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sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Medicina: constante evolução requer atualização permanente dos profissionais


A Medicina avança dia após dia, renovando o conhecimento constantemente, em todas as especialidades. Com os avanços da tecnologia e a globalização, as descobertas e novas condutas são imediatamente disseminadas no mundo inteiro, cabendo aos especialistas manterem-se atualizados, cientes dos avanços, a fim de oferecer o que há de mais avançado a seus pacientes. 

Desta maneira, a participação em congressos, sejam eles regionais, nacionais ou internacionais, é a principal forma de estar em permanente contato com os avanços de cada especialidade, incluindo a oncologia.

"É importante que os profissionais que cuidam e tratam os pacientes que estão com tumores malignos, com câncer, que estejam sempre atualizadas para oferecer o melhor tratamento", afirma o Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião oncológico especializado em doenças do peritônio. 

Além dos congressos, os boards, situações que reúnem especialistas presencialmente, ou por meio de vídeo conferências, são ferramentas importantíssimas no dia a dia dos médicos.

"Antes de tomar uma decisão sobre determinado paciente, discutimos o caso com outros colegas da mesma especialidade, ou com oncologistas clínicos, radioterapeutas, especialmente nos casos mais complexos, como por exemplo quando um paciente tem mais de um tumor ao mesmo tempo, ou teve um tumor e agora tem outro tumor, diferente. São situações que fogem do nosso dia-a-dia e não podemos ter vergonha de querer o melhor para o nosso paciente", explica.

Nestas reuniões, a identidade do paciente não é revelada por motivos éticos. O objetivo é encontrar o melhor tratamento, a melhor conduta para aquele paciente.
"Os boards são muito mais do que uma segunda opinião. Buscamos um consenso entre diversos especialistas da nossa confiança, que juntos, decidem por qual caminho seguir, qual a melhor conduta." 

Para que estas discussões sejam ainda mais produtivas, é importante que todos os especialistas se mantenham sempre atualizados em suas áreas de atuação, frequentando congressos de suas especialidades e acessando artigos em revistas científicas conceituadas. 

"A atualização profissional contínua nos permite rever conceitos, consolidar conhecimentos antigos, relembrar aprendizados que não vemos todos os dias, bem como aprender coisas novas", finaliza.

Pesquisa avalia ocorrência de microplásticos no trato digestivo da sardinha


Aliada a outros fatores, exposição pode interferir no ciclo de vida do peixe
Itajaí - Um estudo produzido no curso de Oceanografia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) avaliou a presença de microplásticos no trato digestivo da sardinha-verdadeira e da sardinha laje, espécies provenientes das regiões sul e sudeste do país. Da amostra analisada, 81% apresentou fibra e fragmento no aparelho digestivo. Pesquisas indicam que aliados a outros fatores, esses poluentes podem interferir no ciclo de vida da sardinha, um dos recursos pesqueiros mais comercializados e consumidos no Brasil. 
A pesquisa realizada pela acadêmica do curso de Oceanografia, Camila Hagelund, foi orientada pela professora Patrícia Fóes Scherer Costódio. A docente explica que a avaliação foi feita no trato digestivo (estômago e intestino) dos organismos, órgãos que em geral não são ingeridos pelas pessoas e, por isso, podem não afetar diretamente na alimentação. Mais importante do que isso, de acordo com Patrícia, é o impacto que esses microplásticos podem causar em toda a cadeia trófica, podendo ser tóxicos, ameaçando as espécies e a biodiversidade expostas a esses materiais.
As amostras de sardinha foram obtidas no Laboratório de Oceanografia Biológica, por meio do projeto do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). Para quantificar o plástico nas sardinhas utilizou-se a metodologia de digestão do trato digestivo com o ácido hidróxico de potássio, seguido de filtração em filtro de fibra de vidro. Como resultado, foram encontrados 97 microplásticos de diferentes categorias, sendo 92,78% do tipo fibras e 7,21% do tipo fragmento. As áreas amostradas ocupam 2,2% do território nacional e abrangem parte dos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, formada por 464 municípios, com densidade demográfica cerca de três vezes maior do que a média brasileira. Houve maior quantidade de microplásticos nas espécies coletadas na área localizada mais próxima da costa do que na região mais distante, o que segundo as pesquisadoras reflete a influência da ação do ser humano para o ambiente marinho.
“Há poucos trabalhos publicados no Brasil sobre a ocorrência de microplástico nos estômagos de peixes de interesse comercial. Artigos internacionais e nacionais indicam a interferência desta ingestão, nos aspectos de ciclo de vida de diferentes organismos. Como a sardinha é um organismo filtrador, alimenta-se exclusivamente de plâncton, está mais sujeita à ingestão acidental destas partículas", afirma a professora-orientadora.

