No mês da
conscientização ao 3.º tipo de câncer que mais acomete brasileiros,
especialistas alertam: a alimentação faz toda a diferença na hora de prevenir a
doença
Dentre as muitas cores dos laços de fita do
calendário, março é o mês de conscientização e prevenção do câncer colorretal.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) que monitora a incidência,
morbidade hospitalar e mortalidade dos diferentes tipos de câncer, os tumores
em cólon e reto são os terceiros mais frequentes no país, acometendo
aproximadamente 40 mil homens e mulheres por ano.
Hábitos como consumo de bebidas alcoólicas em
excesso, alimentação não saudável, tabagismo e sedentarismo são os principais
fatores para o desenvolvimento da doença. O março azul-marinho pretende dar
visibilidade e conscientizar a população aos comportamentos de risco, sintomas
da doença, a importância de um diagnóstico precoce e os cuidados preventivos e
paliativos.
De 50% a 75% dos casos de câncer colorretal podem
ser prevenidos com um estilo de vida saudável
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica
defende que mudanças de hábitos podem reduzir consideravelmente o risco de
desenvolver câncer colorretal. Todavia, cabe destacar que, como outros tipos da
doença, a origem do câncer na região intestinal é multifatorial, podendo a sua
incidência estar relacionada a diversas condições como históricos familiar e
pessoal, e doenças inflamatórias intestinais prévias.
O que podemos (e devemos) evitar?
“A alimentação pode influenciar a carcinogênese colorretal
com vários mecanismos de interação, como em efeitos diretos na resposta imune e
inflamação e, ainda, os efeitos indiretos da subnutrição e obesidade,
considerados fatores de risco para desenvolvimento desse tipo de câncer
intestinal”, explica a nutricionista e consultora da Jasmine Alimentos, Adriana
Zanardo.
- Carne vermelha processada
Classificada como grupo 1 de carcinogênicos pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), as carnes processadas, assim como os
embutidos em geral, apresentam potencial de desenvolvimento de câncer
colorretal, devido à concentração de nitrato nesses alimentos que são
conservantes artificiais capazes de aumentar as mutações celulares.
- Excesso de açúcar refinado
O consumo de alimentos altamente açucarados é
considerado um potencial fator de risco para o câncer colorretal devido ao
quadro da hiperinsulinemia, condição que pode levar à lesão precursora da
maioria dos cânceres colorretais.
- Bebidas alcoólicas
O consumo de quantidades moderadas de álcool em uma
frequência constante aumenta de 1,2 a 1,5 vezes o risco de desenvolvimento de
câncer colorretal, devido ao impacto metabólico que o álcool promove na
barreira intestinal, e na fermentação de bactérias patogênicas, além de
acelerar o processo de mutagênese.
- Carnes muito passadas
A forma de cozimento e o preparo de carnes pode
aumentar o risco de câncer intestinal. Isso porque, quando ela passa do ponto,
produz aminas heterocíclicas, que são componentes carcinogênicos.
- Produtos ultra industrializados ricos em adoçantes e corantes artificiais
Os aditivos químicos presentes nos produtos
ultraprocessados como fast foods, ou aqueles que usam
componentes artificiais, aumentam o risco de mutações celulares, propiciando o
ambiente intestinal para desenvolvimento de câncer, uma vez que eles
desequilibram a homeostase do intestino, seja em relação ao seu funcionamento
ou na qualidade da microbiota.
Como incluir alimentos preventivos deste tipo de
câncer no dia a dia?
A mudança dos hábitos alimentares, a prática de
atividades físicas e acompanhamento médico profissional são ferramentas seguras
e eficazes contra o câncer colorretal. “Indicamos alguns alimentos poderosos
para auxiliar na prevenção dessa doença que você deve consumir diariamente,
como grãos integrais, farelos e frutas”, comenta a gerente de P&D da
Jasmine Alimentos, Melissa Carpi.
Para facilitar o encaixe desses alimentos na dieta,
a Jasmine listou alguns snacks saudáveis que não podem faltar
na despensa.
- Semente de chia e linhaça
As sementes de chia e de linhaça são fontes de
fibras solúveis, aquelas que atuam na produção de ácidos graxos de cadeia
curta, como butirato, propionato e acetato. Esses são produtos da fermentação
digestiva que estimulam a proliferação de bactérias benéficas no intestino,
gerando um funcionamento adequado do sistema metabólico e imunológico.
- Frutas em geral
O consumo de frutas em geral, tanto in natura
como na forma desidratada, proporciona uma quantidade relevante de
antioxidantes. Esses componentes protegem as células do estresse oxidativo que
pode iniciar e promover a carcinogênese por induzir mutações genéticas, danos
ao DNA e inflamação.
- Grãos integrais
Os grãos integrais, como arroz, aveia e farelo de
trigo são ricos em fibras insolúveis não digeridas no intestino, ou seja, elas
geram uma varredura da parede intestinal, reduzindo a concentração de
substâncias e impurezas tóxicas capazes de desenvolver processos inflamatórios
e formação de câncer no intestino.
- Especiarias naturais – cúrcuma, gengibre, canela
Fonte de ativos antioxidantes e anti-inflamatórios,
as especiarias como cúrcuma, gengibre e canela são bem-vindas no preparo de
alimentos no dia a dia com foco em proteção gastrointestinal. Esses ativos
ajudam a amenizar processos inflamatórios na barreira intestinal.
- Oleaginosas
O consumo de 20 gramas de oleaginosas, como
castanhas e nozes, auxilia na redução do risco de desenvolvimento de câncer
colorretal, por conta da fibra presente nas oleaginosas, que podem aumentar o
trânsito intestinal e a produção de fezes.