Combinações
perigosas de colírios com outros remédios crescem 20% no frio. Conheça os
riscos.
Estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostra que
o inverno triplica as doenças respiratórias
como gripe, resfriado, rinite, sinusite e bronquite. Isso somado à falta de
informação, à comercialização de
remédios sem receita e à precariedade
dos serviços públicos de saúde faz com que a automedicação seja praticada por 3
em cada 4 brasileiros. É o que mostra um
estudo realizado pelo ICTQ (Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade).
Levantamento realizado pelo oftalmologista Leôncio Queiroz
Neto do Instituto Penido Burnier nos prontuários do hospital, mostra que a
combinação perigosa de colírios com outros medicamentos cresce 20% nesta época do ano.
Catarata e glaucoma
O médico afirma que um dos maiores perigos é o uso por mais
de seis meses de corticóide para
combater inflamações persistentes nas vias respiratórias. O medicamento,
explica, pode causar glaucoma, catarata, hipertensão arterial e ganho de peso.
Quando usado na forma de colírio tem efeitos colaterais mais rápidos. A dica
para reduzir um pouco o estrago é beber bastante água, mas nunca usar este tipo
de remédio sem acompanhamento médico.
Uma combinação arriscada é o uso de descongestionante nasal
com colírio antiglaucomatoso. "O alívio é imediato, mas o
descongestionante corta o efeito do colírio", adverte. Por isso, o mais
indicado é o uso de soro fisiológico para desentupir o nariz. Os riscos não
param por aí. Isso porque, explica, descongestionantes têm ação vasoconstritora. Significa que
estreitam todos os vasos do corpo. Depois do quinto dia de uso predispõem à
hipertensão arterial, doença cardíaca, bem como
ao glaucoma em quem tem predisposição. Todas estas doenças podem passar
despercebidas sem acompanhamento médico.
O oftalmologista afirma que outro remédio perigoso para quem
tem glaucoma é o
inibidor de apetite. O risco está relacionado à dilatação da
pupila que reduz o espaço da câmara anterior dos olhos, podendo causar aumento a pressão intraocular, fator
de risco do glaucoma, maior causa de cegueira definitiva relacionada a
danos no nervo óptico.
Quem faz tratamento de
bronquite ou asma com bronco-dilatador deve avisar o oftalmologista. "A interação do
medicamento com colírio betabloqueador pode causar falta de ar", adverte.
Olho seco
Queiroz Neto ressalta que não é só a queda da temperatura
que aumenta a síndrome do olho seco no inverno. O uso de analgésico e
antitérmico para combater gripe ou resfriado, de anti-histamínico para alergia
e até da pílula anticoncepcional cortam o efeito do lubrificante ocular. Nestes
casos recomenda incluir na dieta salmão, sardinha, semente de linhaça e nozes
que melhoram a qualidade da lágrima por serem ricos em ômega 3.
Outras combinações
O especialista diz que os colírios vasoconstritores vistos
pela maior parte da população com uma "aguinha refrescante" por
deixarem os olhos branquinho,s cortam o efeito dos medicamentos para
hipertensão arterial e dos medicamentos a base de amiodarona indicados para
distúrbios do ritmo cardíaco. Estes grupos devem usar lágrima artificial caso
sintam desconforto ocular no inverno.
Para quem suspeita que está com conjuntivite, comum no
inverno, a dica do médico é fazer uma
compressa fria em caso de secreção aquoso e de compressa quente quando a
secreção for amarelada. Caso não desapareça o desconforto em dois dias,
consulte um oftalmologista.