Com o aumento da prevalência das doenças neurológicas degenerativas, a preocupação com a saúde se estende além dos cuidados físicos. É preciso manter o bom funcionamento do cérebro, aliando uma alimentação saudável e prática esportiva para que ele atue em harmonia com o corpo, especialmente ao chegar em uma idade mais avançada.
Nosso órgão mais complexo atua com 300 bilhões de conexões intercelulares, cujo trabalho é realizado por 20 bilhões de células. Apesar de responder por uma infinidade de atividades, além de pensar, sentir, falar ou fazer, ele possui um tamanho compacto e pesa cerca de 3 kilos. Diante de uma capacidade intensiva, requer 10 vezes mais nutriente e glicose que qualquer outra região ou tecido do organismo. Todo esse sistema é invariavelmente afetado com o passar dos anos.
Segundo a dra. Jerusa Smid, membro do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), em decorrência do envelhecimento, ocorre uma perda de neurônios e diminuição das sinapses. No entanto, quando este processo está dentro da normalidade, estas mudanças não acarretam em prejuízo ao indivíduo.
“Estudos mostram que exercício físico aeróbico, controle de problemas cardiovasculares, dieta rica em peixe, frutas, legumes e vegetais, assim como aprender novas habilidades, como um novo idioma ou a tocar um instrumento, são estratégias associadas a um progresso cerebral mais saudável e só traz benefícios”, explica a neurologista.
Jerusa frisa que é fundamental adotar hábitos saudáveis o mais precocemente possível. Com a absorção dos nutrientes apropriados, o cérebro pode funcionar adequadamente. O Omega 3, por um exemplo, é um ácido lipídio que auxilia a função cerebral, atuando em conjunto com as vitaminas do complexo B, que protege os tecidos da oxidação e contribui à memória. Além disso, é válido aliar atividade física aeróbia, por, no mínimo, 40 minutos, três vezes por semana.
Intelecto à parte
Além de todos os esforços para uma alimentação adequada, ainda sim não se pode descuidar dos estímulos mentais. “Muitos estudos apontam que o analfabetismo é um fator de risco para demência. Se tomarmos isso como exemplo, aquisições intelectuais precoces na infância- de acordo com a idade em que somos alfabetizados idealmente -, serão importantes para o futuro do cérebro”, destaca dra. Jerusa.
Ela recomenda todo tipo de atividade intelectual que incite a ação cerebral. Jogos de tabuleiro, palavras cruzadas, aprender novos idiomas e a tocar instrumento musical, leitura frequente, entre outros, são essenciais para ajudar na prevenção de doenças, promover o bem estar e estimular a função da massa cinzenta.