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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Ministério da Saúde envia mais de 2 toneladas de medicamentos para Minas Gerais



Foto: Alan Santos/PR
São mais de 30 tipos de medicamentos e 18 insumos para atender cerca de 12 mil pessoas/mês nos municípios afetados pelas chuvas. A pasta também liberou 90 novas ambulâncias SAMU para renovar a frota do estado

Para dar assistência à população dos municípios afetados pelas enchentes em Minas Gerais, o Ministério da Saúde autorizou o envio de cerca de 2 toneladas de medicamentos e insumos. Ao todo foram 8 “kits Calamidades”, com capacidade para atender cerca de 12 mil pessoas ao mês. A pasta também publicou nesta quinta-feira (30), no Diário Oficial da União (DOU), Termo de Doação de 90 veículos novos do SAMU, renovando 100% a frota do serviço no estado mineiro. Para isso, foram investidos R$ 15,5 milhões. Nesta quinta, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, juntamente com outros ministros, participou de sobrevoo com o presidente da República, Jair Bolsonaro, nas áreas afetadas.  

Cada “kit Calamidade” é composto por 30 tipos de medicamentos e 18 tipos de insumos, incluindo antibióticos, anti-inflamatórios, cateter, esparadrapo, entre outros. Do total dos 8 kits autorizados, quatro já foram entregues (1 kit para o município de Ibirité, 2 kits para Manhuaçu e 1 kit para Contagem) e mais quatro já foram autorizados (2 kits para o município de Sabará, 1 kit para São Gonçalo do Rio Abaixo e 1 kit para Cataguases). A pasta também já enviou ao estado 63.350 mil doses da vacina hepatite A.
O Ministério da Saúde elaborou um plano de ação que traz objetivos, estratégias de operacionalização e atividades a serem executadas pela pasta em relação às enchentes que estão acontecendo em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. As ações visam controlar e reduzir os riscos em saúde pública decorrentes da exposição da população às enchentes. O objetivo é reforçar o monitoramento nas localidades de maiores vulnerabilidades e promover uma atuação coordenada, por meio da articulação e integração com as demais áreas do governo.

CENTRO DE OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIA (COE)

No dia 20 de janeiro, o Ministério da Saúde ativou o Centro de Operações de Emergência (COE-Inundações), para monitoramento das ações de resposta às enchentes, articulação e apoio junto às respectivas secretarias de Saúde dos estados atingidos – Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O COE é composto por técnicos especializados em resposta às emergências de saúde pública. Além do Ministério da Saúde, compõe o grupo a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
AÇÕES NO ESPÍRITO SANTO

Conforme solicitação da Secretaria Estadual de Saúde, o Ministério da Saúde enviou para o município de Iconha (ES), o mais afetado pelas chuvas, três “kits Calamidades” de medicamentos e insumos médicos. Mais 5 kits foram autorizados e a previsão é que cheguem ao estado nos próximos dias.
Também foram enviadas 60 mil doses da vacina hepatite A e 60 mil doses da vacina dupla adulto (Difteria e Tétano) para a Secretaria Estadual da Saúde do Espírito Santo (SES/ES). A pasta também autorizou o envio de 20 mil frascos de hipoclorito de sódio 2,5% para a realização de tratamento intradomiciliar da água para consumo humano, nos municípios afetados. Além disso, três técnicos especialistas em respostas às emergências em saúde pública foram enviados ao estado para reforçar o apoio às equipes locais.
Foi disponibilizada ao estado uma Unidade Móvel de Controle da Qualidade da Água para Consumo Humano (UMCQA) para monitorar a qualidade da água nas Estações de Tratamento de Água (ETA) no Centro e Bom Destino, em Iconha/ES.
AÇÕES NO RIO DE JANEIRO
 A pasta apoia a Secretaria Estadual da Saúde para gestão da emergência, reforçando a necessidade de participação ativa da saúde no Centro Integrado de Comando e Controle do Governo do Estado (CICC).

