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sexta-feira, 18 de junho de 2021

Oftalmologista alerta: miopia pode levar à cegueira

A miopia avança entre crianças devido a horas em frente a telas digitais
Pixabay

A importância da saúde visual da criança e o crescimento "gigante" dos casos da miopia fazem parte das atenções e preocupações dos oftalmologistas brasileiros. Olhar para isto é fundamental. Todos podem ter engajamento e gerar oportunidades de mudar este cenário

 

Imagine seis habitantes do mundo. Imaginou? De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), duas pessoas serão míopes em 2021. Agora realize uma viagem no tempo rumo ao futuro e vamos para 2050. A realidade prevista será de cinco pessoas míopes em cada grupo de 10 habitantes no Planeta.


Alerta

A conhecida frase “quem sabe faz a hora, não espera acontecer” permite agir no presente e mudar o quê possa estar no horizonte. A importância da saúde visual da criança e o crescimento “gigante” dos casos da miopia fazem parte das atenções e preocupações dos oftalmologistas brasileiros. Olhar para isto é fundamental. Todos podem ter engajamento e gerar oportunidades de mudar este cenário.

Uma atitude prática está no alerta permanente sobre a importância do controle da miopia e saúde ocular, uma campanha da SOBLEC - Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria. A iniciativa conta com o apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Sociedade Brasileira Oftalmologia Pediátrica (SBOP), Sociedade Brasileira de Visão Subnormal (SBVSN), Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

“Alcançar o público em geral e levar esclarecimentos sobre a realidade da miopia são prioridades. Criar uma consciência coletiva sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce  sobre o tema e assim ajudar a evitar problemas mais sérios como até a perda da visão”, destaca a presidente da SOBLEC, médica oftalmologista Tania Schaefer.


Prática

Para viabilizar a campanha, a SOBLEC está promovendo em todos os estados, entrevistas com pessoas das mais variadas profissões e idades que desempenham papel relevante na sociedade, com habilidade de influenciar e engajar positivamente o público ao compartilhar experiências e opiniões.

A iniciativa tem caráter de utilidade pública e envolve todas as regionais da SOBLEC, visando a um alcance mais abrangente do público-alvo. As entrevistas serão veiculadas em 2021 e 2022 pelas redes sociais (Instagram, Facebook, YouTube).

“As redes sociais são ferramentas com uma abrangência ímpar”, conceitua a Tania Schaefer. “As histórias compartilhadas servem como inspiração para que as pessoas enfrentem momentos decisivos em suas vidas. E os influenciadores digitais com mensagens de otimismo, muitas vezes, mostram uma solução. São milhões de seguidores interagindo, trocando opiniões, pedindo conselhos”, argumenta a oftalmologista.


A miopia

A miopia se caracteriza pela dificuldade de enxergar de longe e dependendo do grau de progressão pode evoluir para outras patologias como catarata, glaucoma e deslocamento de retina. A doença é relativamente simples, se leve ou moderada, mas quadros graves estão associados a um risco de descolamento da retina, catarata precoce, degeneração macular e glaucoma.

Estudos especializados mostram que, além da predisposição genética e o aumento do tempo gasto em ambientes fechados, a miopia está avançando entre crianças e adolescentes por conta das muitas horas com os olhos grudados em telas digitais.

O diagnóstico da miopia é de responsabilidade do médico oftalmologista, único profissional habilitado para prescrição do tratamento mais adequado a cada paciente. Entre as opções de tratamento e terapias estão: o uso de colírios de atropina com dosagens mínimas e rigoroso controle, e a utilização de óculos com lentes bifocais e de lentes de contatos. Somado a isso, tem a chamada Ortoceratologia, onde lentes de contato são usadas durante a noite. O paciente dorme de lentes e, ao acordar, retira e tem uma visão nítida durante o dia.


ALERTA: Pandemia pode afetar a saúde dos olhos das crianças

É comum crianças e adolescentes apresentarem pequenos problemas de visão que, porém, se não cuidados com a devida atenção, podem evoluir para doenças graves, até mesmo à cegueira. Segundo estudo da OMS sobre o percentual estimado de pessoas com deficiência visual por erros de refração não corrigidos na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Venezuela, mencionado no relatório ‘ Condições da Saúde Ocular no Brasil’ do CBO, há aproximadamente 23 milhões de crianças em idade escolar com problemas de refração que interferem em seu desempenho diário (problemas de aprendizado, autoestima e de inserção social). Ainda, seguindo estimativa da Agência Internacional de Prevenção à Cegueira, é possível considerar que no Brasil haja cerca de 26 mil crianças cegas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas ou tratadas precocemente.

Os problemas de visão mais comuns são hipermetropia, miopia e astigmatismo - erros refrativos, que impedem a formação do foco das imagens na retina. Esses problemas podem surgir no início da infância, sendo mais comuns a partir dos 4 anos de idade. Quando não são corrigidos, podem prejudicar o desenvolvimento da criança ou adolescente, portanto, quanto mais cedo é feito o diagnóstico, melhor o resultado do tratamento.

Atualmente, com o isolamento social imposto pela pandemia, o uso excessivo de telas, como smartphones, TV, computadores ou tablets, tem preocupado pais e oftalmologistas, tem sobrecarregando a visão, levando a uma maior incidência dessas doenças, como é o caso da miopia (dificuldade para ver de longe), que tem aumentado de forma alarmante. Segundo estudo publicado no jornal JAMA Ophthalmology, houve mudança significativa no grau de miopia em crianças de 6 a 8 anos em 2020, em comparação ao período de 2015 a 2019. A condição também pode estar associada a outros fatores, como estilo de vida, ambiente e genética, por exemplo, mas o papel da digitalização não pode ser subestimado. Hoje, as crianças são nativas digitais e isso pode afetar o seu desenvolvimento visual de forma comprometedora e até irreversível.

