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quinta-feira, 13 de abril de 2023

Transtorno de conduta pode afetar crianças e adolescentes

O distúrbio envolve dificuldades no controle das emoções e do comportamento e determina o futuro do adulto

 

Agressão e crueldade com pessoas ou animais, destruição de propriedade, fraude ou roubo, violações graves a regras e mentir e/ou enganar para obter ganhos materiais ou favores para fugir de obrigações, são alguns sinais que a pessoa com Transtorno de Conduta apresenta.

O distúrbio, em geral, tem início no final da infância ou no começo da adolescência e é mais comum em meninos do que em meninas. As crianças, quando pequenas, apresentam um comportamento mais egoísta e insensível aos sentimentos e emoções dos outros. O Transtorno de Conduta é diagnosticado apenas quando a criança descumpre as regras e os direitos alheios de forma repetida, persistente e não condizente com sua faixa etária.

A psicóloga do Núcleo de Apoio Psicológico e Psicopedagógico (NAPP) da Faculdade Santa Marcelina, Cristiane Duez Verzaro dos Santos, explica que a hereditariedade e o ambiente podem influenciar o desenvolvimento de um transtorno de conduta. A criança muitas vezes, tem pais com um distúrbio de saúde mental, como abuso de drogas, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção), Transtorno de Humor, Esquizofrenia e Transtorno de Personalidade Antissocial. “Em geral, a criança com um transtorno de conduta tem as seguintes características: egoísmo, relacionamentos ruins, não apresenta culpa diante de algo inadequado, insensível às emoções dos outros, crueldade com animais, mentiras, furtos, danifica propriedades, pode praticar bullying, brigas constantes, violação de regras e uso de drogas”, disse Cristiane.

A seguir, a psicóloga fala sobre o padrão persistente do mal comportamento que viola as principais normas e regras próprias para a idade.


Como os pais devem observar a mudança de comportamento em crianças e adolescentes? 

Os pais necessitam estar atentos a qualquer mudança repentina de comportamento: isolamento diante de um grupo (família, amigos), isolamento dentro de casa (trancar-se no quarto), mudança de visual para algo mais agressivo, confrontos e evitação familiar, desrespeito às regras (mesmo dentro de casa), mudança de comportamento na escola, mudança do grupo de amigos, mentiras e furtos. Os pais devem ser firmes com seus filhos, mas tomando cuidado para que não se perca o respeito. Necessitam de bons exemplos, pois costumam se espelhar e reproduzir comportamentos observados. Adolescentes precisam saber exatamente o que se espera deles e que consequência terão se desobedecerem, daí a necessidade de clareza na fala dos pais. Lembrando que tudo deve ser observado, dentro de um contexto. 


Quais os principais sinais que a criança e o adolescente apresentam?

A criança ou adolescente deve ter pelo menos 3 dos 15 comportamentos descritos abaixo:

Agressão e crueldade com pessoas ou animais;

Frequentemente provoca, ameaça ou intimida os outros e inicia lutas corporais;
Uso de materiais que podem causar ferimentos graves (pau, pedra, caco de vidro, faca, revólver);

Roubar ou assaltar;

Abusar sexualmente;

Destruição de propriedade;

Destruir ou provocar danos em propriedade alheia;

Fraude ou roubo;

Arrombar e invadir casa, prédio ou carro;

Mentir e enganar para obter ganhos materiais ou favores para fugir de obrigações;

Furtar objetos de valor;

Violações graves a regras;

Frequentemente passa a noite fora, apesar da proibição dos pais (antes dos 13 anos);

Fugir de casa ou ausentando-se por longo período sem a permissão dos responsáveis;

Faltar na escola sem motivo, “cabulando ou matando aulas” frequentemente, (antes dos 15 anos).

 

 Faculdade Santa Marcelina


"É preciso mudar a cultura da exclusão, do preconceito e da negação das diferenças nas escolas", alerta Psicopedagoga do CEUB

Ações de sensibilização conjuntas e multidisciplinares podem auxiliar pais e mestres no combate à violência no ambiente escolar 

 

A crescente onda de violência em instituições de ensino do Brasil tem gerado preocupação entre pais, professores e estudantes, demandando a implementação de medidas preventivas e de sensibilização. Garantir um ambiente seguro, acolher os estudantes, se aproximar das famílias e qualificar os profissionais da educação são ações necessárias para enfrentar o problema da violência no ambiente acadêmico. Especialista em Psicopedagogia e Coordenadora do curso de Serviço Social do CEUB, Ana Paula Barbosa comenta a importância de combater atos violentos nas escolas.

De acordo com levantamento apresentado durante a transição do governo federal em dezembro de 2022, 35 estudantes e professores haviam sido mortos em ataques a escolas no Brasil desde o início dos anos 2000. O relatório aponta que ataques realizados por estudantes e ex-alunos geralmente estão ligados a bullying e a exposição prolongada a situações violentas, incluindo negligência parental e conteúdo compartilhado em redes sociais.

Para Ana Paula, diante do cenário de pânico, é fundamental que as instituições mudem suas práticas e invistam em formação humana, que já vem sendo exigida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996). "Mas eles sabem como fazer? Eles estão preparando mudanças? A sensação é que entramos na pandemia, congelamos a sala de aula, e depois saímos e tiramos ela exatamente igual do freezer. Isso é lamentável. Não vamos gerar mudanças usando os mesmos instrumentos, pois já sabemos que não são suficientes", destaca.

Barbosa menciona a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que propõe que a educação deve gerar conhecimentos, competências e habilidades, e que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. O documento também prevê que a educação brasileira tenha o intuito da formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. “O que diz o BNCC é algo que se espera, mas ainda não existe capacitação, gestão e amparo para estas medidas”, avalia.

