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quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Poupatempo Digital permite configurar lembrete de data para a 2ª dose da vacina contra Covid-19

Atualização do app marca a nova etapa da campanha de vacinação no Estado, que agora tem como alvo jovens e adolescentes, cada vez mais conectados 

 

A carteira de vacinação digital contra Covid-19, disponível no aplicativo Poupatempo Digital, ganhou nova funcionalidade. Com a chegada da imunização das gerações mais jovens, dos nativos digitais, o app passa a disponibilizar na tela de abertura da Carteira de Vacinação um alerta com a data para aplicação da segunda dose.

A ferramenta, desenvolvida pela Prodesp – empresa de Tecnologia do Governo de São Paulo –, para atender as necessidades da Secretaria Estadual da Saúde no gerenciamento integrado da pandemia, marca a nova etapa da campanha de vacinação em todo o Estado, com o público jovem, permitindo ainda configurar o lembrete da data prevista para a imunização no calendário do celular. O app do Poupatempo pode ser baixado gratuitamente em celulares com sistema operacional Android ou iOS. 
 

No aplicativo, o usuário pode escolher quais informações devem aparecer já na tela inicial e a data da segunda dose da vacina contra a Covid-19 está entre as opções. Como o comprovante de vacinação deve ser apresentado para a aplicação da segunda dose, caso o cidadão não tenha o documento impresso, poderá ainda mostrar a carteira digital no local da vacinação, na tela do celular.  

A atualização do aplicativo – que passa a contar com a possibilidade de configuração de lembrete e fácil consulta da data da segunda dose – coincide com a imunização das faixas etárias de jovens e adolescentes, que praticamente já nasceram com o celular na mão. Por meio do app Poupatempo Digital, o cidadão pode obter ainda a versão digital da Carteira de Vacinação, de forma prática”, explica André Arruda, presidente da Prodesp.   

A carteira de vacinação digital pode ser acessada pelo celular e conta com as mesmas informações do comprovante entregue no formato impresso à população imunizada. No app é possível baixar e fazer a impressão da carteira digital, caso seja necessário. Ela já vem com um QR Code, que comprova os dados do cidadão e da vacinação anterior.    

Além da carteira de vacinação, o aplicativo do Poupatempo também possibilita ao usuário realizar o pré-cadastro e visualizar o certificado de vacinação.  

Apesar de não ser obrigatório, o pré-cadastro, quando feito online – no app Poupatempo Digital ou no site www.vacinaja.sp.gov.br - diminui em até 90% o tempo de permanência no local de vacinação. O preenchimento é simples e rápido, tanto que a plataforma já contabiliza mais de 15 milhões de cidadãos cadastrados.  

Já a validação do certificado de vacinação confere à pessoa imunizada a garantia de um documento oficial, que pode ser conferido online. 

  

Serviços digitais

Com o início da pandemia, em março do ano passado, o programa acelerou o processo de digitalização dos serviços digitais, para melhor atender a população. Atualmente, são 140 opções no portal – www.poupatempo.sp.gov.br -, aplicativo Poupatempo Digital e totens de autoatendimento. Até o fim deste ano, o objetivo é chegar a 180 serviços digitais, e a mais de 240 em 2022.  

De janeiro a julho deste ano, a versão digital da Carteira de Vacinação no app do Poupatempo teve mais de 1 milhão de acessos. 


A função social do advogado

No dia 11 de agosto, para quem não sabe, foi comemorado o dia do advogado. Desta forma, gostaria de compartilhar recente decisão obtida pelo Escritório Euro Filho e Tyles, cujo teor retrata a importância da nossa profissão, na defesa do cidadão e das garantias fundamentais.

No caso, João (nome fictício), condenado ao cumprimento de 15 anos de prisão, encontra-se preso há mais de sete anos e, atualmente, vem cumprindo sua pena no regime semiaberto. Por conta desses infortúnios que a vida nos reserva, ele perdeu sua mãe, vítima de um infarto, na madrugada do último dia 9 de agosto.

Assim, na manhã daquele mesmo dia, após a confirmação do óbito, os familiares do João entraram em contato com o nosso escritório, para que fosse solicitado o direito do preso de participar do funeral da sua mãe, que aconteceria no dia 10, em cidade distante mais de 200 km do presídio ou, então, para que fosse permitido aos familiares manter contato com João, por videochamada, para dar-lhe ciência do ocorrido.

Desta forma, prontamente, com a documentação necessária, foi apresentado um pedido ao Diretor do Centro de Ressocialização de Mogi Mirim, postulando pela concessão daquele benefício (“autorização de saída”), nos termos do que prevê a nossa Lei de Execuções Penais.

Com efeito, de acordo com o artigo 120, inciso I, da Lei de Execuções Penais, todos os presos (provisórios ou definitivos) têm o direito, mediante autorização do diretor da cadeia onde estejam cumprindo pena, de sair do estabelecimento prisional, mediante escolta, no caso de falecimento do cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão.

Nessa toada, diante daquele pedido, o diretor do predito departamento prisional questionou a polícia militar local, a fim de que fosse disponibilizada a escolta de João, até o local do sepultamento.

Infelizmente, a polícia militar informou que, tendo em vista a existência de operações policiais em andamento, bem como o reduzido número de policiais disponíveis, não seria possível atender àquela solicitação. Por conta disso, somente a realização da videochamada acabou sendo autorizada.

Diante daquela recusa, certo que uma fria chamada telefônica não se mostraria suficiente nesse momento tão triste da vida, coube ao escritório impetrar o necessário Habeas Corpus perante o MM. Juízo das Execuções Penais de Mogi Mirim, a fim de obter a tão necessária “autorização de saída”.

