DOAÇÃO DE SANGUE
Ministério da Saúde amplia para 69 anos a
idade máxima para doação
Brasil realiza
anualmente a coleta de 3,6 milhões de bolsas de sangue. Com a medida, outros
dois milhões de brasileiros poderão doar. Teste NAT torna-se obrigatório nos
serviços públicos e privados.
O Ministério da Saúde
ampliou para 69 anos a idade máxima para doação de sangue no Brasil, o que
amplia em dois milhões o público potencial de doadores. A atual faixa etária
para doação é de 16 a 67 anos. Países como EUA, França e Espanha já trabalham
com a faixa etária de até 69 anos. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
também assinou nesta terça-feira (12), em Brasília, portaria que torna
obrigatória a realização do teste NAT (teste de ácido nucleico) em todas as
bolsas de sangue coletadas no país.
Atualmente, são
coletadas no Brasil 3,6 milhões de bolsas por ano, o que corresponde ao índice
de 1,8%. Embora o percentual esteja dentro dos parâmetros da OMS, o Ministério
da Saúde trabalha para chegar ao índice de 3%. Em 2012, o Ministério da Saúde
reduziu a idade mínima para doação de 18 para 16 anos (com autorização do
responsável). Com a expansão das idades mínima e máxima dos doadores, houve a
abertura para 8,7 milhões novos voluntários.
“A qualidade da rede de
sangue brasileira já é reconhecida internacionalmente. A implantação do teste
NAT e o questionário (aplicado nos hemocentros aos doadores) complementam o
controle do sangue doado, por meio de testes já realizados no SUS”, salientou o
ministro Alexandre Padilha, lembrando que a totalidade do sangue coletado na
rede pública já é testada pelo NAT. Durante o evento, o ministro anunciou que a
Fiocruz desenvolve tecnologia para detecção da hepatite B no teste NAT com
previsão de uso a partir do segundo semestre de 2014.
O Sistema Único de
Saúde oferta, desde a década de 90, os testes para detecção dos vírus das
hepatites B e C, HIV, Doenças de Chagas, Sífilis e Malária (na Região Norte). O
teste NAT será realizado de forma adicional (para detecção de HIV e hepatite
tipo C) somado aos exames de sorologia que continuarão sendo aplicados. O
Ministério da Saúde também distribui vacina para prevenção da hepatite B.
“Celebramos a adoção do
teste NAT, tecnologia já adotada em outros países e que representa o que há de
mais avançado no mercado para a detecção dos vírus da hepatite C e HIV”,
afirmou o presidente da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e
Terapia Celular (ABHH), Carmino Antonio de Souza.
TESTE NAT - Com a nova portaria do
Ministério da Saúde, todo sangue coletado no país deverá passar
obrigatoriamente pelo teste NAT para a detecção dos vírus HIV e da Hepatite C.
O sangue captado para doação deve ser submetido ao exame no momento da coleta.O
exame reduz a chamada “janela imunológica” para a identificação mais rápida
destes vírus. Desde 2011, o NAT está em fase de implementação por meio do
desenvolvimento gradativo de tecnologia nacional, sem importação de produtos e
com rigorosos processos que garantem a qualidade do sangue. O NAT brasileiro é
produzido pelo laboratório público Bio-Manguinhos, da Fiocruz (Fundação Oswaldo
Cruz).
A universalização do
teste NAT ocorre após a implantação, em 14 estados, de centros de referência
para a realização dos testes (sítios testadores), que são responsáveis por
analisar as amostras nos respectivos estados e nos estados de sua abrangência.
Por exemplo, as amostras de sangue coletadas no Acre, Roraima e Rondônia são
transportadas em até 24 horas para o HEMOAM – hemocentro testador no Amazonas.
A devolução do resultado do teste para o estado de origem ocorre em até 48
horas.
Este modelo segue
exemplo de países como EUA, Japão e Austrália, que também optaram pela
centralização dos exames. Atualmente, 75% da coleta de sangue no país é feita
na rede pública e 25%, na rede privada. Os hemocentros de todo o país terão 90
dias para se adequar às novas regras, que serão fiscalizadas pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Outra novidade é que o
Ministério da Saúde, a partir de 2014, irá financiar todos os gastos dos sítios
testadores para implantação do NAT, incluindo recursos humanos e armazenagem
das amostras. Atualmente, já é pago os kits (para realização do teste) e
transporte das amostras. Para isso, o Ministério da Saúde vai dobrar os
investimentos, alcançando R$ 64 milhões por ano.
VANTAGENS - O NAT reduz a janela
imunológica ou o tempo em que o vírus permanece indetectável por testes de 22
para 10 dias, no caso do HIV; e de 35 para 12 dias, em relação ao vírus da
Hepatite tipo C. O
NAT identifica o material genético do vírus e não os anticorpos (como ocorre em
outros exames), o que permite um resultado mais rápido e eficaz. Por exemplo,
os demais métodos sorológicos identificam a doença a partir da produção de
anticorpos após a infecção provocada pela doença. Desta forma, os anticorpos
contra o HIV somente são detectados no sangue com 22 dias, após a contaminação,
e os de HCV, com 70 dias.
REDE PARA DOAÇÃO – O Sistema Único de
Saúde (SUS) conta com 32 hemocentros coordenadores e 368 regionais e núcleos de
hemoterapia distribuídos em todo o país. O investimento do Ministério da Saúde
na rede de sangue em hemoderivados chegou a R$ 1,1 bi em 2012. Os recursos
foram aplicados no custeio do serviço, na qualidade da coleta e na modernização
das unidades, inclusive com a implantação de tecnologias mais seguras.
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