Estudo busca descobrir o caminho das bactérias no ambiente hospitalar e como o uso de antibióticos pode contribuir para o desenvolvimento de resistência
Com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Santo Amaro (UNISA), deu início a um estudo pioneiro no mapeamento de patógenos bacterianos e sua resistência a antibióticos no ambiente hospitalar veterinário. O estudo reúne pesquisadores do Brasil e do exterior.
O projeto “Abordagem integrada para combater a resistência bacteriana a antimicrobianos em ambiente hospitalar veterinário na era da Saúde Única” é liderado pela médica veterinária e professora de graduação e pós-graduação em Medicina Veterinária da Unisa, Natália C. Gaeta. Segundo a pesquisadora, o objetivo é mapear patógenos bacterianos no ambiente hospitalar, como em mesas, salas de cirurgia e outros locais de contato durante os atendimentos. A referência inicial do estudo é o Hospital Veterinário da UNISA (HOVET).
“A resistência bacteriana é um dos maiores desafios da saúde pública global. Nosso objetivo é realizar uma vigilância epidemiológica detalhada para identificar e caracterizar microrganismos resistentes em superfícies hospitalares e no atendimento”, destaca a pesquisadora. A primeira etapa envolve a coleta de amostras, o cultivo e isolamento das bactérias, a identificação das espécies e testes de sensibilidade aos antibióticos.”
A segunda etapa terá a colaboração da doutora e pesquisadora Erika Ganda Ricotta, que atua na Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e utiliza a técnica de IDT RhampSeq, uma metodologia de biologia molecular que identifica sequências de nucleotídeos no DNA bacteriano. “Essa tecnologia pode revolucionar a forma como monitoramos e combatemos a resistência bacteriana, oferecendo uma alternativa mais eficiente e de menor custo em comparação aos métodos tradicionais", explica a doutora Erika Ganda.
“A técnica desenvolvida pela cientista
Erika é focada na detecção de genes de resistência e, dessa forma, permitirá
mais agilidade em sua identificação, o que beneficia o monitoramento e controle
de infecção hospitalar. Como consequência, estimula a redução de material e mão
de obra”, esclarece a médica veterinária da UNISA
“As bactérias com mecanismos de resistência são selecionadas e se multiplicam, o que aumenta a quantidade de bactérias resistentes no ambiente", alerta Natália Gaeta. “No ambiente hospitalar, onde há o manuseio de muitos antibióticos, é fundamental implementar um programa de gestão do uso de antimicrobianos para diminuir a resistência bacteriana”, conclui Gaeta.
Ainda segundo Natália, as técnicas moleculares são fundamentais para um monitoramento frequente, pois oferecem vantagens em custo e tempo de resposta. “Dessa forma, o estudo permitirá, em caso de surto bacteriano, rastrear a fonte de infecção e compará-la com as sequências de DNA em um banco de dados, auxiliando no processo de investigação das bactérias resistentes a antibióticos”.
O projeto conta com o apoio da coordenadora Adriana Cortez e dos professores Guilherme José da Costa Silva e Bruno Miotto, do Programa de Mestrado e Doutorado em Saúde Única da UNISA, além do pesquisador Marcos Bryan Heinemann, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP). O estudo também prevê a elaboração de um plano de biossegurança e de gestão do uso de antimicrobianos para o HOVET, em conjunto com os médicos veterinários que atuam no hospital.
Além da pesquisa, a iniciativa inclui a capacitação de profissionais de outros hospitais veterinários, promovendo a adoção de práticas de gestão de antimicrobianos e mitigação da resistência bacteriana. "Queremos compartilhar nosso conhecimento e tecnologia para fortalecer a saúde pública e animal, alinhando-nos ao conceito da Uma Só Saúde", afirma Gaeta.
Universidade Santo Amaro - Unisa
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