MUNICÍPIOS MINEIROS CONTEMPLADOS COM AMBULÂNCIAS DO SAMU

Municípios
Quantidade
Águas Formosas
1
Além Paraíba
1
Almenara
1
Andrelândia
1
Araçuaí
1
Astolfo Dutra
1
Barroso
1
Berizal
1
Bicas
1
Bocaiúva
1
Bom Jardim de Minas
1
Bonito de Minas
1
Barbacena
3
Brasília de Minas
2
Capitão Enéas
1
Carangola
2
Cataguases
1
Coração de Jesus
1
Cristália
1
Diamantina
1
Ervália
1
Espera Feliz
1
Fervedouro
1
Francisco Dumont
1
Francisco Sá
1
Gameleiras
1
Goianá
1
Ibiaí
1
Itacambira
1
Jacinto
1
Janaúba
2
Juiz de Fora
8
Laranjal
1
Leopoldina
2
Lima Duarte
2
Matias Barbosa
1
Mato Verde
1
Minas Novas
1
Miraí
1
Miravânia
1
Montalvânia
1
Montes Claros
6
Montezuma
1
Muriaé
2
Patrocínio do Muriaé
1
Pirapora
2
Ponto Chique
1
Porteirinha
1
Rio Pardo de Minas
1
Rio Pomba
1
Rio Preto
1
Salinas
1
Santos Dumont
2
São Francisco
1
São João da Ponte
1
São João do Paraíso
1
São João Nepomuceno
1
São Romão
1
Senador Firmino
1
Taiobeiras
2
Teófilo Otoni
2
Ubá
2
Várzea da Palma
1
Varzelândia
1
Visconde do Rio Branco
1

Jéssica Cerilo
Agência Saúde 


PORTO ALEGRE, SOCIALISMO NA VEIA



            Se Stephen Hawking teve sua vida retratada no filme "A teoria de tudo", o prefeito de Porto Alegre poderia motivar um filme cujo título fosse "A solução de tudo". Nós cidadãos seríamos os protagonistas e financiadores.

            Depois de apresentar aos porto-alegrenses a primeira e já descomunal parcela do novo IPTU, que crescerá em progressão aritmética nos anos vindouros, o prefeito retoma o esquema para "solucionar" o problema do preço excessivo do transporte por ônibus na capital. Trata-se de uma forma "criativa" de chegar ao mesmo resultado: tomar dos cidadãos os recursos necessários para isso.
            Em vez de encontrar resposta e solução para o fato de a capital gaúcha ter o transporte por ônibus mais caro do Brasil (sem ser o melhor dentre todos), o prefeito optou por atacar os aplicativos de transporte, tarifando-os em R$ 0,28 por quilômetro rodado. Obviamente, o dinheiro que esse achaque proporcionará segue o mesmo fluxo do novo IPTU: sai do bolso dos cidadãos clientes do sistema para fazer sorrir o caixa.  E vale o mesmo para a outra ideia luminosa que pretende constranger as empresas da capital a pagarem, por empregado, uma taxa mensal ainda indefinida. Essa taxa substituiria o vale transporte, independentemente do fato de esses empregados usarem ou não o transporte de ônibus da cidade. E lá vai a mão buscar nos mesmos bolsos a solução de tudo.

            Não bastante o recurso assim amealhado, a administração resolveu buscar inspiração adicional na prática que vai se tornando comum em balneários e locais de grande fluxo turístico no exterior e se reproduz no Brasil - cobrar uma taxa de quem ingressa motorizado no espaço urbano. O problema é que o grande fluxo diário em direção a Porto Alegre (majoritariamente oriundo da Região Metropolitana) não se forma com pessoas interessadas em visitar o Museu Júlio de Castilhos, ou em assistir o pôr do sol sobre as águas do Guaíba. É gente que vem trabalhar e gerar riqueza, consumir e deixar seu dinheiro na cidade, buscar atendimento na rede de serviços de saúde, resolver problemas em repartições estaduais e federais por um motivo que parece ter sido esquecido pela voracidade fiscal da administração: Porto Alegre é a capital do Estado, com funções e responsabilidades que não podem ter acessibilidade restrita.