Em virtude do adiantado da hora, era grande a preocupação da família, pois acreditava-se que não haveria tempo hábil para que o Juiz recebesse o Habeas Corpus e o analisasse, sobretudo porque o funeral já estava agendado para a manhã do dia seguinte.

Contudo, com extremo bom senso, no final daquela tarde foi disponibilizada a brilhante decisão que conferiu a João o direito de sair da penitenciaria às 6h do dia seguinte e, após atravessar o seu momento de luto, ficar com seus familiares por mais dois dias para, só depois, então, retornar ao Centro de Ressocialização.

Segundo aquela acertada decisão, em virtude do bom comportamento carcerário, ausência de qualquer falta disciplinar e da urgência que a situação necessitava, o pedido se mostrava totalmente plausível.

E assim, João pôde estar com seus familiares, prestando suas últimas homenagens à sua querida mãe.

Esse episódio, aparentemente singelo, só vem a realçar a relevância social da nossa profissão, na defesa dos direitos de todo e qualquer cidadão, sobretudo daqueles que não têm voz ou vez perante a sociedade.

 


Henrique de Matos Cavalheiro - advogado criminalista, associado do escritório Euro Maciel Filho e Tyles Sociedade de Advogados e especialista em Direito Penal pela Escola Paulista da Magistratura.


Euro Bento Maciel Filho - advogado criminalista, sócio do escritório Euro Maciel Filho e Tyles Sociedade de Advogados, mestre em Direito Penal pela PUC/SP e professor universitário.

http://www.eurofilho.adv.br/

@eurofilhoetyles; https://www.facebook.com/EuroFilhoeTyles/


terça-feira, 17 de agosto de 2021

O que as ‘luas’ refletem no nosso dia a dia? Astrólogo Ricardo Muri analisa e indica o melhor momento para buscar um amor ou uma nova oportunidade profissiona


 ‘Pode acontecer uma bomba política no final do mês’, prevê Muri, encarregado do mapa astral de diversos famosos, como Lore Improta, Leo Santana e Kelly Key

 

Se a posição da Lua é capaz de regular as marés da Terra, imagina o que ela pode fazer com o nosso emocional. De acordo com a astrologia, a posição que este astro ocupa no nosso mapa astral, reflete diretamente nas nossas reações, atingindo o emocional e como lidamos com a vida. E podemos ir mais além, as fases da Lua marcam períodos transitórios e determinantes para todos que vivem em nosso planeta. O astrólogo das celebridades, Ricardo Muri, analisa as fases da Lua de Agosto e explica o que será mais favorável em cada período do mês.

 

Dia 8, Lua Nova em Leão

“Quanto a Lua Nova está em Leão, significa que o emocional está criando mais. Um período ótimo para novas existências, para apostar em um lado inovador, de novas possibilidades e oportunidades”, diz Muri revelando que este também é um excelente período para quem preencher o coração. 

“Sabe aquele momento da vida em que você encontra o seu grande amor? Aquele amor de tirar o fôlego? A Lua Nova em Leão aponta essa tendência, o mês das paixões, pois a Lua Nova representa novos amores, e eu estou falando daqueles amores mais intensos”, pontua o astrólogo.

 

Dia 15, Lua Crescente em Escorpião

Após o dia 15, quando a Lua vira Crescente e entra em Escorpião, muitas respostas podem vir à tona, é o que Muri prevê: “Essa posição da Lua representa uma mudança e uma transformação muito intensa. É aquele momento em que muitas sombras vão vir à tona, muitas respostas que as pessoas deixam de uma forma obscuras vão vir à tona. Será um período de mais clareza, do fim da obscuridade”.

 

Dia 22, Lua Cheia em Aquário

No dia 22, a Lua Cheia entra em Aquário, e Ricardo Muri aposta em um momento ótimo para se relacionar de forma mais paciente com as pessoas, porém o astrólogo destaca que pode surgir uma bomba no cenário político brasileiro. 

“A Lua Cheia em Aquário representa uma nova expansão de consciência, novas oportunidades, vai ser aquele momento em que as pessoas vão ponderar mais as amizades, as relações humanas... Para socializar melhor, as pessoas tendem a ter mais de paciência e tranquilidade. Agora se preparem, pode acontecer no final do mês uma bomba política, alguma bomba relacionada ao nosso cenário político”, sentencia.


Dia 30, Lua Minguante em Gêmeos

Se a ideia é apostar na carreira e investir no seu lado profissional, o astrólogo das celebridades avisa que os últimos dez dias do mês são os ideais. “Chegamos ao melhor momento do mês no âmbito profissional. Então, do dia 20 ao dia 30, o lado profissional estará muito favorecido. Hora de apostar na carreira e em novos projetos”, finaliza Ricardo Muri.

 



Ricardo Muri - parece ter nascido para a astrologia. Capixaba morador de Brasília, com apenas 9 anos de idade começou a mostrar seus primeiros passos no mundo espiritual em uma simples brincadeira com feijões nos almoços de domingo, quando respondia perguntas sobre a vida e o futuro. Aos 15, aprendeu a quiromancia intuitivamente e hoje, aos 39 anos, formado em relações internacionais e com pós-graduação em pesquisa astrológica, ostenta uma extensa clientela de celebridades.

https://astromuri.com.br/

www.instagram.com/ricardomuriastrologo

 

 

 

MEDO, MEU ÍNTIMO

Faz-se escasso; toma-nos. O Tempo é sovina com a vida da gente. Conversar pede tempo, e nem sempre o Tempo nos dá tempo para uma conversa desapressada, sem tempo de acabar. Na falta de tempo para conversa, muitas vezes não ouvimos o suficiente, não dizemos o bastante. Somos breves. Econômicos de tempo, não nos entregamos de todo, não recebemos tudo o que alguém nos deseja dar.


