Sommelier Rodrigo Bertin ensina
a diferença entre rótulos de vinhos e dá o guia pra não errar na escolha
Basta pegar um vinho na mão que muitos já surtam: o que são todas
essas informações no rótulo? O sommelier Rodrigo Bertin, especialista em
harmonizações e criador do projeto Vinho Mais, conta que bastam algumas dicas para aprender a analisar o rótulo
de um vinho. “O primeiro passo é verificar se é um vinho do velho mundo, ou
seja, a Europa, ou do que chamamos de novo mundo, que são todos os outros
continentes, incluindo Ásia e Oceania”, conta. No entanto, o especialista
destaca que as regras apontadas são apenas convenções, e podem variar conforme
a marca. “Um produtor de vinho pode criar o rótulo que achar melhor, mas a
maioria segue um determinado padrão”, conta.
Informações comuns em todos os rótulos
Independente da origem, do tipo e da qualidade do vinho, existem
algumas informações comuns a todos os rótulos. “A primeira delas é a safra, que
mostra de que ano é o vinho”, explica, alertando que 80% de tudo o que é
produzido deve ser consumido ainda jovem. “Nem sempre o vinho mais antigo é o
melhor, salvo raras exceções, por isso dizemos que na maioria dos casos o vinho
branco deve ser consumido em até 3 anos, e o vinho tinto em até 5 anos”,
resume.
A graduação alcoólica e o volume da garrafa também são informações
presentes em todos os rótulos. “A graduação alcoólica dá uma ideia do quanto
encorpado é o vinho (mais leves quando com menos de 12,5% e mais encorpados
quando com mais de 13,5%), e o volume padrão das garrafas é de 750ml, mas há as
meias garrafas com 375ml e as opções de 1,5L, mas são mais incomuns”.
Velho Mundo X Novo Mundo:
Segundo o sommelier, os vinhos franceses, italianos, e de outros
países da Europa, trazem o nome da vinícola em destaque. “Os rótulos dos vinhos
dos continentes americano e africano, por exemplo, geralmente nomeiam o vinho e
o usam como marca, deixando o nome da vinícola em menor destaque, mais embaixo,
enquanto os europeus apenas se orgulham do nome da vinícola”, explica. O
especialista ainda ressalta que a região de produção dos vinhos, abaixo do nome
da vinícola, são características dos vinhos europeus. “Normalmente os rótulos
do velho mundo não colocam nem mesmo a uva utilizada, pressupondo que o
consumidor vai saber qual é só de ver a região, diferente dos rótulos do novo
mundo, que sempre indicam se é Merlot, Cabernet Sauvignon, Malbec, entre
outras”, ensina o sommelier.
Rodrigo ensina também que os vinhos da Europa costumam ter uma sigla
que funciona como Apelação de Origem. “A sigla DOCG, por exemplo, significa
Denominação de Origem Controlada e Garantida, e indica uma qualidade criteriosa
de avaliação do vinho”, explica, destacando que as bebidas de fora do velho
mundo costumam não ter a sigla, que também pode ser IGT (ou IGP) e DOC (ou DOP)
no velho mundo.
Por fim, o especialista conta que tanto os vinhos do velho mundo
quanto os do novo mundo podem apresentar classificação de qualidade, como
Reservado (apenas no "novo mundo), Varietal, Roble, Crianza, Reserva (ou
Riserva em italiano), Gran Reserva, e por último a classificação Premium ou
Reserva Especial. “Os rótulos do velho mundo seguem regras muito rígidas do
governo dos países, que controlam a qualidade do vinho que consta essas
classificações, mas no caso do novo mundo, o padrão é menos rígido e pode haver
variação na qualidade apesar do nome”, explica.
Questionado se o maior controle e tradição dos vinhos europeus faz
deles melhores, o especialista não hesita. “Existem vinhos melhores ou piores
em todos os continentes, de todas as uvas e estilos”, conta, reforçando que a
definição de qual vinho é melhor deve ser feita por quem bebe. “No fim das
contas, é você quem define pelo seu paladar qual vinho prefere”, explica.