual todos deveríamos participar) ética e educacional. Temos que
romper radicalmente com nossa tradição colonialista, teocrática, selvagem e
parasitária, ou nunca teremos progresso (veja Acemoglu/Robinson). Essa é a
solução. O resto que está aí é pura bandidagem.
LUIZ FLÁVIO
GOMES -jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Estou no
professorLFG.com.br
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