De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o fechamento das escolas tem causado consequências adversas. As perturbações resultantes desse movimento acentuam as disparidades já existentes nos sistemas educacionais, além de afetarem outros aspectos fundamentais da vida. Em recente publicação sobre o tema, a Unesco aponta itens sob a ótica da Educação que foram especialmente atingidos. São alguns deles: aprendizagem efetiva interrompida, agitação e estresse para professores, pais despreparados para a Educação remota, desafios na criação e manutenção do ensino não presencial, altos custos econômicos e aumento das taxas de abandono escolar.
A retomada presencial passa, naturalmente, pela
opção de aguardar o momento supostamente mais seguro resultante de uma vacina.
Ainda que o mundo viva uma corrida por uma solução contra a Covid-19, existe
muita responsabilidade e milhares de testes antes que um imunizante seja
distribuído. A cada nova notícia sobre o assunto, somos remetidos às
possibilidades de se alcançar uma vacina eficaz e segura somente ao longo de
2021.
O fechamento de escolas tem evidentes impactos
negativos sobre a saúde e desenvolvimento infantil, Educação, renda familiar e
economia, a médio e longo prazos. Condicionar a decisão de retorno presencial
das aulas à imunização global da população pode até parecer uma decisão 100%
segura, mas, no entanto, escora e prolonga um cenário educacional que as
instituições de ensino sustentaram até o momento com esmero, mas que começa a
dar sinais de esgotamento do modelo e necessidade imediata de ajuste.
Para além da defasagem educacional constantemente
mensurada pelas instituições e já mapeada para recuperação futura, têm se
agravado as desigualdades e violências nos últimos seis meses. As crianças,
além de terem seus estudos prejudicados, também enfrentam questões graves de
violência em meio à pandemia. As crianças e adolescentes se mostram mais
irritadas por estarem tanto tempo longe de seus colegas e de outros familiares.
O afastamento social tem mexido com as sensações da
população mundial – e as crianças são especialmente vulneráveis. A perda dos
espaços de apoio e convivência é um dos motivos para o aumento do estresse e,
consequentemente, da violência contra as crianças e adolescentes. No mês de
abril, o Governo Federal recebeu 19.663 denúncias de violência sexual contra
crianças e adolescentes, sendo um aumento de 47% em relação ao mesmo período do
ano passado.
A escola, mais do que nunca, deve ser compreendida
como atividade essencial. Se, em algum tempo, houve quem acreditou que poderia
fazer educação escolar em casa, a quarentena trouxe os argumentos para
dissuadir quem defendia esse conceito. O ambiente escolar não é apenas um
espaço para construção de conhecimento, é sim um local seguro com um ambiente
profilático propício para essas crianças e adolescentes. Nenhum outro espaço
social está tão comprometido em cumprir as normas e regras para mitigar a
doença, pois, afinal, tudo na escola é educativo, enquanto protegemos os
alunos, ensinamos como devem proteger a si e aos outros, ao passo que nos adaptamos
a viver com a Covid-19, até que uma vacina esteja acessível a toda a população.
Milena
Fiuza - gerente pedagógica do Sistema Positivo de Ensino.
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