Pesquisar no Blog

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Sarampo: como descobrir e tratar a doença que voltou com tudo


Transmitida por vírus e altamente contagiosa, enfermidade preocupa autoridades brasileiras


São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná são apenas alguns dos estados brasileiros que já apresentaram casos de sarampo em 2019. A doença infecciosa, transmitida por vírus, teve um surto registrado por especialistas, contabilizando mais de 10 mil casos no país só no ano de 2018. Os dados preocupam as autoridades de saúde uma vez que eles representam a diminuição dos níveis de cobertura vacinal entre os brasileiros.

O sarampo é uma doença considerada de contágio fácil, similar ao da gripe, com a transmissão feita por meio de tosse, fala ou contato íntimo. Outro fator que agrava as chances de epidemia é que um paciente contaminado pode transmitir o vírus para, em média, 18 pessoas. Entre os principais sintomas do sarampo estão manchas vermelhas na pele, tosse persistente, manchas brancas na parte interna da bochecha e irritação nos olhos. “As vacinas são consideradas um dos grandes avanços da medicina e salvam vidas todos os dias há mais de 200 anos. Doenças como o sarampo, já vencidas, retornam em surtos por conceitos equivocados de ‘movimentos antivacinas’, gerando um retrocesso na saúde”, explica o Dr. Aier Adriano Costa, clínico geral e coordenador médico da Docway.

A doença pode ocasionar febre, convulsões, infecções, conjuntivite, perda de apetite, diarreia e, em casos mais graves, até lesão cerebral e infecções no encéfalo. A enfermidade é considerada de maior risco para crianças menores de 5 anos, podendo causar meningite, encefalite e pneumonia. “Em casos mais graves, o sarampo pode ocasionar até a morte do paciente. Em locais onde a vacinação ainda não está implantada nos sistemas de saúde, a doença está entre as principais causas de morte de crianças de até 5 anos de idade”, afirma o médico.

Sem um tratamento específico, a única prevenção garantida é a vacinação. “A doença pode ser prevenida por meio da vacina tríplice viral contra sarampo, caxumba e rubéola. Uma dose gera imunidade em aproximadamente 93% dos vacinados. O emprego de duas doses possui eficácia de proteção em torno de 97%”, explica Deivis Junior Paludo do grupo Diagnósticos do Brasil. De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunização e o Ministério da Saúde, a primeira dose deve ser aplicada aos 12 meses de vida e a segunda aos 15 meses, que pode ser substituída pela vacina tetravalente. “A vacina contra o sarampo é altamente efetiva e com certeza a melhor forma de prevenir a doença”, confirma o Dr. Aier.

Apesar de, na maioria dos casos, o diagnóstico do sarampo ser feito por meio de avaliação clínica, o especialista do Diagnósticos do Brasil ressalta que está disponível no mercado nacional o exame que identifica a doença. “Ele é realizado por meio da sorologia, que detecta a presença de anticorpos IgM e IgG específicos, com resultados em até 10 dias úteis”, explica Deivis.

Em 2016, o Brasil recebeu o certificado de erradicação do sarampo, emitido pela Organização Pan-Americana de Saúde, mas o título foi retirado em fevereiro deste ano após a verificação do surto ocorrido em 2018. O motivo da epidemia da doença é extremamente preocupante, pois se resume à redução da cobertura vacinal, proporcionando um ambiente populacional menos protegido ao vírus. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a cobertura vacinal chegou a ser em torno de 100%, em 2014, mas caiu para 90% no ano passado.

“A vacina contra o sarampo integra o calendário nacional de vacinação, e é de extrema importância que a população retome seus cuidados em segui-lo à risca. Afinal, esta é a única maneira comprovada de se prevenir contra essa e muitas outras doenças que podem ter consequências graves”, reforça Deivis. O Ministério da Saúde indica que crianças de seis meses a um ano de idade, que vão se deslocar para municípios que apresentem surto ativo de sarampo, devem ser vacinadas contra a doença pelo menos 15 dias antes da data da viagem.

Adultos que ainda não foram imunizados contra o sarampo, também devem seguir as indicações das autoridades: pessoas de até 29 anos devem receber duas doses para a imunização. “Para a população entre 30 e 49 anos, o indicado é que recebam uma dose da vacina tríplice viral. A exceção fica para pessoas imunodeprimidas, acima 50 anos ou mulheres grávidas, que não devem tomá-la”, completa o Dr. Aier.

Coordenador do Fumo Zero AMRIGS, Médico pneumologista, Luiz Carlos Corrêa da Silva


Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil foi o segundo país, apenas superado pela Turquia, no cumprimento de metas para o controle do tabaco e do tabagismo em espaços públicos e no auxílio a quem quer parar de fumar. Dados de 2018, obtidos pelo VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) mostraram que o tabagismo reduziu, mas persiste principalmente entre aqueles com menor escolaridade e baixa renda. Por que isso? Esta parte da população tem menos acesso à informação sobre os malefícios do tabagismo.

