Especialista explica
o que é a doença, sintomas e como preveni-la
Você sabe o que é a poliomielite e o
que pode provocar nas crianças? A médica da família e pediatra Milen Mercaldo
explica. De acordo com ela, a doença, também conhecida como "paralisia
infantil" é altamente infecciosa e causada pelo Poliovírus, que invade o
sistema nervoso e pode acarretar um quadro clássico de paralisia de início
súbito.
Ela acrescenta que a maior parte das infecções apresenta poucos sintomas (forma
subclínica) ou nenhum e estes são parecidos com os de outras doenças virais ou
semelhantes às infecções respiratórias como gripe - febre e dor de garganta -
ou infecções gastrintestinais como náusea, vômito, constipação (prisão de
ventre), dor abdominal e, raramente, diarreia. "Cerca de 1% dos infectados
pelo vírus pode desenvolver a forma paralítica da doença, que pode causar
sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à
morte", pontua a especialista do Hospital Anchieta de Brasília.
Dra Milen continua: "em geral, a paralisia se manifesta nos membros
inferiores de forma assimétrica, ou seja, ocorre apenas em um dos membros. As
principais características são a perda da força muscular e dos reflexos, com
manutenção da sensibilidade no membro atingido", ressalta. "Embora ocorra
com maior frequência em crianças menores de quatro anos, também pode acometer
adultos", complementa.
Forma de Transmissão
O vírus da poliomielite é transmitido por pessoa para pessoa, principalmente através
da boca, com material contaminado com fezes (contato fecal-oral), o que é
crítico quando as condições sanitárias e de higiene são inadequadas.
"Crianças mais novas, que ainda não adquiriram completamente hábitos de
higiene, correm maior risco de contrair a doença", destaca. Conforme a
pediatra, o Poliovírus também pode ser disseminado por contaminação da água e
de alimentos por fezes. A doença também pode ser transmitida pela forma
oral-oral, através de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar.
Ela explica: o vírus se multiplica, inicialmente, nos locais por onde ele entra
no organismo (boca, garganta e intestinos). Em seguida, vai para a corrente
sanguínea e pode chegar até o sistema nervoso, dependendo da pessoa infectada.
Desenvolvendo ou não sintomas, o indivíduo infectado elimina o vírus nas fezes,
que pode ser adquirido por outras pessoas por via oral. A transmissão ocorre
com mais frequência a partir de indivíduos sem sintomas.
Prevenção e Cobertura Vacinal
Dra Milen alerta que a poliomielite não tem cura e pode deixar sequelas
permanentes. Segundo a profissional, a melhor maneira de prevenção é a vacina,
mas a medida só é eficaz quando a cobertura vacinal alcança pelo menos 95%.
Dados do Ministério da Saúde, mostraram que em 2019, a cobertura vacinal contra
a poliomielite no DF, em menores de 2 anos, atingiu 89,2%. Este ano, até abril,
apenas 69,8% das crianças foram vacinadas.
Ela aponta que o calendário de vacinas do SUS preconiza três doses da Vacina
Inativada de Poliomielite, a VIP, com administração nas crianças aos 2, 4 e 6
meses e reforço com duas doses da Vacina Oral de Poliomielite, a VOP, aos 15
meses e 4 anos. "É considerado protegido, o indivíduo, maior de cinco
anos, que tenha pelo menos cinco doses da vacina contra a doença. Também é
necessário vacinar-se em todas as campanhas", pondera.
Além das vacinas, é preciso atenção com medidas preventivas contra doenças
transmitidas por contaminação fecal de água e alimentos. "As más condições
habitacionais, a higiene pessoal precária e o elevado número de crianças numa
mesma habitação também são fatores que favorecem a transmissão da
poliomielite", diz. "Logo, programas de saneamento básico são
essenciais para a prevenção da doença", adiciona a profissional.
"Ajude a manter nosso país livre da circulação do vírus e seu filho bem
longe da doença! A campanha se estenderá até 30 de outubro, mantenha o cartão
de vacinação da criança sempre em dia!", conclui Milen Mercaldo, médica da
família e pediatra do Hospital Anchieta de Brasília.
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