quinta-feira, 30 de julho de 2020

Oncologista desmistifica dúvidas sobre o câncer de ovário

As mulheres ainda recebem o diagnóstico da doença em estágios avançados devido a sintomas imperceptíveis

 

As consultas anuais ao ginecologista são compromissos que as mulheres deveriam seguir com regularidade, independentemente de haver ou não sintomas ou desconfortos. Isso porque muitas doenças são silenciosas, como o câncer de ovário, segundo tipo de neoplasia ginecológica, atrás apenas do câncer de colo do útero¹. Cerca de 75% dos diagnósticos deste tipo de doença são feitos tardiamente, quando já afetou outros órgãos².

Estes números podem aumentar, devido à crise sanitária que vivemos. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), aproximadamente 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer em razão do afastamento das pessoas dos serviços de saúde3.

Para ajudar a tirar algumas dúvidas sobre o câncer de ovário, o oncologista do Hospital Beneficência Portuguesa, Dr. Fernando Maluf, listou alguns mitos e verdades que ainda envolvem o câncer de ovário:


1. O exame preventivo, o Papanicolau, detecta o câncer de ovário?

Não, este exame é indicado para diagnosticar câncer de colo de útero e infecção por HPV, que, aliás, é uma das causas deste tipo de câncer. Para iniciar o diagnóstico do câncer de ovário, é necessário fazer um exame de imagem (ultrassom transvaginal e/ou ressonância magnética), o qual mostra imagens do órgão e indica para o médico a necessidade ou não de biópsia - este é o exame que realmente vai comprovar se o tumor é maligno ou benigno. O ginecologista vai orientar a paciente, mas, caso a biopsia tenha o resultado positivo para carcinoma, deverá ser encaminhada ao oncologista e ao cirurgião oncológico e iniciar o tratamento o quanto antes.


2. Ovário policístico pode virar câncer de ovário?

Não, cisto no ovário é uma massa benigna a qual não evolui para câncer de ovário, porém, uma das complicações para a mulher é desenvolver a síndrome do ovário policístico, o que pode afetar a qualidade de vida, se não tratada adequadamente pelo ginecologista.


3. Posso engravidar mesmo depois da descoberta do câncer de ovário?

Depende do tratamento indicado para a paciente. Em muitos casos, a quimioterapia e a cirurgia, principalmente, impedem a gravidez, porém o oncologista deve ser comunicado, caso haja o desejo da mulher em ter filhos para pensarem na melhor alternativa.


4. Cólica e dor durante as relações sexuais são sintomas da doença?

Depende. Como este tipo de câncer tem sintomas perceptíveis somente quando em estágio mais avançado, alguns sinais podem sinalizar o médico que deva pesquisar mais sobre a queixa da paciente para descartar doenças como endometriose e o próprio

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câncer. Outros sintomas também são citados pelas pacientes, como a

fadiga, flatulência, aumento na vontade e urgência em urinar, constipação, massa palpável no abdômen, aumento de líquido no peritônio, entre outros. É importante manter o peso na faixa ideal e sempre monitorar sua saúde, mesmo sem sintomas aparentes, pois esta atitude pode salvar vidas!


5. Como é o tratamento?

Como a maioria dos diagnósticos são feitos em estágios mais avançados, os tratamentos disponíveis incluem a quimioterapia e a cirurgia. Há outras medicações chegando ao mercado, como a terapia oral, que estão trazendo novas perspectivas para o tratamento do câncer de ovário - conhecido como o tipo de câncer ginecológico com a menor taxa de sobrevida entre as pacientes, cerca de 45%. Segundo o Inca, a estimativa para este ano é de 6.650 casos e teve registro de 3.879 óbitos em 20171.

 

• Não fumo nem bebo e pratico exercícios regularmente, mas, mesmo assim, tive o diagnóstico de câncer de ovário - por quê?

Ter hábitos saudáveis na alimentação e ter uma rotina de exercícios regulares são duas atitudes que ajudam a manter o organismo saudável, além das consultas com seu médico de confiança anualmente. Entretanto, há casos de pacientes oncológicos que, mesmo tendo um estilo de vida mais saudável, descobrem a doença. Por isso, uma investigação genética é indicada para descartar a possibilidade de mutação nos genes BRCA1 e BRCA2, indicação também que deve ser estendida para mulheres jovens, já que a doença tem prevalência em mulheres acima dos 45 anos.

 


Referências:

• Instituto Nacional de Cancer. Câncer de ovário. Disponível em: <

• Instituto Vencer o Câncer. Notícias Ovário. Disponível em: <

• IBCC Oncologia. Pandemia leva a adiamento de exames e diagnóstico de câncer pode passar a ser tardio. Disponível em: < >. Acesso em 14 jul. 2020.


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