Com a finalidade de chamar a atenção sobre esta epidemia, o INCA (Instituto Nacional de Combate ao Câncer) – Ministério da Saúde celebra anualmente o Dia Nacional de Combate ao Fumo, na data de 29 de Agosto. É importante, portanto, lembrar que fumantes têm mais tosse, pigarro, falta de ar, infecções respiratórias, problemas bucais, e nasais e com o tempo têm alto risco de câncer de pulmão, DPOC (enfisema e bronquite crônica), tuberculose, bronquiolites, fibrose pulmonar e muitas outras doenças pulmonares. A inalação direta da fumaça proveniente da queima do tabaco e a exposição ao fumo passivo causam mais de 90% dos casos de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), e mais de 85% dos casos de câncer de pulmão. A fibrose pulmonar também tem forte relação com o tabagismo. Infecções são mais frequentes em fumantes. A tuberculose ocorre três vezes mais em fumantes. Crianças expostas ao fumo passivo, intrauterino ou ambiental, têm mais asma, bronquiolites, infecções respiratórias, e também a denominada morte súbita do recém-nascido.

Além dos problemas pulmonares, o tabagismo é responsável por 29% das doenças cardiovasculares e aumenta em cerca de 25% o risco de morte por doença coronariana (angina e infarto) e por acidente vascular cerebral (AVC). Fumar aumenta as chances de ter aterosclerose e doença isquêmica coronariana (DIC), aumenta em três vezes o risco de infarto agudo do miocárdio (IAM), e em quatro vezes a possibilidade de morte súbita por causa cardíaca. Entre as doenças vasculares agravadas pelo tabagismo estão os aneurismas arteriais, doença arterial coronariana, doença arterial oclusiva periférica, tromboembolismo venoso e tromboangeíte obliterante, que pode levar à amputação de membros. Portanto, motivos não faltam para parar de fumar.





Luiz Carlos Corrêa da Silva - Coordenador do Fumo Zero AMRIGS, Médico pneumologista.

Micro-organismos do intestino são aliados no combate ao câncer


 Medicina moderna avança em estudos sobre a microbiota para auxiliar no tratamento de doenças e melhoria da saúde


Uma pessoa que se alimenta bem pode salvar a própria vida e, ainda, a de bilhões de outros seres microscópicos fundamentais para a nossa saúde. Isso mesmo. Médicos do Brasil e de diversas partes do mundo estão focados em pesquisar a microbiota, antes denominada flora intestinal, e o impacto dela para o tratamento de doenças, em especial o câncer. 

O tema foi destaque na última edição do Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology - ASCO). No encontro, pesquisadores apresentaram o resultado de um estudo que relaciona a resposta ao tratamento contra o câncer e a microbiota intestinal. Essa característica, conforme os estudiosos, se deve ao fato de a microbiota ser modificável, ou seja, a quantidade e diversidade de bactérias e fungos presentes no intestino de uma pessoa está diretamente relacionada àquilo que ela come. Indivíduos que consomem muitos alimentos industrializados, por exemplo, estão mais sujeitos à disbiose, uma disfunção que predispõe o organismo a quadros inflamatórios.

“As pesquisas sobre a importância da microbiota não invalidam os tratamentos tradicionais das diversas formas de câncer. Porém, os estudos sugerem que pode haver melhores respostas às intervenções médicas em pacientes com microbiotas específicas”, explica Maria Ignez Braghiroli, oncologista da clínica OncoStar e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e também uma das especialistas brasileiras que são referência em câncer colorretal. 

Essas possibilidades foram apresentadas por um grupo de médicos pesquisadores no artigo ‘O papel dos micróbios do intestino em resposta à imunoterapia’, publicado no site da ASCO. Nele os especialistas explicam que existem mais de 100 trilhões de micróbios que habitam a superfície do trato gastrointestinal do ser humano. “Novas técnicas de modificação dos genes desses microorganismos possibilitam a inferência direta na saúde e no sistema imunológico dos pacientes”, comentou Maria Ignez Braghiroli.





Dra. Maria Ignez Braghiroli - Médica associada da Clínica OncoStar e pesquisadora no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), dra. Maria Ignez Braghiroli é oncologista clínica com especialização em tumores do trato digestivo. Foi fellow no Memorial Sloan Kettering, localizado em Nova York, e referência mundial em oncologia. É graduada pela Faculdade de Medicina da Bahia, com residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e em Oncologia Clínica pelo ICESP. Sua área de pesquisa inclui o uso de imunoterapia, além de diversas linhas em torno do cuidado geral ao paciente.

Posts mais acessados