Saiba
mais sobre os investimentos que merecem atenção, como está o apetite dos
estrangeiros no Brasil e o recorde das IPOs
“O 2º semestre de 2021 já começou com preocupações
no avanço dos casos da variante Delta da covid-19. Desta forma, os investidores
ficaram mais reticentes e interromperam o ciclo de aportes na bolsa brasileira,
que vinha em um fluxo positivo desde março”. A afirmação é do assessor de
investimentos da iHUB, escritório credenciado XP, Diogo Santos.
“Essa preocupação acontece de forma global, pois o
receio é que novas medidas de restrições sejam implementadas e isso pode
atrapalhar diretamente o crescimento das economias”, explica Silva.
A expectativa dos agentes econômicos é de forte
retomada da economia brasileira, devido a estimativa que o PIB cresça acima de
5% ainda esse ano. O ponto de esperança para esse cenário positivo é o fluxo da
vacinação, que está sendo grande aliada dos sistemas de saúde e,
consequentemente, da economia.
Mas, um ponto de atenção está no radar dos
investidores: caso novas cepas surjam e as vacinas não sejam eficazes, o jogo
pode virar.
Investimentos que merecem atenção na 2ª metade do
ano
Quando o assunto é investimentos, sempre é
importante levar em consideração o perfil do investidor e o balanceamento da
carteira, pois são dois fatores imprescindíveis para a escolha de
investimentos.
De acordo com Silva, no campo da renda fixa tem se
observado muitas opções de títulos como CDB, LCI e LCA com taxas atrativas,
como o IPCA+6%, ou 120% do CDI. Já nos títulos pré-fixados, com o aumento da
taxa Selic de 4,25% para 5,25% a.a, é possível encontrar títulos que estão
pagando 11% a.a.
“Na renda variável o cenário é de volatilidade,
pois temos no campo político as reformas e estamos às vésperas de eleições.
Mas, quem está disposto e se sente confortável com esse nível de volatilidade
ainda há muitas oportunidades na bolsa brasileira. Setores como o varejo,
locação de automóveis, papel e celulose, shoppings e commodities estão
atrativos, conforme a carteira recomendada pela XP”, comenta Silva.
Como ficam as commodities?
Atualmente, o momento é do “boom” das commodities,
que vem da recuperação das economias da China e Estados Unidos. Com a retomada
da economia, dada pelo avanço das vacinações, a demanda de commodities disparou
em relação a 2020.
Outro fator que contribuiu para essa evolução é o
excesso de liquidez global, causado pelos pacotes de estímulos trilionários. Um
exemplo é o minério de ferro que bateu sua máxima histórica ao atingir U$191 a
tonelada. Os índices de commodities que englobam uma cesta de produtos também
operam em suas máximas, como o Refinitiv.
Silva explica que uma commodity importante e que
está sob atenção é a energia, devido à forte crise hídrica, onde o Brasil
registra o menor nível de chuvas em 91 anos. O setor elétrico, por ter sua
principal matriz nas usinas hidrelétricas, está em estado de alerta, por conta
do risco de apagão.
“Isto fez o preço da energia disparar, o que
impacta diretamente na renda das famílias. Hoje, a energia é comercializada na
bandeira vermelha, faixa de preço da energia que pune o consumo com o objetivo
de diminuir a demanda doméstica, mas também afeta setores como a agricultura e
indústria”, explica.
Como a energia é driver de inúmeras atividades e
setores, o aumento no preço gera forte pressão inflacionária, contribuindo para
que o Banco Central seja obrigado a subir os juros.
Reforma tributária x investimentos
Para o investidor é possível segmentar os impactos
da reforma tributária em três frentes: Fundos Imobiliários, Fundos e Ações.
Abaixo, o assessor de investimentos da iHUB lista os principais pontos
positivos e negativos:
Começando pelo lado positivo, os dividendos dos
fundos imobiliários, por exemplo, não serão impactados, portanto, o imposto de
renda continuará a incidir apenas sobre a valorização das cotas, outro ponto
positivo para os FIIs é que deve haver uma equiparação da alíquota com à das
operações com ações.
Atualmente, os FIIs pagam 20% sobre o lucro obtido
com a venda das quotas, com a nova regra passarão a pagar 15% sobre o lucro,
assim como ocorre com as ações.
Já para os fundos de investimentos são previstas
mudanças muito positivas como a fixação da alíquota de IR em 15%, independente
do prazo em que o investidor permanece no fundo, o que acabaria com o
escalonamento que temos hoje, que começa em 22,5% e chega em 15%, sobre o
lucro, de acordo com o tempo de permanência do cotista no fundo. A reforma
prevê ainda o fim do come-cotas em maio, mantendo apenas a cobrança em
novembro.
Para as empresas da bolsa de valores, o ponto
positivo será que a alíquota de IR também diminuirá gradualmente, passando a
ser de 25%, como é cobrado hoje, para 20% a partir de 2023. Caso seja aprovada,
essa mudança vai aumentar o lucro das empresas em 6%.
Um ponto positivo para o investidor pessoa física
que pratica day-trade é que a alíquota para este tipo de operação, que hoje é
de 20%, passará a ser de 15%, assim como as ações e os FIIs e, além disso, a
apuração passaria a ser trimestral e não mais mensal.
