Desde o início da pandemia, tivemos que nos reinventar. Como pessoas e profissionais. A liderança é um suporte fundamental em uma crise global sanitária, social e econômica. Ela se torna um pilar de sustentação para que as decisões e transformações sejam ágeis, estratégicas e sistêmicas, com foco na resolução dos três pontos da crise atual.
Ao
longo deste cenário, que ainda se arrasta, veio à tona a questão: como liderar
pessoas que estão vulneráveis, ansiosas e com a sensação da perda de controle
sobre o futuro? Passei a dar minha resposta com outra pergunta: o que você fez
para se adequar ao momento atual e lidar com tantas incertezas? A razão de
devolver a resposta com esta questão é fazer refletir sobre o que foi
desconsiderado nos últimos tempos.
O
que vivemos hoje é fruto de um modelo de liderança praticado há muito tempo.
Uma liderança voltada para interesses imediatos e com uma total cegueira
metódica. Deixa-se de lado o fato de que ninguém faz nada sozinho e que, se
existe um líder, é porque há uma equipe por trás.
Quando
aprofundamos a conversa sobre valores e competências para formar uma liderança
de qualidade, os clichês se repetem com argumentos vazios, prevalecendo o
ambiente nocivo de competição, onde despeito, arrogância, inveja e desmotivação
drenam a produtividade.
Isso
mostra uma carência de um modelo pautado em cultura, metas, métricas,
mensuração e sucessão, além de características essenciais, como saber lidar com
gente, ser diligente, carismático e ter o dom de inspirar as pessoas. A
colaboração, por exemplo, se tornou uma competência de grande valor e destaque
na pandemia.
A
empresa precisa enxergar cada colaborador como parte de uma grande engrenagem.
Desde o estagiário ao presidente, cada um tem a sua importância. Se não houver
envolvimento, irá comprometer toda essa engrenagem.
Quando
se cria o hábito de envolver a equipe em decisões estratégicas, a cumplicidade
passa a ser um processo natural, fazendo com que os colaboradores se sintam
parte de cada resultado.
A
conclusão é que a genialidade, da forma como o mundo corporativo vem
propagando, é paradoxal ao modelo de uma liderança plural e visionária. Um
formato atrasado, que classifica as pessoas, desconsiderando suas
singularidades e as oportunidades de explorar suas diferenças a favor da
empresa.
A
pandemia e suas consequências no universo dos negócios mostraram a necessidade
de adotar uma maior flexibilidade para avaliar habilidades, novos talentos,
repensar e aprender a se desapegar de valores que já estão ultrapassados.
Vale
lembrar que o sucesso de uma empresa, especialmente em crises como a atual, não
é mérito de uma única pessoa, mas da junção de várias competências que estejam
no mesmo nível de comprometimento com o negócio.
Dra. Cristiane Romano - Mestre e Doutora em Ciências e
Expressividade pela USP, especialista em Oratória, também pela USP, e
pós-graduada em Gestão e Estratégia de Marketing pela PUC/MG.
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