            A iniciativa de encaminhar tais projetos à Câmara foi saudada pelos jornalistas locais sabidamente afinados com o pensamento de esquerda. Reconheceram e louvaram o DNA socialista do pacote de Marchezan. Todos se esqueceram, no entanto, de sublinhar devidamente algo que é a parte perversa desse DNA: os socialismos vivem do dinheiro alheio, se oxigenam metendo a mão no bolso de uma parcela da sociedade até que o dinheiro vá embora ou acabe. Ideias para produzir isso é que não faltam. Com novas taxas, por exemplo, seria possível viabilizar uma nova estação rodoviária, restaurar a dignidade da Rua Voluntários da Pátria e revitalizar o Cais Mauá.

            O corolário que acompanha as medidas socialistas é a escassez de tudo, a deterioração de tudo, a miséria servida em prato de papelão até que só reste o papelão.




Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

10 fatos que devem agitar o mundo tributário em 2020



Muitas mudanças ocorreram no primeiro ano do novo Governo. Talvez o principal movimento tenha sido mesmo a Reforma da Previdência. Mas e a Reforma Tributária? Sai do papel em 2020? O que, de fato, vem por aí? Abaixo, elenco os principais prognósticos para este ano quando o tema é tributação no Brasil:
  1. Novos rumos para o PIS e COFINS: estes 2 tributos devem dar o que falar neste ano. Primeiro no judiciário: uma importante decisão final sobre a tese bilionária do ICMS na base de Cálculo do PIS e COFINS no STF. Por outro lado, o governo já prepara uma proposta de unificação e simplificação.
  2.   Tributação sobre pagamentos. Para a equipe econômica, um tributo nos moldes da CPMF será necessário para viabilizar a reforma tributária e permitir a desoneração da folha de pagamento das empresas. A resistência deverá ser grande.
  3.   Redução das alíquotas de IRPJ e CSLL. O Brasil é um dos 17 países que mais tributam lucro das empresas no mundo. Um movimento mundial mostra a possibilidade de redução das alíquotas de IRPJ e CSLL para a atração de investimentos.
  4. Tributação dos dividendos. Nada vem de graça. O movimento de redução do Imposto de Renda das empresas gera efeito colateral na distribuição de dividendos, devendo o Brasil começar a tributá-los. Já existem propostas de projeto de lei nesse sentido.
  5.   Novo cálculo do IRPJ? A Receita Federal já demonstrou interesse em desvincular a base de tributação do IRPJ da contabilidade, desaparecendo a figura de ajustes (E-lalur). Mais um caminho para duas contabilidades?
  6. Revisão dos benefícios e renúncias fiscais. São quase R$ 300 bilhões anuais com reúncias como o Simples Nacional e a Lei Rouanet. Motivos para redução não faltam.
  7.   Desoneração da Folha. Somente 17 setores continuaram nessa sistemática que tem data para terminar: dezembro de 2020. Diante do desafio da redução do desemprego, o governo vem trabalhando nos bastidores para trazer uma proposta de novo tipo de desoneração. É aguardar para ver.
  8.   Mudanças no Imposto de Renda Pessoa Física. O governo tem sinalizado reduzir as alíquotas de IR para os mais pobres e criar uma nova faixa para os mais ricos (algo em torno de 35%). Eliminar deduções com despesas médicas e gastos de empregados domésticos podem ser algumas das surpresas para este ano.
  9.   Simplificação das obrigações acessórias. A lei da liberdade econômica criada em 2019 traz previsão para uma modificação dos diversos programas pertencentes ao ambiente SPED.
  10. Reformas tributárias”. Existem algumas frentes de reforma tributária. As mais avançadas são as duas que estão sendo discutidas no poder legislativo: a PEC 110/19 (do Senado, baseada na proposta do economista Appy) e a PEC 45/19 (da Câmara, baseada na proposta do ex-deputado Hauly). O Governo Federal já sinalizou criar um ambiente para a unificação dessas duas propostas e as ideias do poder executivo (lideradas pelo ministro Paulo Guedes).
A reforma tributária é a bola da vez. A briga de interesses pelo protagonismo dessa importante mudança precisa ser deixada de lado. Os contribuintes, empresários e todos os cidadãos em geral sofrem com um verdadeiro “manicômio” tributário. Se quiser entrar na OCDE, o Brasil precisa fazer as mudanças necessárias. Não há mais espaço para continuarmos como está. Um desafio enorme para o Governo. Torcida não falta!




