A angústia de ter de passar as
festas com familiares com os quais, muitas vezes, não se tem qualquer
afinidade; a frustração de não ter conseguido cumprir as promessas feitas no
ano anterior; a tristeza por ter terminado um relacionamento, ter perdido um
ente querido ou mesmo um emprego.
Psicóloga dá dicas para espantar os sentimentos negativos e começar o novo
ano com motivação e esperança
Final
de ano é tempo de alegria e confraternização. Certo? Nem sempre. Para muitas
pessoas, essa época é marcada por tristeza, melancolia, frustração e até
ansiedade.
De
acordo com a psicóloga Maria Aparecida das Neves, o final do ano, por si só,
simboliza o final de um ciclo. “É comum vir à tona lembranças desagradáveis –
em função de perdas, separações e reencontros por vezes desagradáveis”,
ilustra. “Muitas pessoas também se sentem frustradas por não terem cumprido
todas as metas que desejaram ou ansiosas por não saberem o que está por vir”.
Neste
final de ano, outro fator também foi preponderante para deixar algumas pessoas
ainda mais angustiadas ou deprimidas. “A crise econômica e política que o
Brasil vem atravessando afetou muitas famílias. Muitas pessoas perderam o
emprego, se endividaram e tiveram que fazer adequações na família - mudanças
nem sempre fáceis de aceitar”, ilustra.
Mas
como driblar estes sentimentos negativos para começar o novo ano com motivação
e esperança? A psicóloga dá importantes dicas:
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A tristeza e a melancolia do final de ano podem motivar reflexões sobre
escolhas e comportamentos. Muitas vezes, na correria do dia a dia, não há tempo
para isso. Só é motivo de preocupação real se demorar para passar, tornando-se
uma depressão. Aí, sim, é preciso ajuda profissional.
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Criar propósitos de ano novo é saudável e motivador. Porém, quando estas
promessas são feitas sem levar a realidade em conta, elas se tornam pressões ao
longo do ano e, se não forem atingidas, viram frustrações. Por isto, antes de
fazer planos, analise sua realidade em todos os sentidos – inclusive
financeira. Tem um objetivo a atingir? Ótimo! Então se planeje, veja o que
precisa priorizar para atingir esta meta, bem como o quanto de energia e
recursos terá de investir. Planejamento é fundamental para viabilizar sonhos.
Não adianta querer consertar a vida só porque o ano vai mudar.
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É importante refletir sobre o porquê de não ter atingido alguns dos propósitos
para não deprimir-se à toa. Não conseguiu fazer a viagem dos sonhos porque
perdeu o emprego? Na verdade, foi uma decisão sábia, afinal, sem emprego era
necessário poupar recursos até arrumar uma nova posição. Não deve ser motivo
para sentir-se fracassado. Por outro lado, se não conseguiu emagrecer porque
teve preguiça de fazer uma atividade física ou mesmo de procurar um médico ou
nutricionista, é preciso fazer uma reflexão e entender que, na vida, nada se
consegue sem empenho e “mão na massa”. Vale pedir ajuda profissional a fim de
driblar o desânimo e a letargia que impedem de atuar em prol da sua felicidade
e bem-estar.
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Muitas pessoas se cobram demais. Termina o ano e só ficam focadas no que não
fizeram. Que tal olhar para as suas conquistas também? Pode ser uma boa dose de
motivação para seguir adiante, rumo a novas conquistas.
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Com relação às perdas, especialmente de pessoas queridas, é normal que nestas
épocas festivas a pessoa reviva o luto. Se for apenas uma tristeza, que é
passageira, é normal. Porém, se desencadeou um quadro mais sério, de um
desânimo que beira uma depressão, é preciso procurar ajuda o quanto antes. E
não se sinta culpado de celebrar o Natal porque a vida precisa continuar. O
respeito e o amor às pessoas que partiram não se medem pela tristeza ou pela
privação.
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É fato que o Natal requer encontros familiares e nem sempre estar com alguns
familiares é uma tarefa fácil. O melhor mesmo é evitar os conflitos. Fuja das
conversas que podem desencadear os desentendimentos. Se alguém lhe fizer
perguntas capiciosas ou provocativas, dê respostas neutras. E se ofereça para
ajudar a preparar a mesa, fazer algo na cozinha ou olhar as crianças. Pode dar
certo.
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Quem teve sua estabilidade financeira fortemente abalada em função da crise
precisa entender, primeiramente, que estamos sujeitos a intempéries que não podemos
controlar – como as medidas econômicas e políticas, por exemplo. Ainda assim, é
preciso reagir, fazer contatos, atualizar seu network, rever o
orçamento, fazer compras conscientes ou aquele curso que você vinha sempre
adiando. Tome medidas práticas para passar por esta fase da melhor maneira
possível, tirando o melhor de todas as situações! Crise também é oportunidade
para crescer. Hora de focar e fazer escolhas.
Maria Aparecida das Neves - psicóloga clínica. Ela
está à disposição da imprensa como fonte de informação para temas
comportamentais.