Por falta de tempo, encaixamos nossos sentimentos em mensagens, já não há cartas. Abstraímos dizeres, falamos catando o necessário. Pois, em tempo, quero contar um estranho caso de rebeldia: sentimentos estavam sendo impedidos de conversar, então, algo mais fundo se revelou; uma expressão de certo afeto contido insurgiu-se e se narrou por escrito. Tive a boa sorte de, escarafunchando uma vida, encontrar o que vai:


“Medo, meu íntimo,
É um tanto difícil, assim, dizer as coisas de frente. As palavras não surgem... E não suporto a tua presença por muito tempo! Então, escrevo. Escrevo, pois quero que me entendas, quero te dizer sobre mim. Tenho comigo que se realmente me soubesses, tu não complicarias tanto. Talvez assim, Medo, não tenhas tanto medo de mim!


Olha, eu sou aquilo que faz alguém se encantar por tantas coisas de outro alguém. Tantas coisas... Qualquer coisa: o jeitinho de se mexer, algum cheirinho aqui ou ali. É engraçado, sou também a irritação com um detalhe, como a alergia a um cheiro acolá. Sim, tudo em uma única pessoa. Nota, eu mesma me posso fazer cheiro, e como cheiro, aproximo e distancio. Brinco com essas coisas; às vezes provoco tragédias.


Sabes o vinho? Também sou aquilo que está no vinho e que entristece, e, enquanto entristece, alegra e até te faz sair de ti. Sou isso que está no vinho, que aconchega e afasta os que o bebem! Cada qual devaneia por si... Sabes um pedaço de gelo sendo feito correr pelo corpo? Eu sou o desejo pelo arrepio que o gelo traz. E já mesmo ao arrepio de frio, eu sou o desejo pelo calor que só acontece no encontro dos corpos. É, eu sou o que funde os corpos, e sou o que releva as singularidades de cada corpo.


Há em mim umas coisas loucas! É que eu sou a mão leve, suave, que te acaricia, e sou a mão que te apraza enquanto te machuca. Sou mesmo aquilo que te faz fugir da mão, mas fuga de provocação, para que ela vá ávida e forte ao teu encontro. É, eu sou essas contradições que carregamos em nós! Olha só: sabes isso de um corpo ser desejado todo, e, rsrs, uma parte deste corpo ser o todo desejado? Pois sou eu! E sou, entre dois, as palavras. E, nota, palavras aproximam... E separam. Palavras falam e calam.


Sou bem simples, não? Sei, é verdade, é meio complicado ser o que incomoda e refestela; ser o que faz temer e o que faz tentação. Às vezes eu sou o ensaio de uma despedida, na desesperada tentativa de pedir carinho, ou até de negar a saudade de quem atende desejos... Eu sou mesmo complexa... Até complicada. Vê: sou um intermeio. Sou o que faz alguém, sendo uma coisa, sentir que também é outra. Faço até com que alguém, sendo isso, sinta vontade de experimentar como seria sendo aquilo.


Mesmo sendo Beleza, não sou bela nem feia, sou gosto. Gosto é coisa variada. Sou cada gosto! Eu mesma me surpreendo. E nunca estou, não sou encontrável, não sou afastável; apenas, simplesmente, aconteço. Agora, eu sou uma coisa maravilhosa: eu faço com que o erotismo não se reduza ao romantismo; estou depois do limite do romântico. Sou e aconteço onde o romantismo falha e pede que venha o erotismo, que é mais, que transporta do estado de gosto ao estado de sôfrega exaltação.


Começo a me despedir. Intuo que me queres longe, porque me queres demais. Mas saibas que isso adianta pouco, pois sou justamente o que transforma o dever de "não mais" em um relutado "ainda mais". Todos sempre querem um pouco mais. Isso sou eu: esse mais que queremos não querer. Eu brinco com o sempre adiar a saciedade. Hehehe, eu tiro as certezas, não é? Ah! Eu sou, sempre serei, tua melhor companhia. Sem medo, Medo, me responde, está? Te conta para mim. Beleza.

 

Léo Rosa de Andrade

Doutor em Direito pela UFSC.

Psicanalista e Jornalista.

A lição da pandemia

A devastação imposta pelo vírus trouxe de volta cogitações filosóficas, teológicas e científicas. Entra em pauta a existência de Deus, muito embora não se creia em evento como passagens bíblicas de punições divinas. De qualquer modo, cabe a cogitação de uma força superior determinante e ainda não descrita pelo estágio atual da física e das cogitações da filosofia.

Não se trata de propor um Deus enquanto figura ontológica, segundo a imaginação do monge beneditino Anselmo de Cantuária, do século XI.  Lançou-se apenas a suposição de que, por essência e natureza, sua existência não poderia ser contestada. Mais o argumento da autoridade, do que a autoridade do argumento.

Do mesmo modo que o argumento ontológico, a tese de São Tomás de Aquino recebeu oposição, sob o argumento da possibilidade de uma cadeia causal que remonte ao infinito. De todo modo, impressiona a razão da causa primeira, sob o ponto de vista do encadeamento.

Ainda mais maravilhados ficaram os crentes da divindade ante os fundamentos cosmológicos.  A existência de Deus deriva da sensação de que o universo manifesta certa ordem, inexplicável sem a pressuposição de um magnífico relojoeiro. Não existiria nosso mundo sem essa ordem rigorosa, desígnio ou proposta. As raízes buscam água, as folhas se abrem com a luz; "O belo sistema que abrange o Sol, os planetas e os cometas só pode existir por desígnio de um Ser inteligente e poderoso" (Isaac Newton). A emergência da vida humana somente se deu graças à "perfeita sintonia" entre as leis que governam o universo. Se fosse mais forte a força da gravidade, as estrelas teriam exaurido seu estoque de hidrogênio e provavelmente a vida humana não teria tempo de evoluir. De outro lado, se a força que agrega os átomos fosse minimamente maior, a água necessária à vida poderia não ter-se formado. Enfim, como disse Jung, nossa existência é um milagre.