"É muito importante acompanhar a rotina das crianças e garantir que haja equilíbrio entre o período imerso no mundo digital e o tempo em atividades que não envolvam eletrônicos. Muitas vezes, os sinais de problemas na visão são sutis, sobretudo em bebês, e demoram a ser percebidos, o que pode agravar o problema e comprometer a qualidade de vida da criança. A melhor solução é acompanhar de perto e procurar um oftalmologista de confiança periodicamente, a partir dos 12 meses de idade", ressalta a Dra. Alessia Braz, oftalmologista que atuou como orientadora do setor de cirurgia refrativa da Unifesp, e hoje é diretora clínica da Univi - centro oftalmológico especializado no diagnóstico e tratamento de doenças oculares.

Confira abaixo alguns sinais de que seu filho pode estar com problemas na visão, e dicas de boas práticas para garantir a saúde ocular dos pequenos:

Aproximação de objetos: Sentar-se muito próximo da TV / computador ou segurar livros muito perto dos olhos pode indicar dificuldade para enxergar, assim como franzir a testa e/ou apertar os olhos ao tentar ler ou assistir algo. Faça o teste afastando a criança da tela ou livro e pedindo para identificar detalhes menores.

Olhos lacrimejando: Uma das causas do lacrimejamento constante são os problemas de visão. Quando a criança está sempre com os olhos lacrimejando, é importante procurar o oftalmologista.

Notas baixas: Problemas de visão podem afetar a atenção e dificultar o aproveitamento em aula. Por isso, o boletim escolar pode se tornar um termômetro nesse momento. O uso de óculos adequados é fundamental para a aprendizagem e para identificar a sua necessidade, é fundamental realizar consultas periódicas com o oftalmologista.

Coça-coça: a coceira constante nos olhos pode ser sinal de fadiga ocular. Devido à exposição aos equipamentos digitais, há uma tendência a piscar menos, levando a um ressecamento da superfície ocular com sensação de corpo estranho, prurido constante e ardência. Para evitar o agravamento ou surgimento de doenças na vista, existem no mercado lentes específicas para o público infantil, como as da linha ZEISS Kids , da multinacional alemã ZEISS, por exemplo, indicadas para crianças a partir dos 7 anos de idade. Maleáveis e de rápida adaptação às necessidades das mudanças visuais que ocorrem na infância, as lentes são fabricadas com policarbonato, material que traz segurança contra impactos. Além disso, contam com garantia de um ano para troca por quebra, e até duas substituições para casos de mudança de dioptria (grau).

Olhos Cansados: Quando a criança reclama que sente os olhos cansados ou apresenta dores de cabeça com frequência, é preciso procurar o oftalmologista. Os sintomas podem ser sinal de algum problema na visão ou de que o pequeno precisa de pausas no uso dos eletrônicos.

Tempo de Exposição à luz azul: Os games e canais com programação infantil ganham cada vez mais espaço entre as crianças, que passam horas em frente ao computador. Com a pandemia, essa permanência ficou ainda maior, pois há o período de aulas online, de realização de atividades escolares e atividades de lazer - que também giram em torno do universo digital. Pode parecer prático, sobretudo quando se está em home office, mas a permanência dos pequenos tanto tempo em frente às telas não é positiva. Para proteger os olhos, é fundamental fazer pausas constantes, estimulando o ato de piscar, olhar para outras distâncias, de preferência para o horizonte. Uma boa "regra" é, 20 minutos de uso na frente das telas e pausa de 20 segundos (20-20). Atividades ao ar livre ou em ambientes com luz natural são uma ótima alternativa, pois além de não prejudicarem os olhos, auxiliam no desenvolvimento psicomotor dos pequenos.


Vision Care da ZEISS

www.zeiss.com

Saúde bucal na pandemia: cinco mitos e verdades sobre cárie

Estima-se que mais de 2,5 bilhões de adultos e crianças sofram de cáries no mundo
Créditos: Envato Images

Mudança constante de rotina durante isolamento não pode ser fator para deixar cuidados de lado; estima-se que mais de 2,5 bilhões de adultos e crianças

 sofram de cáries no mundo


Escondida pelas máscaras, a saúde bucal não pode ser esquecida durante a pandemia e a rotina de cuidados diários é essencial para evitar problemas como a cárie. Com o vai e vem de home office e ensino remoto ou presencial, os horários podem ficar bagunçados e processos básicos como a escovação, o fio dental e o flúor acabam ficando de lado. Tanto para adultos, quanto para crianças e adolescentes. E isso tem preocupado dentistas.

Já se sabe que a cárie é uma das doenças mais comuns no mundo. Segundo o Global Burden of Disease Study 2017, estima-se que, globalmente, mais de 2 bilhões de pessoas sofram de cárie nos dentes permanentes e mais de 530 milhões de crianças têm cáries nos dentes de leite. Para o especialista em Saúde Coletiva e dentista da Neodent, João Piscinini, é fundamental esclarecer alguns mitos sobre a doença. “Muitas pessoas acham que a cárie é uma doença transmissível, por exemplo. E só o conhecimento pode levar à prevenção do problema”, comenta. Confira, então, alguns mitos e verdades sobre a cárie dentária:


  • Cárie é contagiosa

Mito. A cárie não é transmissível. A doença causa a destruição dos tecidos devido a um ácido liberado pelas bactérias que consomem o açúcar que fica nos dentes. Por conta disso, o especialista da Neodent, João Piscinini, explica que muitas pessoas acreditam que a cárie é contagiosa, por envolver um microrganismo, porém, não é. “A cárie é uma doença comportamental que, para se desenvolver, depende dos seus hábitos alimentares e da sua higiene. Então preveni-la só depende de você, mantendo um consumo controlado de açúcar e carboidratos em geral; uma boa escovação, com pasta dental contendo flúor; e o uso diário do fio dental”, afirma. 


  • Manchas brancas podem ser cáries 

Verdade. Muitas pessoas acreditam que a cárie só aparece como um pontinho preto. Porém, o dentista João Piscinini explica que a doença tem vários estágios e na fase inicial aparece como uma mancha branca. “Ao perceber a presença de manchas nos dentes é indicado ir a um especialista para ver se não se trata de um início de cárie e, dessa forma, interromper o avanço o mais rápido possível”, alerta. 