Para a especialista, o ambiente acadêmico tem um papel muito importante no que diz respeito às emoções dos alunos. Ela frisa que a escola é um dos principais locais onde as crianças vão se desenvolver, socializar e construir seu senso moral e ético – como parte da formação humana dos estudantes, tornando-os pessoas conscientes e que respeitam a diversidade humana. “Vejo a oportunidade de as escolas implementarem programas de saúde mental para alunos, professores e comunidade. Investir em atendimento psicopedagógico, psicológico e neuro psicopedagógico. Sem investimento, não vamos avançar na construção de ações profundas", enfatiza.

Quanto aos principais desafios enfrentados pelas escolas na implementação de programas de prevenção da violência, Ana Paula destaca a necessidade de ensinar habilidades emocionais e investir em formação para inclusão, para que os professores consigam lidar com as emoções no processo de aprendizagem. "Outro desafio é o financeiro. Precisam investir, precisam custear o preço da mudança, da segurança, e de uma formação mais afetiva e efetiva", completa.

A psicopedagoga do CEUB considera como um dos caminhos para amenizar o problema a criação de um programa de prevenção da violência nas escolas, visando mudar a cultura da exclusão, do preconceito e da negação das diferenças nas escolas. E para isso, Ana Paula reforça ser necessário pensar em uma equipe ampla que contribua tecnicamente com o diálogo e em espaços de escuta para que, principalmente jovens e adolescentes, sejam ouvidos.

“É fundamental que as instituições de ensino invistam em programas de prevenção da violência e em formação humana para os estudantes. Existe a urgência de mudar as práticas e investir em uma equipe ampla e multidisciplinar que contribua tecnicamente com o diálogo e em espaços de escuta para que os alunos sejam ouvidos e compreendidos em sua totalidade”, conclui.


Escola Segura
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com SaferNet Brasil, criou um canal exclusivo para recebimento de informações de ameaças e ataques contra as escolas. Essa é uma das ações da Operação Escola Segura que deu início na última quinta-feira (6). Todas as denúncias são anônimas e as informações enviadas serão mantidas sob sigilo. As queixas podem ser registradas pelo link: https://www.gov.br/mj/pt-br/escolasegura


A maternidade e seus desafios: Administrando o tempo entre os filhos, relacionamento e atividades de casa

Uma das principais queixas da atualidade é o papel da mulher em suas diversas atuações. Se você é mãe, está  passando por alguns questionamentos, e está lendo esse texto sem esperança de melhoria, eu preciso que você respire profundo agora, é rapidinho. Pronto, principalmente as mães de primeira viagem vão me entender, e espero que se sintam abraçadas e acolhidas.

Vou começar esse artigo humanizando a nossa conversa. Esse é o nosso momento para compartilhar experiências. Estava relendo algumas anotações dos primeiros dias de vida do meu filho (escrever era uma forma de me aliviar dos meus pensamentos incansáveis), e que diferença faz esperar o tempo passar. Hoje ele tem 1 ano e meio e consigo aproveitar nossos momentos juntos e em família.

Naquela época parecia que nunca ia melhorar, eu tive baby blues de uma forma intensa, e acredito que quase

entrei em uma depressão pós-parto, em um trecho das minhas notas escrevi. "Eu não vou dar conta de ser

tipo um guarda da madrugada”. Eu chorava, porque era o que me restava, não via uma luz no fim do túnel".

Mas, vamos lá falar sobre as nossas multifunções. Como terapeuta sexual e sexóloga, eu costumo dizer que

cada processo deve ser aproveitado e respeitado. E o primeiro passo é aprender e ter paciência com o novo,

com a nova rotina, com a nova vida.

 

Aprendizados 

A sensação de incompetência e culpa não falta. Com os meses passando, a nova vida vai se ajustando eu comecei

a refletir sobre o meu desespero do início e enxerguei vários pontos como aprendizados, e abaixo, listo alguns:

- O restante da sua vida vai dar uma pausa de dias ou até meses. Não pense em criar tarefas de trabalho ou se obrigar a encontrar amigos ou fazer outras atividades. É provável que você estará tão cansada da privação de

sono que isso afetará sua vida como um todo, mas é só por um tempo;

- Quanto mais expectativa você colocar em cima de você, maiores as chances de você se frustrar. Pega leve, você está criando um ser humano que é 100% dependente. Tem ideia da responsabilidade e do trabalho que é isso?; - Pensamentos são só pensamentos que podem surgir pela sua ansiedade, faça terapia online se conseguir, mesmo que por alguns minutos; 

- Aceite ajuda ou busque, seja ela paga ou não, criar um filho não é uma tarefa simples, demanda tempo, atenção e disposição;

- Provavelmente algumas "regras" que você tinha antes de ter filho podem mudar do dia pra noite (literalmente);

- Tudo passa, realmente essa fase que seu filho não interage muito, só mama, dorme e faz necessidades pode não

ser a melhor fase para você, mas ela faz parte e vai passar. Parece que não, mas passa;

- Seu relacionamento pode estar saindo dos trilhos, mas é só uma fase, conversem. Às vezes pode parecer que não vai voltar ao normal, continue conversando e trabalhando com paciência.


Você volta a respirar

Após esse início turbulento e cheio de novidades, a vida vai se ajustando e se adaptando com o filho de vocês. Se você tem rede de apoio, começa a ficar mais fácil encontrar algum tempinho para trabalhar, fazer atividades, encontrar com os amigos de vez em quando e até lembrar, pasmem, que você tem um relacionamento com sua parceira para cuidar.


