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quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

No mês de conscientização sobre Saúde Mental, especialistas falam das demências


Mais comum entre elas, Doença de Alzheimer acomete cerca de 1,2 milhões de brasileiros e exige conscientização e apoio da família e da sociedade nos cuidados com idoso 



“Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente”. A reflexão é da personagem central do livro Para Sempre Alice, uma renomada neuro-linguista que, ironicamente, descobre e passa a conviver com a Doença de Alzheimer. Assim como a personagem, cerca de 1,2 milhões de pessoas, a maioria com 60 anos ou mais, vivem com demências no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz).

No mês marcado pela conscientização sobre a Saúde Mental, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) alerta para a importância das demências, doenças neuro-degenerativas, de curso crônico, irreversível, que causam a diminuição progressiva das funções cognitivas, alterações de comportamento e perda da capacidade funcional.

Segundo a psicóloga especialista em Gerontologia, Eloisa Adler, a longevidade é um desafio do século XXI. Doenças como o câncer e as demências têm maior prevalência com o avançar da idade. “Uma pessoa acometida por uma demência perde progressivamente a sua autonomia, ou seja, a capacidade de fazer suas próprias escolhas e tomar decisões”.

O médico geriatra Paulo Canineu detalha que os primeiros sintomas geralmente são de alterações da memória recente. “Também pode haver mudanças de comportamento, ansiedade e depressão, evoluindo lentamente para perda de nexo, incontinências fecal e urinária e imobilidade física, que pode levar a pessoa a ficar acamada”, diz.

 “A autonomia, um referencial fundamental da Bioética contemporânea, como um princípio lapidar da liberdade de escolhas, é comprometida precocemente na devastadora Doença de Alzheimer”, acrescenta a médica geriatra Claudia Burlá.


Família e atendimento especializado

De acordo com Canineu, tratar uma pessoa que teve infarto, por exemplo, é diferente de tratar outra com uma demência, como a Doença de Alzheimer, a mais frequente entre elas. “Enquanto a primeira depois de um ano pode melhorar, fazendo uma reabilitação e melhorando os hábitos, a segunda, terá uma evolução progressiva por mais precoce que seja o diagnóstico e o início do tratamento”, explica.

Nesse momento a presença e o envolvimento da família são essenciais, enfatiza Burlá: “Os familiares têm responsabilidade de proteger e cuidar da pessoa idosa com diagnóstico de algum tipo de demência”. De acordo com a especialista, além disso, não adianta apenas prescrever remédios, mas realizar um trabalho integrado, multi-interdisciplinar de reabilitação cognitiva e suporte familiar.

Adler e Burlá complementam que a abordagem integrada geronto-geriátrica é a base para a maximização da autonomia e otimização funcional da pessoa idosa nos diferentes cenários do processo do envelhecimento.


 


Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)



Código help: questão de ética


Não bastassem os problemas de financiamento, a falta de acesso, os desvios de verbas públicas e a má gestão, entre tantas outras falhas, a saúde do Brasil enfrenta nova mazela neste início de século XXI. Recentemente, o Tribunal de Justiça firmou parecer de que o médico é responsável pelo doente, não instituições com arremedos de protocolos, muitos propondo condutas erradas, infelizmente acatadas por médicos de formação questionável. 

A propósito, é cada vez comum médicos seguindo protocolos equivocados e dispendiosos sem contestá-los. Dignidade, defesa de valores, zelar pelos pacientes e pelo uso correto de recursos econômicos e humanos quase não têm mais peso na rotina de diversas instituições. 

Profissionais que não honram o juramento de Hipócrates e de formação medíocre simplesmente dizem amém, quando o cumpra-se vem de cima. Assim, os protocolos ameaçam pacientes, colocando suas vidas em jogo, enquanto hospitais somam superávits estratosféricos e abrem novas unidades, como se ergue um boteco.   

Essa falta da ética tem consequências diversas. Antigamente, havia hospitais diferenciados, ao menos no campo da moralidade. Eram obstáculo a recursos humanos desqualificados e mal-intencionados. Com o passar dos anos, aventureiros passaram a assumir a administração de vários deles, transformando-os em campo propício às más práticas. 

Distintos hospitais atropelam médicos titulares, apossando-se de seus pacientes e jogando-os nas mãos de sua equipe própria. Isso apenas para garantir lucros vultosos. O resultado, já disse, são vidas em perigo, tratamentos retrocedendo e prejuízos de toda a ordem ao sistema de saúde.   

A vassalagem e a antiética caminham juntas em um terreno de conivência. Os órgãos responsáveis por fiscalizar desvios de médicos e diretores clínicos omitem-se, favorecendo o jogo do poder.   

É absolutamente antiético escalar colaboradores para tratar dos pacientes cujo acompanhamento sempre foi seguido por um médico titular. Quanto mais graves os casos do doente, maiores os riscos. 