  • Dores podem indicar um avanço da doença 

Verdade. A cárie pode demorar semanas ou meses para se desenvolver. Durante esse tempo, a mancha branca pode evoluir para um buraquinho. Com isso, a dor pode surgir ou intensificar. “Se o paciente sentiu dor é porque, muito provavelmente, a cárie já esteja avançada. Sendo assim, é essencial ir ao dentista com frequência para que a cárie possa ser tratada no estágio inicial e não cause dor”, aconselha o especialista em Saúde Coletiva. 


  • Pacientes que usam aparelhos podem ter mais cáries

Verdade. As pessoas que estão realizando tratamento ortodôntico, principalmente com aparelhos convencionais, precisam ter mais atenção com a higiene bucal. “Os alimentos ficam presos facilmente nos aparelhos ortodônticos. Assim, quando a escovação dos dentes não é correta ou o paciente deixa de usar o fio dental por ser mais trabalhoso, o risco de ter cárie aumenta”, destaca o dentista.


  • Cárie não surge mais, caso tenha uma vez 

Mito. Na maior parte dos casos, o tratamento de uma cárie é feito com materiais restauradores. Caso não haja o cuidado bucal, o dente tratado ainda pode desenvolver uma nova cárie e inclusive atingir a polpa e precisar de um tratamento de canal. “A orientação é a escovação dos dentes e uso de fio dental todos os dias para evitar que o problema retorne”, explica. 

O especialista reforça ainda a importância de ir ao dentista regularmente, pois, assim, o tratamento pode ocorrer de forma mais simples e prática quando realizado no início. “Nas consultas você pode receber orientações de dieta, aprender a melhorar sua escovação e ter diagnósticos precoces”, finaliza João Piscinini.  



Neodent®

 

Tecnologias minimamente invasivas reduzem em 93% risco de hérnia após cirurgia abdominal


Entre os pacientes que passam por uma cirurgia no abdome, cerca de 15% desenvolvem uma hérnia no local da incisão cirúrgica. Quando o procedimento é realizado de forma minimamente invasiva, com as tecnologias laparoscópica e robótica, esse risco cai para 1% devido aos cortes menores, de acordo com a Sociedade Brasileira de Hérnia, representando redução de 93%.

Segundo o cirurgião e presidente da SBH, Christiano Claus, o risco existe para todos os tipos de procedimentos que exigem incisões no abdome. "Seja retirada da vesícula, cirurgia de apêndice, intestino ou estômago. Uma incisão feita na parede abdominal que não cicatriza de forma adequada pode resultar em uma hérnia incisional", explica.

Ela acontece devido a separação precoce da fáscia muscular no pós-operatório. O Dr. Marcelo Furtado e vice-presidente da SBH afirma que existem fatores de risco para o desenvolvimento da doença. "Durante o primeiro mês após a cirurgia a resistência da ferida à tração é menor, o que resulta na dependência da sutura. Pessoas com anemia, desnutridas, que fazem uso de corticoides, com tosse crônica e, principalmente, aquelas com infecção na ferida cirúrgica, obesidade e tabagismo têm maiores chances de desenvolver hérnias incisionais".

Quando a hérnia ocorre o paciente apresenta um caroço na região, com dor que aumenta durante a prática de exercícios físicos e melhora com o repouso. O diagnóstico é simples e acontece com exames clínicos associados a exames de imagem.

RISCOS DA HÉRNIA - As hérnias abdominais correm risco de complicações como o encarceramento e o estrangulamento, que são quadros de emergência médica. O diretor da SBH, Dr. Gustavo Soares, alerta para os sintomas: "Dor intensa e aumento de volume mais acentuado no local da hérnia, obstrução do intestino, vômitos e estufamento abdominal também podem estar presentes".

Nesses casos é essencial buscar uma unidade de pronto-atendimento.

DADOS - Apenas no Sistema Único de Saúde (SUS) foram feitas 25,1 mil cirurgias para reparos de hérnias incisionais em 2019 e 12,6 mil, em 2020 - ano de pandemia e paralisação dos procedimentos eletivos.
Estima-se que sejam realizadas aproximadamente 600 mil operações para reparos de hérnias abdominais ao ano no Brasil, fora de época de pandemia, levando em consideração o sistema público e privado de saúde.

Para saber mais, acesse: sbhernia.org.br

 

Pesquisa "Jornada do Paciente com Mucopolissacaridose (MPS) Tipo II"

 

Sem sua inclusão no teste do pezinho ampliado, o diagnóstico da Mucopolissacaridose Tipo II, doença genética que faz parte do grupo dos erros inatos do metabolismo, acaba sendo demorado e complexo, uma vez que ela se apresenta progressivamente e há múltiplos sintomas e muitos são comuns a outras patologias.

De acordo com o estudo qualitativo “Jornada do Paciente MPS II”, realizado pelo Instituto Inception Consultoria e Pesquisa, instituto de pesquisa focado na área da saúde, e encomendado pela JCR Farmacêutica, cuidadores de pacientes com MPS relatam que passaram por mais de cinco médicos diferentes, incluindo pediatra, otorrino, ortopedista, neurologista e cirurgião, até ser levantada a suspeita de uma doença rara e o diagnóstico ser realizado, usualmente pelo geneticista.

Esse percurso pode durar até quatro anos e, ao longo desse percurso, a doença vai se agravando , reduzindo a expectativa de vida do paciente que, sem tratamento, na maioria dos casos não atinge a idade adulta.

Isso acontece porque em cada uma das diferentes MPS, a produção de uma das enzimas responsáveis pela degradação de compostos específicos é afetada e o acúmulo  dos mesmos no organismo do paciente, de forma progressiva, provoca diversas manifestações. Dessa forma, quanto mais tempo se passa sem tratamento, piores são as consequências.

O pediatra é o médico que tem contato com o bebê e pode perceber as primeiras manifestações da doença, que muitas vezes acontecem já nos primeiros meses de vida.  Ao se deparar com os problemas, especialistas como otorrinolaringologista, ortopedista e cirurgião pediátrico são indicados para as complicações da doença que aparecem na infância

“Otites recorrentes que muitas vezes levam à colocação de drenos no tímpano, cirurgias para retirar adenoides e amígdalas, ou para corrigir hérnia umbilical ou inguinal, são alguns dos procedimentos comuns nos pacientes com MPS, geralmente realizados antes que o diagnóstico esteja estabelecido”, comenta o Prof. Roberto Giugliani, médico geneticista do HCPA. “Seria importante que, embora sejam situações frequentes, esses procedimentos gerassem um questionamento sobre a possibilidade de MPS, especialmente quando mais de um deles está presente num mesmo paciente ou então associado a algum outro problema, como deficiência auditiva, restrição articular ou alteração na coluna”, complementa Giugliani.