Marco Aurélio Pitta - profissional de contabilidade, coordenador e professor de programas de MBA da Universidade Positivo nas áreas Tributária, Contabilidade e Controladoria

Governo americano impõe novas restrições na imigração para o país


Daniel Toledo, advogado especialista em direito internacional, comenta a situação dos imigrantes brasileiros sendo deportados dos EUA


Desde o início do mandato do presidente Donald Trump nos Estados Unidos, a política de imigração para o país tem sido cada vez mais restrita. Os motivos para cruzar a fronteira são muitos, entre a vontade de ter uma vida melhor, mais oportunidades de trabalho ou até mesmo para ter um filho americano. No entanto, muitas pessoas optam por fazer isso de forma ilegal, acabando com qualquer possibilidade.

Daniel Toledo, advogado da Toledo e Advogados Associados, especializado em direito internacional, consultor de negócios internacionais e palestrante, ressalta a importância de seguir as regras e fazer o processo de visto para entrar nos EUA. “Cada país tem suas próprias regularizações a respeito de imigração e sempre foi muito claro o cuidado que os americanos tem com essa questão, que está ainda mais evidente nos últimos anos”, destaca.

Dados recentes indicam que, apenas em 2019, cerca 17 mil brasileiros foram presos tentando entrar ilegalmente pela fronteira entre México e Estados Unidos. Muitos deles serão deportados ainda no início deste ano, seguindo a determinação do presidente americano. "Ao falar de ilegalidade não tratamos apenas daqueles que cruzam a fronteira, mas também de pessoas que permanecem em território americano após o vencimento do prazo do visto, especialmente o de turismo, que dura aproximadamente seis meses", explica o advogado.

O visto de turismo vem sendo utilizado de maneira imprópria por pessoas de todo o mundo. No Brasil, muitos casais e gestantes optam por esta modalidade com o objetivo de ter um bebê nos EUA. Toledo reforça que existem muitos mitos envolvidos no assunto, que são geralmente disseminados por agências que intermediam esses serviços. “É algo extremamente delicado porque muitas famílias acreditam que, tendo um filho no país, recebem o visto permanente, o que não acontece. A criança seria americana, mas os pais não alteram o visto ou status em razão desse fato”, explica.

O chamado “turismo da maternidade” também já tem data para acabar. Recentemente, o governo americano orientou funcionários de consulados a negar vistos de mulheres que podem estar planejando a viagem com intuito de obter cidadania para o filho. “O serviço prestado por essas agências é sim criminoso quando induz a imigração ilegal, além de muitas vezes eles induzirem a gestante a mentir em entrevistas do visto, vendem serviços médicos e jurídicos, o que é ilegal em qualquer lugar do mundo”, alerta Toledo
Marco Vínicos da Silva Ramos e Mayara Ramos estão juntos há 12 anos. O casal de empresários possui dois restaurantes especializados em marmitas e emprega mais de 30 colaboradores. No começo de 2020, tinham como meta realizar o sonho da filha de sete anos de conhecer a Disney. A viagem estava programada para fevereiro, mas infelizmente tiveram que adiar os planos. “Contratamos uma assessoria para preencher o formulário DS-160 e assim eliminar qualquer tipo de erro. Levamos todos os documentos que comprovam as nossas rendas e vínculos com o Brasil. Mas a negativa foi porque ela está grávida. O oficial perguntou várias vezes se iríamos ter o bebe nos Estados Unidos e respondemos juntos que não. Ele queria saber a data da volta, se o médico dela havia emitido algum atestado para que ela pudesse viajar. Depois de repetir o questionamento várias vezes, o oficial do consulado começou a digitar todas as informações no computador, saiu e voltou da cabine para consultar uma outra pessoa.  Colheu as nossas digitais, e depois nos informou que o visto havia sido negado. Foi uma choradeira total, e super traumatizante, porque não tinha motivo para a negativa”.