Em contraposição, o evolucionismo no contexto da antropologia biológica expõe o caminhar desde os primatas até a humanidade de nosso século e dos vindouros, em suas diversas etapas e espécimes raciais, forte na seleção natural de Darwin e doutrinas correlacionadas que animaram a ciência moderna. Suas águas, contudo, são também represadas, por exemplo, no dique de que não há nenhuma homogeneidade entre as criaturas, o que seria esperável por coincidências biológicas num plano macro e quiçá infinito na evolução segundo idênticos procedimentos metodológicos; não há seres humanos absolutamente iguais, ainda que se considerando os gêmeos univitelinos. Destarte a evolução não explica o nascimento, o crescimento e a existência de toda a humanidade; e sobretudo no plano espiritual, que também torna magnífico nosso universo e impõe o respeito às ideias plúrimas e às liberdades pessoais e públicas. A ideia de um grande articulador, nesse plano, é irremissível.

Sabe-se que a filosofia encontrou respiradouro no pragmatismo, segundo o qual é verdadeiro o fato que nos conduz à utilidade e ao bem estar entre todos os componentes da sociedade animal. O cardeal Newman (1801-90) fundamentou a existência de um ser superior na imperiosidade da moralidade humana; suas virtudes são suficientes para nos fazer crentes e abolir a mínima manifestação de ódio entre os viventes.  Não há dúvidas quanto ao bem ínsito ao pragmatismo religioso, ao sacrifício da verdade a uma fé benemérita.

O ataque indistinto a todos os seres da Terra por um organismo invisível e que para muitos é o nada (dando-se de barato que o nada possa ser) voltou a despertar no homem sua amizade à sabedoria. Até porque talvez não tenhamos respostas a essas questões magnas, que, todavia, virão no futuro. O estádio da ciência e da filosofia em que nos encontramos é que se revela insuficiente às respostas cuja insuficiência nos incomoda reiteradamente. Daí o sentido da dialética ou da contradição tão bem enunciado por Hegel, não obstante sua derivação para o idealismo: a dupla face de todos os fatos, a tese e a antítese, fenômeno que nos levará à clareza das tão valiosas sínteses.

 


Amadeu Garrido de Paula - poeta e ensaista literário, é advogado, atuando há mais de 40 anos em defesa de causas relacionadas à Justiça do Trabalho e ao Direito Constitucional, Empresarial e Sindical. Fundador do Escritório Garrido de Paula Advocacia e autor dos livros: "Universo Invisível" e "Poesia & Prosa sob a Tempestade" e do blog: Ambos à venda na Livraria Cultura e também um dos ganhadores do "Concurso Nacional de Novos Poetas de 2020" e do "Concurso Sarau Brasil 2020", ambos da editora Vivara.


Cringe

 Opinião

 

Ouvi esses dias a palavra “cringe” e aprendi que se trata de uma discussão de jovens de 15 anos em relação a jovens de 25 anos e que o objeto do debate são as condutas consideradas pelos primeiros como “vergonhosas”. Os segundos se defendem afirmando que seus gostos são marcas identitárias e que sentem muito orgulho delas. Aprendi também que as redes sociais bombaram por causa desse confronto durante cerca de… três dias. No momento em que escrevo sobre isso, o tema já não é relevante, como, de resto, parece que nunca foi.

Eu, no entanto, embarco com gosto no episódio e ponho-me a matutar: vivo já perto dos sessenta anos, vejo-me como um terreno com várias camadas geológicas superpostas, sem que pertença, como unidade, a nenhuma delas. Vi, certa vez, esse recorte em uma pedra de milhões de anos e um amigo geólogo explicou-me de que fase era cada uma delas. Vi as camadas e vi a pedra. Chamei de pedra.

Esse é o ponto do meu ensimesmamento. Não sou mais a criança do final dos anos sessenta, que ainda tem na memória o eco do pai gritando feito louco depois do gol do Clodoaldo. Mas sou. Não sou mais o adolescente que vibrou com o gol do Kempes, depois do bate-rebate com o goleiro e com os zagueiros da Holanda, e com o delírio dos argentinos, cobrindo o estádio com papeizinhos picados, tremendo tudo ao redor. Mas sou. Não sou mais o jovem professor que dava aula na escola particular enquanto, na rua de trás, o carro de som chamava os estudantes para irem às ruas e pintarem os rostos e tirarem o presidente corrupto do poder. Bom, creio que meu ponto de vista já está demonstrado.

Incorporo, como um cavalo de várias entidades, muitos tempos e muitas marcas dos tempos em mim, sem que eu deixe de considerar que sou eu mesmo, o mesmo menino que ganhou um time de botão para brincar na varanda com os amigos e, desde então, nunca deixou de torcer pelo time cujas carinhas estampavam as pequenas rodas brancas feitas de osso por um artesão habilidoso cujo nome gostaria de ter sabido para agradecer e compartir as alegrias de minhas vitórias.

