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sábado, 23 de novembro de 2024

Bullying: como prevenir, combater e tratar


O bullying é uma forma de intimidação contínua e repetitiva que afeta profundamente a autoestima e o bem-estar das vítimas. Atualmente, crianças e jovens enfrentam diversos tipos de bullying, como o físico, verbal, psicológico e virtual, que podem causar sérias consequências emocionais, incluindo ansiedade, depressão e, em casos mais graves, pensamentos suicidas.

Para abordar esse tema, entrevistamos Cris Poli, educadora renomada e coordenadora da EDF -Escola do Futuro Brasil. Ela compartilha orientações práticas para pais, educadores e responsáveis, com o objetivo de prevenir, combater e tratar essa violência. Confira:


Como perceber se uma criança está sofrendo bullying?

É essencial estar próximo das crianças, desenvolvendo um vínculo de confiança e conhecendo bem sua rotina. Conversar, observar e acompanhar de perto suas atividades diárias ajuda a identificar mudanças comportamentais que possam indicar problemas. Caso algo diferente seja notado, é fundamental investigar e observar até compreender o que está acontecendo.


Quais são os sinais?

Entre os principais sinais estão a introspecção, tristeza, isolamento, alterações no apetite ou sono e a recusa em conversar. Por outro lado, algumas crianças podem apresentar comportamentos opostos, como irritabilidade, nervosismo e agitação. Essas mudanças são indicativos de que algo não está bem e devem ser investigadas pelos pais.


Como acontece o bullying?

O bullying é caracterizado por uma repetição persistente de ações ofensivas entre crianças, adolescentes ou até mesmo adultos contra crianças. Essas atitudes contínuas comprometem a autoestima e o desenvolvimento da vítima, alterando sua percepção sobre si mesma. Quando começa cedo e se mantém ao longo do tempo, pode causar impactos emocionais profundos, afetando o amadurecimento e as relações interpessoais.

Durante a infância, as crianças ainda estão aprendendo a expressar sentimentos. Muitas vezes, interações como beliscar, morder ou abraçar com força refletem essa imaturidade. Entretanto, quando expostas ao bullying, elas tendem a repetir as agressões que sofreram, ao invés de aprender formas saudáveis de se relacionar.


Quais as consequências do bullying?

O bullying pode transformar uma criança em um adolescente e, posteriormente, em um adulto agressivo ou emocionalmente incapaz de lidar com seus sentimentos. Muitas vezes, quem pratica bullying já vivenciou esse tipo de situação ou carrega dores emocionais não resolvidas, reproduzindo o que viveu.

Assim como não é possível oferecer amor sem se sentir amado, quem fere e humilha geralmente o faz porque também está emocionalmente machucado. Em meu livro, Bullying: como detectar, como tratar, dedico um capítulo para alertar sobre o tema e reforçar a importância de pais acompanharem de perto a vida de seus filhos.


Como combater o bullying?

A supervisão parental é essencial. Acompanhar o que os filhos assistem, os sites que acessam e com quem interagem é uma forma de proteção. Embora muitos jovens exijam privacidade, acredito que é responsabilidade dos pais conhecer o círculo social e os ambientes frequentados pelos filhos.

Uma estratégia eficaz é incentivar a participação em aulas de teatro. Essa atividade promove o desenvolvimento emocional, permitindo que crianças e adolescentes expressem sentimentos de maneira criativa, seja por meio de palavras, gestos ou representações. Tenho observado resultados muito positivos na Escola do Futuro Brasil, onde o teatro faz parte da grade curricular desde a infância.

Há relatos de crianças que, antes tímidas e com dificuldades sociais, começaram a se comunicar melhor, expressar emoções e até sorrir mais após vivenciarem o teatro. Essa prática tem sido transformadora e é uma recomendação concreta que faço aos pais. Pode ser um processo lento, mas os benefícios são evidentes.


Qual conselho daria para quem sofre bullying?

Se você está enfrentando situações de humilhação ou agressão emocional, saiba que isso é bullying. O primeiro passo é procurar alguém de confiança para conversar e, se necessário, buscar ajuda profissional. Um terapeuta qualificado pode oferecer orientação adequada e apoio emocional.

Falar sobre o que você sente é fundamental. Não subestime sua dor nem pense que estará incomodando outras pessoas. Expressar-se, desabafar e até mesmo chorar são formas de aliviar o sofrimento. Guardar sentimentos negativos pode prejudicar sua saúde emocional.

Para encerrar, quero mencionar meu livro, Bullying: como prevenir, combater e tratar. Nele, apresento orientações práticas e acessíveis para ajudar pais, educadores e qualquer pessoa interessada em entender melhor o tema. Meu objetivo é oferecer um material útil e esclarecedor que auxilie na busca por soluções para o bullying.

  

Cris Poli -ex-Super Nanny Brasil - coordenadora pedagógica na Escola do Futuro Brasil


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