quinta-feira, 30 de junho de 2016

A devastação da pornografia na Internet



Superando o número de viciados no “crack” e na heroína, a adição à pornografia na Internet surge no mundo moderno como uma nova forma de vício, com resultados mais devastadores do que os provocados por essas drogas tradicionais.

Quase 30% do tráfico produzido na Internet em nível global se referem à pornografia. Segundo estimativas de especialistas, esse mercado detém 146 milhões de páginas na web, visitadas diariamente por milhões de pessoas, com ingressos de milhões de dólares, superando os das grandes companhias como Google, Microsoft, eBay, Appel ou Netflix.

Para o Instituto Max Planck, da Alemanha, que vem estudando o assunto, “um dos problemas que aponta o autor é que precisamente hoje em dia se tem um grande acesso a essa droga (vivemos na era das comunicações), em qualquer lugar e inclusive em qualquer momento [com internet nos celulares e semelhantes]. A isto se há que somar, como foi dito, o grande número de páginas da web dedicado à pornografia, que cada dia, por certo, é maior”.

Isso porque “a pornografia se converteu em algo ‘normal’ nesta época, na que se difundem sem nenhum pudor condutas sexuais através das numerosas maneiras que existem hoje em dia de ‘compartilhar’ algo. Não é estranho encontrar-se com uma ‘erotização’ da cultura, de uma ‘pornificação’ da sociedade, na qual tudo vale, e na qual o normal é criar ícones sexuais para todo tipo de pessoas, a pornografia e o sexo ao gosto do consumidor”.

Eis o problema maior, para ficarmos agora só no terreno meramente material: “Esta nova droga tem também uma série de efeitos no cérebro de quem a consome, modificando a massa cerebral depois de longas horas de exposição à pornografia, tal como avaliam alguns estudos científicos levados a cabo na Alemanha pelo Instituto Max Planck”(1)

Cientistas da Universidade de Cambridge também “estudaram recentemente o cérebro de pessoas que consomem muita pornografia e levaram um susto: ele funciona exatamente da mesma forma que o cérebro de viciados em drogas. O lobo frontal foi a área que mostrou muitas similaridades. Esta é a região responsável, entre outras coisas, pela formação de nossos julgamentos — nos ajuda a decidir o que é certo ou errado, bom ou mau, seguro ou perigoso"(2). Quer dizer, a pessoa adicta perde a noção do bem e do mal, da verdade e do erro. Com isso, torna-se vítima passiva de toda sorte de desmandos, tanto na linha religiosa, quanto moral e social.

O pior de tudo é que, segundo notícia desse site que vimos citando, há uma verdadeira indústria da pornografia na Internet. De acordo com a revista americana “The Week”, “a indústria pornográfica movimenta, no mundo, US$ 97 bilhões todos os anos. O pornô, apenas nos Estados Unidos, é responsável por quase 13% desse montante — e a net, pela metade disso”.

Tal revista apresenta uma estatística assombrosa sobre o vício de adição à pornografia na Internet, no mundo: 12% dos sites que existem na internet são pornográficos — ou, em números atuais, 76,2 milhões; 25% das pesquisas em ferramentas de busca envolvem sexo — o que dá 750 milhões de consultas diárias; 35% dos downloads são pornográficos; 8% dos e-mails transmitidos diariamente têm conteúdo sexual; 89% de toda a pornografia da internet é criada nos EUA; 20% dos homens confessam que veem pornografia no meio do expediente de trabalho; 70% dos homens com idades entre 18 e 24 anos visitam sites pornográficos ao menos uma vez por mês.

Mas a degringolada moral não para aí: 1 em cada 4 pessoas que entram em sites pornográficos é mulher [a que ponto chegou a degradação do sexo feminino!]; no mundo inteiro, chineses, japoneses, americanos e sul-coreanos são os que mais consomem [quer dizer, onde há mais prosperidade material, cresce a degradação moral]; 266 novos sites pornôs surgem todos os dias na internet [isso não ocorreria sem uma ação muito especial do demônio]; R$6,7 bilhões são gerados anualmente com o webporn me, só nos EUA.

A celeridade com que um número cada vez maior de pessoas adere à pornografia online já está levantando algumas reações de médicos, educadores e pessoas concernidas, sobretudo com a educação dos jovens. Desse modo, já há livros e artigos de imprensa tratando do problema, enquanto alguns governos estão tomando providências para contorna-lo.

