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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Hérnia de disco: especialista fala sobre a doença que está impedindo a cantora Anitta de dançar


Tratamentos terapêuticos, como a ozonioterapia, e cirurgias minimamente invasivas podem ser eficazes para aliviar os sintomas


Nessa semana, os cantores Anitta e Péricles foram diagnosticados com hérnia de disco. Péricles passou por uma cirurgia, e Anitta está tratando a doença em casa. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que aproximadamente 5,4 milhões de pessoas sofrem de hérnia de disco no Brasil e cerca de 300 mil pacientes recorrem a cirurgia por ano. 

 Existem várias causas para a hérnia, que pode ser evolutiva e envolver fatores genético, mecânico, degenerativo, nervoso, vascular, imunológico, infeccioso e biológico. Para o ortopedista da Clínica Pró Movimento, Maurício Marteleto Filho, alguns casos de hérnia discal podem causar adormecimento e perda de função motora do membro e, em situações extremas, até a paralisia. “Os sintomas variam entre dor lombar, cervical e dorsal, além da ciática, da braquialgia e da dor intercostal, que se transmitem no trajeto da raiz nervosa inflamada na coluna até a extremidade do membro”, destaca.  

Segundo o especialista, repouso e uso de analgésicos são os tratamentos iniciais para quem tem hérnia de disco. Exames mais detalhados vão auxiliar no diagnóstico. "Uma análise cuidadosa e regular da saúde em geral e um tratamento adequado da causa da hérnia discal podem ajudar bastante a minimizar ou sanar as dores, que causam inúmeros transtornos para a vida do paciente", afirma o médico.


Tratamentos para a hérnia de disco: 

Desde 2013, para a Colaboração Cochrane (entidade científica de renome mundial e sem fins lucrativos, que estuda a medicina baseada em evidências) a ozonioterapia medicinal oferece vantagens evidenciadas por métodos científicos, quando comparada com as técnicas habitualmente empregadas para corrigir o problema (fisioterapia, cirurgia endoscópica, cirurgia aberta e radiofrequência). Segundo o Dr. Maurício, modernas técnicas vêm sendo desenvolvidas para tratamento da hérnia discal. Um destes métodos é o procedimento não invasivo, conhecido por cirurgia minimamente invasiva, conceito de cirurgia no qual, por meio de pequenas incisões cirúrgicas, são retiradas as hérnias de disco, aliviando a compressão do nervo. Considerado uma alternativa segura no tratamento da hérnia de disco, o procedimento oferece diversas vantagens quando comparado com outros tratamentos. Ele utiliza novas técnicas que permitem uma abertura menor da pele, proporcionando menor movimentação das estruturas ao redor da coluna, um tempo de cirurgia mais rápido e menor risco de complicações, como sangramento e infecção. 

De acordo com o Dr. Maurício, durante a cirurgia minimamente invasiva é realizado um corte único de no máximo 3 mm na pele do paciente. Em seguida, um cateter guiado por vídeo, introduzido no espaço entre a vértebra e as meninges, permite a visualização das raízes e das meninges e uma exaustiva lavagem  aspirativa da área inflamada é realizada com anestesia local e sedação que resulta ao longo de poucas semanas na cura do processo inflamatório e seus efeitos deletérios sobre as raízes nervosas, evitando os potenciais riscos à raiz nervosa vistos nas abordagens diretas realizadas pelas técnicas endoscópicas, além de evitar a piora da instabilidade mecânica vista nas cirurgias abertas. 

O Dr. Maurício afirma ainda que a remoção do fragmento herniário é tão importante quanto a correta limpeza local necessária à cura do processo doloroso. O paciente recebe alta no mesmo dia. Em 15, 20 dias ele pode retornar às suas atividades normalmente. Já com a cirurgia tradicional, o paciente precisa de anestesia geral e o tempo de recuperação pode levar dois meses. “Por esse procedimento o médico abre o músculo, faz uma janela no osso, afasta o nervo e tira a hérnia. Há maiores riscos de piora da estabilidade por conta da retirada de elementos de sustentação mecânica da coluna, tem que ficar alguns dias internado e os riscos de infecção são maiores”, complementa o especialista. 