O relacionamento

Eu sei que durante uma fase você nem pensou nisso, você estava dando o seu melhor para zelar sua saúde mental

enquanto tinha um ser humaninho para cuidar, mas agora chegou a hora de vocês catarem os caquinhos da

relação que podem ter sido quebrados por discussões e falta de paciência, e começarem a juntar para

reconstruírem o vaso de vocês.

Antes de pensar em sexo, ou "Ai meu Deus! Quanto tempo a gente não transa", foca no simples. Algumas ideias que vocês já podem implementar por aí são:

- Diga mais "eu te amo";

- Acolham um ao outro, essa mudança acontece para todos os envolvidos e vocês estão dando o melhor;

- Conversem, se expressem, digam o que estão pensando de forma assertiva sem alfinetar ou brigar;

- Se beijem na boca de verdade (não o estalinho da época de 15 anos);

- Se abracem apertado;

- Façam o exercício do olho no olho, sentem de frente, coloquem uma música tranquila, pode ser de

meditação ou estilo profundo e fiquem se olhando por pelo menos 3 minutos.

Busquem ir além do que se vê, veja a história daquela pessoa, seus valores, suas ideias; - Aproveitem alguns minutos da noite para vocês, não necessariamente ter relação, mas ver um filme, conversar ou jantar juntos;

- Vão para a cama no mesmo horário na maioria dos dias. Isso faz com que vocês tenham mais oportunidades de

estarem juntos nesse momento que só tem vocês dois/duas; - Se ajudem com as tarefas de casa.

Após essa reconexão inicial vocês vão evoluindo para a conexão sexual do casal. Criando momentos mais

sensuais e sexuais que não necessariamente é um convite para ir pra cama. Algumas ideias são:

- Mensagens picantes ao longo do dia, exemplo: "estou com vontade de você" e "te espero hoje à noite";

- Ler contos eróticos para excitar e estimular a imaginação;

- Dar uma pegada mais gostosa no corpo da parceria, seja no bumbum, no quadril ou nos órgãos;

- Beijo de língua é sempre bem-vindo;

- Verem filmes ou séries mais sexys juntos(as).

Equilibrando os pratinhos

O ponto chave na maternidade é saber que você não vai conseguir equilibrar todos os pratinhos ao mesmo tempo.

Tirar esse peso das costas dá um alívio. A cada momento, a cada fase você vai dando prioridade para

determinadas tarefas, porque de fato, sua vida nunca será como antes, mas será bem melhor tendo sua nova

família ao lado.

 

Désir e Bárbara Bastos
Instagram: @desiratelier
YouTube: barbarabastos
www.desiratelier.com.br


Os fins eliminam os meios

 Fico pensando que, no final das contas, a culpa é toda daquele filme: “O Segredo”, que tornou popular a Lei da Atração. O tal do “Segredo”(que não é segredo) dizia que a correta mentalização, com afeto e intensidade, ativa as forças do Universo para atrair o objeto do desejo. Com a correta mentalização (ou, como gritam gurus motivacionais, com o correto “mindset”), você para de atrair o que não quer e passa a atrair dinheiro, amor, aventuras. A Neurociência demonstra que uma parte dessa premissa não está de todo errada: visualizar a linha de chegada melhora o desempenho dos corredores, visualizar (e manter uma imagem constante) de seus objetivos permitem um maior índice de sucesso do que fazer as coisas a esmo. Mas não consta que colocar imagens de barcos, carrões e mansões coladas numa cartolina aumentem a chance de atrair tudo isso no futuro. 

Então, pergunta a agradável pessoa aí do outro lado da tela: por que começar o texto atacando a tal da Lei da Atração? Na verdade, o que está atacando é uma doença mais profunda e de grande amplitude em nosso mundo, que é o extrapolar da lei de Machiavel: “Os Fins justificam os Meios”. A frase é de Ovídio, mas foi atribuída a Nicolau Machiavel, filósofo ou cientista político na Florença do início do século XVI. O maquiavélico Nicolau ensinava que, se você atinge determinado resultado, não interessa os meios utilizados para chegar lá. Não precisamos dizer que muita gente acredita e pratica essa lei de Machiavel, ou de Ovídio, ou do Jogo de Poder em qualquer agrupamento humano. Mas essa lei parece estar sendo abolida por nossa Era Digital: estamos num mundo em que as pessoas tentam chegar aos fins sem passar pelos meios. 

Uma cliente, professora há décadas, entrou em Burnout severo pelas pressões incríveis que sofria na escola: o professor deveria produzir a “gamificação” do ensino, tornando o mesmo mais divertido, mais aventureiro, como um vídeo game. A ideia não é ruim, mas a parte geradora de Burnout é decretar ao corpo Docente os Fins, fazer um ensino com inspiração em vídeo games, sem apresentar os Meios, ou seja, Como fazer essa transposição, Como criar um ambiente digital favorável ao tal Ensino-Vídeo Game? A atitude da escola é um “SE Vira” gigantesco. Essa falta de orientação dos Meios impedem os Fins. E a culpa é de quem está abaixo. 

Um conhecido me contou que apontou para um estagiário um erro que ele cometia, de maneira repetida. Explicou como uma tarefa deveria ser realizada. O rapaz foi reclamar no RH sobre o “assédio moral” que estava sofrendo e fez uma denúncia falsa no Ministério do Trabalho. A tal da Geração Z, ou Geração “Floco de Neve” reage violentamente a qualquer tipo de correção e derrete diante das dificuldades? Essa é a visão de chefes, professores e empregadores. Mas a questão pode ser ainda mais grave e profunda: uma educação e realização de tarefas baseada no “Recorta e Cola” faz com que os alunos realizem as tarefas copiando e colando trechos do trabalho de outras pessoas sem ter noção de como o conhecimento foi construído, como pode ser aplicado e quais dúvidas podem ser geradas, levando a mais respostas. A tarefa é fazer um trabalho sobre o Quilombo do Palmares, eu vou lá, recorto e colo alguns textos sobre o assunto, organizo e entrego. Sem saber nada sobre Quilombo, Palmares ou Zumbi. Produzir um Fim elimina o Processo que levaria a esse fim. Quando chega na vida profissional e o chefe aponta uma falha estrutural de método ou de entendimento do COMO chegar a um resultado, então vamos denunciar esse assediador moral. 

