Os adubos
são caminho seguro para aumentar a produção das culturas e, assim, colocar mais
alimento à mesa. Contudo, há certo preconceito fundado em suspeitas equivocadas
sobre eles, principalmente quanto aos efeitos para o meio ambiente.
Podemos
afirmar que o fertilizante não possui moléculas tóxicas em sua composição. É
uma substância mineral ou orgânica fornecedora de um ou mais nutrientes às
plantas. Por sua vez, os nutrientes são essenciais para a vida de qualquer
vegetal. Aliás, distintos dos nutrientes contidos em adubos são essenciais a
nós.
Assim,
nutrindo as plantas, nutrimos as pessoas. Vale lembrar que a maioria dos solos
brasileiros é caracterizada por alta acidez e baixos teores de nutrientes. O
fertilizante, juntamente com calcário e gesso agrícola, ajuda a resolver essa
carência nutricional. É essencial para o produtor rural equilibrar nutricionalmente
o solo, criando ambiente favorável para que as plantas possam se desenvolver
saudáveis.
Erosão
Embora a
precipitação forneça umidade para o crescimento das plantas e o bem-estar
humano, é também, sem dúvida, uma das principais causas da degradação do solo,
ameaçando seriamente o equilíbrio do planeta.
O solo é uma
fina camada de matéria mineral e orgânica que permite a retenção e a circulação
da água e do ar na superfície da Terra. Essa fina camada, que varia em
espessura de alguns centímetros a alguns metros, sustenta praticamente toda a
vida no planeta. O solo é um importante recurso não renovável que, quando
sujeito a forte erosão, se perde ao longo de milênios.
A causa da
erosão pode ser a água, o vento ou o próprio trabalho do solo. A erosão
provoca o deslocamento da camada superficial do solo para outro lugar, onde se
acumula com o tempo. A camada perdida com a erosão é a mais fértil, viva e rica
em matéria orgânica. A erosão do solo reduz a produtividade da terra e
contribui, principalmente, o assoreamento de rios, o que é responsável pelas
enchentes.
O risco de
erosão aumenta se o solo não for suficientemente protegido por cobertura
vegetal e/ou pela camada de resíduos de colheita da cultura anterior (palha).
Resíduos e vegetação protegem o solo do impacto das gotas de chuva e respingos
de água. Eles também tendem a reduzir a velocidade do fluxo de água e promover
a infiltração da água no solo.
As
plantas somente poderão recobrir o solo com rapidez e eficiência quanto maior
for a sua velocidade de desenvolvimento. Isso é possível quando a planta
encontra no solo as condições adequadas, principalmente a disponibilidade de
nutrientes. Em função dos solos tropicais apresentarem baixa fertilidade, ou
seja, baixa disponibilidade de nutrientes, é o fertilizante quem contribuirá
para o fornecimento de nutrientes fundamentais para o crescimento das plantas.
Da mesma
forma, quanto maior o desenvolvimento da planta, maior será a quantidade de
resíduos vegetais que ficará sobre o solo. O uso de fertilizante favorece a
maior produção de massa vegetal, o que irá criar uma maior massa de resíduo,
protegendo o solo com maior eficiência contra o impacto das gotas de chuva e,
consequentemente, do processo erosivo do solo.
É evidente a
importância do fertilizante no recobrimento vegetal do solo e a maior produção
de palha. Esses dois fatores contribuem para reduzir o processo erosivo do solo
e conservar as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo. Essa
preservação ajuda o solo a manter seu potencial produtivo, mas acima de tudo
contribui para reduzir o assoreamento de rios e lagos e a conservação da água.
Fertilizante no controle do efeito estufa
O efeito
estufa é um processo natural que ocorre na atmosfera e que tem como principal função
manter a temperatura do planeta amena e sem grandes variações. O problema é o
lançamento cada vez maior de gás carbônico (CO2), que é liberado na
queima de combustíveis fósseis, tais como os derivados de petróleo.
As plantas
têm a capacidade de fixar o CO2 atmosférico durante o processo da
fotossíntese. É exatamente o carbono do CO2, que as plantas fixam
durante a fotossíntese, que compõem o nosso corpo. Lembrando que 18,5% do nosso
peso corporal é composto por carbono.
