terça-feira, 3 de dezembro de 2013


 3 de dezembro - Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 
Ausência de conhecimento em Libras limita acesso de surdos a serviços básicos da saúde

 
A falta de comunicação entre surdos e ouvintes gera limitações na troca de informações e no convívio social. Preocupada em formar profissionais bilíngues para facilitar o acesso desse público a serviços essenciais, como o da saúde, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo oferece a disciplina de Língua Brasileira de Sinais (Libras) em todos os cursos da Instituição, inclusive naqueles em que o programa não é obrigatório.
A língua de sinais é utilizada pela maioria dos surdos e é reconhecida pela lei. Assim como os diversos idiomas existentes, ela é composta por níveis linguísticos como fonologia, morfologia, sintaxe e semântica. De acordo com Sylvia Lia Grespan Neves, professora da disciplina de Libras da Faculdade Santa Casa de São Paulo, e que também é surda, ainda existe uma grande dificuldade para os não ouvintes no Brasil, principalmente pela falta de preparo de profissionais nos serviços básicos, que desconhecem totalmente a língua.
"Imagine um surdo chegar a um hospital e não poder se comunicar. Certa vez, fui realizar uma ressonância e os atendentes da instituição de saúde não estavam seguros o suficiente para me recepcionar. Nós, os surdos, percebemos que há uma carência de pessoas bilíngues, sendo importante que as empresas também disponibilizem interpretes", afirma. Sylvia comenta ainda que vivenciou muitas situações que causaram constrangimento pela falta de compreensão e conhecimento dos outros indivíduos.
Em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 9,7 milhões dos entrevistados declararam ter deficiência auditiva (5,1%). A deficiência severa foi admitida por mais de 2,1 milhões de pessoas. Destas, 344,2 mil são surdas e 1,7 milhão têm grande dificuldade de ouvir.
De acordo com a professora do curso de Fonoaudiologia da Faculdade Santa Casa de São Paulo, Guadalupe Marcondes, entre os fatores que causam a surdez no período da gestação estão: desordens genéticas ou hereditárias, consanguinidade, doenças infectocontagiosas, como a rubéola, e ingestão de remédios ototóxicos. "Entre as causas pós-natais estão a meningite, sarampo, caxumba e traumatismos cranianos", completa.
Guadalupe explica que a Libras é a língua mãe das pessoas surdas, porém algumas conseguem desenvolver a oralidade, contudo, a habilidade depende de inúmeros fatores. "Não utilizamos o termo surdo mudo, visto que, mesmo que o indivíduo não tenha desenvolvido a fala, não significa que ele não tenha a capacidade de utilizar o seu aparato vocal na emissão de sons. Com o treinamento de um fonoaudiólogo, alguns não ouvintes conseguem falar, esses são os chamados surdos oralizados. Porém, existem questões como a idade e grau da perda auditiva que vão impactar nessa habilidade", diz.
Para a fonoaudióloga, o grau da deficiência influencia no uso do aparelho auditivo e na aplicação do implante coclear. "Para ter o auxílio do aparelho, é necessário que o indivíduo apresente resíduos auditivos, pois a prótese amplifica os sons externos. Já o implante coclear é colocado por meio de um procedimento cirúrgico e geralmente aplicado em pessoas que não ouvem nada", afirma.
Segundo Guadalupe, o aprendizado de Libras facilita a absorção de um segundo idioma. "Nós temos uma filosofia bilíngue. Acreditamos que nossos pacientes têm o direito de se desenvolver na língua de sinais, como primeira língua, e na oral. As coisas precisam ser somadas no desenvolvimento pleno dessas pessoas com o objetivo de melhorar ainda mais a qualidade de vida delas. São seres humanos normais e que devem ser tratados com respeito", finaliza.
 
 
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo: : www.fcmsantacasasp.edu.br
 

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