Coloco os dois lados da moeda para garantir ataques de gregos e troianos: o gestor que coloca os fins sem apontar os meios é tão incapaz quanto um funcionário que comete o mesmo erro na mesma planilha e não consegue entender ONDE está a sua falha de entendimento, que gera o erro. 

Os Coros da Tragédia grega cantam que as desgraças acontecem pela Irreflexão, a incapacidade de se debruçar sobre seus atos para evitar cometer erros graves e irreparáveis. Vivemos numa sociedade digital em que as pessoas acreditam que, se tiverem o mindset correto, podem atingir qualquer objetivo. E não podem. 

Raul Seixas terminou uma de suas músicas com a frase: Eu sou o Início, o Fim e o Meio. Hoje ele cantaria: Eu sou o Fim, com pouco Início e nenhum Meio. 

 

Marco Antonio Spinelli - médico, com mestrado em psiquiatria pela Universidade São Paulo, psicoterapeuta de orientação junguiana e autor do livro Stress - o coelho de Alice tem sempre muita pressa.


Trago em mim todas as mulheres do mundo

No ano passado participei como coautora no livro “As donas da P**** toda - Celebration” que foi lançado em dezembro e inclusive, está no RankBrasil por ter reunido o maior número de escritoras em um único livro. Me sinto orgulhosa por estar lá e concordo plenamente com o prefácio quando diz que o livro se torna um verdadeiro manual para as mulheres em trazer tantas histórias, situações, desafios diferentes e mecanismos de como superá-los. Desde que meus exemplares chegaram, passou a ser o meu livro de cabeceira.

Recentemente, em paralelo à leitura dos capítulos do livro, surgiu uma atividade no grupo de mulheres em que participo. Era para refletirmos sobre "quantas de mim, existem dentro de mim"? Profundo e difícil de responder.

Mas foi aí, mergulhando nos meus pensamentos, sentimentos, revivendo situações do meu passado e presente, sendo observadora de mim mesma e deixando o medo de lado para encarar os espaços escuros na minha própria alma... adicionando as reflexões sobre as histórias e os pontos de vista apresentados pelas outras autoras, percebi que dentro de mim TRAGO TODAS AS MULHERES DO MUNDO. Exagero? Não! Todas temos.

E isso é simplesmente maravilhoso e profundamente libertador, porque nós, mulheres, temos intrinsecamente em nosso DNA a capacidade de mudar, ou melhor, estamos nos descontruindo e nos construindo em um ciclo eterno. Isso fica claro para mim quando olho para minha própria vida e para as histórias de outras mulheres, tanto das que estão no livro e de muitas outras, amigas, irmãs, mães. Esta característica é comum a todas. Nós lidamos melhor com o fato de não estarmos prontas e acabadas, nós mulheres não somos um ponto de exclamação. Nós somos reticência.... Até é meio cafona esta comparação, mas esta é a figura de linguagem que melhor traduz o que quero dizer aqui.

Este movimento de construção-desconstrução-reconstrução que a mulher passa experienciando várias situações, às vezes boas, outras nem tanto, desafios, alguns impostos externamente, violência, preconceito... outros vividos internamente na busca de quem se é, o que se quer e aonde quer chegar e, quando finalmente chega, aquele ponto final já não é mais, outras buscas, outros interesses, outros amores, outros degraus. Nunca um exemplo foi tão prático do sistema da dialética criado por Hegel quanto o desenvolvimento e o caminho de uma mulher, pois ela é em si mesma, tese, antítese e síntese – o concreto para o concreto abstrato até o concreto pensado – em uma eterna espiral de transformação e crescimento. 

Assim, trago em mim todas as mulheres do mundo, minhas ancestrais italianas, alegres que falavam mais com as mãos do que com palavras, que assim como eu, também experienciaram relacionamentos abusivos e achavam que era normal. Trago em mim todas aquelas mulheres que romperam com ciclos de violência, que já foram chamadas de rebeldes, loucas, egoístas por exigirem mais respeito. Trago em mim as mulheres que já sofreram abusos no trabalho, já foram tratadas como objetos sexuais e ainda foram culpadas por isso devido seu comportamento liberto.

Quantas Cynthias tenho dentro de mim? Infinitas. Algumas sei que estão lá, mas eu ainda nem conheço, estão por vir situações e/ou desafios que farão elas virem à tona. Sou a Cynthia rebelde, mas que agora está mais suave, a que queria dominar o mundo e agora só quer dominar a si mesma.

E por aí vai, neste meu caminho como de todas as mulheres, somos muitas, somos como cascas de cebola, somos o ciclo da lua, podemos ser jovens, mas nos sentirmos velhas e vice-versa. Somos mães, filhas, professoras, esposas, ciumentas, briguentas, inteligentes, sonhadoras, criativas, artistas, somos literalmente quem quisermos ser. 

 

Cynthia Moleta Cominesi - Engenheira agrônoma, Ms. professora e empresária. Autora do livro “As donas da p**** toda – Celebration”. Instagram: @cynthiamoletacominesi


Saiba os melhores dias da semana para ficar online nos aplicativos de namoro

MeuPatrocínio
Encontrar o amor na internet pode ser uma tarefa difícil, mas saber quando ficar online pode aumentar suas chances de encontrar a sua cara metade 

 

Os aplicativos de namoro estão cada vez mais populares e por isso muitas pessoas tem optado por encontrar seu amor virtuamente. Mas, você sabia que existe um certo dia da semana que é mais propício para isso? O site de relacionamentos MeuPatrocínio realizou uma pesquisa e divulgou os melhores dias da semana para ficar online nos aplicativos de namoro.

