Médico geriatra e
superintendente de medicina preventiva da MedSênior, Roni Mukamal destaca que
apenas 5% dos casos de Alzheimer têm origem fortemente hereditária e destaca
principais hábitos para reduzir as chances de surgimento desta que é a forma
mais comum de demência na população idosa
No último dia 21 de setembro foi celebrado o Dia Mundial
e Nacional de Conscientização sobre a Doença de Alzheimer, data
que reforça a importância de ampliar o debate sobre diagnóstico precoce,
prevenção e suporte a pacientes e familiares. Segundo dados publicados pela
Agência Gov em outubro de 2023, a estimativa é que cerca de 1,2 milhão
de brasileiros vivem hoje com Alzheimer, com aproximadamente 100 mil
novos casos diagnosticados por ano.
De acordo com material publicado na Revista Pesquisa Fapesp no
mesmo ano, a doença responde por 50% a 60% de todos os quadros de demência
no país, afetando principalmente pessoas idosas - especialmente a população
feminina. O recorte de gênero, assim como o regional, é destacado em um artigo
da publicação científica internacional RSD Journal (Research, Society and
Development), que mostra que as mulheres representam cerca de 65% dos
casos no Brasil, e que a mortalidade é mais elevada nas regiões
Sudeste e Sul, onde se concentram aproximadamente 70% dos óbitos.
“O Alzheimer é a forma mais comum de demência na população
idosa. Quanto mais velho o paciente, maior a chance de desenvolver a doença.
Por isso, é fundamental falar sobre ela, reconhecer seus sinais e buscar o diagnóstico
precoce”, explica o Dr. Roni Mukamal, médico geriatra
e superintendente de medicina preventiva da MedSênior,
operadora de saúde especializada no público acima dos 49 anos.
Primeiros
sinais e diagnóstico
De acordo com o médico, a alteração inicial costuma ser a memória
recente — mas o diagnóstico não se limita a isso.
“O que diferencia o Alzheimer do esquecimento comum é quando a
perda de memória passa a interferir no cotidiano. O paciente começa a esquecer
de tomar os remédios, de pagar contas, de cozinhar como fazia antes, perde-se
em trajetos conhecidos. Esses sinais indicam que é hora de procurar avaliação
médica”, orienta Mukamal.
Ele destaca que o diagnóstico inicial é clínico e baseado em
testes cognitivos, complementados por exames laboratoriais e de imagem. “Em
casos duvidosos, ainda podemos recorrer a exames mais avançados, como a análise
do líquido cefalorraquidiano, que identifica proteínas associadas ao Alzheimer”,
acrescenta.
Prevenção
e fatores de risco
Embora ainda não exista cura, um estudo inédito promovido pelo
Ministério da Saúde (Relatório Nacional sobre a Demência, 2025) aponta
evidências de que até 45% dos casos de demência poderiam ser prevenidos
ou retardados por meio da redução de fatores de risco.
“Quanto mais estimulamos o cérebro desde cedo, mais criamos uma
‘reserva cognitiva’ que pode proteger contra o Alzheimer. Estudar, aprender
coisas novas, manter-se ativo intelectualmente, tudo isso ajuda a retardar o
aparecimento da doença”, explica o especialista.
Mukamal também ressalta a importância do controle de doenças
crônicas e da saúde em geral. “Hipertensão, obesidade, diabetes, colesterol
alto e sedentarismo são fatores que aumentam a inflamação cerebral e aceleram o
aparecimento da doença. Da mesma forma, tratar a perda auditiva e visual,
evitar o isolamento social e cuidar da saúde mental também são medidas de
proteção”, completa.
Estilo
de vida e terapias
Quando o diagnóstico é confirmado, a estratégia é manter qualidade
de vida e retardar a progressão da doença. “Dormir bem, controlar o
estresse, manter peso adequado e praticar exercícios regulares são medidas que
realmente fazem diferença. Temos hoje medicamentos que aliviam sintomas e novas
terapias biológicas em estudo, mas o acompanhamento multidisciplinar e o apoio
da família seguem sendo fundamentais”, afirma Mukamal.
Genética
e diferenciação de outras condições
Segundo o médico, apenas 5% dos casos de Alzheimer têm origem fortemente
hereditária, em famílias onde os sintomas surgem antes dos 60
anos. Nos demais, o fator genético existe, mas depende do ambiente e do estilo
de vida para se manifestar.
Outro ponto importante é diferenciar Alzheimer de outros quadros
clínicos. “É comum confundir Alzheimer com delírio ou confusão mental aguda.
No delírio, o quadro é súbito, geralmente ligado a infecção ou desequilíbrio
metabólico, e o paciente tem alteração de consciência. Já o Alzheimer é
progressivo, de evolução lenta, e não causa perda repentina de lucidez”,
esclarece.
Envelhecimento da população e acesso a tratamento
Esse cenário tende a se agravar com o rápido envelhecimento da
população brasileira, que apresenta uma aceleração acima da média. Enquanto a
França, uma das nações com maior proporção de longevos no mundo, demorou quase
150 anos para a proporção de idosos passar de 10% para 20%, no Brasil essa
transição deve ocorrer em pouco mais de duas décadas. É o que confirmam as
projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do IBGE, de que até 2050 o
Brasil deve ter mais de 30 milhões de pessoas acima dos 60 anos,
o que representa um grande desafio para o sistema de saúde e para as famílias.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS)
disponibiliza tratamento medicamentoso para Alzheimer em todas as suas fases.
Os fármacos utilizados não curam a doença, mas ajudam a controlar sintomas e a
retardar a progressão. A oferta é feita por meio de protocolos clínicos do Ministério
da Saúde, que incluem também acompanhamento multiprofissional e suporte às
famílias.
O especialista reforça que informação e diagnóstico precoce são as melhores armas contra a doença. “É preciso vigilância da família e acompanhamento médico. Identificar os sinais cedo pode ajudar a organizar os cuidados, planejar o futuro e oferecer melhor qualidade de vida ao paciente”, conclui o Dr. Roni Mukamal.
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