Na verdade, tudo isso me parece evidente e essa história de “cringe” soa quase um apelo, um pedido de ajuda, como se a falta de atenção e, principalmente, a falta de memórias das experiências não vividas ou não percebidas, criasse uma sombra em torno da própria pessoa e impedisse que ela se visse, se reconhecesse, não fosse pelo gesto repetido pelos outros, a roupa usada pelos outros, a frase dita pelos outros, a música ouvida pelos outros e nos quais ela, enfim, percebe que esteve ali e que, portanto, deve ser desse jeito. Por isso, essa repulsa pelos gestos, roupas, frases e músicas dos outros que não são os outros dele, da idade dele, da paisagem em torno dele. Trata-se de um esforço de manutenção da identidade tão precária, tão fraquinha, que pode, a qualquer momento, ser soprada pelo riso de alguém satisfeito com a sua própria vida.

Disse, certa vez, Paulinho da Viola: “meu tempo é hoje”. Não tenho um tempo, não sou de um tempo, não respondo por tempo nenhum. Por mim, viveria ainda muitos tempos, porque acho bacana essas nuances todas e, se não uso todas elas, não é por reprovação, mas por desmazelo com certos cantos da vida, certos cômodos que visito pouco, mas não sem me recriminar por essa sovinice com a minha própria possibilidade de estar no mundo.

Quem me falou do  “cringe”  foi uma amiga somente uns poucos anos mais nova que eu. Ela estava indignada e proferiu palavras não muito republicanas para os jovens que, pelo que entendi, achincalharam, entre outros, a Sandy e o Júnior. “Como se hoje existisse coisa melhor”, reclamou exaltada. Achei graça. E lembrei, de novo, do Paulinho da Viola.

 


Daniel Medeiros - Doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo.

danielmedeiros.articulista@gmail.com
@profdanielmedeiros


FOMO: seu filho sofre quando está offline? Pode ser sinal de dependência tecnológica

Identificado pela primeira vez pelo Dr. Dan Herman, em 1996, e citado em 2000 em um trabalho acadêmico publicado no The Journal of Brand Management; a síndrome FOMO (do inglês, Fear of Missing Out) representa um medo patológico de estar perdendo algo nas redes sociais, de ficar por fora do mundo virtual.  

“A ansiedade de não saber o que está se passando nas redes sociais ou de acessar e descobrir que ‘perdeu’ vários posts interessantes, pode desencadear reações negativas. Daí a importância de ficar atento às mudanças de comportamento do seu filho”, diz Stella Azulay, fundadora da Escola de Pais XD, Educadora Parental pela Positive Discipline Association, especialista em Análise de Perfil e Neurociência Comportamental e Mentora de pais e adolescentes. 

De acordo com o estudo Status of Mind (estado da mente) da Royal Society for Public Health (RSPH), a internet tem causado danos importantes aos jovens: 

- A mídia social tem sido descrita como mais viciante do que cigarros e álcool 

- Quase 91% das pessoas de 16 a 24 anos usam a internet para redes sociais 

- As taxas de ansiedade e depressão em jovens aumentaram 70% nos últimos 25 anos 

- O uso da mídia social é associado ao aumento das taxas de ansiedade, depressão e falta de sono 

- O bullying virtual é um problema crescente, com 7 em cada 10 jovens que afirmam ter passado por ele 

Segundo Stella, os sinais de alerta são óbvios. “Seu filho não desgruda do celular, mesmo quando está à mesa (atitude essa que você jamais deve permitir); ele não se concentra nos estudos porque fica o tempo todo atualizando o feed das redes sociais, ávido por novidades; vai a eventos apenas para postar as fotos nas redes (acredite, isso acontece mais do que se imagina) ou, ao contrário, o jovem deixa de curtir momentos reais para ‘viver’ no mundo virtual”.

 

Como ajudar seu filho

Se não tratada, a FOMO pode gerar uma dependência tecnológica e, consequentemente, depressão, transtorno de ansiedade e falta de motivação para realizar as atividades habituais. Para quem já está em um estágio avançado de vício pela internet, há tratamentos específicos no Instituto Delete, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. São espaços especializados no atendimento de pacientes com problemas relacionados à tecnologia. Outra dica: se você desconfia que seu filho pode estar dependente, faça o teste no site do Serviço do Ambulatório de Transtornos do Impulso, também do Hospital das Clínicas.  

“Vale frisar que é fundamental ficar atento ao comportamento dos filhos e ter consciência da responsabilidade que é criar jovens nos dias de hoje, que podem usufruir dos benefícios da internet, mas nem sempre têm estrutura emocional para lidar com as dores das redes sociais”, finaliza Stella Azulay.


Saúde mental: quando se deve desconfiar de que algo diferente está ocorrendo?

Conheça os sintomas mais comuns da ansiedade, depressão, estresse e síndrome do pânico

 

Entre as doenças mais negligenciadas estão as ligadas ao cérebro e à mente, como ansiedade, estresse, síndrome do pânico e depressão. Há tanto tabu, que quem está sofrendo os distúrbios tenta esconder e os que relatam algum tipo de sintoma para amigos ou familiares, muitas vezes escutam que "isso é passageiro e logo vai passar". E, se a pessoa insiste em dizer que algo está errado, é mais comum ainda as outras dizerem que "depressão é coisa de quem chora o dia todo, trancado num quarto escuro e é claro que o seu problema não é isso".

Crianças, adolescentes e mulheres estão entre as principais vítimas da doença e, sobretudo, da negação. Os motivos são os mais variados, pode até ser uma herança genética, mas é fato que o mundo moderno, com toda a sua complexidade, exigência, riscos e problemas, está impactando o emocional das pessoas. E o tem colaborado ainda mais para o agravamento dos casos é a falta de tratamento desde quando os sintomas começam a aparecer. A psicóloga da Zero Barreiras, Patricia Lenine, alerta:

"Quando uma pessoa ou alguém da sua convivência, como um familiar ou amigo, está com falta de disposição, não se levanta da cama com a mesma energia para desempenhar suas atividades diárias, se irrita com os outros facilmente, ou seu comportamento está fugindo do padrão habitual, pois não consegue dormir, ou mesmo se dormindo a noite inteira, não acorda descansada, porque o sono não foi tranquilo e reparador, é um sinal de alerta. Algo dentro dela está avisando que as coisas não vão bem e que é fundamental tomar certas medidas para evitar consequências mais sérias. Em geral, é alguém de fora que chama atenção para o problema. A roda da vida quase sempre impede que a própria pessoa perceba com clareza o que está acontecendo com ela. E perceber esses primeiros sinais é super importante", diz a psicóloga.