Na esteira dos pontos negativos, o que se destaca é
a tributação dos dividendos, o governo pretende taxar em 20% os dividendos
distribuídos aos acionistas provenientes de empresas da bolsa independentemente
do valor recebido.
A proposta sugere ainda extinguir os Juros sob
Capital Próprio (JCP). Como hoje as empresas alocam os JCPs como despesas em
seus balanços, eles diminuem a base tributária. Com a extinção deste mecanismo
o lucro das empresas será impactado.
Os bancos são os maiores utilizadores deste
mecanismo contábil. Com sua extinção seus balanços podem sofrer, porém esta
queda será parcialmente absorvida pela redução na alíquota de IR.
O investidor estrangeiro enxerga esse movimento com
muito bons olhos, à medida em que a reforma visa simplificar a legislação
tributária, esse movimento atrai mais investidores e esse ingresso de capital
estrangeiro tende a gerar uma valorização da moeda brasileira.
Aumento das IPOs na B3
O mercado de capitais está aquecido este ano, cerca
de 38 empresas entram na bolsa de valores, com um valor aproximado de R$112
bilhões, considerando IPOs e Follow-ONs. Sendo que em 2020, a bolsa de valores
registrou 28 IPOs.
Atualmente, 20 empresas estão com seus pedidos de
IPO em análise na CVM, são elas: Vix Logística, Ammo Varejo, Topico, Althaia
Indústria Farmacêutica, Conasa, Agribrasil, CSN Cimentos, Nova Harmonia, Invest
Tech, Madero, Bluefit Academias de Ginástica, Athena Saúde Brasil, São Salvador
Alimentos, Grupo Avenida, Rio Energy Participações, Hortigil Hortifruti, Nadir
Figueiredo, Monte Rodovias, Rio Branco Alimentos e Librelato.
Apetite dos estrangeiros por investimentos no
Brasil
Quando comparado com o exterior, a bolsa brasileira
está barata, tanto em reais, quanto em dólar e o investidor estrangeiro sabe
disso. A conexão entre a entrada e saída de capital estrangeiro na bolsa em
2021, já está positiva em R$41 bilhões, de acordo com dados da B3.
“O investimento estrangeiro deve seguir com esse
fluxo positivo de entrada no país, porém, muito atento ao avanço das reformas,
aos riscos políticos que vieram da presidência, do congresso e também ao
cenário pré-eleitoral, levando em consideração que o ambiente global permaneça
constante”, comenta Santos.
Ibovespa e Taxa Selic
Neste ano, a XP está trabalhando com um alvo que o
Ibovespa pode chegar a 145 mil pontos. De acordo com os analistas da corretora,
esse seria o valor justo da bolsa, quando avaliamos as empresas por seus
múltiplos.
Já com a taxa Selic a previsão é que ela alcance 8%
a.a, mas isso não significa um movimento de retorno para a poupança, quem saiu
deste investimento dificilmente vai voltar, pois existe um investimento mais
seguro e rentável, o tesouro direto, de acordo com Santos.
“O caso das pessoas que retornam à poupança é
devido a uma experiência ruim com o mercado financeiro, onde provavelmente
investiram em produtos inadequados aos seus perfis. Quanto à taxa Selic
certamente é possível que ela atinja o patamar de 8% a.a. Vemos esta
preocupação na última ata do COPOM onde foi reafirmado o compromisso da
instituição com o controle da inflação”, comenta o especialista.
A maioria dos economistas ainda apostam na Selic
por volta de 7% a.a, mas não há uma tendência de fuga para a poupança,
porém, pode haver uma migração de parte dos investidores da bolsa para a
renda fixa. Isto porque com a elevação da taxa Selic, a relação risco x retorno
pode ser mais atrativa na renda fixa para alguns investidores, à depender do
perfil.
Moedas de emergentes frente a vacinação
O valor de uma moeda entre tantas outras variáveis
é composto pela capacidade de geração de riqueza do país. Comparado a outras
moedas emergentes como do México, Colômbia e Turquia, o real foi a moeda que
mais se desvalorizou durante a crise do coronavírus. Na mesma época, o dólar
era cotado um pouco acima dos R$4,60 e disparou para quase R$6,00 em um curto
espaço de tempo.
“Esse movimento é natural em crises, onde o capital
dos investidores migram para as moedas mais fortes, mas isso já vem se
corrigindo e gradualmente o dólar vem cedendo”, explica Santos.
O avanço da vacinação traz normalidade e
desenvolvimento econômico, fortalecendo a saúde financeira das empresas, o que
leva ao crescimento econômico do país e consequentemente da moeda. Há alguns
entraves que impedem um avanço maior da nossa produtividade como a elevada e
burocrática carga tributária, carência em infraestrutura, leis trabalhistas
engessadas, risco político, entre outros.
Vale salientar que os Estados Unidos estão passando
por um momento pouco típico, momento este de elevada inflação. Provavelmente
levará o FED (banco central americano) a realizar dois movimentos, o primeiro é
interromper os pacotes de estímulo e o segundo é elevar os juros, já isso pode
influenciar os fluxos financeiros globais e impactar na nossa taxa de câmbio.
Diogo Silva- assessor de
investimentos na iHUB Investimentos, empresa especializada em assessoria de
investimentos credenciada à XP Investimentos. Possui mais de 2,5 mil clientes,
somando mais de R$1 bilhão ativos sob custódia. É formado em economia pelo
Mackenzie e possui experiência em assessoria private na XP Investimentos.