2ª edição da
análise do Sebrae posterga por duas semanas a previsão inicial da retomada, que
considerava a aceleração do programa de vacinação do Governo
Até 9,5 milhões de pequenos negócios podem ter
retomado o nível de atividade equivalente ao registrado antes da pandemia até
1º de setembro, conforme estudo feito pelo Sebrae a partir de dados da Fiocruz
e do cronograma de vacinação do Ministério da Saúde. Apesar de parecer
otimista, esse prazo foi postergado em relação à previsão da 1ª edição do
estudo, que apontava a mesma meta para 18 de agosto. O atraso resulta do lento
avanço da vacinação em abril, fazendo com que as micro e pequenas empresas de
todo o país tenham de suportar por mais 14 dias essa chegada do socorro aos
seus negócios.
Esse número de negócios representa cerca de 54% do
universo de microempreendedores individuais e micro e pequenas empresas
brasileiros. São empresas que atuam principalmente nos setores relativamente
menos atingidos pela crise e que teriam uma reação mais rápida ao contexto de
imunização da população: Comércio de Alimentos, Logística, Negócios Pet,
Oficinas e peças, Construção, Indústria de base Tecnológica, Educação, Saúde e
bem-estar e Serviços Empresariais. Ainda de acordo com análise do Sebrae,
também em 1º de setembro, metade da população brasileira estaria vacinada.
O presidente do Sebrae, Carlos Meles, ressalta que
a vacina é o único meio capaz de devolver a economia ao eixo da normalidade e,
por isso, lamenta que os números do novo estudo não sejam favoráveis. “Nossas
projeções foram atualizadas e, como nesse curto prazo o programa de vacinação
não acelerou o tanto que gostaríamos, as micro e pequenas empresas terão de
buscar fôlego por pelo menos mais duas semanas. Fazemos um alerta às
autoridades e à sociedade, pois quanto mais rápido imunizarmos os brasileiros,
mais rápida será a retomada dos pequenos negócios”, comenta Melles. Os dados
analisados servem de estrutura para a proposta de suporte do Sebrae às MPE
neste momento.
Especialistas apontam que o SUS tem capacidade de
aplicar até 3 milhões de doses diárias, sendo que, atualmente, o ritmo de
vacinação está próximo a 750 mil doses/dia. De acordo a 2ª edição da análise do
Sebrae, chegando próximo à capacidade do SUS, até 24 de junho 100% dos idosos
com mais de 60 anos e dos profissionais da saúde estariam imunizados com duas
doses da vacina. Já no dia 27 de agosto, esse grupo seria ampliado com o
restante dos grupos prioritários, que incluem profissionais da educação,
segurança, transportes, industriais e pessoas com comorbidades. Assumindo que a
vacinação seguiria por grupos de idade, no dia 22 de outubro, 100% das pessoas
com mais de 40 anos teriam sido imunizadas. Também nessa data, chegaríamos a
dois terços da população imunizada com duas doses.
Ainda de acordo com o estudo realizado pelo Sebrae,
outros setores da economia, pelas suas particularidades, retornariam mais
lentamente ao estágio verificado antes do início da pandemia. É o caso dos
segmentos de Bares e Restaurantes, Artesanato e Moda, que só retomariam esse
nível de atividade por volta do dia 5 de outubro, quando 100% das pessoas com
mais de 25 anos estariam imunizadas. Já o setor de Beleza só alcançaria o
estágio de faturamento equivalente ao pré-pandemia em 15 de outubro. Segundo o
estudo feito pelo Sebrae, os setores de Turismo e Economia Criativa devem
demorar ainda mais, voltando ao patamar de faturamento anterior à pandemia
apenas em 2022, mesmo que 100% da população já tenha sido vacinada até dezembro
desse ano.
Socorro aos pequenos negócios
Enquanto acompanha a evolução da vacinação e a
gradativa retomada dos diferentes setores da economia, o Sebrae estruturou um
plano de apoio aos pequenos negócios, dividido em três fases. A primeira – que
é o momento atual de isolamento – prevê uma série de ações voltadas a apoiar os
pequenos negócios na abertura de novos mercados (digitalização das empresas),
melhorar as finanças do negócio e desenvolver ações junto ao Congresso e ao
governo para melhoria das políticas públicas. Na fase 2, estágio da
flexibilização das medidas de isolamento social, o Sebrae vai reforçar a
atenção dos pequenos negócios quanto à importância de continuar observando os
protocolos de saúde e orientar os empreendedores na renegociação de dívidas e
empréstimos, bem como a remodelagem das empresas.
Por
fim, na fase 3, que é o período pós-vacina, o Sebrae apoiará os novos negócios
que deverão surgir. Além disso, o foco deve voltar para uma questão estrutural
da economia brasileira, a partir da melhoria produtividade das empresas, e para
incentivara inteligência de negócios, para que o pequeno empreendedor possa se
preparar para um mercado consumidor em constante mudança. “Nossa expectativa é
que, no momento em que a população esteja vacinada, muitos empreendedores que
fecharam as portas por conta da crise resolvam abrir novas empresas, assim como
devem surgir novos empresários, movidos pelas oportunidades que serão criadas
nesse novo momento da sociedade e da economia”, completa Carlos Melles.