Abaixo estão algumas características que indicam como são alguns problemas emocionais mais comuns:



Ansiedade

O transtorno da ansiedade generalizada (TAG) é um distúrbio caracterizado pela "preocupação excessiva ou expectativa apreensiva", persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono.

Nesses casos, o nível de ansiedade é desproporcional aos acontecimentos geradores do transtorno, causa muito sofrimento e interfere na qualidade de vida e no desempenho familiar, social e profissional dos pacientes.
O transtorno da ansiedade generalizada pode afetar pessoas de todas as idades, desde o nascimento até a velhice. Em geral, as mulheres são um pouco mais vulneráveis do que os homens.

Os sintomas podem variar de uma pessoa para outra. Os mais comuns são:

Inquietação;
Fadiga;
Irritabilidade;
Dificuldade de concentração;
Tensão muscular.
Existem também outras queixas que podem estar associadas ao transtorno da ansiedade generalizada:
Palpitações;
Falta de ar;
Taquicardia;
Aumento da pressão arterial;
Sudorese excessiva;
Dor de cabeça;
Alteração nos hábitos intestinais;
Náuseas;
Aperto no peito;
Dores musculares.


O relacionamento entre pais e filhos e suas implicações na saúde menta


Ser pai é "adotar" o seu filho


O relacionamento entre pais e filhos, em todo o decorrer da vida, é cheio de altos e baixos. Isso porque, embora seja uma das relações mais duradouras e importantes que temos, ela, como qualquer outra, envolve, não só amor, mas também cuidado, afeto, ou a falta dele, desentendimentos, expectativas e outros sentimentos que podem determinar as nossas vivências.

Quando nasce um filho, a vida dos pais muda de tal forma que, tudo o que antes era projetado para si, agora é direcionado também ou unicamente à criança. Ou seja, o que antes era gasto consigo mesmo, agora é destinado aos cuidados do mais novo membro da família. Isso envolve, além de questões financeiras, também questões individuais de expectativas, desejos e vontades.

Desse modo, com o cuidado voltado para o filho, os pais podem deixar de lado algumas questões pessoais. Os estudos para conseguir a carreira dos sonhos, a mudança de profissão, a compra de um carro novo… Essas questões, embora individuais, em alguns casos, podem ser transferidas aos filhos. “Assim, alguns pais estimulam ou ainda tentam determinar o futuro da sua prole de forma a torná-lo igual ao seu, ou como esse desejava, ou o colocam como “eternos devedores” de tudo que foi investido com eles em uma espécie de 'Agiotagem Emocional'”, explica o psicólogo Alessandro Scaranto.

De acordo com o especialista, “é muito frequente casos em que pais projetam em seus filhos questões que eles mesmo não conseguiram alcançar”. Seja na escolha da profissão, de pares nos relacionamentos ou ainda no modo geral em que o filho leva a vida, o genitor acredita que a sua prole é uma cópia exata de si mesmo e que deve concretizar as suas vontades.

Contudo, “isso é um tremendo equívoco, já que causa um grande sofrimento para o filho”, alerta o psicólogo. Isso porque, ao não ser entendido na sua individualidade, ele acredita que deve se moldar aos gostos e vontades dos pais para poder ser aceito por eles. O profissional explica ainda que “somos seres únicos desde o nosso nascimento. Assim, ademais às influências do ambiente externo, a nossa singularidade é inata”. Por isso, transferir desejos dos pais aos filhos não leva em conta as diferenças que os filhos podem ter dos seus genitores.

Aceitar quem é o seu filho e creditar a ele a autonomia nas suas escolhas de vida é uma qualidade que pais devem ter. Isso promove um relacionamento paterno com muito mais confiança e abre espaço para reconhecer as individualidades dos filhos. “Independente do laço sanguíneo, cada indivíduo é, em si, uma unicidade, uma individualidade. Reconhecer isso é permitir aos filhos ser quem eles desejarem, por isso é necessário que o pai “adote” o seu filho, o entenda e respeite como uma pessoa exclusiva, que tem a função de seguir o seu próprio caminho”, finaliza o especialista.

 


Alessandro Scaranto - Psicólogo, acunpunturista e massoterapeuta

@scaranto_psicologia


Luto na pandemia: como o RH pode cuidar dos colaboradores?

O distanciamento social, causado pela pandemia da Covid-19, trouxe muitos impactos na vida emocional das pessoas, como aumento de índices de depressão e ansiedade. Nesse sentido, as empresas também tiveram que se adaptar e aprender a lidar com essas questões tão delicadas.

Porém, além dos sintomas acima citados, o luto coletivo na pandemia também foi uma grande questão vivida por todos nós. Para quem não está familiarizado com o tema, luto coletivo é o sentimento que experienciamos após grandes tragédias, podendo ser elas naturais (como um tsunami, ou furacão) ou até mesmo a pandemia na qual estamos vivendo.

O sentimento de luto afeta, não somente as pessoas impactadas diretamente, mas também àquelas que têm contato com as notícias. Ou seja, estamos todos no mesmo momento. Por isso é importante também entender como as empresas e RHs podem auxiliar seus colaboradores a viver esse luto de uma forma mais humana e saudável.


