Etapa mais importante
no desenvolvimento do indivíduo não exige dos profissionais formação adequada
para a função
Primeira etapa do Ensino Básico, a Educação
Infantil atende crianças de 0 a 6 anos, um período decisivo para o
desenvolvimento e formação intelectual do indivíduo. Segundo especialistas, a
ciência já comprovou que a “arquitetura do cérebro” se forma nos primeiros anos
de vida. Cada nova experiência que as crianças vivenciam no ambiente educativo
desencadeia uma série de descobertas. Para a supervisora editorial da Mais
Cores Solução Educacional, Silvia Dumont, isso ajuda a explicar porque o
trabalho na Educação Infantil é considerado tão importante para definir o
futuro do ser humano. “É nessa fase que a criança começa a desenvolver suas
capacidades físico-motora, cognitiva, socio-emocional, estética, ética, de
relacionamento interpessoal e de inserção social. Se esse período não for
motivador e instigante, pode comprometer o desenvolvimento escolar, social e
afetivo da criança”, alerta Silvia.
Apesar da importância dos anos iniciais de estudo,
profissionais com formação em nível superior que atuam na Educação Infantil
ainda são minoria no país. Uma pesquisa realizada em seis capitais brasileiras
revela que 65% dos professores que atuam nessa fase de ensino não tem
qualificação específica para trabalhar com educação de crianças. Nos centros
municipais de Educação Infantil espalhados pelo Brasil, a maioria dos
professores tem apenas o Ensino Médio concluído. A formação incompleta desses
profissionais dificulta o acesso às melhores possibilidades de aprendizagem.
“Se o professor de Educação Infantil será o mediador das ações que irão
propiciar o aprendizado essencial para essa faixa etária, decisiva para o
desenvolvimento humano, é evidente que esse profissional precisa ser um
especialista, um conhecedor profundo das questões que envolvem o
desenvolvimento infantil em todos os seus aspectos. Do contrário, ele
desempenhará um papel assistencialista, sem priorizar o potencial das crianças
de sua sala de aula”, destaca Silvia.
Grande parte dos alunos, durante a primeira
infância, permanece na escola em regime integral, chegando a ficar até 8 horas
sob a atenção e cuidados dos professores. O que reforça a enorme influência que
esses profissionais têm no desenvolvimento das crianças. "É esperado,
portanto, que o educador que atua junto aos pequenos tenha ampla concepção da
criança como sujeito histórico, social, cultural e futuro cidadão", ressalta
Silvia. Ela observa que são inúmeras as competências necessárias a um professor
da Educação Infantil: “ele deve demonstrar um olhar atento e sensível ao
desenvolvimento da criança, respeitando o ritmo de cada uma delas; precisa ser
capaz de planejar situações de aprendizagem que visem ao desenvolvimento
integral dos alunos; apresentar intencionalidade nas ações de educar, cuidar e
brincar, propiciar o desenvolvimento de objetivos de aprendizagem por meio de
interações e brincadeiras e, por fim, assumir a formação continuada como
alicerce para a sua fundamentação teórica e desenvolvimento pessoal e
profissional”, descreve.
Hannyni Mesquita, gestora da Educação Infantil do
Colégio Positivo Júnior, de Curitiba (PR), destaca que durante a chamada
primeiríssima infância - de 0 a 3 anos - se aprende mais do que se aprenderá ao
longo de toda a vida. “Nesse sentido, as escolas que ofertam a Educação
Infantil têm uma enorme responsabilidade com a humanidade. Saber o que fazer,
porque fazer e como fazer é para profissionais e exige muita formação
continuada e acompanhamento direto de alguém que transforme a prática em objeto
de reflexão para melhoria contínua”, explica Hannyni.
A educadora defende que os profissionais que atuam
na Educação Infantil entendam que o brincar é a linguagem da criança e que
consigam transformá-lo em instrumento mediador no processo didático-pedagógico.
“O professor precisa saber aproveitar essa ferramenta determinante no
desenvolvimento dos aspectos cognitivo, motor, afetivo, psicológico e social da
criança e, para isso, é preciso estar preparado de forma adequada”, ressalta.
“Nessa etapa, o educador deve ter um olhar que é desenvolvido por meio de
orientação e formação, e calibrado para perceber situações corriqueiras,
transformando-as em disparadores para novas aprendizagens”, completa.
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