3 de dezembro
- Dia Internacional das Pessoas com Deficiência
Ausência de conhecimento em Libras limita
acesso de surdos a serviços básicos da saúde
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A
falta de comunicação entre surdos e ouvintes gera limitações na troca de
informações e no convívio social. Preocupada em formar profissionais
bilíngues para facilitar o acesso desse público a serviços essenciais, como o
da saúde, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo oferece
a disciplina de Língua Brasileira de Sinais (Libras) em todos os cursos da
Instituição, inclusive naqueles em que o programa não é obrigatório.
A
língua de sinais é utilizada pela maioria dos surdos e é reconhecida pela
lei. Assim como os diversos idiomas existentes, ela é composta por níveis
linguísticos como fonologia, morfologia, sintaxe e semântica. De acordo com
Sylvia Lia Grespan Neves, professora da disciplina de Libras da Faculdade
Santa Casa de São Paulo, e que também é surda, ainda existe uma grande
dificuldade para os não ouvintes no Brasil, principalmente pela falta de
preparo de profissionais nos serviços básicos, que desconhecem totalmente a
língua.
"Imagine
um surdo chegar a um hospital e não poder se comunicar. Certa vez, fui
realizar uma ressonância e os atendentes da instituição de saúde não estavam
seguros o suficiente para me recepcionar. Nós, os surdos, percebemos que há
uma carência de pessoas bilíngues, sendo importante que as empresas também
disponibilizem interpretes", afirma. Sylvia comenta ainda que vivenciou
muitas situações que causaram constrangimento pela falta de compreensão e
conhecimento dos outros indivíduos.
Em
pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), cerca de 9,7 milhões dos entrevistados declararam ter deficiência
auditiva (5,1%). A deficiência severa foi admitida por mais de 2,1 milhões de
pessoas. Destas, 344,2 mil são surdas e 1,7 milhão têm grande dificuldade de
ouvir.
De
acordo com a professora do curso de Fonoaudiologia da Faculdade Santa Casa de
São Paulo, Guadalupe Marcondes, entre os fatores que causam a surdez no
período da gestação estão: desordens genéticas ou hereditárias,
consanguinidade, doenças infectocontagiosas, como a rubéola, e ingestão de
remédios ototóxicos. "Entre as causas pós-natais estão a meningite,
sarampo, caxumba e traumatismos cranianos", completa.
Guadalupe
explica que a Libras é a língua mãe das pessoas surdas, porém algumas
conseguem desenvolver a oralidade, contudo, a habilidade depende de inúmeros
fatores. "Não utilizamos o termo surdo mudo, visto que, mesmo que o
indivíduo não tenha desenvolvido a fala, não significa que ele não tenha a
capacidade de utilizar o seu aparato vocal na emissão de sons. Com o treinamento
de um fonoaudiólogo, alguns não ouvintes conseguem falar, esses são os
chamados surdos oralizados. Porém, existem questões como a idade e grau da
perda auditiva que vão impactar nessa habilidade", diz.
Para
a fonoaudióloga, o grau da deficiência influencia no uso do aparelho auditivo
e na aplicação do implante coclear. "Para ter o auxílio do aparelho, é
necessário que o indivíduo apresente resíduos auditivos, pois a prótese
amplifica os sons externos. Já o implante coclear é colocado por meio de um
procedimento cirúrgico e geralmente aplicado em pessoas que não ouvem
nada", afirma.
Segundo
Guadalupe, o aprendizado de Libras facilita a absorção de um segundo idioma.
"Nós temos uma filosofia bilíngue. Acreditamos que nossos pacientes têm
o direito de se desenvolver na língua de sinais, como primeira língua, e na
oral. As coisas precisam ser somadas no desenvolvimento pleno dessas pessoas
com o objetivo de melhorar ainda mais a qualidade de vida delas. São seres
humanos normais e que devem ser tratados com respeito", finaliza.
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo: : www.fcmsantacasasp.edu.br
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