O luto na pandemia

Sabemos que não foram apenas mudanças físicas e estruturais que ocorreram durante a pandemia. Em um curto espaço de tempo, tivemos que nos adaptar a novos hábitos e maneiras de viver, bem como interagir com as pessoas.

Todas essas mudanças, por conseguinte, nos trazem uma bagagem emocional muito grande e relevante, empresas que oferecem ações acolhedoras durante esses cenários mais delicados, proporcionam experiências mais compreensivas e humanas.

O luto por si só, já não é um ritual simples. Agora, adicionados todos os fatores e limitações da pandemia, o que já não era fácil, ficou ainda mais complicado. As incertezas do ambiente no qual estamos vivendo, somados a questões emocionais internas, corroboram para que este processo seja muito complicado.

Nesse sentido, lidar com as emoções, associado a longa jornada de trabalho, pode ser bem desafiador, por isso, as empresas e RHs devem estar cada vez mais atentos, a fim de promover um ambiente de suporte e apoio para seus colaboradores.


Um olhar do RH para o luto dos colaboradores

A pandemia, como já foi dito anteriormente, nos trouxe muitas mudanças. Porém, uma das mais importantes, sem dúvidas, foi a preocupação do mundo corporativo para com a saúde mental dos colaboradores.

Antes, o que era visto, talvez, como um mero detalhe sem importância, hoje é tido como uma das maiores prioridades. É interessante analisar que, não somente startups começam a ter esse olhar ativo para a saúde mental, mas também as grandes corporações.

Dessa maneira, vemos cada vez mais, benefícios de saúde mental surgindo para conseguir atender às demandas de mercado. Algumas práticas podem ser muito bem-vindas na hora de promover a saúde mental dos colaboradores, principalmente quando estamos tratando de um processo de luto. Separamos algumas que podem ajudar:

• Licença para o colaborador: permitir que o colaborador tenha um espaço para viver o luto, afastado do trabalho, é essencial para passar por este processo. É importante garantir que exista uma política interna para assegurar este direito;

• Criar um ambiente de escuta ativa: rodas de conversa podem ser bons momentos para os colaboradores compartilharem experiências e sentimentos. Falar é muito importante para aliviar o peso desta fase;

• Benefícios focados em saúde mental: além de benefícios de saúde, ter uma cesta de benefícios que contemplem também a saúde mental do colaborador, é de grande valia.

O papel da Atenção Primária no Luto

Para quem ainda não é familiarizado com o termo, a Atenção Primária existe para ser o seu primeiro ponto de contato com o sistema de saúde. É por ela que você, como indivíduo, vai tratar cerca de 90% dos seus problemas de saúde, sejam eles crônicos ou não.

Em outras palavras, você possui uma equipe de saúde que te acompanha ao longo de sua vida, de forma integral e coordenada. Ela também é responsável em acompanhar como andam outros aspectos de sua saúde, que não só a física, mas também, a mental e social.

Vivenciar um luto impacta praticamente todas as esferas de nossas vidas. Ter um acompanhamento nesse momento, é essencial para ter forças e poder passar por esse período de uma maneira menos traumática.

O atendimento psicológico na Atenção Primária tem como objetivo sanar questões mais pontuais, agudas, e não perenes - diferentemente da terapia longitudinal. A ideia é que as vidas tenham um amparo ainda mais especializado e maior para lidar com questões complexas e emergenciais.

 

Rafael Barreto - Enfermeiro com residência em Atenção Primária pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, é mestrando pela mesma faculdade. Rafael já atuou como enfermeiro de família por quase dois anos no Albert Einstein e hoje é também Head de Saúde da Cuidas.

7 sinais de que você está no “piloto automático”; veja como virar a chave

O celular toca. Você se levanta da cama, toma banho, toma café, se arruma, pega o transporte, leva o filho na escola, chega ao trabalho, dia após dia. Rotina.  

Esse movimento constante, incluindo as mesmas atividades, pode facilmente levar o cérebro ao que chamamos de “piloto automático”, um dos maiores inimigos da atenção. 

 

“A rotina tem sua importância e nos ajuda a economizar tempo e esforço mental; além de nos dar segurança quanto aos resultados que queremos obter, mas há limites para ela. Felizmente, existem diversas maneiras de sair deste piloto automático e praticar o que chamamos de atenção ativa no dia a dia”, explicou Patrícia Lessa, Diretora Pedagógica do Supera– Ginástica para o cérebro. A especialista complementa com alguns exemplos: “podemos experimentar fazer compras em um local diferente, pois cada local terá a organização dos seus itens de maneira específica, exigindo de nós uma maior demanda atencional ou mesmo fazer um caminho diferente do que estamos acostumados para chegar em casa. Cada novidade introduzida na rotina colocará nossa mente em estado maior de alerta”, explicou.

 

Contudo, segundo Patrícia, apenas estes exercícios praticados vez ou outra não são suficientes para uma mudança expressiva. “É preciso ampliar a nossa atenção para oferecer ao nosso cérebro os estímulos corretos para que ele consiga performar melhor em diferentes faixas etárias. Esses estímulos, para que sejam assertivos, precisam envolver, novidade, variedade e grau de desafio crescente”, lembrou.

 

Atenção plena: um desafio para os dias atuais - As consequências de um estilo de vida acelerado vão desde pequenos esquecimentos a até o chamado lapso de memória. É necessário se preocupar a partir do momento em que eles se tornem frequentes; principalmente, em atividades que eram consideradas rotineiras. Em alguns casos, algumas disfunções comportamentais e dificuldades na linguagem também podem ser considerados indícios do início de alguma demência mais séria. 

 

Confira alguns sinais de que você está colocando o seu cérebro no automático – e veja como mudar isso. 