A
agricultura é um caminho perfeito para reduzir parte do CO2 da
atmosfera e armazena-lo no solo. O processo de remoção do CO2 da
atmosfera e guarda-lo no solo é conhecido como sequestro de carbono. Uma das
formas mais eficazes é através do sistema de plantio direto. Esse sistema usa a
rotação de cultura como base do manejo das culturas, a qual permite maior
produção de matéria orgânica, material rico em carbono.
Solos de
baixa disponibilidade de nutrientes limitam a produção das culturas, prejudicam
o bom funcionamento da fotossíntese, produzindo pouco alimento e resíduo
vegetal. Em outras palavras, afetam o sequestro de carbono. Uma planta bem
alimentada, com disponibilidade de nutrientes, irá ter maior desenvolvimento,
maior captação de CO2 da atmosfera.
Sendo
assim, é através do estabelecimento adequado da fertilidade do solo, fornecendo
os nutrientes que estão faltando no solo que os vegetais produzirão
adequadamente. Esta é a função que o fertilizante apresenta para proporcionar
ganhos produtivos e, indiretamente, diminuir o efeito negativo das altas
concentrações de CO2 na atmosfera.
Fertilizante e a redução do desmatamento
A demanda
por alimento no mundo tem crescido a cada ano, isso se deve principalmente pelo
crescimento da população mundial. Ao mesmo tempo, as áreas agrícolas
disponíveis no planeta têm reduzido. As áreas mais aptas para a agricultura,
aquelas com maior fertilidade, já estão praticamente esgotadas, mas vale
lembrar que essas áreas têm sido usadas por longos anos, o que já consumiu
parte considerável de sua fertilidade.
Para
aumentar a produção de alimentos há dois caminhos possíveis: abertura de novas
áreas agrícolas ou aumento do rendimento das culturas nas áreas existentes. A
primeira opção vai contra a sustentabilidade do planeta, pois haverá a
necessidade de derrubar florestas. Assim, a segunda opção é a mais viável.
Para
aumentar a produtividade das culturas é necessário pensar que os solos
agrícolas já se encontram com baixa disponibilidade de muitos nutrientes, isso
é decorrente de vários processos como a exportação de nutrientes pela colheita,
erosão, entre outros.
É através do
uso de fertilizante que poderemos repor os nutrientes ao solo e, assim,
permitir a nutrição adequada para conquistar o aumento de produtividade. Tirar
mais alimento de uma mesma área é o que o fertilizante tem feito nas últimas
décadas. Entre 1975 e 2017, a produção de grãos, que era de 38 milhões de
toneladas, cresceu mais de seis vezes, atingindo 236 milhões, enquanto a área
plantada apenas dobrou.
Um fator
fundamental que contribuiu para o ganho de produtividade na agricultura
brasileira foi a correção e adubação de solos. O consumo de fertilizantes
passou de dois milhões de toneladas, em 1975, para 15 milhões de toneladas, em
2016. Se o Brasil estivesse produzindo, atualmente, a mesma produtividade de
1975 haveria necessidade de abrir, ou desmatar, uma área aproximada de 150
milhões de hectares.
Podemos
concluir que o uso de fertilizante é responsável pela maior produtividade das
culturas, gerando a produção de alimentos, mas também contribuindo para a
preservação de florestas, em consequência para a preservação da fauna e da
flora dos diversos biomas.
As
informações divulgadas pela Nutrientes para a Vida (NPV) são baseadas em dados
científicos. A NPV tem como missão melhorar a percepção da população urbana em
relação às funções e os benefícios dos fertilizantes. A NPV possui visão,
missão e valores análogos aos da coirmã americana, a Nutrients
For Life. Sua principal missão é destacar e informar a população a
respeito da relevância dos fertilizantes para o aumento da qualidade e
segurança da produção alimentar, colaborando com melhores quantidades de
nutrientes nos alimentos e, consequentemente, com uma melhor nutrição e saúde
humana.
Valter
Casarin -engenheiro
agrônomo e coordenador científico da Nutrientes para a Vida