Como os médicos muitas vezes não têm informações sobre doenças raras, que são muitas e individualmente pouco frequentes, demora-se até suspeitar da doença e encaminhar para um especialista.

Entre os problemas que ocorrem com os pacientes com MPS que não recebem o tratamento adequado, se incluem: limitações articulares, perda auditiva, problemas respiratórios e cardíacos, aumento do fígado e baço e déficit neurológico. E segundo pesquisa do Instituto Inception, não são apenas as crianças que sofrem com o diagnóstico tardio.

As mães sentem uma grande frustração por não terem conseguido realizar o diagnóstico mais cedo. Os relatos mostram que elas vivem um mix de sentimentos como alívio, por finalmente ter o diagnóstico e a chance de tratamento; e culpa, por não terem suspeitado e levado a criança ao médico certo antes, o que poderia ter diminuído o sofrimento.

É o caso de Silmara Moraes da Silva, cujo filho, João Guilherme, tem MPS tipo II. A criança, que hoje tem 10 anos, fez o teste do pezinho convencional (que não incluía MPS II) logo que nasceu, por meio do convênio médico.

“Só tive o diagnóstico de MPS do meu filho aos cinco anos. As suspeitas começaram aos três, quando a pediatra da creche o examinou e, ao perceber a barriga muito inchada, pediu exames e o encaminhou para outros médicos. Dos 3 aos 4 anos, percorremos vários especialistas, até chegar a um pediatra que nos incentivou a ir ao geneticista. O geneticista, ao examiná-lo, já suspeitou de MPS, mas pediu os exames que só foram concluídos após mais um ano. Nem sabíamos o que era a doença”, revela Silmara.

Hoje, a mãe de Luiz Guilherme lamenta não ter tido acesso ao diagnóstico antes, por meio do teste do pezinho. Se esse fosse o caso, seu filho teria tido uma melhor evolução da doença por meio do tratamento precoce. “Hoje, meu filho já tem sequelas e está começando a ficar debilitado”, lamenta. 

Isso nos mostra que, com o teste do pezinho ampliado no SUS, a possibilidade dos pais detectarem a doença logo após o nascimento e assim garantirem uma qualidade de vida melhor aos seus filhos vai fazer muita diferença não só no tratamento da criança, mas também na saúde mental familiar.

“Sorte dos pais que no futuro vão conseguir diagnosticar com o teste do pezinho. Eu me alegro muito pela lei ter sido aprovada, pois sei que esses novos pacientes terão muito mais chance de ter uma vida melhor”, destaca Silmara Moraes.

A pesquisa ouviu pais de pacientes, associações de pacientes, cuidadores, enfermeiros e médicos de diferentes especialidades com objetivo de compreender a jornada do paciente com MPS II. durante todas as fases. Esse mapeamento reflete as etapas, ações, pensamentos e considerações de todos os envolvidos com a enfermidade, bem como os sentimentos, emoções e preocupações.

 

As Mucopolissacaridoses (MPS)

A incidência das Mucopolissacaridoses é de cerca de 1 para cada 20 mil nascidos vivos². De acordo com a enzima que se encontra deficiente, as Mucopolissacaridoses podem ser classificadas em 11 tipos diferentes.

No Brasil, o tipo II, conhecido como Síndrome de Hunter, é o mais prevalente - são 0,48 para cada 100.000 nascidos vivos², com uma média de 13 novos casos ao ano. Ocorrendo quase exclusivamente em pessoas do sexo masculino, a MPS II, sem o tratamento adequado, pode causar a morte do paciente precocemente.

De acordo com dados da Rede MPS Brasil, entre os anos 1982 e 2019, foram diagnosticados por esse programa 493 pacientes com a MPS tipo II em nosso país, e diagnóstico dessa doença pode ganhar um novo aliado com a aprovação do Projeto de Lei que visa a ampliar as doenças que devem fazer parte do Teste do Pezinho realizado no âmbito do SUS. 

Tratamento - A MPS não tem cura, mas com tratamento adequado é possível controlar a doença e aumentar a expectativa de vida do paciente. Segundo o médico geneticista do Hospital das Clínicas de Porto Alegre e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dr. Roberto Giugliani, a Terapia de Reposição Enzimática (TRE), com infusões semanais de enzima deficiente nesses paciente,  foi um importante avanço no tratamento das MPS, embora tenha algumas limitações, como o fato de não penetrar no sistema nervoso, já que em dos pacientes com MPS II a doença afeta também o cérebro.

“Novos tratamentos, como os que utilizam enzimas que são capazes de chegar ao cérebro, ainda que tenham sido administradas no sangue, irão permitir tratar as manifestações neurológicas. A combinação dessas novas tecnologias de tratamento com o diagnóstico precoce, idealmente através do teste do pezinho, trará um ganho significativo na qualidade de vida dos pacientes com MPS”, explica o Dr. Roberto Giugliani. 

 


Referências: 

1) Casa Hunter. Disponível em https://casahunter.org.br/o-que-e-doenca-rara/ 

2) Estudo ‘Updated birth prevalence and relative frequency of mucopolysaccharidoses across Brazilian regions’. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-47572021000100103&script=sci_arttext 

3) Rede MPS Brasil. Disponível em http://www.ufrgs.br/redempsbrasil/sobremps.php

 

PRECISAMOS FALAR SOBRE O LIPEDEMA

 

Junho é o mês de conscientização do lipedema, doença muito comum, porém deixada em segundo plano nos cuidados com a saúde da mulher – uma patologia quase que exclusivamente feminina, atualmente atinge mais de 11% das mulheres em todo o mundo.   

