O tratamento ortodôntico precoce é imprescindível para intervir em problemas como mordida cruzada e falta de espaço para os dentes crescerem
Quando o assunto é tratamento ortodôntico, uma das dúvidas que ainda surgem entre os pais é a respeito de quando ele pode ser iniciado. Há quem diga, por exemplo, que a intervenção só deve acontecer quando os dentes de leite já foram substituídos pelos definitivos, por volta dos seis anos. No entanto, de acordo com Vivian Farfel, odontopediatra e ortodontista pela USP, isso não passa de um mito, sendo possível começar o tratamento infantil com aparelho a partir dos dois anos e meio.
“Acredito
que devamos iniciar o tratamento o mais cedo possível, porque se esses
problemas [ortodônticos] não forem resolvidos precocemente, eles tendem a
piorar à medida que a criança cresce”, defende a especialista.
Tipos de aparelho infantil
A variedade de dispositivos para o tratamento ortodôntico infantil é grande. O primeiro citado pela odontopediatra é o expansor. “Ele pode ser fixo, preso aos dentes, ou removível. Ele pode ser feito de acrílico ou metal, ser ativado por parafusos, molas e até magnetos. Ele pode trabalhar de maneira lenta ou rápida. Cada um tem as suas vantagens e desvantagens!”, explica Vivian. Segundo a especialista, a sua principal função é proporcionar mais espaço à língua, permitindo que ela exerça sua função corretamente e evitando que ela recaia na garganta, o que ocasiona problemas no sono infantil.
O segundo tipo trazido por Vivian é o ortopédico funcional, que surgiu por volta de 1930 na Europa. “Ele tem sido usado com o objetivo de mudar a posição do maxilar inferior e treinar a musculatura”, esclarece a odontopediatra. Já o terceiro e último é o aparelho extrabucal, que atua na maxila (órbita, nariz e palato, sustenta os dentes superiores e desempenha um papel importante na mastigação e na comunicação) e/ou na mandíbula e é indicado para causas específicas.
Independente
do tipo de aparelho usado pela criança, a especialista reforça que o sucesso do
tratamento depende da ida constante às consultas com o dentista e da
colaboração do paciente.
Os problemas que levam as crianças a usarem aparelho
Mais do que corrigir os dentes tortos, o uso do aparelho é indicado diante de outros quadros diagnosticados pelo dentista. Assim, o dispositivo é capaz de tratar problemas como:
- Mordida cruzada, com estreitamento da arcada superior;
- Mordida aberta;
- Mordida profunda, em que os dentes superiores cobrem os inferiores;
- Constatação de que o queixo está mais para frente ou para trás do
que o normal;
- Falta de espaço para os dentes;
- Dentes nascendo em locais indevidos, como no céu da boca, acima ou
atrás de outros.
Os benefícios trazidos pelo aparelho ortodôntico infantil
O tratamento ortodôntico precoce soma uma série de benefícios. Para começar, Vivian cita que o aparelho faz com que o crescimento facial desfavorável seja revertido, voltando ao que é tido como normal. Além disso, ele melhora o equilíbrio tanto facial quanto da mastigação.
A intervenção precoce ainda corrige hábitos prejudiciais para a arcada dentária como chupar o dedo e/ou fazer uso de chupetas. Além disso, há menor comprometimento da dicção e consequentemente da fala infantil. Por fim, Vivian ainda cita que o tratamento ortodôntico melhora a higienização dos dentes, diminuindo as chances de a criança ter cáries, gengivites e outros problemas orais.
“Entende-se,
então, que se esperarmos até os sete anos de idade, quando os dentes
permanentes começam a trocar, para fazer o tratamento, a chance de o crescimento
facial estar completo é maior, logo as chances de influenciá-lo são muito
pequenas. Portanto, tudo o que poderíamos fazer neste momento é alinhar os
dentes tortos com aparelho. Isso exigirá um uso de contenção por tempo indefinido
para impedir que os dentes fiquem tortos novamente”, esclarece Vivian.
Dra Vivian Farfel é especialista em Odontopediatria pelo Faculdade de
Odontologia da USP; Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela
Faculdade de Odontologia da USP; Especialista em Homeopatia pela Associação
Paulista de Homeopatia; Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares com a
Dra Wilma Alexandre Simões na Faculdade de Odontologia da APCD; Mestre em
Cirurgia.
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