Segunda edição da publicação contempla
informações assistenciais e econômico-financeiras compiladas até maio e traz
demandas dos consumidores
A Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS) divulgou hoje (22/06) a segunda edição do Boletim
Covid-19, com dados do monitoramento do setor de planos de saúde durante a
pandemia. A publicação contém números atualizados até maio que permitem avaliar
o impacto assistencial e econômico-financeiro do Coronavírus, através de
informações coletadas junto a uma amostra representativa de operadoras. Essa
nova edição também contempla informações referentes às demandas dos
consumidores registradas nos canais de atendimento da ANS no período. A
publicação foi elaborada por técnicos das diretorias de Normas e Habilitação
dos Produtos, de Normas e Habilitação das Operadoras e de Fiscalização.
Os dados
assistenciais refletem as informações enviadas por 50 operadoras classificadas
como verticalizadas, ou seja, que possuem hospitais próprios. Já os dados
econômico-financeiros registram as informações enviadas por 102 operadoras que
atendem 74% dos consumidores de planos de saúde médico-hospitalares. A maior
parte das informações resulta de dados enviados pelas operadoras de planos de
saúde em atendimento a Requisições de Informações da Agência e extraídos do
Documento de Informações Periódicas (DIOPS) enviados trimestralmente pelas
operadoras, bem como dados de envio obrigatório aos sistemas de informação da
ANS.
No geral, os dados
coletados até o momento não indicam desequilíbrios de ordem assistencial ou
econômico-financeira no setor. Os números de maio mostram leve retomada das
consultas em pronto-socorro não relacionadas à Covid-19 e no número de exames e
terapias realizados fora do ambiente hospitalar, mas esses ainda são inferiores
ao mesmo período do ano anterior. Observou-se o mesmo comportamento em relação
à taxa de ocupação geral de leitos (comum e de UTI) relacionadas ou não à
Covid-19. Em relação aos dados econômico-financeiros, chama a atenção a redução
da sinistralidade medida pelo fluxo de caixa (percentual das mensalidades usado
para pagamento de custos médicos) no mês de maio. Quanto à inadimplência, foi
verificado aumento pouco expressivo em relação a abril.
Informações
assistenciais
Nesta edição do
Boletim Covid-19, além dos dados relativos a atendimentos realizados nas
unidades hospitalares da rede própria, foram coletadas informações que mostram
a tendência de utilização de Serviços de Apoio Diagnóstico Terapêutico (SADT),
ou seja, exames e terapias realizados fora do ambiente hospitalar. São dados
importantes para verificar a evolução dos custos assistenciais, já que as
despesas com internações representavam 32,69% dos valores informados em 2019,
contra 67,31% de despesas ambulatoriais.
A quantidade de
consultas em pronto-socorro que não geram internações teve uma variação
positiva de 4,4% em maio, no comparativo com abril. Tal variação ainda
não representa uma retomada ao nível de consultas em pronto-socorro que se
observava em fevereiro ou março (antes da crise), porém, denota mudança de
tendência. Os dados relativos à utilização de SADT (exames e terapias) também
mostram retomada em maio, no comparativo com os meses de março e abril, mas
ainda abaixo dos números de fevereiro e do mesmo período no ano
anterior.
Já o impacto da
pandemia nas despesas de internação pode ser observado a partir da análise dos
dados hospitalares. Na comparação com abril de 2020, o mês de maio registrou
aumento na taxa de ocupação geral de leitos (com e sem UTI), passando de 51%
para 61%. Entretanto, a taxa de ocupação geral de leitos de maio de 2020
manteve-se abaixo da taxa de ocupação no mesmo mês do ano passado, como havia
sido verificado no relatório anterior. A taxa de ocupação de leitos alocados
exclusivamente para atendimento à Covid-19 cresceu no comparativo com o mês
anterior, passando de 45% em abril para 61% em maio.
O boletim traz
ainda custos assistenciais por dia e duração média das internações cirúrgicas,
clínicas e para os casos de Covid-19, tanto em leitos de UTI como em leitos
gerais. Os dados coletados indicam que o custo por diária de internação para
pacientes Covid-19 apresentou aumento significativamente superior em maio em
relação ao mês anterior no tocante às internações clínicas e cirúrgicas. O
valor do custo por diária da internação por Covid-19 com UTI se mantém próximo
ao custo de internação cirúrgica com UTI, enquanto o custo da internação por
Covid-19 sem UTI se posiciona entre o custo por diária da internação clínica e
cirúrgica.
Informações
econômico-financeiras
As informações
econômico-financeiras nesta edição do boletim abrangem 101 operadoras para o
estudo de fluxo de caixa e 102 para o estudo de inadimplência. Assim como no
boletim anterior, nesse tópico foram verificados o fluxo de caixa das
operadoras, através do movimento de entrada (recebimentos) e saída (pagamentos)
de recursos em um dado período; a evolução do índice de sinistralidade de
caixa; e a análise da inadimplência – não pagamento de obrigações no prazo
estabelecido, observando-se os pagamentos recebidos e os saldos
vencidos.
Os dados de 2020
mostram inicialmente baixa variação do índice de sinistralidade de caixa e
aquém do observado no último trimestre de 2019. Contudo, houve uma redução
significativa em maio de 2020, abaixo dos registros históricos anteriores. O
índice médio em maio foi de 66%, ante um percentual de 76% registado em abril.
Dos dados anteriores à pandemia, percebe-se nitidamente a variação sazonal
característica desse indicador, que está relacionada a períodos de maiores
ocorrências relacionadas a doenças respiratórias e períodos de férias dos
beneficiários, fatores que influenciam na utilização do plano.
Já os dados que
mostram a inadimplência do setor indicam que os percentuais não se afastaram de
valores anteriormente observados nos registros históricos dos planos por preços
pré-estabelecidos. Neste caso, a mediana da inadimplência passou de 9% em abril
para 11% em maio.
Demandas
dos consumidores
Esta edição do
boletim também inclui dados sobre informações e reclamações efetuadas pelos
beneficiários de planos de saúde no período da pandemia. Do início de março até
15 de junho, foram contabilizadas 7.149 solicitações de informação e 4.701
queixas relacionadas ao tema Coronavírus.
Do total de
reclamações, 36% (1,7 mil) se referem a dificuldades assistenciais relativas ao
exame para detecção ou tratamento da Covid-19. Outros 43% tratam de problemas
relacionados outras assistências afetadas pela pandemia e 21% são temas não
assistenciais (contratos e regulamentos, por exemplo). Quando comparado com o
ano passado, o número de reclamações nos meses de abril e maio ficam abaixo do
número de demandas registradas nesses meses de 2019.
É importante
esclarecer que na metodologia utilizada para a classificação das demandas
relacionadas à pandemia do novo Coronavírus, utilizou-se marcadores específicos
relativos à Covid-19 tendo como base os relatos dos consumidores ao cadastrar
suas reclamações e pedidos de informação na ANS. Não há, portanto, em relação a
essas demandas, qualquer análise de mérito sobre eventual infração da operadora
ou da administradora de benefícios à Lei 9.656/98 e seus normativos ou aos
termos contratuais.
A primeira edição
do Boletim foi divulgada em maio. A ANS continuará realizando este
monitoramento contínuo durante todo o desenvolvimento da pandemia, com o
intuito de aprofundar as análises sobre os impactos da Covid-19 no setor e
garantir transparência.
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