E o que exatamente é lipedema? Tão pouco mencionado na mídia e com pouca fama, o lipedema é uma patologia crônica do tecido adiposo e linfático. Bem diferente de uma “gordurinha sobrando”, é um tumor de gordura que atinge extremidades inferiores do corpo, como pernas, joelhos e coxas – raramente ele surge também nos braços.Como uma resposta à profusão dos hormônios femininos, principalmente na puberdade, gravidez e menopausa – quando há grande quantidade de hormônios em ação – o corpo desenvolve células de gordura doente.  

Por ser resultado de uma condição genética, com incidência familiar entre 16% a 45%, muitas mulheres acreditam que se trate de uma questão de composição corporal, aceitando o problema como característica da família. Como os nódulos de lipedema são muito sensíveis ao toque, causando hematomas frequentes nas pernas, muitas mulheres, mesmo com muita dor, não se dão conta de que podem buscar ajuda e um tratamento adequado. Além disso, o lipedema também pode ser responsável por cansaço em excesso – principalmente se a mulher passar muito tempo em pé - e, com o tempo, pode levar a uma redução considerável da mobilidade. Aqui é onde começa o grande problema.  

Embora o diagnóstico precoce seja essencial para o tratamento desta patologia, que já não é de fácil diagnose, nem todos os médicos têm familiaridade com a doença. Muitos confundem lipedema com linfedema e obesidade. Por isso, a conscientização é tão importante e procurar um especialista no assunto é essencial. O lipedema é uma gordura doente, que não é eliminada mesmo com dieta e exercícios físicos, sendo essa a principal diferença entre a doença e a simples obesidade.  

Precisamos falar mais sobre este tema e orientar as pessoas na busca adequada por tratamento. Afinal, esta é a única saída para a qualidade de vida da paciente, considerando que até o momento não há cura identificada e, em se tratando de uma doença genética, não há nenhum tratamento que exclua do corpo o gene causador do problema.  

Existem duas principais formas de se tratar o lipedema. A primeira, que é o tratamento clínico, envolve a prática diária de exercícios físicos, a adoção de uma alimentação saudável, o uso de roupas de compressão e drenagem linfática e eventual uso de medicamentos a depender do caso. Outra forma de lidar com a patologia é via procedimento cirúrgico, com lipoaspiração, que nada mais é do que a retirada da gordura doente em excesso da região dos membros inferiores. A cirurgia, no entanto, não elimina a doença por completo. Além disso, há um limite de gordura a ser aspirado e o resultado do procedimento varia de acordo com cada paciente. Desta forma, o tratamento cirúrgico não deve ser a única opção de tratamento indicada ou escolhida pela paciente, que precisa associar o procedimento à adoção de práticas saudáveis no dia a dia e ao tratamento clínico, porque o lipedema frequentemente volta quando não se tem esses cuidados.  

Assim, a mulher deve fazer uma escolha bem pensada, sabendo dos resultados esperados de cada procedimento aos quais ela, em parceria com seu médico de confiança, opte por se submeter, permanecendo sempre ciente de que nenhum deles é definitivo. O tratamento é eficaz para evitar a progressão da doença e ajuda a manter a qualidade de vida da paciente. 

 

 

Alexandre Amato - cirurgião vascular, especialista em lipedema e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro, a Unisa.  

 

Especialista aponta os riscos de se fazer tratamento de varizes sem um profissional habilitado

Milhares de pessoas são acometidas pelo surgimento de vasinhos que surgem principalmente nas pernas que, além do incômodo, por vezes causam dores e podem desenvolver outras doenças derivadas.

De acordo com dados obtidos através da SBACV-RJ, a condição, que atinge cerca de 35,5% da população brasileira, vai além de algo esteticamente desagradável. As varizes podem ser indícios de problemas circulatórios mais sérios, podendo evoluir para doenças como trombose e úlceras, além de causar dores e inchaço.

Sem conhecimento sobre os riscos que a condição pode provocar, muitas pessoas insatisfeitas com a sua aparência acabam só levando em consideração a questão estética, e buscam por tratamentos para retirada, algumas das vezes com profissionais sem uma especialização, desconhecendo o fato de que apenas o médico especialista pode indicar o procedimento adequado, após um diagnóstico correto do grau da doença.

Segundo a médica angiologista Adriana Vasconcelos, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de
Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ), os riscos de se fazer um tratamento de varizes sem um profissional habilitado vai além de um resultado insatisfatório. Muitas das vezes o maior problema é o não médico, como farmacêuticos, biomédicos, fisioterapeutas e esteticistas, porque podem dar um diagnóstico errado do caso, correndo o risco de agravamento da doença vascular com aparecimento de manchas e lesões na pele, úlceras e até trombose.

Dra. Adriana complementa que o médico angiologista ou cirurgião vascular está capacitado para fazer o diagnóstico e o tratamento. Através de uma avaliação minuciosa na consulta é que se pode decidir qual a meia elástica adequada, se há necessidade de usar flebotônicos (remédios para melhorar a circulação venosa) e traçar a melhor estratégia para o tratamento indicando de acordo com cada caso escleroterapia convencional, crioescleroterapia, laser transdérmico, escleroterapia com espuma densa, cirurgia convencional, cirurgia com endolaser ou cirurgia com radiofrequência.

Se manter sempre ativo praticando atividades físicas regulares, se hidratar, ter uma alimentação saudável e evitar permanecer muito tempo em pé parado ou sentado, são alguns hábitos que podem melhorar a sua saúde e de suas veias, finaliza a médica angiologista.

 

ECMO não é terapia para aventureiros”, alertam médicas especialistas no procedimento que salva pacientes graves de Covid

Fundadoras da ECMO Minas, duas médicas e uma enfermeira intensivistas que foram pioneiras na implantação em Belo Horizonte dessa terapia chamada de “pulmão artificial” explicam a necessidade de ter profissionais altamente qualificados para a efetividade do tratamento 


 

Uma das estrelas no combate à Covid-19 por ajudar a resolver situações de extrema gravidade, a ECMO – sigla em inglês para “Oxigenação por Membrana Extracorpórea” – ganhou fama repentina no país. Técnica conhecida como “pulmão artificial”, justamente por substituir as funções do órgão quando necessário, a ECMO é um procedimento complexo, o que explica muitos dos seus riscos.

