Especialista em Pessoas e Cultura dá dicas para colaboradores conquistarem o emprego desejado e para as empresas que desejam aumentar a retenção de talentos
Um número
significativo de brasileiros está insatisfeito com seus empregos e planeja
buscar novas oportunidades ainda em 2024. O estudo, conduzido pela consultoria
internacional Robert Half, aponta que aproximadamente 50% dos entrevistados têm
o desejo de trocar de emprego neste ano, sendo que uma parte quer, inclusive,
mudar de profissão.
Os motivos para
essa insatisfação no trabalho variam, mas incluem principalmente questões
relacionadas à remuneração, falta de oportunidades de crescimento profissional
e um trabalho mais alinhado com os seus objetivos de vida. Muitos dos
entrevistados também mencionaram a busca por um maior equilíbrio entre vida
pessoal e profissional como um fator determinante para a decisão de trocar de
emprego.
De acordo com a
psicóloga, especialista em Pessoas e Cultura e sócia da Refuturiza, Renata
Fonseca, essa movimentação se deve a uma série de fatores combinados, sendo o
principal deles relacionado à liderança. “Uma boa liderança é capaz de motivar
o colaborador, ao passo que uma liderança ruim pode gerar tanta insatisfação a
ponto de o colaborador preferir buscar outra oportunidade profissional mesmo
gostando da empresa em que trabalha”, explica a profissional da Refuturiza,
ecossistema de educação e empregabilidade.
Pandemia, Geração Z e redes sociais
A pandemia do
Covid 19 mudou não só a forma como trabalhamos, o que inclui a popularização do
trabalho remoto, mas o significado do próprio trabalho. “A pandemia colocou luz
sobre uma necessidade latente de melhoria da saúde mental da nossa sociedade,
bem como de um maior equilíbrio entre vida pessoal e carreira. Muitas pessoas
começaram a reavaliar suas prioridades, colocando um foco grande no bem-estar e
em um trabalho e projeto que ofereça uma maior flexibilidade”, diz Renata.
Com relação às
gerações mais jovens, a especialista destaca a tendência pela busca de um
trabalho que tenha um propósito e um impacto positivo na sociedade ou no meio
ambiente. “As atuais catástrofes climáticas colocam ainda mais força nesse
sentido, levando a sociedade a questionar o status quo e a buscar atividades
econômicas que sejam sustentáveis”, aponta.
Há ainda um outro
aspecto que gera insatisfação nos trabalhadores, impulsionando a busca por um
novo emprego: a cultura de comparação promovida pelas redes sociais. “As redes
podem potencializar sentimentos de insatisfação, pois permitem comparações
entre os colegas, uma vez que as postagens são sempre relacionadas a sucessos,
desafios superados, conquistas etc. É a famosa ‘a grama do vizinho é mais
verde’”, destaca Renata.
Para
quem busca recolocação profissional
O mercado está
aquecido e o Brasil registrou a menor taxa de desemprego desde 2015, de acordo
com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que é
uma ótima notícia para quem está em busca de recolocação profissional. Mas como
se destacar em um mercado competitivo? Comunicando ao mercado que você está
aberto a novas oportunidades, indica Renata.
“A principal
ferramenta para buscar uma nova oportunidade é o networking, ou
seja, conversar com pessoas, construir relacionamentos profissionais,
participar de eventos, seminários etc.”, aconselha a profissional.
O anúncio da
disponibilidade também deve vir acompanhado da autopropaganda, ressaltando as
qualidades do profissional. “É importante saber falar sobre suas competências,
seus diferenciais e, principalmente, sobre resultados alcançados. Tenha na
cabeça projetos realizados que exemplifiquem suas competências e suas
contribuições. Traga números, situações reais e os resultados alcançados”,
indica.
Para descobrir o
que te faz um profissional diferenciado, é necessário fazer uma autoavaliação,
ponderando seus pontos fortes, seus diferenciais e descobrindo também as áreas
que precisam ser desenvolvidas, sanando essas deficiências o mais rápido
possível. É possível realizar a autoavaliação por meio de teste de perfil
comportamental (DISC), oferecido gratuitamente pela plataforma Refuturiza.
“Converse com
pessoas de diferentes empresas e segmentos para entender o mercado, e, assim,
identificar oportunidades onde o seu perfil possa ser um diferencial. Tenha
clareza sobre suas expectativas de carreira, seus sonhos e objetivos. O
processo seletivo deve ser uma via de mão dupla: a empresa escolhe o candidato,
mas o candidato também escolhe a empresa. E uma boa escolha pressupõe um bom
autoconhecimento”, aconselha.
Para
empresas que querem reter talentos
Há sinais de
alerta que uma empresa pode antever e, assim, identificar os colaboradores que
estão considerando deixar a empresa. Uma delas é analisar o próprio histórico
da taxa de rotatividade de funcionários, incluindo aqueles que se desligaram de
forma voluntária. De acordo com o Índice de Confiança Robert Half, com base em
dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), em 2023, 39% dos
desligamentos entre profissionais com formação completa e mais de 25 anos de
idade foram feitos a pedido do colaborador.
“A taxa de
rotatividade dos funcionários é um dado que permite à empresa olhar para o
passado e pensar num plano de ação que possa melhorar o índice de retenção dos
talentos. Porém, para ações preditivas, são necessários outros indicadores.
Aqui, na Refuturiza, trabalhamos com a pesquisa de humor mensal, que nos dá
informações sobre área de melhorias na empresa, bem como informações sobre o
que devemos reforçar”, diz.
Para potencializar
a retenção de colaboradores, é importante que a empresa estabeleça uma cultura
de feedback, confiança e transparência, além de implementar processos de
avaliação de desempenho e planos de desenvolvimento individual (PDI)
estruturados, todos disponíveis na plataforma Refuturiza 360°. “É
imprescindível que o colaborador e empresa possam ter conversas sobre
alinhamento de expectativas, passos de carreira, plano de desenvolvimento
individual, entre outros assuntos pertinentes. Durante esses processos, as
expectativas são alinhadas, os feedbacks são fornecidos e as rotas podem ser
corrigidas a tempo. O colaborador gosta de ser reconhecido e recompensado e,
para isso, é fundamental um processo de avaliação estruturado, para que esse
reconhecimento e recompensa seja objetivo”, recomenda.
Outra prática
importante indicada pela psicóloga e especialista em Pessoas e Cultura é que o
colaborador veja a empresa como um espaço seguro onde ele possa se abrir. A
empresa, por sua vez, precisa repensar suas estratégias de retenção de talentos
e a investir em iniciativas que visam melhorar a experiência dos funcionários.
“Na Refuturiza
procuramos criar uma Cultura Organizacional positiva e de confiança, promovendo
a inclusão e a diversidade. Damos espaço para que os nossos colaboradores
possam se colocar e possam trazer suas angústias. Fomentamos também um ambiente
de trabalho colaborativo, promovendo projetos multifuncionais, por exemplo.
Adotamos também o trabalho híbrido, permitindo a flexibilidade e impulsionando
o equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, relata.
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