De acordo com o site, segunda a quinta-feira são os dias de maior movimentação nos apps. A pesquisa mostrou que o tráfego médio aumenta consistentemente durante a semana e atinge o pico nas quintas-feiras. Ou seja, se você está procurando um novo amor, momentos felizes e conhecer novas pessoas, aconselhamos que você fique online entre segunda e quinta-feira, pois são os dias mais movimentados e, portanto, as chances de você encontrar alguém compatível aumentam drasticamente.

Sábado é o dia mais equilibrado quando se trata de encontrar algo mais leve. De acordo com a pesquisa os usuários no sábado geralmente estão procurando relações mais casuais. Então, se você está procurando por um amor duradouro, sábado não é o melhor dia para se aventurar nos aplicativos de namoro.

Já no domingo, a maioria das pessoas tem mais tempo livre e aproveitam para se dedicar à procura por um amor. Entretanto, o número de usuários não é tão significativo quanto durante a semana, fazendo com que o processo de encontrar alguém interessante possa levar mais tempo. Mas caso você tenha um tempo livre no domingo, pode ser uma boa oportunidade para ficar online e procurar por alguém que te agrade.

Caio Bittencourt, Diretor de Comunicação do MeuPatrocínio confirmou que a hora do acesso também pode influenciar na procura. “A hora do dia em que você está online também é importante. O período da tarde e noite é considerado um bom momento do dia para usar aplicativos de namoro como o MeuPatrocínio.com, mas o segredo é a hora do almoço, 12h às 14h e durante a hora do rush onde as pessoas estão presas no trânsito e aproveitam para dar uma conferida no app. O número de usuários diminui entre as as 00h e 8h, onde pessoas que estão estabelecidas financeiramente e levam seus trabalhos a sério já estão em um momento de desconectar.” diz Caio.

Agora que você conhece os melhores dias da semana para ficar online nos aplicativos de namoro, procure um horário que se encaixe em sua rotina e comece a procurar por alguém especial. Boa sorte!


METAVERSO e as implicações para a saúde mental

"O mundo virtual quando substituído pelo real pode afetar a percepção da realidade das pessoas", afirma a psicóloga Ana Gabriela Andriani


Cerca de 25% das pessoas passarão pelo menos uma hora por dia dentro do metaverso até 2026, seja por meio de trabalho, compras, educação, socialmente ou entretenimento, destaca um estudo realizado pelo Gartner. Com os avanços tecnológicos é muito comum as pessoas estabelecerem relações virtualmente, desde um trabalho home office, uma consulta médica via chamada de vídeo, aulas gravadas, lives de artistas ao vivo. O Metaverso é uma dessas revoluções tecnológicas que soma a internet, a realidade aumentada e a realidade virtual, para tentar simular a realidade em um mundo virtual, por meio de dispositivos digitais.  

O metaverso é palco de eventos diversos, sejam eles corporativos, musicais e outros. Todas essas possibilidades implicam em pessoas passando grande parte do seu tempo navegando em diversos mundos, que não são o mundo real e a problemática surge quando o virtual toma conta da própria realidade. As redes sociais já são conhecidas como causadoras de problemas com a autoimagem e autoestima. O temor é que esses problemas sejam potencializados e replicados mais ainda com o metaverso. 

Desde 2018, a Organização Mundial da Saúde considera vício por videogames como um transtorno mental. Tornar a vida um videogame pode se tornar um grande problema entre jovens e adultos. “As pessoas se sentem desestimuladas a realizar atividades em outras áreas das suas vidas, desde atividades escolares até interações sociais comuns, pois sentem-se mais recompensadas no mundo virtual”, comenta a psicóloga. Outros problemas à saúde mental podem ser ocasionados com o uso constante do plano virtual, como aponta um artigo publicado na Psychology Today, que associa o uso excessivo da tecnologia à várias questões mentais, como ansiedade, depressão e até mesmo paranoia.

Durante a pandemia da Covid-19 foi comum as consultas médicas presenciais se tornarem encontros por videochamada, mostrando eficiências no tratamento e acompanhamento da mesma forma. No metaverso é possível ter uma consulta com médico e tratar questões diversas relacionadas à depressão, psicose, dependência, distúrbios alimentares e distúrbios de stress pós-traumático, permitindo ao usuário contato com estímulos em um ambiente seguro e controlado. 

“A atenção tem que ser redobrada, pois o mesmo espaço que pode ajudar a tratar e acompanhar questões relacionadas à saúde mental, é aquele que vai causar esses transtornos. A internet ainda é um espaço que faz muito mal às pessoas quando usada de maneira incorreta, e o metaverso vai além da internet e a integração do real com o virtual, amplificando todos esses problemas. É possível identificar benefícios com o advento dessa tecnologia, mas é errôneo que eles se sobrepõem aos malefícios de colocar o virtual em primeiro plano do que a realidade”, pontua Ana Gabriela Andriani.

 

Mundo Real versus Mundo Virtual

Com o avanço das tecnologias usadas para navegar no metaverso, as fronteiras entre o real e o virtual ficam confusas, dado pela imersão de qualidade que o mundo online oferece. Um experimento realizado por um psicólogo da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, em 2014, submetia os participantes a ficarem imersos 24 horas no metaverso em condições monitoradas,  após esse período eles demonstraram desorientação e confusão e não sabiam distinguir o que era real ou virtual. 

