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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

O mundo está prescrevendo a Ozonioterapia. E o Brasil?



Conferência mundial em Ancona, na Itália, mostra os avanços da técnica em vários países enquanto os brasileiros ainda esperam pela regulamentação do procedimento pelo Conselho Federal de Medicina


"Quantas pessoas precisarão ter suas pernas amputadas? Quantas precisarão fazer cirurgias de coluna e de joelho desnecessárias? Quantas pessoas precisarão morrer por infecção hospitalar por não terem acesso à Ozonioterapia?", os questionamentos, em tom de desabafo, são da Dra. Maria Emilia Gadelha Serra, Presidente da Associação Brasileira de Ozonioterapia (ABOZ) e uma das maiores autoridades internacionais no assunto. A entidade luta desde 2006 para que a Ozonioterapia seja reconhecida como procedimento médico legítimo no Brasil, a exemplo do que já acontece em boa parte da Europa, Ásia, América Latina e até em 32 estados norte-americanos.

Aqui no Brasil, a ozonioterapia já é reconhecida como PROCEDIMENTO ODONTOLÓGICO pelo Conselho Federal de Odontologia (Resolução CFO no.166/2015) desde 2015 e recebeu um parecer favorável do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) para utilização da água ozonizada como recurso terapêutico para o tratamento de feridas. Mas o Conselho Federal de Medicina ainda reluta em regulamentar o uso da Ozonioterapia, considerando a técnica utilizada desde a I Guerra Mundial como "experimental".

"É INACEITÁVEL essa demora de 11 anos para regulamentar um procedimento já reconhecido como legítimo há décadas em tantos países desenvolvidos. Enquanto isso, leigos sem qualificação seguem praticando a Ozonioterapia sem qualquer controle, dando margem para a possibilidade de algum acidente por má-prática...sem falar na IRRESPONSABILIDADE em relação ao Direito legítimo da população ao acesso a tal procedimento universal", reitera a Presidente da ABOZ.

A Dra. Maria Emilia está na Itália para participar, como palestrante, da World Conference on Ozone Therapy in Medicine, Dentistry and Veterinary, um encontro mundial promovido pela FIO - Federação Italiana de OZonioterapia - com apoio da WFOT - Federação Mundial de Ozonioterapia. O evento, que discute os principais avanços no uso da técnica na Medicina, na Odontologia e Medicina Veterinária, conta com a participação de representantes dos principais países em que a Ozonioterapia é usada livremente, inclusive no sistema público de saúde, como Alemanha, Itália, Grécia, Portugal, Espanha, Rússia, Japão, China, Cuba, dentre outros.

A Ozonioterapia é uma técnica que utiliza a aplicação de uma mistura de gases oxigênio e ozônio com finalidades terapêuticas. O ozônio medicinal, em contato com o organismo, apresenta ações de melhoria da oxigenação e da circulação sanguínea, redução de dor e inflamação, além de propriedades germicidas. Desta maneira, podem ser tratadas com a Ozonioterapia doenças as mais variadas, sejam de origem isquêmica, inflamatória e/ou infecciosa.

"Mais recentemente a Ozonioterapia vem sendo empregada como tratamento auxiliar para diminuir os efeitos colaterais da radioterapia e da quimioterapia, dentre muitos outros efeitos benéficos desta terapia em uso em vários países em todo o mundo há cerca de 100 anos. Novas aplicações vem surgindo e seu uso tem sido ampliado para o tratamento de transtorno do espectro autista, acidentes vasculares isquêmicos, esclerose múltipla, dentre outros.", afirma Dr. Arnoldo de Souza, médico e Diretor Científico da ABOZ.

Embora seja um procedimento de uso corrente em muitos países, é necessário que a Ozonioterapia passe por um processo de reconhecimento e regulamentação para uso dos profissionais de saúde no Brasil, assim como os equipamentos geradores de ozônio também precisam ser regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

O Projeto de Lei Federal no. 227/2017, de autoria do Senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que autoriza o uso da Ozonioterapia como procedimento médico complementar em todo o território nacional está em tramitação no Congresso Nacional. Esta semana o assunto foi tema de uma reunião na CAS - Comissão de Assuntos Sociais - do Senado Federal e será debatido em breve numa Audiência Pública antes de ser votado pelos senadores. O Conselho Federal de Medicina (CFM) informou à ABOZ que irá participar da Audiência Pública do Senado.