 

·    Falhas de memória – O que define uma boa memória é a capacidade de acessar com facilidade as informações que retemos enquanto estudamos, viajamos e conversamos com as pessoas. Antes de acessar estas informações, temos que ter também boa capacidade de retê-las, e isto ocorre, entre outros fatores, pela nossa capacidade de atenção. Viver atenta e intensamente o presente também é uma forma de reter informações. Outra forma é praticar exercícios para o cérebro, estimulando neurônios e fortalecendo conexões.

 

·    Senso de urgência, para tudo – Você já parou para pensar no que é realmente importante para a sua vida? Já dizia o ditado: aquilo que damos atenção, cresce. Em um mundo exigente e multitarefas – do qual muitas vezes não temos total controle, é preciso criar ilhas de atenção não apenas para dar conta de todas as atividades, mas para que isso aconteça de forma a não prejudicar nossa capacidade cognitiva. Uma dica é se organizar, priorizando tarefas mais difíceis para o começo do dia, quando o cérebro está mais ativo e descansado. 

 

·    Dificuldade em concentração - Quando falamos em concentração, nos referimos à capacidade de manter-se atento por período contínuo. Ter concentração é também ter atenção. Cansaço, sonolência, uso de substância psicoativas e álcool interferem na atenção. A prática de estimulação cognitiva ou ginástica para o cérebro atua diretamente neste sentido. 

 

·    Culpa por descansar – Você já foi acionado por seu chefe no final de semana? Já se sentiu culpado por estar descansando? Por incrível que pareça, a última frase é uma queixa constante de profissionais, sobretudo de quem tem uma rotina repleta de afazeres, metas altas e muita cobrança no ambiente de trabalho. “É comum ouvirmos as pessoas dizerem que estão ‘precisando de férias’. Isso nada mais é do que uma verbalização do que o corpo está pedindo: uma desaceleração das tarefas, uma mudança de rotina para que ele possa trabalhar mais e melhor”, pontuou Patrícia Lessa, Diretora Pedagógica do Supera.

 

·    Cérebro multitarefas – É quase impossível viver em 2021 sem experienciar, na prática, o conceito de multitarefas. Por vezes, nem mesmo às crianças é dada a oportunidade do ócio, sem uma rotina com muitas coisas a fazer. Entre oferecer ao cérebro um período de descanso ou desafiá-lo a aprender coisas novas, a dica, segundo a especialista, é o caminho do meio. “Aprender a tocar um instrumento diferente, estudar, ir ao cinema, fazer amigos, participar de discussões, escrever e fazer ginástica cerebral são alguns exemplos de atividades que ativam os neurônios e restabelecem as conexões entre eles, sempre respeitando os períodos de descanso”, lembrou. 

 

·    Irritabilidade e outros sintomas – Uma consequência dos nossos tempos são transtornos psíquicos, muitas vezes evidenciados por sintomas como a irritabilidade permanente. É preciso estar atento a pequenos sinais do corpo pedindo os estímulos certos ou um pouco mais de descanso e organização da rotina.  

 

·    Sensação de insuficiência – Em uma sociedade sedenta por resultados constantes, a cobrança mais cruel muitas vezes vezes é mais intensa internamente do que externamente. É possível dosar esta sensação com foco no autoconhecimento e estímulos que ajudam o cérebro a alcançar seu potencial máximo, trazendo mais qualidade de vida e performance.


Quadros de depressão e ansiedade aumentam na pandemia

Confira cinco dicas que vão te ajudar a prevenir o adoecimento mental

 

Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o ‘mal do século XXI’, a depressão representa quase um quarto (23%) dos atendimentos ambulatoriais e hospitalares em saúde mental no Sistema Único de Saúde. E com a pandemia esse quadro foi agravado ainda mais,  fazendo dos distúrbios psicológicos uma grande herança desse período. Segundo pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) em onze países, o Brasil é o que mais tem casos de ansiedade (63%) e depressão (59%). 

Silenciosa, a depressão ainda é muito incompreendida inclusive por quem sofre do problema. Que tem como parâmetro de adoecimento apenas o aparecimento da tristeza profunda, que dificulta ações cotidianas simples como levantar da cama, comer, trabalhar ou estudar. Mas esquecem , muitas vezes, esse é um processo lento e invisível, que pode comprometer o bem-estar da pessoa antes mesmo do sintoma mais evidente aparecer.  

O psicanalista Luciano Noceti e Vieira, que integra a Rede de Profissionais credenciadas a Rede CELOS da Fundação Celesc de Seguridade Social (CELOS), lembra ainda que níveis avançados de angústia também baixam consideravelmente a imunidade do organismo. O que facilita a ocorrência de inúmeras doenças oportunistas.  

Por isso, a importância de se investir em um acompanhamento psicológico, para evitar os chamados altos e baixos. E para ajudar neste processo, ele separou cinco dicas para prevenir a depressão. Confira:  

1-         Procure identificar os mecanismos de auto sabotagem que o inconsciente faz uso para manter a repetição dos fracassos;

2-         Não se vitimize. Tente não se viciar no sofrimento e procure se implicar no que está acontecendo;

3-         Haja por conveniência. Nós recebemos de volta nossa própria mensagem. Dê amor, carinho, companheirismo e limites para receber amor, carinho e companheirismo de volta. Às vezes demora um pouco para retornar, mas funciona;

4-         Se questione a cada manhã: Será que meu problema é complicado ou o desejo de resolução que é fraco?

5-         Caso esteja difícil articular os passos anteriores, procure um psicanalista ou psicólogo. E, caso necessário, um psiquiatra que te ajude a fazer contato com teu próprio desejo. O desejo é a mola propulsora da vida.


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