Alguns planos de saúde já oferecem o procedimento, que dura cerca de 30 minutos para ser finalizado. Segundo o Dr. Maurício, a operação custa em torno de R$ 20 a 30 mil. Apesar de a técnica englobar quase todos os tipos de hérnias de disco, cabe ao médico avaliar, individualmente, se o procedimento é indicado para o paciente. 







Dr. Maurício Martelletto Filho - médico ortopedista formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - SBOT. Há mais de 10 anos atua na área de cirurgia da coluna vertebral, sendo membro efetivo da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), Sociedade Brasileira de Patologia da Coluna Vertebral (SBPCV), da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva da Coluna Vertebral e da Sociedade Norte Americana de Coluna (NASS). www.mauriciomarteleto.com.br 

Luz azul do smartphone não cega, mas é bom evitar exposição exagerada


Estudo realizado na Universidade de Toledo (Ohio, Estados Unidos) e publicado no jornal Scientific Reports acalma a população revelando que a luz azul emitida pelos aparelhos eletrônicos não cega. Mas isso não quer dizer, por outro lado, que é inofensiva aos olhos. O que muitos desconhecem, principalmente quem acessa sempre celular, computador e outros dispositivos móveis, é que a luz azul emitida por esses aparelhos prejudica a saúde em alguma medida que ainda vem sendo estudada.

O oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, faz um alerta: além de se proteger contra os efeitos nocivos dos raios UVA e UVB, as pessoas devem se proteger contra os efeitos deletérios da luz azul violeta dos LEDs. Essa luz azul violeta visível, segundo o médico, pode ser bem agressiva aos olhos, mesmo tendo menos energia do que a luz ultravioleta. Ela está nos escritórios e escolas (luz espiral), nos aviões, nos dispositivos móveis que acessamos continuamente durante o dia e a noite.

“As crianças são as mais vulneráveis à emissão de luz azul violeta, porque têm acesso a todos os dispositivos tecnológicos e já os incorporaram à rotina, inclusive durante os estudos. Como seus olhos estão ainda em desenvolvimento, eles não têm pigmentos que ajudam a filtrar uma parte dessa luz. Mas isso não quer dizer que os adultos não estão correndo risco, especialmente aqueles que estão sempre conectados com todas as novidades tecnológicas. O ideal, em todos os casos, seria limitar a exposição diária a essa emissão luminosa, principalmente antes de ir para a cama”, afirma Neves.

Estudos mostram que a exposição à luz azul violeta por algumas horas antes de dormir acaba suprimindo a melatonina, que é um dos hormônios do sono, e dificulta alcançar aquele estágio do sono profundo e reparador. Por isso, quem quer acordar com mais disposição para estudar e trabalhar deveria limitar o tempo em que confere recados no celular, por exemplo. De acordo com o oftalmologista, o primeiro problema para quem passa muitas horas por dia diante desses equipamentos e dispositivos tecnológicos é uma redução significativa na produção de lágrimas. Com o tempo, a visão fica estressada. Ou seja, mesmo que temporariamente, a pessoa percebe imagens com pouca definição, meio sem foco e borradas, resultado da pouca lubrificação ocular. Além disso, episódios de dor de cabeça e enxaqueca podem se tornar mais frequentes.

Na opinião do médico, o problema pode se tornar crônico se não for tratado. “No longo prazo, a exposição à luz azul violeta pode resultar em risco aumentado para DMRI (degeneração macular relacionada à idade) e catarata. Isso porque no centro da retina está a mácula, um tecido sensível à luz situado bem no fundo do olho. As células que compõem a mácula não têm capacidade de regeneração. Sendo assim, passar tanto tempo exposto a ambientes com luz artificial em espiral e equipamentos que emitem luz azul violeta acelera os danos a essas células, levando à perda gradual da visão. Como os efeitos são cumulativos, acelerando o envelhecimento dos olhos, também a catarata ocorre mais frequentemente e mais cedo neste caso”.