"Enquanto o CFM leva anos analisando para avaliar e reconhecer um procedimento seguro, eficiente e de baixo custo como a Ozonioterapia, o mundo discute os avanços da técnica em novos campos. A população brasileira é prejudicada no seu direito constitucional de acesso à saúde de qualidade, por não poder usufruir dos benefícios da técnica, em especial em casos de dores crônicas (hérnia de disco e artrose de joelhos, por exemplo), feridas de difícil resolução e queimaduras, além de infecções (herpes, hepatites e inclusive infecções por superbactérias resistentes). Está situação precisa mudar. A esperança é o Senado Federal. Vamos torcer!" conclui a Dra. Maria Emilia.






ABOZ





Número de doações de órgãos aumenta, mas não diminui a fila



Médico fala sobre a importância desse ato e como você deve proceder caso queira ser doador no Brasil

 
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2016, o Brasil tem hoje o maior sistema público de transplantes do mundo, mas isso não quer dizer que as doações sejam suficientes zerar a fila de espera existente. Foram registrados no mesmo ano 2.983 doadores efetivos, um número 5% maior do que em 2015.

Para o Dr. Aier Adriano Costa, coordenador da equipe médica do Docway, um dos maiores problemas enfrentados pela Central de Transplantes é em relação a aceitação dos familiares. “Apesar do aumento no número de doações, não estamos nem perto do ideal. A maior dificuldade encontrada está justamente no fato de fazer com que a família perceba a importância de doar os orgãos de um parente querido. Esse quadro vai melhorar a partir do momento que tivermos uma onda de conscientização referente ao tema. Só a informação acabará com alguns tabus e mitos”, comenta o especialista.

O processo de doação de órgãos é complexo e exige uma corrida contra o tempo. “Começa com o diagnóstico de morte encefálica de um potencial doador e termina na recuperação do paciente que recebeu um novo órgão. Quando a família opta pela doação, é preciso agir rápido, para que os órgãos doados possam ser encaminhados aos pacientes da fila”, detalha Costa.

Após o diagnóstico de morte encefálica e a autorização da família, é feito um questionário para que os médicos possam identificar os hábitos do doador e possíveis doenças ou infecções que possam atrapalhar o transplantes. Se o doador estiver em condições, aí sim são retirados os órgãos que serão doados.  O médico explica que podem ser retirados diversos órgãos para doação, os mais comuns são coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões. “Inúmeros pacientes podem ser beneficiados com os órgãos de apenas um doador. É um processo delicado e que requer força da família e rapidez da equipe médica”, comenta.

Para completar, o Dr. Aier Adriano Costa lembra que qualquer pessoa pode ser doadora. “Por esse motivo, é importante ter uma conversa franca com os familiares, expondo a vontade, já que eles são os responsáveis pela liberação da doação. Se você é doador, comunique sua família sobre essa vontade, esse ato de conscientização facilita a doação de órgãos e pode salvar várias vidas”.






Infecções decorrentes de água de má qualidade podem ser causa de déficit de estatura



Reduzir as taxas de mortalidade infantil foi uma das metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano 2000, por meio dos Objetivos do Milênio. De fato, muitos avanços nesse sentido foram alcançados nas duas últimas décadas em todo o mundo.

“As crianças estão sobrevivendo mais, tanto nos países desenvolvidos como nas nações em desenvolvimento. Porém, boa parte delas não está prosperando como poderia e não consegue atingir seu potencial de desenvolvimento cognitivo e físico. E isso tem uma tremenda implicação para os países”, afirmou a pesquisadora Helen Raikes, do Colégio de Educação e Ciências Humanas da University of Nebraska-Lincoln, nos Estados Unidos.

Em uma palestra apresentada na terça-feira (19/9) durante a FAPESP Week Nebraska-Texas, Raikes falou sobre como a falta de saneamento básico e de acesso a água potável de qualidade pode estar na origem de problemas como déficit de estatura e de outras condições associadas à desnutrição.

“Já está bem estabelecida a relação entre a ocorrência frequente de diarreia e mortalidade infantil. Porém, estudos recentes têm mostrado que infecções bacterianas repetidas também podem afetar as vilosidades intestinais e o perfil da microbiota intestinal – prejudicando a absorção de nutrientes para o resto da vida”, contou a pesquisadora.

Quando o problema ocorre em períodos de alta vulnerabilidade, como os primeiros dois anos de vida, os danos podem ser definitivos. Segundo Raikes, três áreas são particularmente comprometidas: o desenvolvimento cognitivo, a estatura e o microbioma intestinal [fortemente relacionado com a saúde metabólica e a imunidade]. Tal condição cria grandes disparidades no desenvolvimento de crianças de diferentes contextos socioeconômicos e causa perda de potencial humano”, afirmou a pesquisadora.