 

Existem duas formas principais de fazer a ECMO. A forma venovenosa, que substitui a função pulmonar, e a venoarterial, que substitui a função cardiopulmonar. Uma cânula é introduzida na veia do paciente, o sangue é drenado por essa cânula e impulsionado por uma bomba até a membrana que exerce a função de "pulmão artificial". Nessa membrana, o sangue é oxigenado, retira-se gás carbônico e esse sangue é devolvido em excelentes condições ao paciente. O aparelho, no entanto, é apenas uma parte da terapia. 

 

“A ECMO não é simplesmente uma máquina. Seu principal diferencial é humano e está na equipe que atua diretamente nos cuidados com o paciente. Em um cenário ideal, atua no procedimento um time multidisciplinar e capacitado, com cirurgiões cardíacos, médicos intensivistas, fisioterapeutas, enfermeiros e acompanhamento 24 horas”, destaca a médica cardiologista e intensivista Marina Pinheiro Rocha Fantini, especialista em ECMO pela ELSO (Extracorporeal Life Support Organization), diretora da ECMO Minas.

 

O procedimento não pode ser indicado a qualquer paciente e o preparo de um profissional de saúde com foco na terapia pode levar cerca de três anos. “Definitivamente não é uma terapia para aventureiros”, alerta Dra. Marina, ao lado das outras duas fundadoras da ECMO Minas, a médica Ana Luiza Valle Martins e a enfermeira Izabela Cristina Fernandes Rodrigues, pioneiras por terem participado da implantação, em 2019, do primeiro centro de tratamento de ECMO em Belo Horizonte, no Hospital Mater Dei.

 

Hoje, no Brasil, existem 29 centros que se adequaram aos protocolos da ELSO, entidade responsável por padronizar os procedimentos e acompanhar as melhores práticas do uso da ECMO em todo mundo.


 

ECMO salva vidas além da pandemia


Criada nos EUA, há mais de 40 anos, a ECMO já era usada no Brasil há alguns anos no apoio a cirurgias cardíacas e no atendimento a quadros graves, em casos como pneumonia severa, aspiração de mecônio por bebês, infecções pulmonares, asma e insuficiência respiratória. 


No caso da Covid, é indicada a pacientes que tiveram o pulmão acometido pela doença de forma muito grave e que apenas as medidas habituais de CTI são insuficientes para o órgão funcionar normalmente. Os pulmões são os órgãos mais atingidos pelo vírus e o equipamento dá suporte à função pulmonar enquanto a doença é enfrentada, no momento em que a própria ventilação mecânica já não produz o efeito desejado. Quando os profissionais de saúde conseguem recuperar as funções normais do pulmão do paciente, o procedimento pode ser encerrado.

 

Mini-bios


Dra. Marina Pinheiro Rocha Fantini - cardiologista e diretora da ECMO Minas. Cardiologista pediátrica, cardiointensivista e especialista em ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) adulto e pediátrico pela ELSO (Extracorporeal Life Support Organization). É professora da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG), dirige a ECMO Minas e coordena os departamentos de Cardiologia Pediátrica e ECMO da Rede Mater Dei de Saúde, além do Centro ELSO de ECMO 814.


 

 

Dra Ana Luiza Valle Martins - médica intensivista e diretora clínica da ECMO Minas. Médica clínica, intensivista e Research Fellow Hospital Erasme Bruxelas-Bélgica, doutoranda do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Especialista em ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) adulto e pediátrico pela ELSO (Extracorporeal Life Support Organization), é diretora clínica da ECMO Minas e atua nas UTIs do Hospital Mater Dei e do Hospital Eduardo de Menezes (Rede Fhemig). 

 


 

Izabela Cristina Fernandes Rodrigues - enfermeira especialista em ECMO e coordenadora de Enfermagem da ECMO Minas. Enfermeira intensivista, possui especialização em Auditoria na Área da Saúde pela rede de ensino Albert Einstein e em ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) adulto e pediátrico pela ELSO (Extracorporeal Life Support Organization). É enfermeira referência em ECMO da equipe de enfermeiros da Rede Mater Dei de Saúde, responsável pelos treinamentos e formação destes profissionais.

 

 


ECMO Minas 

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Maioria dos pacientes que sobrevivem à forma grave da COVID-19 apresenta sintomas prolongados da doença


Em seminário on-line organizado pela FAPESP, pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos divulgaram resultados preliminares de estudos sobre a saúde mental e a qualidade de vida desses sobreviventes seis meses após alta hospitalar (foto: Engin Akyurt/Pixabay)

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·      A maioria dos pacientes que sobrevivem à forma grave da COVID-19 tende a apresentar sintomas prolongados ou sequelas da doença, condição que tem sido chamada de COVID longa ou subaguda. É o que apontam dados preliminares de estudos que estão monitorando fatores como saúde mental, qualidade de vida, reabilitação física, financeira e cognitiva dessas pessoas.

“Há mais de um ano sofremos as consequências da pandemia de COVID-19 e, com o tempo, fomos percebendo que, para além de problemas relacionados à transmissão, infecção e mortes, a COVID-19 pode trazer também consequências de longo prazo para pacientes. Como essas implicações ainda não estão completamente entendidas pelos cientistas, é muito importante estimular a troca de conhecimento e de experiências entre pesquisadores de todo o mundo", disse Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP, na abertura do seminário on-line “Long and post-acute COVID-19”, realizado no início de junho. O evento integra a série FAPESP COVID-19 Research Webinars, organizada com apoio do Global Research Council (GRC).

No evento, cientistas do Brasil e dos Estados Unidos apresentaram resultados preliminares de estudos que estão desenvolvendo a respeito do impacto prolongado da COVID-19.

No Brasil, 882 pacientes que estiveram internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP) estão tendo aspectos da vida pós-COVID monitorados por pesquisadores a fim de aprofundar o entendimento sobre a presença de sintomas da doença seis meses após a alta hospitalar. Todos os participantes do estudo tiveram a forma grave da doença, sendo que dois terços precisaram de atendimento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Com seis meses de análise, os pesquisadores observaram que é alta a ocorrência de sintomas após a alta hospitalar. Do total de pesquisados, 89,3% apresentaram sintomas persistentes, como cansaço, dores pelo corpo e dispneia. Além disso, 58,7% relataram pelo menos um sintoma emocional ou cognitivo, como perda de memória (42%), insônia (33%), concentração prejudicada (31%), ansiedade (28%) e depressão (22%).

