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terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Doação de medula óssea: mitos, verdades e informações que salvam vidas

Semana de Mobilização Nacional acontece de 14 a 21 de dezembro

 

Entre os dias 14 e 21 de dezembro, o Brasil celebra a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, um período dedicado a informar, conscientizar e incentivar novos voluntários a se cadastrarem como possíveis doadores. A data chama a atenção para um gesto que pode representar a única chance de cura para milhares de pessoas acometidas por doenças oncológicas graves, como linfoma, leucemia e mieloma, e por enfermidades benignas, como anemia falciforme, entre outras.

Mesmo assim, ainda existem muitos mitos e receios que afastam potenciais doadores. Para esclarecer as principais dúvidas, a hematologista Camila Gonzaga, médica do Instituto de Oncologia de Sorocaba (IOS), responde às perguntas mais frequentes sobre o assunto.


1. Só é possível doar medula óssea para alguém da família?
 

Mito. Embora a compatibilidade entre familiares seja maior, doadores não aparentados também podem ser compatíveis por meio do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME). “A compatibilidade é verificada por meio de um exame de tipagem HLA, e a doação pode ser feita por um voluntário cadastrado em bancos de dados nacionais e internacionais”, explica a médica.


2. Qual é a idade ideal para se cadastrar?
 

A faixa etária ideal é entre 18 e 35 anos, pois as células-tronco de pessoas mais jovens tendem a ter melhor qualidade para o transplante. Segundo Dra. Camila, o limite varia conforme o tipo de doador: 

- Aparentado (familiar): Não há limite absoluto; pessoas de 60 ou até 70 anos podem ser consideradas se estiverem saudáveis.

- Não-aparentado (voluntário de registro): O limite prático é 60 anos para permanecer no REDOME.


3. A doação é dolorosa?

Muito menos do que as pessoas imaginam. Hoje existem dois métodos: 

- Punção direta da medula óssea: procedimento de cerca de 90 minutos, sob anestesia geral. Pode haver leve dor local nos dias seguintes, controlada com analgésicos.

- Aférese de sangue periférico (o método mais comum): semelhante a uma doação de sangue. O doador usa por alguns dias uma medicação que estimula a liberação de células-tronco. No dia da coleta, o sangue passa por uma máquina que separa essas células. 

“No caso da punção direta, nos dias seguintes, é comum sentir uma dor localizada leve, similar a um desconforto de uma queda ou de um esforço físico intenso, que é perfeitamente controlada com analgésicos comuns e desaparece em poucos dias. Já a medicação utilizada na aférese pode causar sintomas leves e temporários, como dores ósseas e musculares semelhantes aos de uma gripe. O procedimento em si é indolor, exceto pela picada da agulha”, afirma a hematologista. Ela ainda salienta que a escolha do método da coleta de medula óssea é baseada em características do doador e da doença do paciente que receberá a doação, sendo sempre compartilhada a decisão com o doador.

 

4. O doador precisa ficar internado ou afastado do trabalho? 

Depende do método:

- Punção direta: internação de 24 horas e afastamento por até uma semana para quem realiza atividades físicas intensas.

- Aférese: procedimento ambulatorial, dura de 3 a 4 horas, com retorno às atividades no dia seguinte.


5. A doação enfraquece o organismo do doador?

Não. A medula óssea tem alta capacidade de regeneração. “Em poucas semanas, a medula do doador está totalmente recuperada”, reforça a médica. Na punção direta, apenas uma pequena fração é coletada. Já na aférese, a medula nem chega a ser tocada, pois as células são retiradas do sangue.


6. Qual é a probabilidade real de ser chamado para doar depois do cadastro?
 

A probabilidade é baixa, de 1 em 100 mil a 1 em 400 mil, porque a compatibilidade HLA é extremamente específica. Por esse motivo, é raro uma pessoa ser doadora mais de uma vez. “Mas é justamente por isso que cada cadastro importa. Quanto mais pessoas no REDOME, maiores as chances de um paciente encontrar seu doador compatível”, finaliza a hematologista.

 

Passo a passo até a doação

  • Cadastro e coleta: O primeiro passo é o doador procurar um Banco de Sangue para preencher uma ficha. Neste momento também é feita a doação de uma amostra de sangue.
  • Análise: O sangue coletado passa por um exame de histocompatibilidade e já é feito o cadastro no REDOME (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea).
  • Procura por compatibilidade: O sistema procura algum paciente que possa ter a medula compatível.
  • Coleta: Com a compatibilidade assegurada, é feita a coleta.
  • Transplante: O paciente com compatibilidade recebe o material por via intravenosa.



Instituto de Oncologia de Sorocaba - IOS

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