“Essa mistura entre realidade e virtual pode ocasionar uma oscilação na percepção do que realmente é verdadeiro, entre sentimentos, sentidos e até mesmo a visualização do próprio corpo, podendo ser modificados por meio dessa barreira entre o online e offline. O uso intenso do metaverso pode aumentar as chances e intensificar casos de afastamento social, narcisismo, esquizofrenia e dependência”, finaliza Andriani.

  

Ana Gabriela Andriani - CRP 06/58907 - psicóloga formada pela PUC- SP, Mestre e Doutora pela Unicamp, especialista em terapia de casal e família pela Northwestern University - EUA, especialista em Psicoterapia Breve pelo Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, e membro Filiado da Sociedade Brasileira de Psicanálise.

 

Coalizão Vozes do Advocacy lança Campanha Retinopatia é Grave e Pode Cegar

- Iniciativa visa chamar a atenção do Ministério da Saúde e das
Secretarias de Saúde sobre a espera de mais de 8 meses para acesso aos oftalmologistas e aos exames e alertar a população com diabetes sobre a importância de visitar estes profissionais uma vez ao ano

- Hoje em muitos municípios brasileiros as pessoas demoram mais de 8 meses para conseguir a consulta e realizar os exames no SUS-



Com o tema Retinopatia Grave e Pode Cegar, a Coalizão Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade cria a campanha para sensibilizar a população brasileira sobre a importância do diagnóstico precoce da retinopatia diabética e chama a atenção das autoridades sobre a fila de espera para que os brasileiros com diabetes tenham acesso tanto ao oftalmologista como aos exames para diagnóstico da condição.

Segundo a Federação Internacional de Diabetes*, são 16 milhões de brasileiros com diabetes. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a retinopatia diabética atinge mais de 150 mil brasileiros por ano. A doença é a maior causa de cegueira em pessoas com diabetes. 80% dos casos de cegueira do Brasil, por diferentes causas, poderiam ser evitados se houvesse diagnóstico médico precoce e tratamento adequado.**

 

A retinopatia diabética afeta exatamente 4 milhões de pessoas, segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2019-2020), correspondendo de 35% a 40% dos indivíduos com o diabetes. Ela constitui uma das mais incapacitantes complicações micro angiopáticas em pacientes idosos com a condição. É dividida em duas fases: não proliferativa e proliferativa. A primeira caracteriza-se por alterações intrarretinianas associadas ao aumento da permeabilidade capilar e, ocasionalmente, à oclusão vascular. Na progressão da RD não proliferativa, observa-se a formação de neovasos na interface vítrea da retina, que constitui a versão proliferativa.

 

A melhor forma de evitar a retinopatia diabética ou diagnosticá-la precocemente é controlar a glicemia adequadamente, visitar o oftalmologista com a descoberta do diagnóstico do diabetes e ter um acompanhamento anual com este profissional. Se houver alguma alteração da visão, é necessário visitá-lo o mais rapidamente possível.

 

De acordo com Vanessa Pirolo, coordenadora da Coalizão Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade, “hoje em muitos municípios brasileiros as pessoas demoram mais de 8 meses para conseguir a consulta e realizar os exames no SUS, conforme é relatado na Campanha: Retinopatia Grave e Pode Cegar. Contatamos durante as gravações da iniciativa que há lacunas tanto no sistema público como privado de saúde. Além disso, muitos profissionais, incluindo clínicos gerais e endocrinologistas, não indicam a importância de visitar o oftalmologista uma vez ao ano.

 

“Como resultado, temos recebido várias pessoas com diabetes com estágio da doença bem avançado, e que não conseguimos reverter a perda de visão com qualquer tratamento disponível no SUS. Além disso, se todas as pessoas com diabetes visitassem o oftalmologista uma vez ao ano, preventivamente, haveria uma diminuição do gasto, principalmente no SUS”, relata o oftalmologista Arnaldo Bordon, Presidente da Sociedade Brasileira de Retina & Vitro.

 Além disso, a campanha estará disponível no site institucional da Coalizão no dia 3 de abril, com conteúdos sobre diabetes, obesidade e complicações e o contato das organizações de todo o país, que fazem parte dessa iniciativa.

Para que a mensagem da campanha possa chegar até a população, foram solicitados espaços de mídia calhau para diferentes veículos de comunicação em todo o país. Ela também está sendo veiculada nas redes sociais da Coalizão Vozes do Advocacy, bem como nas redes sociais das 24 organizações, que a compõem, e de instituições apoiadoras como sociedades médicas, organizações de pacientes parceiros, influenciadores digitais, deputados federais ligados à causa e personalidades de destaque no panorama nacional.

Com estratégia, planejamento e conteúdo desenvolvidos pela Relações Públicas e mestra em Políticas Públicas, Mely Paredes VT e SPOT da Catraca Filmes, sob comando de Binho Ferronatto e equipe, e site desenvolvido pelo designer Pedro Heinen.

A iniciativa tem o apoio de: Allergan/Abbvie, Bayer e Roche.

 

Sobre a Coalizão Vozes do Advocacy em Diabetes e em Obesidade

Com a participação de 22 associações e de 2 institutos de diabetes, o projeto promove o diálogo entre os diferentes atores da sociedade, para que compartilhem conhecimento e experiências, com o intuito de sensibilizar a sociedade sobre a importância do diagnóstico e tratamento precoces do diabetes da obesidade e das complicações de ambas as doenças, além de promover políticas públicas, que auxiliem o tratamento adequado destas doenças no país.

 

Mais informações podem ser acessadas no site: www.vozesdoadvocacy.com.br,  nas redes sociais: Instagram: vozesdoadvocacy e no Facebook: vozesdoadvocacy.