Lamentavelmente, existem muitos que não estão minimamente preocupados com o bem-estar de pacientes. Vivem prontos para ajoelhar e atender aos interesses institucionais. 

Um bom hospital não se presta a tal prática. Deveria haver regra rígida para o banimento de gestores e médicos desconectados com a assistência de qualidade e a boa medicina. 

         Tantos absurdos recorrentes apenas compravam ausência de caráter e de princípios morais. Há um contingente de médicos de formação inadequada (em geral formados em faculdades de fundo de quintal) que aceitam ser engessados por protocolos, o que afronta a medicina humanística e os direitos dos cidadãos. 

O desabafo deve-se a minhas crenças pessoais. Penso, ou melhor, tenho convicção de que nada pode estar acima da conduta e da decisão do bom profissional de medicina.

As mudanças são urgentes e é obrigação apontar malfeitos a serem corrigidos. 




Antonio Carlos Lopes - presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica 



Ministério da Saúde alerta Sul e Sudeste sobre febre amarela

Foto: Erasmo Salomão / ASCOM MS


As regiões Sul e Sudeste do país sinalizam circulação do vírus da febre amarela em macacos, o que aumenta o risco de transmissão em humanos. População deve se vacinar neste verão

 
Com a chegada do verão, período de maior ocorrência de doenças transmitidas por mosquitos, como a febre amarela, o Ministério da Saúde alerta a população para tomar a vacina contra a doença. O recado é focado principalmente para a população que mora nas regiões Sul e Sudeste do país devido à confirmação de 38 mortes de macacos (epizootia) nos estados do Paraná (34), São Paulo (3) e Santa Catarina (1). No total, 1.087 notificações de mortes suspeitas de macacos foram registradas no país. Os dados são do último boletim epidemiológico publicado nesta quarta-feira (15) pelo Ministério da Saúde, que apresenta o monitoramento da doença de julho de 2019 a 8 de janeiro deste ano. O alerta se dá porque as regiões possuem grande contingente populacional e baixo número de pessoas vacinadas, o que contribui diretamente para os casos da doença.

O público-alvo para vacinação são pessoas a partir de nove meses de vida e 59 anos de idade que não tenham comprovação de vacinação. Em 2020, as crianças passaram a ter um reforço aos quatro anos de idade. O secretário substituto de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Julio Croda, destaca que todas as pessoas da faixa etária devem buscar os serviços de saúde para se vacinarem. 

“Não adianta vacinar um grupo e outro não, já que a febre amarela é uma doença transmitida por um mosquito infectado e ele pode picar qualquer pessoa”, afirmou.

Em relação aos casos em humanos, no mesmo período, 327 casos suspeitos de febre amarela foram notificados, destes, 50 permanecem em investigação e um foi confirmado. A vítima, residente do estado do Pará, veio à óbito. Atualmente, o Brasil tem registros apenas de febre amarela silvestre, ou seja, transmitida por mosquitos que vivem no campo e florestas. Os últimos casos de febre amarela urbana (transmitida pelo Aedes aegypti) foram registrados em 1942, no Acre.

O vírus da febre amarela se mantém naturalmente em um ciclo silvestre de transmissão, que envolve macacos e mosquitos silvestres. O Ministério da Saúde realiza a vigilância de epizootias desde 1999 com objetivo de verificar e antecipar a ocorrência da doença. Assim é possível fazer a intervenção oportuna para evitar casos humanos, por meio da vacinação das pessoas e também evitar a urbanização da doença, ou seja, a transmissão por mosquitos urbanos, por meio do controle de vetores nas cidades. O macaco, principal hospedeiro e vítima da febre amarela, funciona como sentinela, indicando se o vírus está presente em determinada região.


MUDANÇA NO CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO 2020

A vacina contra febre amarela é ofertada no Calendário Nacional de Vacinação e distribuída mensalmente aos estados. Em 2019, mais de 16 milhões de doses da vacina contra a febre amarela foram distribuídas para todo o país. Apesar dessa disponibilidade, há uma baixa procura da população pela vacinação. Para 2020, a pasta adquiriu 71 milhões de doses da vacina, suficiente para atender o país por mais de três anos.

Em 2020, o Ministério da Saúde vai ampliar, gradativamente, a vacinação contra febre amarela para 1.101 municípios dos estados do Nordeste que ainda não faziam parte da área de recomendação de vacinação. Dessa forma, todo o país passa a contar com a vacina contra a febre amarela na rotina dos serviços.
Outra mudança no calendário foi que as crianças passaram a ter um reforço da vacina aos quatro anos de idade. A decisão ocorreu porque estudos científicos recentes demonstraram uma diminuição na resposta imunológica da criança que é vacinada muito cedo, aos 9 meses, como previa o Calendário Nacional de Vacinação da criança. Desde 2017, o Ministério da Saúde seguia as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de ofertar apenas uma dose da vacina de febre amarela durante toda a vida.




Jéssica Cerilo

Agência Saúde

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