Em contrapartida, muitas pessoas procuram fazer o processo da maneira correta, visando uma entrada legal e amigável no país. Algo que tem funcionado muito bem: segundo dados de 2018 do Department of Homeland Security, mais de 760 mil pessoas foram naturalizadas americanas naquele ano. Segundo o especialista, o movimento é de escalada, uma vez que o número é aproximadamente 8% maior do que o ano anterior. "Ainda que seja um procedimento burocrático e complicado, é bastante recompensador", finaliza.




Daniel Toledo - advogado da Toledo e Advogados Associados especializado em direito internacional, consultor de negócios internacionais e palestrante. Para mais informações, acesse: http://www.toledoeassociados.com.br ou entre em contato por e-mail daniel@toledoeassociados.com.br. Toledo também possui um canal no YouTube com mais de 64 mil seguidores    https://www.youtube.com/danieltoledoeassociados com dicas para quem deseja morar, trabalhar ou empreender internacionalmente.   

O combate à criminalidade e os "Brasis" que vivemos



Com a escalada da violência, é muito comum que vozes abalizadas ecoem pelo país ora para pregar a alteração profunda tanto da nossa legislação penal, quanto das nossas leis processuais penais, ora para humanizar o sistema penal e penitenciário, para assim diminuir o alto índice de reincidência. De fato, como o Poder Público não vem conseguindo baixar os índices de violência, a profunda alteração do nosso sistema penal vem sendo apresentada à sociedade como a (única) saída para solucionar o problema.

Porém, é bom deixar claro que o Direito Penal e o Processual Penal não podem ser vistos como a panaceia de todos os nossos males. A efetiva mudança do quadro atual passa muito mais por políticas públicas efetivas, que invistam na educação, do que pelo incremento das penas de alguns crimes ou pela adoção de um maior rigor processual. É preciso levar em conta que a sociedade brasileira é extremamente complexa e heterogênea. Aliás, a bem da verdade, vivemos uma situação bem peculiar, no que diz respeito às propostas de alteração do nosso sistema punitivo.

De um lado, temos uma Constituição Federal extremamente liberal que, justamente por ter sido pensada e elaborada logo após um duro e longo período de ditadura militar, trouxe para o papel, como forma de evitar um possível retrocesso aos tempos do autoritarismo, diversos direitos e garantias individuais do cidadão. Aliás, não é à toa que, logo após a sua promulgação em 1988, a nossa Carta Magna foi alcunhada de “Constituição Cidadã”. Aqui, é relevante dizer que a nossa Constituição é,  de fato, pródiga ao prever, no seu artigo 5º, as garantias e direitos fundamentais do cidadão, sendo certo que tais dispositivos podem ser compreendidos tanto como um freio à ação autoritária do Estado quanto como um escudo para proteger o cidadão contra as arbitrariedades e o abuso de poder estatais.

Porém, de outro lado, uma parcela significativa da nossa sociedade, na contramão do espírito do legislador constituinte, defende ideias antiquadas, retrógradas e arcaicas, tais como a previsão legal da pena de morte, a redução da maioridade penal, a extinção do benefício das saídas temporárias previsto na Lei de Execução Penal, o uso de provas ilicitamente obtidas contra os interesses do acusado e, também, a adoção da prisão provisória como regra, após a condenação dos acusados em primeira e/ou segunda instâncias.

Parece, às vezes, que vivemos em dois Brasis bem distintos. Um perfeitamente adaptado aos ideais liberais de um legítimo Estado Democrático de Direito. E outro que, por sua vez, ainda se vê preso às práticas truculentas e vingativas dos tempos da ditadura. Sem dúvida alguma, um atrapalha o outro, um Brasil vê o Outro como seu obstáculo e, por isso, não raro, surgem conflitos quase insolúveis. Mas, apesar dessa dicotomia de ideias, os dois insistem em um mesmo erro: acreditam que a solução de todos os nossos males está ou na alteração do Direito Penal ou, então, na do Processo Penal.