Neves chama atenção para o fato de que os aparelhos mais modernos têm o recurso ‘night shift’, que ajusta a temperatura da cor da tela dos aparelhos. Ele foi implantado justamente depois que um estudo demonstrou o quanto o uso de smartphones e tablets pode causar problemas de insônia em usuários. Sendo assim, das 22h às 7h, a tela emite consideravelmente menos luz azul violeta, não comprometendo o sono. Mas há outro recurso para ser usado durante o dia. As melhores lentes do mercado já contam com tecnologia para filtrar a luz azul violeta. Sendo assim, fazer óculos de grau com esse filtro diminui os riscos da exposição exagerada em ambientes de estudo ou trabalho. “Além de melhorar o contraste, as lentes que filtram a luz azul ajudam a relaxar os olhos e impedem que o sono seja prejudicado”. 

Outra medida aparentemente simples para proteger os olhos é piscar mais vezes durante o dia. Desviar os olhos da tela a cada 20 minutos e focar um objeto que esteja longe por pelo menos 20 segundos é outra dica importante. “Esse exercício é ótimo para dar um ‘reset’ nos olhos”, diz o especialista.






Fontes: Dr. Renato Neves , médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em SP – www.eyecare.com.br

UMA DOENÇA OCULAR CHAMADA CERATOCONE


 Enfermidade não inflamatória, que afeta a estrutura da córnea, camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular, cuja evolução pode levar à cegueira e necessidade de transplante da córnea.



Os poetas contam em verso e prosa que os olhos são a janela da alma, pois são eles que captam as informações visuais do mundo exterior e que também revelam todo o sentimento de uma pessoa. Apesar de todo o encantamento, os olhos são acometidos por doenças que nem sempre são tão conhecidas, como é o caso do ceratocone.

O ceratocone é uma doença na qual a córnea passa por um processo de mudança da curvatura e pode ser confundida com outras alterações oculares, porque afeta a qualidade visual.  Além da consulta oftalmológica de rotina, um dos exames básicos para seu diagnóstico é a topografia corneana com disco de Plácido. Essa doença envolve três aspectos críticos: é bilateral, assimétrica e progressiva, ou seja, costuma acometer os dois olhos, mas não evolui da mesma forma em cada um dos olhos com o passar dos anos e piora quando não é tratada ou fica sem acompanhamento especializado. O aparecimento desta doença inicia-se, geralmente na adolescência, afeta um pouco mais as mulheres do que os homens e evolui comumente até 30 ou 35 anos, quando geralmente ocorre uma estabilização natural.

A combinação dessas características é importante para entender que um paciente pode viver muito tempo com um dos olhos muito bom, enquanto a doença vai avançando de maneira mais significativa no outro olho. É fundamental a consulta anual desde criança no oftalmologista, para evitar que, ao chegar em uma primeira consulta aos 16 anos, por exemplo, a doença já esteja em um nível muito avançado. Ao aparecer na adolescência, o ceratocone pode comprometer o desenvolvimento de uma pessoa que tem a vida inteira ainda pela frente”, alerta Walton Nosé, doutor em oftalmologia, Prof. Adjunto Livre Docente da UNIFESP-EPM e presidente da Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa (ABCCR-BRASCRS)


Causas e fatores de risco

Algumas literaturas científicas relatam que ainda não se conhece a causa exata da doença e que, possivelmente, as alterações na superfície da córnea sejam resultado de inúmeros fatores que contribuem para a perda de elementos estruturais dessa membrana e vão desde o decréscimo no aporte de colágeno até o ato de esfregar ou coçar os olhos com frequência. Entretanto, sabe-se que o ceratocone é uma doença que tem um componente de transmissão genética, mas isso não quer dizer que todos os filhos, cujos pais têm ceratocone, manifestarão o problema. Esse tipo de doença familiar deve ser informado ao oftalmologista por se tratar de um fator de risco. O médico deverá ressaltar a importância de consultas mais frequentes e a realização de outros exames, além da topografia da córnea, como a tomografia e a paquimetria, ainda na infância. Desta forma, o oftalmologista consegue intervir para que o paciente não apresente problemas mais graves de visão ou sofra de uma perda visual significativa.