Como comentou Raikes, a neurociência tem mostrado que as experiências que um indivíduo vivencia nos primeiros anos de vida são incorporadas no organismo e constroem as bases para as experiências futuras. Um período de desenvolvimento, disse a pesquisadora, é construído com base no anterior.


Panorama acreano

A importância dos primeiros mil dias de vida para o desenvolvimento infantil também foi abordada durante a palestra de Marly Augusto Cardoso, professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP). Ela apresentou, na terça-feira (19/9), resultados de uma pesquisa feita ao longo de 10 anos (2003-2012) no município de Acrelândia (AC) com cerca de mil crianças menores de 10 anos.

“O que chama atenção nessa região, em relação ao cenário nacional, é que a desnutrição infantil – e consequentemente o déficit de estatura e a prevalência de anemia – não diminuiu tão fortemente como em outros estados brasileiros. O Acre ainda apresenta indicadores de saúde infantil bem precários. A ocorrência de diarreia em crianças pequenas, por exemplo, é bem mais frequente do que em outras regiões”, disse Cardoso.

Ao mesmo tempo, contou a pesquisadora à Agência FAPESP, é possível observar um ganho de peso excessivo nas crianças em fase escolar – possivelmente causado pela substituição do padrão alimentar tradicional pelo moderno, composto principalmente de produtos ultraprocessados.

“Isso configura um cenário de carga dupla de doenças relacionadas ao estado nutricional: ainda há deficiências não completamente sanadas e, ao mesmo tempo, risco de ganho excessivo de peso que predispõe a doenças cardiovasculares e metabólicas na vida adulta”, comentou.

A investigação em Acrelândia foi feita com apoio da FAPESP durante o doutorado de Bárbara Hatzlhoffer Lourenço, atualmente professora do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (Unifesp).
Atualmente, Cardoso coordena um Projeto Temático que pretende identificar no município de Cruzeiro do Sul – o segundo mais populoso do Acre e uma região endêmica para a malária – fatores que podem potencializar tanto a promoção da saúde na vida escolar e na adolescência como a redução de fatores de riscos na vida adulta.

O estudo de base populacional, que teve início em 2015, pretende acompanhar os determinantes de saúde materno-infantil desde a gestação e o parto até o final do segundo ano de vida. Participam cerca de 1,5 mil famílias captadas na única maternidade da cidade, graças à parceria com agentes comunitários de saúde do Programa Saúde da Família (PSF). Também colaboram com o estudo docentes e alunos da Universidade Federal do Acre (UFAC) e da Harvard T.H. Chan School of Public Health.

“O projeto tem muitos eixos. Vamos investigar deficiências nutricionais nas mães e nas crianças, risco de infecção por malária e dengue, ganho de peso excessivo precoce, alimentação complementar e práticas alimentares das mães. Pretendemos também estudar a microbiota intestinal dos participantes da pesquisa e fazer análises epigenéticas [para entender como os fatores ambientais estão modulando a expressão dos genes]”, contou Cardoso.

Análises preliminares em cerca de 500 gestantes do mesmo município mostrou que 19% delas são adolescentes – índice mais alto que a média nacional. No total, 24% apresentaram sobrepeso no período pré-gestacional, 18,7% não ganharam peso suficiente durante a gestação e 59%, por outro lado, ganharam peso em excesso no período. O índice de anemia no terceiro trimestre gestacional foi de 17,5% e 13,4% apresentaram deficiência de vitamina A.
“Algo que já pudemos notar é que a malária gestacional é um problema negligenciado e sabemos que pode ser uma das causas de baixo peso no nascimento”, afirmou.

No dia anterior, também durante a programação da FAPESP Week Nebraska-Texas, Susan Sheridan, diretora do Centro Nebraska de Pesquisa em Criança, Juventude, Famílias e Escolas, apresentou uma série de estudos voltados a promover a saúde mental familiar e, desse modo, possibilitar um melhor desenvolvimento infantil.

Segundo Sheridan, um trabalho colaborativo feito por pesquisadores do Brasil e de Nebraska concluiu que, quando os pais têm um relacionamento sólido, as crianças se saem melhor. Essa linha de investigação busca atualmente identificar intervenções que melhoram os relacionamentos familiares, como a teleterapia. Mais informações em: http://cehs.unl.edu/cehs/brasil/





Karina Toledo, de Lincoln
 Agência FAPESP





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