Um outubro conturbado na América Latina


A fotografia da América Latina em outubro de 2019 é marcada por uma onda de protestos no Chile e no Equador, uma crise constitucional no Peru e eleições na Bolívia, no Uruguai e na Argentina.  


O Chile, caso de maior radicalidade, governado pelo presidente Sebastián Piñera, declarou estado de exceção desde que a onda de protestos se proliferou em todo o país. O estopim da crise social iniciou em Santiago, quando os estudantes secundaristas começaram a se manifestar contra o aumento do preço da passagem de metrô na capital. Grande parte da população depende desse meio de locomoção e os custos com o transporte público formam uma parte significativa das despesas correntes dessa fatia da população. A resposta inicial de Piñera, entretanto, foi de criminalizar o movimento estudantil e adotar medidas demasiadamente repressivas contra o levante. Em poucos dias, o exército foi acionado e o estado de exceção foi declarado. O atrito entre população e exército acendeu as memórias ainda vivas da ditadura militar encerrada no final dos anos 80. O choque e a radicalização de ambos os lados criaram um grau de tensão social que já conta com dezenas de mortos, muitos estabelecimentos depredados e saqueados e com inúmeras prisões decretadas.

A crise social no Equador, uma república presidencialista governada por Lenin Moreno, sucessor político e antigo vice-presidente de Rafael Correa, tem sua trajetória política originada nos círculos do Movimento de Izquierda Revolucionária. Como presidente, entretanto, iniciou o mandato com um pacote econômico de austeridade, cortando gastos públicos, eliminando subsídios e, sobretudo, recorrendo a empréstimos do Fundo Monetário Internacional.  O início da crise social ocorre quando o corte de subsídios atinge o preço dos combustíveis, mais que dobrando o preço da gasolina e do diesel. Como resultado, uma onda de protestos sociais protagonizados pelos grupos indígenas, uma parte representativa da população equatoriana, bloqueia estradas e ocupa as ruas da capital, Quito. O choque entre governo e população já acumula quase uma dezena de mortos e milhares de feridos, além da transferência da capital de Quito para Guayaquil.

Ao contrário do Chile e do Equador, Bolívia e Argentina vivem um estado de relativa estabilidade social, ainda que condicionada pelo calendário eleitoral. A república representativa democrática presidencial boliviana recepcionou eleições que indicaram vitória no primeiro turno do indígena da etnia Aimará Evo Morales. O presidente tem suas raízes no movimento sindical indigenista e defende bandeiras como a reforma agrária, a nacionalização de setores da economia combinada à cooperação internacional com o setor privado em matéria industrial. Apesar de o processo ter sido contestado pela oposição e a Organização dos Estados Americanos estar investigando a condução das eleições, Morales ainda se mostra como o candidato mais competitivo.

Por fim, a democracia representativa republicana da Argentina recepcionou um processo eleitoral no fim de semana que elegeu a chapa peronista de Alberto Fernández e Cristina Kirchner. Destituindo a tentativa de reeleição de Maurício Macri, a chapa eleita está atrelada às bandeiras históricas da justiça social e do papel intervencionista do Estado. Macri entregou o país com cinco heranças macroeconômicas negativas: i) uma deterioração das reservas de dólares; ii) uma grande desvalorização cambial; iii) a contração de uma nova dívida externa com o FMI; iv) uma taxa de inflação na casa de 40%; v) uma taxa de desemprego em 10%. Cenário que o grupo peronista terá de responder em um curto espaço de tempo.

Enfim, a fotografia política de boa parte da América Latina no fim de outubro permite breves considerações gerais: em primeiro lugar, nota-se que a experiência democrática latino-americana contempla o potencial permanente de transição entre as elites político-partidárias a cada ciclo eleitoral; em segundo, que os modelos econômicos chileno e argentino são menos previsíveis do que os receituários clássicos apresentam. Isso significa, por um lado, que a percepção de parte da opinião pública sobre medidas de austeridade no curto prazo nem sempre consegue corrigir problemas inflacionários ou desequilíbrios sociais; em terceiro, que o caleidoscópio político latino americano alterou suas tonalidades, influenciado pelos novos tons da Casa Rosada e pelo levante por mais direitos sociais no Chile.






André Frota - professor dos cursos de Relações Internacionais e Ciência Política e membro do Observatório de Conjuntura do Centro Universitário Internacional Uninter. 

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