Referências:

*Federação Internacional de Diabetes: https://diabetesatlas.org/

** Organização Mundial da Saúde: https://www.who.int/docs/default-source/documents/publications/world-vision-report-accessible.pdf

*** https://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2020/02/Diretrizes-Sociedade-Brasileira-de-Diabetes-2019-2020.pdf

Uma em cada 36 crianças são autistas, segundo estudo

Mês de Conscientização do Autismo, comemorado em abril, estimula a pesquisa e o diagnóstico como forma de melhorar a qualidade de vida

 

A incidência do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é cada vez mais frequente no Brasil e embora seja  percebido nos primeiros anos da infância, alguns autistas podem chegar a vida adulta sem o devido diagnóstico. Uma pesquisa realizada a cada dois anos, nos Estados Unidos, pelo Centro de Controle de Prevenção e Doenças (CDC) em 2020, apontou que uma em cada 36 crianças, de até oito anos, são autistas no país.

Diálogos sobre o TEA estão sendo cada vez mais difundidos, especialmente com o mês de conscientização do autismo, comemorado em abril, e com isso é essencial buscar compreender as possíveis causas do autismo.

Sandro Matas, neurologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, explica que a ciência não tem uma resposta comprovada do que pode causar autismo. “Há diversas hipóteses do que pode causar o TEA, dentre elas, a herança genética seria a que desempenha um papel essencial”, comenta.

A incidência entre homens e mulheres é de 4:1. Portanto, a cada 5 pessoas com TEA, quatro são homens e uma é mulher, de acordo com o CDC, mostrando uma prevalência considerável da condição entre os homens. As principais hipóteses para essa questão, segundo Letícia Oliveira Faleiros, neuropediatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, é de que o transtorno pode realmente atingir mais os homens ou até mesmo pode se manifestar de forma diferente em mulheres, o que levaria a um diagnóstico incorreto ou tardio.

“Existem alguns sintomas de autismo que podem não ser lidos como parte do espectro, por exemplo, dificuldade de interação social, reconhecimento de expressões faciais e também no entendimento de piadas, sarcasmo, indiretas e sinais de comunicação não verbal”, explica o neurologista.

Outros sintomas associados são hiperatividade, falta de atenção ou interesse intenso em atividades específicas, sensibilidade ao som ou ao toque, ansiedade, falta de contato visual, movimentos repetitivos e irritabilidade.

O que pode estar por trás da maior incidência da condição vai desde a melhora na forma de diagnóstico do autismo, na presença de mais médicos especializados no assunto e até a vida movimentada e estressante que vivemos hoje, com hábitos alimentares e sono inadequados.


Autismo na vida adulta

Na vida adulta, os sintomas podem se manifestar de forma diferente, assim como os autistas que possuem sintomas mais leves e não são diagnosticados também podem aprender a mascarar as manifestações do transtorno em busca de levar uma vida mais “normal”.

“Quando o indivíduo sempre teve sintomas leves, desde a infância, e os familiares não levaram em conta a possibilidade de ser TEA, essa criança pode crescer em conflito, almejando agir como um neurotípico e aprendendo a mascarar os sintomas, o que se torna doloroso para o autista estar o tempo todo usando essa máscara ao invés de poder trabalhar as questões referentes ao autismo para levar uma vida normal dentro de quem ele é”, esclarece a neuropediatra.

Um maior número de neurologistas e psiquiatras especializados no diagnóstico da síndrome do espectro autista poderá auxiliar na identificação de adultos com estes sintomas. Mesmo tardia, a definição diagnóstica contribui no autoconhecimento destas pessoas, melhorando a qualidade de vida. 

  


Rede de Hospitais São Camilo
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Hospitais da Rede Ebserh atuam na assistência e desenvolvem pesquisas para combater a Doença de Chagas

Dia Mundial alusivo à doença, celebrado em 14 de abril, reforça a importância das ações de vigilância e do diagnóstico precoce

 

A Doença de Chagas (DC) ainda é uma importante causa de mortes no Brasil. Por ano, são registrados, em média, quatro mil óbitos no país. Estima-se que, no mundo, esse número chegue a 14 mil. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu o Dia Mundial da Doença de Chagas, celebrado na próxima sexta-feira (14), visando conscientizar a sociedade e alertar para a necessidade de aumentar as ações de vigilância e melhorar a detecção precoce e a atenção clínica. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) atua nesse contexto, com sua rede de hospitais universitários que são referência no diagnóstico, tratamento e pesquisas relacionadas à enfermidade.

 

Uma dessas unidades é o Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), do Complexo Hospitalar Universitário da UFPA, em Belém (PA), que dispõe de serviços de infectologia e cardiologia para o acompanhamento de pacientes nas fases aguda e crônica da doença. O tratamento é garantido pelo Serviço Único de Saúde (SUS), com uso do medicamento Benznidazol, que é distribuído pela Secretaria Municipal de Saúde. “A Doença de Chagas é negligenciada e possui arsenal terapêutico limitado para seu tratamento. Deve-se ressaltar que o disponível é eficaz no controle da doença e evita complicações futuras”, afirmou a infectologista e gerente de Atenção à Saúde do HU-JBB, Rita Medeiros.

 

Segundo a profissional, em 2006, o Brasil foi considerado livre da transmissão pelo trypanosoma cruzi principal espécie de vetor. Entretanto, outras espécies de barbeiros, que não têm hábitos antropofílicos (não dependem da presença humana para se estabelecer) e são infectados pelo germe, podem contaminar alimentos como o açaí e a cana de açúcar e, por meio da via oral, infectam humanos. “Essa forma de transmissão é majoritária no Norte do Brasil, especialmente no estado do Pará, e é a origem dos surtos de doença de chagas na região”, explicou a infectologista.


