Para onde vai o
valor pago pelas famílias para garantir uma Educação de qualidade para as
crianças e adolescentes?
Professores, água, luz, internet, limpeza,
manutenção, aluguel, telefone. Os custos para se manter uma escola funcionando
são diversos, complexos e podem variar de uma instituição para outra. No
entanto, observando algumas margens, é possível entender melhor de que forma a
escola que você paga para seu filho está empregando o dinheiro da mensalidade.
Avaliar se uma escola é adequada, do ponto de vista
financeiro, pode ser um pouco mais complexo. Para o coordenador pedagógico da
Conquista Solução Educacional, Fernando Vargas, essa é uma análise que passa
pela compreensão dos gastos que a instituição de ensino precisa ter para manter
sua estrutura física e humana. “Quando se fala em ensino, não é só a quantidade
que importa, mas principalmente a qualidade. Alguns professores são mais caros
que outros e isso está muito relacionado ao que eles entregam em sala de aula”,
afirma.
De acordo com o vice-presidente do Instituto
Casagrande, especializado em gestão educacional, Ronaldo Casagrande, “desde que
os pais possam pagar por ela, uma escola nunca é cara. Ela só se torna cara se
você achar que o benefício que está sendo recebido não está de acordo com o que
está sendo pago”. O especialista explica que, sendo a Educação o principal
investimento que uma família pode fazer nas crianças e adolescentes, ele
precisa ser encarado sob o ponto de vista das vantagens que traz. Por isso, é
tão importante acompanhar o desenvolvimento dos estudantes no dia a dia. Só
assim será possível compreender se a escola em que eles estudam está ou não
entregando o “prometido”, ou seja, se o investimento que está sendo feito pela
família na formação do filho está condizente com a entrega esperada.
Tabela básica
Embora sejam subjetivos em certo nível, a maior
parte dos custos envolvidos na gestão de uma escola pode - e deve - respeitar a
uma tabela geral. Afinal, como lembra Casagrande, a área financeira é uma das
mais relevantes para garantir que as instituições sejam sustentáveis no longo
prazo.
Ele detalha que, em escolas relativamente bem
administradas, os custos com pessoal não devem ultrapassar a metade do valor da
receita. “Algumas passam um pouco disso, mas o ideal é não passar dos 55% do
faturamento", alerta. Segundo Casagrande, ⅔ desse valor devem ser para o corpo docente e o
outro ⅓, para a
equipe administrativa. Portanto, do ponto de vista dos pais, é
fundamental entender que metade do que está sendo pago tem como destino a folha de pagamento
da escola.
Por sua vez, o aluguel, quando existe, não pode
levar mais que 8% da receita. Isso falando de forma geral. Casagrande destaca
que, dependendo do nível de atuação da escola (educação infantil, ensino
fundamental, ensino médio), do seu posicionamento (escola premium ou escola de
conveniência), e da sua personalidade jurídica (filantrópica ou com fins
lucrativos), esses percentuais podem variar. Ele também ressalta que os demais
custos da escola (marketing, água, luz, internet, materiais diversos, entre
outros) devem ser monitorados constantemente. “Primeiramente, a escola deve ter
mecanismos de apuração de seus custos. Em segundo lugar, deve buscar parâmetros
de mercado para entender o que é razoável gastar em cada categoria, estabelecendo
limites de gastos. Em terceiro, é preciso que ela aja constantemente de forma a
fazer com que esses custos não extrapolem as referências estabelecidas”. No
entanto, ele pontua que o maior controle deve se dar na folha de pagamento. Ela
é normalmente a vilã que leva as instituições a terem problemas em suas
finanças. Essas são as duas maiores fatias de custo: pessoal e aluguel. Os
demais, como marketing, água, luz, internet, entre outros, também precisam ser
constantemente revistos, mas não chegam a ser determinantes para o valor da
mensalidade.
O mito da quantidade x qualidade
A Educação é uma missão e, por isso, muitas pessoas
se esquecem de que escolas também são empresas. E, como qualquer empresa, elas
precisam entregar bons resultados para seus alunos, mas, também, gerar lucro. É
preciso compreender que quantidade e qualidade podem, sim, andar juntas. Os
cursinhos preparatórios, por exemplo, costumam ter centenas de estudantes na
mesma sala de aula e, ainda assim, ensinar com qualidade. Isso acontece porque
as equipes de professores são muito bem preparadas, constantemente treinadas e,
principalmente, porque os alunos compreendem que estão ali para aprender.
Na Educação Básica, esse processo é mais difícil
porque as crianças e adolescentes ainda não têm esse comprometimento. Uma forma
de gerar essa consciência é aproximar os pais da rotina de estudos e permitir
que eles participem ativamente da vida escolar dos filhos.
Nesse sentido, nem sempre uma turma com menos
alunos será melhor para a aprendizagem. Além disso, do ponto de vista da
escola, turmas muito reduzidas podem representar perdas financeiras. “O grande
segredo de uma escola bem administrada é otimizar o número de alunos em cada
turma. Às vezes, vale mais a pena ter menos alunos, no total, em turmas bem
otimizadas, que mais alunos, só que em turmas menores”, diz Casagrande.
Compare maçãs com maçãs
É claro que, quando se está escolhendo uma escola,
o valor da mensalidade precisa ser levado em consideração. Mas ele só deve ser
comparado entre escolas que oferecem benefícios parecidos. Para isso, vale
observar a estrutura física - a escola tem pátios externos, piscina, parquinho,
salas específicas para aulas especiais, como dança, por exemplo? - e também as
vantagens subjetivas - quem são os professores, qual o método de ensino
empregado, há serviços extra-classe, como acompanhamento psicológico? Outro
fator a ser levado em conta é a região em que ela se encontra. Os preços entre
diferentes regiões do país, cidades e até mesmo bairros podem variar muito e só
são comparáveis a outras escolas do mesmo local. Como pontua Vargas, “o valor
de uma escola não está na mensalidade cobrada por ela, mas no quanto ela
contribui para que nossos filhos se desenvolvam enquanto estudantes e
cidadãos”.
Conquista
Solução Educacional