O grupo mais liberal defende a modernização do nosso sistema carcerário, a mitigação do uso exagerado das prisões provisórias, a garantia dos direitos dos presos, o respeito à dignidade humana e, claro, adota os princípios da ampla defesa, da presunção de inocência e do devido processo legal como verdadeiras bandeiras para salvaguardar as cláusulas pétreas previstas no artigo 5º, da nossa Constituição Federal. Já o outro, por sua vez, encabeçado por entidades ligadas ou ao Ministério Público ou à Magistratura, faz vistas grossas à falência do nosso sistema carcerário, defende o incremento das penas de diversos delitos, e, inclusive, chega até a formular propostas de emendas constitucionais que tenham por escopo permitir um “abrandamento” de diversos princípios e/ou garantias fundamentais.

As discussões e os debates recentes que tivemos em torno da “redução da maioridade penal”, bem como a questão da possibilidade, ou não, da prisão após a condenação em segundo grau, refletem bem esses dois Brasis tão antagônicos.

O curioso nisso tudo é que, lamentavelmente, a cada “novo debate”, os ânimos têm se tornado cada vez mais acirrados. De fato, o “meio-termo” já quase não existe.

Da forma como estamos hoje, ou o cidadão é favorável ao Brasil mais liberal, que assegure e proteja as garantias constitucionais do cidadão, e, nesse caso, essa pessoa é absurdamente considerada como alguém contrário à “Lava Jato” e a favor da corrupção, ou, então, temos aquele que defende o recrudescimento das leis penais e a mitigação de direitos, o qual é visto pelo outro grupo como uma pessoa reacionária e extremista.

Essa dicotomia não nos ajuda em nada. Isso só faz crescer a tensão social, sem nos trazer qualquer resultado prático no que toca ao combate da criminalidade.
Já é hora de deixar o Direito Penal e o Processual Penal em paz. Positivamente, não será por intermédio das nossas leis penais que alcançaremos a tão sonhada paz social.

Salvo algumas alterações pontuais, o que temos hoje é suficiente para reprimir e punir quem quer que seja. Além de reformas sociais profundas – com ênfase na educação e na diminuição da desigualdade social –, a união desses dois Brasis que nunca se entenderam, é, sem dúvida, a grande saída para conseguirmos combater, eficazmente, a criminalidade.





Euro Bento Maciel Filho - mestre em Direito Penal pela PUC/SP. Também é professor universitário, de Direito Penal e Prática Penal, advogado criminalista e sócio do escritório Euro Maciel Filho e Tyles – Sociedade de Advogados.




Cláusula em contrato pode evitar eventual pedido de recuperação Judicial


Confira mais sobre o acordo de sócios

De acordo com o Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações, nos anos de 2017, 2018 e 2019, 4.215 empresas entraram com o pedido de recuperação judicial no Brasil.

A recuperação judicial é o procedimento pelo qual se busca recuperar a entidade empresarial da situação de crise econômico-financeira, preservando-a.

Em linhas gerais é um pedido judicial para que a empresa ganhe tempo para adimplir suas dívidas. Já na prática, um número ínfimo de empresas consegue quitar seus débitos e voltar à ativa.

Conforme esclarece o advogado Bruno Faigle, “quando a empresa vem a requerer a recuperação judicial uma consequência quase automática é a escassez de crédito, que, muitas vezes, impossibilita a entidade empresária se recuperar”.

Como forma de se antever a um eventual pedido de recuperação judicial, o advogado sugere a criação de mecanismos contratuais, tais como a criação de cláusulas preventivas.

“Essas cláusulas são definidas, pelos sócios da empresa, que identificam os possíveis problemas financeiros que a empresa poderá sofrer e, após discussão entre eles, são estipuladas soluções, se antevendo a um resultado que prejudique a perpetuação do negócio”, explica.