 

Transmissão e Sintomas


Causada pelo protozoário trypanosoma cruzi, a DC é transmitida por meio das fezes do seu hospedeiro, o barbeiro, quando elas entram no organismo humano. A infecção também pode ocorrer por transfusão de sangue contaminado e durante a gravidez, de mãe para filho. Soma-se a esse quadro, segundo Relatório Epidemiológico do Ministério da Saúde, a ocorrência de casos e surtos por transmissão oral pela ingestão de alimentos contaminados, como caldo de cana, açaí, bacaba e outros.

 

Segundo o cardiologista Rodrigo Cunha, do Hospital das Clínicas do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), em Uberaba (MG), que possui um serviço de atendimento especializado, sete em cada dez pessoas desconhecem sua condição devido à ausência de sintomas clínicos, que se distinguem conforme sua fase. Quando aguda, a doença pode provocar febre, dor de cabeça, fraqueza, inchaço e uma ferida no local da picada. Os órgãos mais afetados são gânglios, fígado e baço. Já na fase crônica, os pacientes podem ficar assintomáticos por um longo período ou, em outros casos, apresentar sérios comprometimentos, principalmente, no coração e no aparelho digestivo.

 

De acordo com o médico, na fase aguda e nas formas crônicas da DC, o diagnóstico etiológico poderá ser realizado pela detecção do parasita, por meio de métodos parasitológicos (diretos ou indiretos) e pela presença de anticorpos no soro, sendo que os mais utilizados são: a imunofluorescência indireta (IFI), hemaglutinação indireta (HAI) e enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA). “Testes de maior complexidade, como o molecular, utilizando polymerase chain reaction (PCR), apesar de sua limitação pela ausência de protocolos padronizados, têm indicação quando os testes sorológicos apresentarem resultado indeterminado ou para o controle de cura, após o tratamento antiparasitário”, explica.


 

Tratamento


O tratamento deve ser indicado por um médico, após a confirmação da doença. O remédio, chamado Benznidazol, é fornecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde (MS), mediante solicitação das Secretarias Estaduais de Saúde, e deve ser utilizado em pessoas que tenham a doença aguda, assim que ela for diagnosticada.

 

Para as pessoas na fase crônica, a indicação desse medicamento depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso. Em casos de intolerância ou que não respondam ao tratamento com Benznidazol, o MS disponibiliza o Nifurtimox como alternativa, conforme indicações estabelecidas em Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas. “Independentemente da indicação do tratamento, as pessoas na forma cardíaca e/ou digestiva devem ser acompanhadas e receberem o tratamento adequado para as complicações existentes”, enfatiza Rodrigo.

 


Prevenção


A melhor forma de prevenir é combatendo o inseto transmissor, já que não há vacina contra a Doença de Chagas. A sua incidência está diretamente relacionada às condições habitacionais e situação de vulnerabilidade, com acesso restrito a cuidados de saúde, água potável e saneamento. Assim, é importante adotar algumas medidas de protetivas, principalmente em ambientes rurais: cuidado com a conservação das casas, aplicação regular de inseticidas, utilização de telas de proteção em portas e janelas, além de medidas individuais, como o uso de repelente e roupas de mangas longas.


 

Hospitais da Rede Ebserh conduzem pesquisas sobre o tema


O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) possui um serviço especializado de diagnóstico e tratamento aos portadores da doença desde 1978, o Núcleo de Estudos da doença de Chagas (NEDOCH). Ele é composto pelo Laboratório de Chagas e o Ambulatório de atendimento ao chagásico, onde são assistidos mais de seis mil pacientes. No Laboratório de Chagas são desenvolvidas pesquisas na área com colaboradores de centros nacionais e internacionais. A instituição possui uma soroteca com mais de 36 mil soros armazenados em congeladores e câmera fria, muitos conservados há mais de 20 anos. Além disso, participa do Programa de Qualidade dos Bancos de Sangue em todo o Brasil, gratuito e coordenado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

 

Em Uberada (MG), no HC-UFTM, está em andamento um estudo clínico para avaliar a eficácia do uso de uma medicação, já disponível no mercado, para insuficiência cardíaca e disfunção ventricular causadas por Doença de Chagas. O objetivo é avaliar a eficácia da droga no controle especificamente dessa doença. Para isso, o Núcleo de Estudos Clínicos (NEC) do HC-UFTM está recrutando pacientes com os diagnósticos acima para participarem da pesquisa. Os interessados podem entrar em contato com o NEC por meio do telefone (34) 9 9691-9184.

 

Outras duas pesquisas, com resultados já divulgados, debruçaram-se na busca por novos conhecimentos sobre a doença. O primeiro estudo, publicado na Frontiers in Immunology, revista especializada em ciências da saúde e ciências biológicas, identificou relações entre parâmetros clínicos laboratoriais que possam elucidar novas perspectivas para o prognóstico e o diagnóstico da Doença de Chagas aguda. Diferentes critérios foram mensurados, incluindo hematológicos, bioquímicos (biomarcadores funcionais), inflamatórios (citocinas, infiltrado inflamatório e presença do parasito no tecido cardíaco). 

Em outra pesquisa, com participação do HC-UFTM, avaliou-se a resposta imune de pacientes com Doença de Chagas a um medicamento usado para a quimioterapia específica da doença. Publicado no periódico científico Infectionand Immunity, da American Society for Microbiology, o estudo aponta que a progressão para a forma cardíaca e o agravamento da Doença de Chagas, 48 meses após tratamento com o medicamento, está associada com uma maior produção de citocinas inflamatórias, linfócitos T helper 1 (Th1) e menor quantidade de linfócitos T reguladores direcionados aos antígenos do Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença.


 

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