quinta-feira, 27 de abril de 2023

Confira 5 dicas dos profissionais da Odontologia para manter a saúde no ambiente de trabalho

No Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, o CROSP destaca os principais riscos e cuidados a se adotar


No dia 28 de abril é comemorado o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho. A data foi instituída em memória às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Para celebrar a ocasião, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) destaca as particularidades da Odontologia e os cuidados que envolvem os profissionais que trabalham na área.

A atuação na Odontologia requer ações de coordenação motora, raciocínio, discernimento, paciência, segurança, habilidade, delicadeza, firmeza, objetividade etc. Tais ações, em conjunto, exigem muito do profissional e de sua equipe. A Odontologia apresenta riscos operacionais que podem levar a doenças, à invalidez e, até mesmo, à morte.

A Cirurgiã-Dentista e presidente da Câmara Técnica de Odontologia do Trabalho do CROSP, Dra. Eliete Dominguez Lopez Camanho, esclarece que o risco ocupacional é entendido como tudo aquilo que envolve a possibilidade de consequências negativas ou danos para a saúde e a integridade física, mental ou moral do trabalhador, relacionados ao trabalho. Tais danos compreendem todos os prejuízos ou agravos concebidos devido às exigências e vivências laborais, designados como físicos, psicológicos e sociais.

De acordo com a Dra. Eliete, são considerados riscos ambientais os agentes físicos (ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações etc.), químicos (poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores que podem ser absorvidos por via respiratória ou através da pele etc.), biológicos (bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros), além de riscos ergonômicos e riscos de acidentes existentes nos locais de trabalho e que venham a causar danos à saúde dos trabalhadores.


Doenças profissionais frequentes ao Cirurgião-Dentista e equipe

No que diz respeito às doenças relacionadas ao exercício da Odontologia, a especialista explica que o Cirurgião-Dentista e equipe movimentam a coluna no sentido de inclinações para frente, laterais, flexões e extensões. Ela lembra, ainda, que a rotina abusiva dessas posições leva a problemas de origem postural como escoliose, cifose e lordose, bem como dores musculares na região dorsal, lombar, pernas, braços, pés, alterações cervicais, dorsais e lombares.

Além dos problemas de origem postural, a Cirurgiã-Dentista cita cefaleias, perturbações circulatórias, varizes, bursite dos ombros e cotovelos, inflamações de tendões, fadiga dos olhos, desigualdade da altura dos ombros (artrite cervical) e DORT (Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho) – que, por ser uma lesão por trauma cumulativo, tem quadro doloroso que acomete tendões, bainhas sinoviais, músculos, nervos, ligamentos, e afeta frequentemente os membros superiores, região escapular e pescoço, causando dor acentuada nos músculos esternocleidomastoideo, trapézio superior, temporal, masseter superficial, entre outros. 

“Podemos citar, também, os fatores determinantes de tensão e estresse que os levam a lidar com o medo, ansiedade e nervosismo dos pacientes; o cuidado com o manejo de instrumentos cortantes, com risco para o profissional e paciente, eventuais precariedades nas condições de trabalho, o isolamento do profissional no consultório, o trabalho repetitivo, a carga exaustiva de horas trabalhadas por dia e a competitividade”.

Esses fatores, segundo a Dra. Eliete, podem acarretar desde insatisfação, fadiga mental e irritabilidade, até dificuldade de concentração, de relacionamento, ansiedade, depressão, Síndrome de Burnout, ardência bucal etc.


Ações preventivas

Como ações preventivas para a manutenção da saúde dos profissionais da Odontologia, Dr. Eliete sugere as seguintes dicas:

1-        Realizar atividade física e de lazer;

2-        Verificar se sua carteira de vacinação está em dia – para isso, leve-a até uma Unidade de Saúde. As vacinas obrigatórias para prevenção de contaminações nas clínicas odontológicas são: hepatite B, febre amarela, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), dupla adulto (difteria e tétano), influenza, pneumonia, BCG (tuberculose) e Covid-19;

3-        Utilizar EPIs básicos para segurança e redução de riscos no atendimento odontológico, entre eles: gorro, luvas, sobreluvas, máscaras, jalecos, sapatos fechados, óculos de proteção, protetor facial (Face Shield) e propés.

  • Em procedimentos nos quais serão gerados aerossóis, a máscara de escolha que oferece melhor proteção é a N95 ou PFF2 (ou respiradores reutilizáveis que deverão ser limpos e desinfetados a cada paciente, de acordo com recomendações do fabricante). As máscaras deverão ser trocadas a cada paciente ou mais de uma vez no mesmo atendimento quando visivelmente molhadas. O descarte da máscara N95 deve ser feito de acordo com as normas do serviço de saúde, em consonância com o serviço de controle de infecção;
  • Protetor ocular ou protetor facial devem cobrir a frente e as laterais do rosto e serem de uso exclusivo para cada profissional responsável pela assistência. Após o uso, deve ser limpo e desinfetado com álcool 70% ou outro desinfetante padronizado pelo serviço de saúde para essa finalidade;
  • Os EPIs só realizarão a tarefa de prevenir riscos se as atitudes de preparo anteriores forem tomadas adequadamente: manter unhas aparadas, rostos sem maquiagem, mãos e punhos devidamente higienizados (aventais com sanfona no punho, e gola modelo padre), cabelos presos e barbas aparadas.

4 – Realizar limpeza, desinfecção dos artigos e superfícies, sendo: assepsia (medidas adotadas para impedir que determinado local seja contaminado); antissepsia (eliminação das formas vegetativas de bactérias patogênicas de um tecido vivo); limpeza (remoção de sujeiras para redução de micro-organismos presentes em superfícies).

Deve ser realizada antes da desinfecção (eliminação de microorganismos patogênicos de seres inanimados) e/ou esterilização (total eliminação da vida microbiológica dos materiais);

5 - Descartar o lixo contaminado e não contaminado, sendo que aqueles baseados na RDC Nº 222 e na NBR Nº 9191 – ABNT devem ser desprezados como resíduo hospitalar em saco branco com identificação internacional de resíduo infectante (BRASIL, 2008). Os profissionais devem evitar contato direto com a matéria orgânica, além de que o uso de barreiras protetoras é extremamente eficiente na redução do contato com sangue e secreções orgânicas.

Por fim, a Cirurgiã-Dentista considera fundamental que os profissionais da Odontologia entendam a importância de se seguir minimamente o preconizado nas Normas de Biossegurança, Ergonomia e a NR-32, pois elas têm como finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.

“Desta forma, tanto o Cirurgião-Dentista como sua equipe terão condições adequadas de trabalho que possibilitam o seu melhor desempenho, que, como seu estado físico e mental, sofre influência direta do ambiente e da postura adotada para a execução do trabalho”, enfatiza a especialista.

 

Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
www.crosp.org.br


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