“Esses sintomas estão todos inter-relacionados. Em outras palavras, o que verificamos é que uma pessoa que reclama de perda de memória também relata insônia, ansiedade e depressão. É importante destacar que esses resultados foram ajustados em relação aos sintomas apresentados antes de as pessoas terem COVID-19”, afirmou Geraldo Busatto, coordenador do Laboratório de Neuroimagem em Psiquiatria (LIM21) do HC-FM-USP e coordenador do estudo.

Busatto explica que, durante o estudo, foram realizadas entrevistas estruturadas com os pacientes, o que permitiu aos pesquisadores categorizar diagnósticos de transtornos psiquiátricos. “Há uma variedade de transtornos entre esses pacientes e um índice similar de estresse pós-traumático (13,65%) em relação aos dados disponíveis sobre a população em geral. No entanto, encontramos índices altos de alucinações (8,71%) e delírios (6,35%)”, ressaltou.

Também foi pedido que os participantes realizassem tarefas cognitivas. “Em comparação com a média brasileira, esses pacientes tiveram um resultado pior, isso especialmente entre os que tinham entre 60 e 75 anos. Já nos testes que analisaram fluência verbal, não houve diferença entre os pacientes e a população brasileira em geral. Isso mostra que, provavelmente, o déficit causado pela COVID-19 não é uniforme, algumas áreas da cognição devem apresentar mais déficits que outras”, disse Busatto.

Qualidade de vida pós-COVID

Outro estudo que também está sendo realizado no Brasil e que envolve mais de 55 centros de pesquisa pretende investigar as consequências de longo prazo da COVID-19 na qualidade de vida de cerca de mil indivíduos adultos que foram hospitalizados.

“Os dados preliminares mostram que seis meses após a alta hospitalar a mortalidade é alta (6,9%), e a re-hospitalização, comum (16%). Entre os pacientes que fizeram uso de ventilação mecânica, esses dados são maiores: 24% morreram seis meses depois da alta hospitalar, contra 2% dos que não precisaram de ventilação mecânica. Em relação à re-hospitalização, ela foi de 40% contra 10% em relação à ventilação mecânica. São diferenças estatísticas significativas, mesmo após o ajuste de covariantes como idade e comorbidades", contou Regis Goulart Rosa, médico intensivista do Hospital Moinho de Vento em Porto Alegre (RS) e um dos coordenadores do estudo.

Foi observada ainda perda de funções físicas importantes para a realização de atividades do dia a dia. “Houve piora acentuada nos primeiros três meses, apresentando relativa melhora até o sexto. No entanto, entre os pacientes que utilizaram ventilação mecânica, mesmo após seis meses de alta, eles ainda não tinham atingido os mesmos patamares de antes da COVID-19”, afirmou Rosa.

Um estudo semelhante, realizado com pacientes norte-americanos, vai monitorar por seis meses 1.500 sobreviventes da COVID-19. O intuito é acompanhar variações na saúde cardiopulmonar e mental, bem como questões socioeconômicas.

Os dados de 253 pacientes coletados um mês após a alta hospitalar mostram que 54,9% apresentavam algum sintoma cardiopulmonar. Entre os pesquisados, 15,9% continuavam a precisar de suplementação de oxigênio em suas residências. Ainda de acordo com a pesquisa, os pacientes também apresentavam sintomas como tosse (23%), falta de ar antes de dormir (13,4%), batimentos cardíacos irregulares ou acelerados (19,1%) e dor no peito, cansaço ou angina (11,3%).

"Uma descoberta preocupante está no fato de que muitos dos pacientes que apresentam alguma dessas dificuldades retornam para suas casas sem nenhum auxílio para lidar com esses novos problemas. Isso se soma ao aspecto destacado na pesquisa de que 53% dos respondentes tiveram suas finanças drenadas após a hospitalização. Além disso, 38% tiveram que pedir ajuda para que parentes cuidassem deles e 20% tiveram que mudar de trabalho. Há um impacto socioeconômico da COVID-19 e também da COVID longa”, disse Catherine Hough, que coordena o estudo realizado na Oregon Health & Science University.

A recuperação da COVID-19 pode ser lenta para muitos pacientes. O estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que 85% dos pacientes ainda não tinham se restabelecido completamente um mês depois da alta hospitalar. Do total, 65% apresentavam alguma incapacidade e 63% tinham algum problema cognitivo significativo. “Ao analisar os mesmos dados três meses após a alta dos pacientes, observamos pouca mudança em relação a esses sintomas: 75% dos pacientes ainda não tinham se restabelecido completamente, 60% apresentavam alguma incapacidade e 54% apresentavam algum problema cognitivo significativo.”

Hough ressaltou que os estudos sobre a COVID longa precisam considerar doenças e outros problemas de saúde que já estavam presentes antes da infecção pelo SARS-CoV-2. O vírus, segundo a pesquisadora, “pode ser um amplificador de problemas anteriores”.

Quebra-cabeça

Os mecanismos imunológicos que levam a essa variação de sintomas e sequelas pós-COVID também estão sendo pesquisados. “Há uma variação grande na forma como o sistema imunológico humano monta uma defesa contra o coronavírus, por isso temos essa multiplicidade de prognósticos: assintomático, leve, moderada, ou COVID-19 severa. Da mesma forma, sabemos que, enquanto algumas pessoas vão apresentar apenas a versão aguda da doença, outras terão uma versão mais prolongada, com sintomas e sequelas que poderão perdurar por meses”, explicou Carolina Lucas, pesquisadora do laboratório Akiko Iwasaki, na Yale School of Medicine nos Estados Unidos.

Em um estudo publicado na revista Nature, Lucas identificou quatro assinaturas imunológicas preditoras, que seriam capazes de distinguir e prever a trajetória da doença em cada paciente ao investigar parâmetros imunológicos e clínicos de 113 pacientes, entre casos moderados (fora da UTI) e casos graves (na UTI), ao longo de até 53 dias após o aparecimento de sintomas.