A alergia ocular também é um fator associado ao ceratocone. “No consultório, frequentemente vemos pacientes com ceratocone que apresentam quadro de conjuntivite alérgica e com o hábito de coçar os olhos, ato este muito relacionado à progressão da doença. Por isso, é necessário orientar pais e responsáveis a levarem a criança a uma consulta quando ela coça muito os olhos, especialmente se tem algum caso de ceratocone na família”, completa Dr. Walton Nosé.

Estudos mostram que o ato de coçar pode aumentar de maneira significativa a pressão intraocular, afastando ainda mais as fibras de colágeno da córnea, liberando citocinas inflamatórias, e ainda promovendo um ambiente favorável à colagenase (digestão das fibras de colágeno) e, consequentemente, a diminuição  de resistência da córnea, que fica mais suscetível a mudar sua curvatura.

Fotofobia, comprometimento da visão noturna, visão dupla (diplopia), formação de múltiplas imagens de um mesmo objeto (poliopia) ou de halos ao redor das fontes de luz são outros sintomas da doença.


Tratamentos atuais

Nas fases iniciais, quando a deformação da córnea não é grave, o uso de óculos é suficiente para recuperar a acuidade visual. No entanto, à medida que o ceratocone evolui, os óculos precisam ser substituídos por lentes de contato que ajudam a ajustar a superfície anterior da córnea e a corrigir o astigmatismo irregular provocado pela deformidade.

No Brasil, o ceratocone ainda é responsável pela maioria dos transplantes de córnea realizados. Cerca de 80% dos casos de transplante de córnea são decorrentes de ceratocone avançado, que não pode mais ser beneficiado pelas técnicas menos invasivas, como implante de anéis e crosslinking.

O crosslinking é uma forma de tratamento que interrompe a progressão do ceratocone, com taxa de eficiência de 98%. Quando o paciente tem menos de 20 anos, é usual indicar este procedimento cirúrgico que detém a progressão, que se chama crosslinking da córnea, pois os estudos científicos mostram que esta cirurgia interrompe a progressão da doença. Se o paciente tem mais de 20 anos, é importante documentar se ele apresenta uma progressão acelerada do ceratocone, manifesto por aumento de curvatura, afinamento da córnea, baixa visual ou aumento do grau de miopia presente, entre outros fatores”, completa Walton Nosé, presidente da ABCCR-BRASCRS.

Quando o ceratocone é considerado estável, o foco do tratamento pode ser melhorar a qualidade visual da pessoa com o uso de óculos corretivos ou de lentes de contato especiais. Além disso, se o paciente tem uma alteração de visão significativa, uma alternativa é o implante de um anel corneano intraestromal que, por meio de uma ação mecânica, promove um aplanamento da curvatura da córnea.

Em situações nas quais não se opta pelo crosslinking de imediato, é primordial manter o acompanhamento próximo do paciente com ceratocone, principalmente naqueles menores de 30 anos de idade, com consultas a cada 6 meses, a fim de se documentar se há ou não a progressão da doença. É importante avaliar caso a caso com o oftalmologista compartilhando as informações com a família. Além disto, atualmente temos várias opções de correção óptica, sendo o transplante de córnea muitas vezes postergado e até evitado”, esclarece o especialista.

Na maior parte dos pacientes que não realiza algum tratamento ou acompanhamento do ceratocone, a doença vai progredindo num ritmo que varia de pessoa para pessoa. Nesta progressão, a córnea fica fina e abaulada, como um cone, podendo apresentar opacidade central, um estágio que não é reversível – a solução passa a ser apenas o transplante corneano.

Lembramos ainda que uma pessoa com ceratocone não deve realizar cirurgias refrativas com laser, porque este procedimento pode fragilizar ainda mais uma córnea já delicada. 




 Sobre ABCCR
A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CATARATA E CIRURGIA REFRATIVA (ABCCR) visa congregar oftalmologistas, ampliar o estudo e acompanhar o desenvolvimento de todos os aspectos técnicos e científicos inerentes à cirurgia de catarata, aos implantes intraoculares e da cirurgia refrativa, propagando-os aos oftalmologistas e estendendo seus benefícios à comunidade.


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