Utilizando-se desse recurso, além de preservar o relacionamento entre os sócios, tal método proporciona soluções mais eficazes, uma vez que a solução é construída em conjunto com os integrantes, e maiores interessados, da empresa.

Agindo desta forma, a sociedade empresária evitaria futuros incômodos que pudessem pôr fim ao negócio.





Bruno Faigle - Advogado
Rua Fernando Amaro, 60, Alto da XV, Curitiba - Paraná.

Você sabe a diferença entre conselho e recomendação ?


“Nenhum inimigo é pior que um mau conselho”
Sófocles


 O professor Luciano Salamacha, especialista em gestão de empresas e de carreiras desmistifica a palavra conselho. Ele faz uma análise sobre como você pode melhorar sua carreira dando ou recebendo conselhos e recomendações. Afinal de contas, nenhuma carreira se faz de forma mecânica, e sim de forma orgânica, com conexões puramente humanas.

Conselho é uma análise, uma reflexão que você oferece a alguém. Já  recomendação é uma palavra muito forte. “Re” do latim significa intensidade, “co” significa junto e “mandare” é confiar a alguém, determinar um caminho para encontrar uma solução. Ou seja, recomendar é adotar juntos e intensamente uma linha de confiança.

É por este motivo que uma recomendação tem uma força muito grande na vida das pessoas. Luciano Salamacha lista medidas para você estar apto a fazer boas recomendações a alguém.

1 - Respeite a escala de valores do outro. Não tente impor a sua “régua” ao mundo.

2 - Não espere que as pessoas se comportem como você.  Cada um tem o seu jeito de agir.

3 - Cuidado. A pessoa a quem você está recomendando algo pode entender que você é uma autoridade e a sua recomendação pode ser entendida como uma ordem.

4 – Deixe claro que outra parte não pode tomar a sua recomendação, isenta de responsabilidade num contexto que é só dela. Você recomenda, mas quem decide é o outro.

5 - A sua recomendação deve ter o foco e o objetivo no resultado final. A recomendação deve dar bem-estar, sucesso e felicidade à pessoa. A forma como ela vai agir é, de fato, opção dela.

Ainda tem dúvidas, se deve ou não recomendar algo a alguém? O professor Salamacha indica algumas reflexões que podem ajudá-lo nessa decisão.
-Se você quer o bem-estar do outro arrisque-se em dar suas recomendações.
-Recomendações devem ser dadas a quem você tem uma relação pautada em confiança. Aos que você conhece superficialmente dê conselhos, que são análises, uma linha de raciocínio.

E sobre aquele velho ditado “se conselho fosse bom, não se dava, mas vendia”, o professor diz que nada pode ser pior que mercantilizar uma atitude humana que é doar-se, dar seu tempo, seus ouvidos e sua sabedoria ao próximo. Para Salamacha, conselho é bom sim, quando dado com amor, com vivência, com bons exemplos. É dar um pouco mais de si para que o outro encontre clareza em sua vida.




Luciano Salamacha - doutor em Administração e mestre em Engenharia de Produção. Preside e integra conselhos de administração de empresas brasileiras e multinacionais, Atua como consultor e palestrante internacional. É professor da Fundação Getúlio Vargas em programas de pós-graduação. Recebeu da FGV o prêmio de melhor professor em Estratégia de Empresas nos MBA’s, por sete anos seguidos.  É um dos raros professores que fazem parte do “Quadro de Honra de Docentes”, da FGV Management. Também é professor de mestrado e doutorado no Brasil, na Argentina e nos EUA. Salamacha é coordenador de MBA de neurociências na ESIC Internacional, uma das mais importantes escolas de negócios da Europa. Luciano Salamacha é autor de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no exterior. Foi pioneiro na América Latina em pesquisas sobre neuroestratégia e neurociência aplicada ao mundo empresarial.
Mais informações sobre Luciano Salamacha no site www.salamacha.com.br e no seu canal www.dicadosalamacha.com.br.


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