O grupo de pesquisadores observou que, entre os pacientes com doença moderada que se recuperaram, havia ainda uma maior abundância das proteínas envolvidas na cura e no reparo do tecido. No entanto, naqueles com a forma agravada da doença, as citocinas eram mais misturadas, aparecendo em combinações que são incomuns para infecção viral. Mais pessoas morreram nesse grupo.

Há ainda uma questão de timing. Os resultados das análises indicaram que os pacientes em estado grave não conseguiram controlar a carga viral ao longo do tempo e apresentavam níveis mais elevados de interferon, uma classe de proteínas produzidas por células de defesa para combater patógenos.

Outro aspecto identificado pelos pesquisadores está na correlação entre a carga viral e as quantidades de citocinas envolvidas nas funções antivirais, independentemente da gravidade da doença.

A íntegra do webinário pode ser acessada em: https://covid19.fapesp.br/covid-19-longa-e-sub-aguda/545.

 

 

Maria Fernanda Ziegler

 Agência FAPESP

https://agencia.fapesp.br/maioria-dos-pacientes-que-sobrevivem-a-forma-grave-da-covid-19-apresenta-sintomas-prolongados-da-doenca/36134/

Dia do Orgulho Autista é oportunidade para a visibilidade de pessoas com TEA


O Transtorno do Espectro Autista (TEA) atinge cerca de 2 milhões de brasileiros e 70 milhões de pessoas em todo o mundo; em Betim, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o CENSA se tornou referência nacional no atendimento a pessoas com TEA


Esclarecer a sociedade sobre as características das pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e promover a neurodiversidade, ou seja, o reconhecimento de que o funcionamento cerebral de algumas pessoas é diferente do que é considerado típico na sociedade: esses são alguns dos focos do Dia do Orgulho Autista, data celebrada no dia 18 de junho em todo o mundo e, que desde o ano da sua criação, em 2005, tem a intenção de demonstrar para a população que o autismo não é uma doença, mas uma condição com características específicas que trazem desafios, não só para o indivíduo mas também para seus familiares e a comunidade. Por esse motivo, o CENSA Betim, instituição com 56 anos de trabalhos nessa área e que tem entre seus educandos, mais de 60 pessoas nesta condição, destaca a importância da data.

De acordo com a mestre em psicologia e diretora do CENSA Betim, Natália Costa, é muito importante celebrar e conscientizar a sociedade acerca da luta pelos direitos daqueles que possuem diagnóstico de TEA. “O dia 18 de junho é um marco para mostrar as barreiras e dificuldades enfrentadas pelos autistas e suas famílias na sociedade. Isso, porque muitas pessoas já ouviram falar, mas poucas sabem que o autismo é um transtorno do desenvolvimento que, de acordo com a severidade das características de cada indivíduo, pode ser diagnosticado em 3 níveis diferentes. O autismo possui causas multifatoriais, incluindo predisposição genética e fatores ambientais. Por isso, ele se torna tão importante de ser diagnosticado precocemente, para iniciar a estimulação precoce, oferendo condições adequadas ao pleno desenvolvimento do indivíduo”, comenta a gestora da instituição especializada no atendimento e suporte às pessoas com autismo associado à deficiência intelectual.

Segundo Natália Costa, mesmo com a massificação da data desde o ano de 2005, ainda existe uma questão muito séria, que é a do preconceito e consequentemente da discriminação com relação à pessoa com TEA.. “É necessário informar a sociedade acerca do TEA, que atinge cerca de 2 milhões de brasileiros e 70 milhões de pessoas em todo o mundo, asseverando que o indivíduo não se restringe a um diagnóstico. Sendo assim o diagnóstico não é um destino, mas sim um dos pontos de partida para se estabelecer um plano de intervenção, principalmente quando se apresenta com outras comorbidades como a deficiência intelectual e a epilepsia. Neste contexto, o CENSA Betim ,é referência nacional no assunto, com equipe transdisciplinar especializada nos cuidados e pessoas com autismo grave associado a outros tipos de deficiências, transtornos e síndromes. Atualmente o CENSA atende cerca de 100 educandos, sendo que 60% com diagnóstico de autismo”, comenta.


Compromisso

Em relação ao trabalho que o CENSA Betim vem realizando há tantos anos em prol dessas pessoas, Natália Costa afirma que a instituição mantém sempre em evidência o compromisso de promover a plena participação de todas as pessoas com autismo na sociedade, garantindo o apoio necessário para que elas possam exercer seus direitos e liberdades fundamentais. "O trabalho do CENSA com a pessoa com autismo é norteado pelos cuidados básicos e educação socializadora, atendimento com equipe transdisciplinar e estabelecimento de uma rotina funcional com vistas à aquisição de um repertório comportamental que possibilite maior independência e inclusão social. Trabalhamos também com as famílias, no sentindo de instrumentaliza-las a lidar com episódios e intercorrências comuns, tais como: crises de agitação psicomotora, comportamentos auto lesivos e outras situações que possam gerar dano à pessoa com autismo", salienta.


Cuidados pervasivos

Para a mestre em psicologia e diretora do CENSA Betim, a atenção dispensada para uma pessoa adulta com diagnóstico de autismo e deficiência intelectual de moderada a severa, significa, na maioria dos casos, cuidados pervasivos, ou seja, tem que ter um maior número de profissionais envolvidos durante 24 horas por dia e ao longo de toda a vida do indivíduo. "Os desafios são muitos. Talvez, o maior deles é estabelecer um plano de atendimento efetivo para aquela pessoa que teve um diagnóstico tardio, pouca ou nenhuma intervenção na infância e na adolescência. Outro aspecto que que é muito desafiador, é lidar com pessoas com outros diagnósticos e comorbidades associadas ao autismo, como deficiência intelectual severa, epilepsia de difícil controle e comportamentos disruptivos Por isso, o acompanhamento de uma equipe transdisciplinar constante, tanto para o indivíduo, quanto para a família da pessoa com autismo, no intuito de oferecer condições favoráveis para uma melhor qualidade de vida, é indispensável", concluiu Natália Costa.

 


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