Por exemplo, “o governador Gary R. Herbert, do estado de Utah, nos Estados Unidos, assinou uma resolução e um projeto de lei declarando a pornografia ‘um perigo para a saúde pública, que conduz a um amplo espectro de efeitos nocivos para a sociedade’”. “Os legisladores [do Estado] assinalam que a pornografia tem um efeito prejudicial na família, porque ‘diminui nos homens jovens o desejo de casar-se, gera insatisfação no matrimônio, e infidelidade’. Em resposta a isso, a resolução advoga pela ‘educação, a prevenção, a investigação e a mudança de política’”.

A porta-voz da diocese de Salt Lake City, capital do Estado de Utah, também se pronunciou, dizendo que essa medida “afirma nossa crença na dignidade inviolável da pessoa humana, revelada plenamente por Cristo, e o dom da sexualidade humana e do matrimônio como plano de Deus”(3).

Contudo, por mais que se faça no campo das leis e de controle da internet pelo governo, não passará de medidas paliativas, pois tudo isso não é senão o reflexo de uma crise religiosa e moral muito maior na qual jaz o mundo atual. Enfraquecido na humanidade o amor de Deus, perdeu-se a noção do bem e do mal, da verdade e do erro, e, sobretudo, a noção de pecado. 

Com efeito, o que mais salta aos olhos nessa adição à pornografia é o número de pecados contra a virtude da castidade. Sua gravidade é tal, que um só pecado mortal — o mais grave dos males —, pode levar quem o pratica à condenação eterna.

Sem esta noção do pecado que assim se comete, não há freio capaz de conter tal avalanche de degradação.

Antigamente as pessoas tinham a Igreja Católica na conta de guardiã da verdade e da moralidade. Os Dez Mandamentos da Lei de Deus e os da Igreja eram a norma de vida. — O “Não pecarás contra a castidade”, e “Não desejarás a mulher do próximo” eram a norma de conduta. 

Mas, infelizmente, essa crise penetrou até no interior da Igreja, sobretudo a partir do Concílio Vaticano II, que abriu as janelas para que os ventos do mundo nela penetrassem. Com isso, pouco auxílio encontram os fiéis, tornados órfãos daquela que é a Cátedra da Verdade.


Para piorar o quadro, com as uniões livres, o divórcio e o enfraquecimento dos laços de família, quase ninguém observa a castidade como Deus estabeleceu. E agentes poderosos como a mídia — principalmente a televisão, além do que já foi dito da Internet — divulgam a imoralidade mais crua, ao lado de uma amoralidade sem limites, não só nas inqualificáveis novelas em que predominam cenas escabrosas, linguagem chula e erotizante, mas até em anúncios de dentifrício ou de bombons.

Isso produziu nefastos efeitos no dia-a-dia das pessoas. Razão pela qual já foram incorporados à linguagem corrente, com todo o “direito de cidadania”, termos antes considerados palavrões, que até há pouco uma boca casta não proferia. Tais termos vão se generalizando tanto entre homens quanto mulheres. E podem ser vistos até em mensagens do facebook, nos quais eles aparecem com toda naturalidade ao lado de cenas escabrosas postadas mesmo por pessoas tidas como honestas e piedosas.

Essa avalanche contra a virtude da castidade é muito bafejada pelas modas atuais, cada vez mais próximas do nudismo total. Nossa Senhora em sua aparição em Fátima disse à menor das videntes de Fátima, Jacinta, que “os pecados que levam mais almas para o inferno, são os pecados da carne”. E Jacinta, por sua vez, declarou: “Hão de vir umas modas que hão de ofender muito a Nosso Senhor. As pessoas que servem a Deus não devem andar com a moda. Nosso Senhor é sempre o mesmo" (4)

Na segunda aparição em Fátima, no dia 13 de junho de 1917, Nossa Senhora mostrou aos três videntes, Lúcia, Francisco e Jacinta, seu Coração Imaculado “cercado de espinhos, que pareciam estar nele cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação" (5).

Se já naquela época, próxima do reinado de um Papa santo, São Pio X — em que os vestidos das mulheres chegavam até os pés e a vida de família era geralmente cristã, sem a desgraça do divórcio nem das uniões ilegítimas, para falar só disso —, era necessário entretanto reparar o Imaculado Coração de Maria “ultrajado pelos pecados da humanidade”. O que não é preciso fazer nos tristes tempos em que vivemos?

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El Estado de Utah califica la pornografía como «peligro para la salud pública con efectos nocivos»

(4) In Antônio Augusto Borelli Machado, As Aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia, Artpress, São Paulo, 1996, p. 66.
(5) Id. p. 42.

Plinio Maria Solimeo - escritor e colaborador da ABIM
Fonte: Agência Boa Imprensa – (ABIM)



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