O
Brasil não parou. A presidente do PT sonhava com cidades fantasmas e praças
tomadas por candentes manifestações “contra tudo isso que está aí”. E “Lula
livre!”, claro. Que modo melhor de exibir força, do que parando o país? Para
mostrar musculatura, uma greve geral é mais eficiente do que camiseta cavada.
Quando
uma paralisação é anunciada, o trabalhador que insiste em ir trabalhar é
acusado de furar a greve. Pois a greve do PT e seus satélites foi um fracasso
que inverteu a situação. O que se viu foram grevistas furando um dia normal de
trabalho. Dado da realidade: o Brasil não parou.
Foi
uma lição de maturidade proporcionada aos imaturos, que não apenas desprezam as
lições do passado e nada aprendem com o que acontece diante de seus olhos no
momento presente, como ainda almejam uma volta ao passado. Querem cometer todos
os erros uma vez mais.
É
a política, dirão alguns. A vida é assim, há governo e há oposição, dirão
outros. Sim, é verdade. Mas a ideia da
greve geral, desde que a esquerda se organizou no país, acrescenta um
ingrediente abusivo e totalitário com o intuito de impedir o acesso das pessoas
aos locais de trabalho. Isso se obtém com a instrumentalização, o aparelhamento
dos sindicatos que respondem pela mobilidade no meio urbano. Mobilidade de
pessoas, mercadorias e dinheiro.
O
que se viu no dia 14 foi que nem isso deu certo. A greve obteve uma adesão
pífia e onde algum reflexo foi sentido, ele esteve longe de expressar adesão
política. Foi mero produto do constrangimento. Deveria ser desnecessário dizer,
mas, em todo caso, vá lá: quem não conseguiu chegar a seu posto de trabalho
porque tal ou qual sindicato impediu a saída dos ônibus ou dos trens, ou porque
alguns brutamontes se postaram diante da porta da agência ou da repartição,
estava em oposição à greve geral. Provavelmente foi chamado fascista e seu
olhar de reprovação deve ter sido interpretado como discurso de ódio.
Num
país que precisa trabalhar para, com esse trabalho, gerar poupança necessária à
abertura de novos postos de trabalho, parar o Brasil é irresponsabilidade em
grau máximo. Por incrível que pareça, há forças políticas que ainda acreditam
em sua capacidade de vender ilusões a um mercado onde perderam o crédito. E
para isso se valem de grupos sociais com muito amor à remuneração e aos
direitos e pouco amor ao trabalho e aos deveres.
Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.