Você já ouviu falar no termo ‘férias silenciosas’,
também chamado de ‘quiet vacations’? Não, apesar de estarmos em julho, período
conhecido pelas férias escolares, os termos não se relacionam diretamente.
Férias silenciosas foi o nome dado para a atitude de alguns funcionários, que
atuam nos modelos híbrido e - principalmente - remoto, de tirar folga durante o
período de trabalho sem informar a chefia.
Essa nova tendência vai totalmente ao encontro com outros movimentos que já
estiveram bastante em alta, como o ‘quiet quitting’, onde as pessoas
decidiram limitar suas tarefas às estritamente necessárias dentro da descrição
de seu trabalho, evitando longas jornadas e sobrecarga. No entanto, será que a
ação de tirar essas férias silenciosas é justa para todos os envolvidos?
O Business
Insider divulgou um levantamento feito pelo instituto de pesquisa The Harris
Poll, que falou com 1.170 americanos empregados em abril deste ano.
Cerca de 40% dos Millennials (pessoas entre 28 a 43 anos), entrevistados
revelaram que já tiraram uma folga do trabalho sem realmente informar o seu
empregador. Enquanto 24% dos membros da Geração Z (pessoas de 13 a 27 anos),
relataram ter feito o mesmo.
Além disso, a geração Millennial que participou do levantamento foi mais
propensa a dizer que tomou medidas para fazer parecer que está trabalhando,
quando na verdade, não está. Para mim, isso é um sinal de problema, pois apesar
da amostra analisada ter sido pequena, o número de pessoas que afirmaram ter
tirado férias silenciosas foi significativo, o que não me parece tão correto,
se pararmos para pensar.
Um dos pontos positivos do trabalho remoto, o famoso home office,
modelo adotado por milhares de empresas durante a pandemia e que se mantém até
hoje por algumas, é você fazer o seu trabalho de casa, ou de qualquer lugar,
desde que consiga entregar um serviço de qualidade e cumpra todas as tarefas
que tenham sido solicitadas. Porém, me questiono como alguém faz isso sem
combinar o jogo com transparência.
Todos já sabem, ou pelo menos deveriam saber, que a base para o bom
funcionamento do home office é justamente a confiança estabelecida entre
gestor e colaborador, onde se espera que as pessoas falem a verdade sobre o que
estão fazendo e sobre a localização em que se encontram. Pois, a partir do
momento em que essa confiança se quebra, a chance do líder adotar um
microgerenciamento é muito maior e isso não será bom para ninguém.
Vejo funcionários reclamando de microgerenciamento, se queixando que os
gestores ficam pressionando, perguntando sobre cada tarefa e pedindo
atualização de suas ações, o que acaba gerando desgaste. É claro que alguns
líderes fazem isso por que querem, o que é péssimo, porém, não desconfio que
alguns adotem essa postura diante de uma eventual desconfiança que surgiu.
Acredito que é possível existir um equilíbrio, pois pessoas que trabalham em home office
e até em modelos híbridos, geralmente têm um pouco mais de flexibilidade de
horários e possuem a vantagem de estarem em casa. No entanto, se afastar do
trabalho sem informar, em momentos em que deveria estar à disposição da
empresa, interagindo com colegas, para focar em atividades pessoais não é algo
que deva ser incentivado.
Pense na seguinte situação: você trabalha remotamente e faz tudo direitinho,
cumprindo suas atividades, mas diante de casos de ‘férias silenciosas’, sua
empresa volta a adotar o modelo presencial por se sentir “enganada”? Você,
provavelmente, não iria gostar, e mesmo tendo agido de forma correta, seria
prejudicado, pois a maioria iria pagar o preço por causa da atitude de alguns.
O fato é que, mais do que nunca, precisa existir transparência, tanto por parte
dos gestores quanto dos integrantes da equipe. Acredito que tudo pode ser
conversado e negociado previamente, como sair um dia mais cedo, entrar no outro
dia mais tarde, e até mesmo se ausentar. Entendo que muitas empresas não dão
liberdade, porém, é preciso que tentem entrar em acordos com os colaboradores,
que por outro lado, não devem agir de má fé e nem abusar nos pedidos, para que
a relação não fique desgastada e seja funcional.
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