Universitárias
da Fundação Getúlio Vargas declaram guerra ao Boa Noite Cinderela
Preocupadas
com os riscos que aumentam em festas, bares e baladinhas, elas criaram um
“antídoto” simples, acessível e eficiente contra o envenenamento por drogas em
bebidas
Momentos de lazer são indispensáveis para a saúde do corpo, da mente e da
alma. Partindo de tal princípio, aliás, comprovadíssimo pela Ciência,
chegamos à inevitável conclusão de que é absolutamente salutar uma mulher (ou
qualquer outra pessoa) frequentar baladinhas de vez em quando, sair para dançar
e/ou baixar na festa da faculdade, entre outras distintas possibilidades de
vitaminar a vida de alegria.
Em tese é isso mesmo. Porém, a teoria, na prática, pode ser diametralmente
oposta e bem assustadora. Em especial no caso delas, é público que há riscos
diversos - boa parte deles enquadrados no leque da violência de gênero. Por
exemplo: de tempos para cá, tem sido cada vez mais comum episódios de mulheres
dopadas com alguma droga colocada na bebida.
Aliás, uma rápida busca no Google permite registrar que também estão aumentando
os casos de morte por envenenamento por drogas misturadas às escondidas em
drinques e até em refrigerantes.
Atentas às ameaças contra as mulheres e antenadas ao meio que conhecem bem, um
grupo de universitárias da Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV) criou
um “antídoto” simples, acessível e eficiente contra o envenenamento por drogas
em bebidas. Deram a ele o nome de Tampô!
Não ao acaso, pois é exatamente o que faz. Tampô, digamos assim, “lacra” a boca
do copo, dificultando/inviabilizando tentativas de dopagem.
O produto é pioneiro no Brasil e de enorme relevância social. Particularmente,
considerando a escalada da violência contra as mulheres e a necessidade de
utilização de luta, união e criatividade para vencê-la.
Tão interessante e louvável quanto o próprio Tampô é o trabalho que suas
criadoras – as universitárias Gabriela Kulcsar Vasconcelos, Gabriella Cossi,
Georgia Naccache e Laura Pires - realizam nas mídias sociais para conscientizar
as mulheres sobre esse tipo de truculência e abuso. No Instagram (https://www.instagram.com/usetampo), elas
estão organizando ampla biblioteca a respeito do tema. Há informações sobre
golpes famosos, como o Boa Noite Cinderela, notícias de casos rumorosos e até
uma corrente de proteção mútua no link Vamos ajudar outras mulheres. Quem
quiser sugerir temas ou interagir com a galera do Tampô pode ainda usar o
e-mail usetampo@gmail.com.
Por essas e outras, já existe uma procura espontânea de diretórios acadêmicos
de universidades para disponibilização de unidades do Tampô em
encontros/festas, o que é alvissareiro em termos de prevenção à ação de
criminosos e aos atos de violência às mulheres.
Dados e realidade são estarrecedores
25 de novembro é Dia Internacional de Luta Contra a Violência à Mulher.
Destacada desde 1999, por iniciativa da Assembleia Geral da Organização das
Nações Unidas, a data foi definida em homenagem às memórias das irmãs Mirabal
(Pátria, Minerva e Maria Teresa), dominicanas assinadas em 1960 pela ditadura
de Rafael Leónidas Trujillo aos 25 de novembro. Em todo o planeta, visa à
reflexão e à luta.
A mesma ONU estabelece como agressão à mulher "qualquer ato de violência
de gênero que resulte ou possa resultar em danos ou sofrimentos físicos,
sexuais ou mentais para as mulheres, inclusive ameaças de tais atos, coação ou
privação arbitrária de liberdade, seja em vida pública ou privada".
Uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos sofreu algum tipo de violência no
Brasil, durante a pandemia de Covid, segundo pesquisa do Instituto Datafolha.
Os canais Disque 100 e Ligue 180 registraram 105.671 denúncias do gênero em
2020. O número representa um registro a cada cinco minutos.
O Boa noite, Cinderela é uma das formas de violência com casos em ascensão.
Consiste na dopagem da vítima por bebida alcoólica misturada com uma ou mais
substâncias alcaloides, seja de base natural ou sintética.
A bebida alcoólica funciona como potencializadora dos efeitos. Ao ingeri-la,
atenção e memória são afetadas. O uso de substâncias modificadoras de
comportamento para cometimento de delitos é fenômeno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário