“A implementação
começou”, disse presidente da Abit no lançamento do MBI em Indústria Avançada:
Confecção 4.0, no Rio de Janeiro
Agora é para valer! Os primeiros projetos para a
implantação da Indústria 4.0 no setor têxtil e de confecção brasileiro já estão
em planejamento. CEOs, executivos e representantes do BNDES, da Finep
(Financiadora de Estudos e Projetos), de unidades do SENAI, da Associação
Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção e do Sindicato do Vestuário
estiveram reunidos no último final de semana, 06 e 07, no Rio de Janeiro, para
o primeiro encontro do MBI em Indústria Avançada: Confecção 4.0, oferecido pelo
SENAI CETIQT.
“O sonho está se materializando com esse tiro de
largada. O MBI proporciona um contato real com o que podemos trazer
da teoria para a realidade. Começamos hoje a dar corpo a uma comunidade que
pode construir na prática a fábrica do futuro. É preciso unir várias
competências; por isso estamos aqui. Temos rodado continentes e estamos muito
satisfeitos em constatar que caminhamos lado a lado com o que há de melhor no
mundo em termos de Indústria 4.0. A implementação no setor têxtil brasileiro
começou”, disse Fernando Pimentel, presidente da ABIT, na abertura do evento,
ocorrido em um hotel da orla da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Já neste primeiro encontro se percebeu a pujança da
iniciativa, com as diversas mesas redondas que se formaram com os
representantes de 30 empresas de grande, médio e pequeno porte – Vicunha,
Cataguases, Demillus, Karsten, Malwee, Coteminas, Guararapes, Renner, Grupo
Soma, JGB, Altenburg, Lucitex, Sol da Terra e DellRio, entre outras; além de 15
representantes de instituições como SENAIs, ABIT (Associação Brasileira da
Indústria Têxtil e de Confecções) e Federação das Indústrias do Paraná.
Todos foram instigados a falar das dificuldades e desafios que enfrentam e a
trocar ideias entre si, já pensando na elaboração de projetos baseados nos
parâmetros da Indústria 4.0.
Mas, para concretizar projetos, é preciso
investimento e apoio financeiro. Por isso a importância da presença do
Superintendente do BNDES, Cláudio Figueiredo Coelho Leal, que esclareceu aos
participantes como o Banco pode financiar esses projetos.
“Aqui neste MBI estamos falando de projetos com
características e risco tecnológico muito maiores do que os de um projeto
convencional; por isso eles vão receber tratamento diferenciado e prioritário
do BNDES. A inovação e o desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas
são, explicitamente, as duas prioridades do BNDES. O apoio do banco a esse
conjunto de empresas propõe condições de financiamento mais vantajosas no que
diz respeito a custo, prazo e uma composição de garantias mais adequadas às
características, ao porte e aos projeto dessas empresas”, pontuou.
Em relação às taxas de juros, Claudio afirmou ficar
em torno de 11 a 12%, mas com três características importantes: “prazos de
financiamentos mais longos, pouco comuns no mercado, uma vez que um
projeto de inovação, por ser arriscado, precisa de mais tempo para se mostrar viável
e, portanto, de mais tempo para ser amortizado; a segunda são níveis de
participação mais altos. Para micros, pequenas e médias empresas, é possível o
banco financiar até 100% do projeto, lembrando que é muito raro um banco
financiar mais de 40, 50% de um projeto. E a terceira diferença, em relação a
projetos tradicionais, é a possibilidade de a empresa, dadas as
características, ter um tratamento mais adequado do ponto de vista das
garantias. Falando claramente, há possibilidade de haver dispensa de garantias
reais, sob condições”, explicou Leal.
Na ocasião, a GS1 Brasil (Associação Brasileira de
Automação), que também atua em parceria com o CETIQT, apresentou aos
alunos-executivos a proposta de participação em uma missão técnica à
Universidade de Aachen, na Alemanha. “Escolhemos a Alemanha porque este país é
o berço da tecnologia 4.0. Lá temos uma gama de atividades voltadas à
Indústria 4.0. Visitaremos um instituto voltado especificamente para a área
têxtil, com todas as tecnologias e inovações já criadas e em implantação. Temos
certeza de que para os participantes deste MBI, voltado para a tecnologia,
conhecer o berço da Indústria 4.0 é um casamento perfeito”, comentou Renata
Salvi, representante da GS1 Brasil.
“Este MBI está organizado para definir estratégias
para fortalecer o setor e torná-lo protagonista na implantação do modelo 4.0 no
Brasil. Da mesma forma que a indústria têxtil foi protagonista da 1ª Revolução
Industrial, queremos ser também desta 4ª. Para fazer isso temos que nos
organizar, reunir as grandes empresas e os grandes financiadores do país a fim
de que possamos definir os próximos passos. Este é o pontapé inicial da 4ª
Revolução Industrial no setor têxtil e de confecção”, comentou Robson Marcus
Wanka, gerente de educação do SENAI CETIQT.
O MBI em Indústria Avançada: Confecção 4.0 seguirá
por cinco eixos temáticos: Estratégias de Inovação e Posicionamento de Negócio;
Materiais e Produtos; Processo Produtivo; Confecção 4.0 e Projeto e Análise de
Viabilidade. E, para que a imersão nesses temas viabilize a modernização do
parque fabril brasileiro, os participantes terão a orientação de grandes
especialistas do Brasil e do exterior. E o que é inovador: de forma totalmente
colaborativa, com todos os participantes compartilhando conhecimentos, trocando
ideias e informações.
“É um curso pioneiro e nossa expectativa é muito
positiva no sentido de alavancarmos todas as nossas ações de tecnologia da área
de TI e de negócios. Queremos nos aperfeiçoar e evoluir para conseguirmos
suportar todo esse caminho que temos a percorrer, nos mantendo sempre na
vanguarda”, afirmou Clodoaldo Delgado de Freitas, gerente de TI da Guararapes
Confecções, de Natal (RN).
Ao longo de toda a especialização, os
alunos-executivos contarão com aulas, palestras, videoaulas e dinâmicas
colaborativas com vários especialistas, profissionais conceituados em suas
áreas de atuação, que compartilharão conteúdo e darão dicas e orientações para
que os participantes incluam cada vez mais soluções tecnológicas em seus
processos e possam aos poucos implantar em suas fábricas o modelo 4.0.
“Temos um processo todo vertical, desde a fiação
até a confecção, e é na confecção onde temos a maioria dos processos manuais.
Minha expectativa é conhecer aqui oportunidades de automatizar alguns processos,
se modernizar, mas sem virar escravo da robotização”, disse Franciele Furlan,
Coordenadora de Engenharia de Produto e Processo na Karsten, de Blumenau (SC).
Meire Bueno, diretora industrial da DellRio, de
Fortaleza, enfatiza também a necessidade da área de confecção agregar maior
tecnologia. “Na área têxtil, a automação está mais avançada, com módulos de
gestão para acompanhar a eficiência, produtividade, níveis de qualidade, de
ocupação de máquina. Já na área de confecção, esse processo está mais atrasado.
Então vemos aqui neste MBI uma oportunidade de tornar realidade a Indústria 4.0
em nossa empresa, de crescer nessa área e fazer frente à Ásia, que é o nosso
principal concorrente hoje”, lembra a executiva.
Angela Hirata, CEO da Japan House e ex-diretora de
marketing da Havaianas – responsável por reposicionar a marca no Brasil e em
mais de 50 países – falou sobre branding, inovação, novos conceitos e
sustentabilidade das marcas. Para ela, não importa o tamanho da empresa, mas o
que ela quer ser e fazer. “Inovação não é pensar somente no produto, mas na
forma de comunicar. Buscar e criar um diferencial e transmitir isso. Copiar não
é inovar. E com o diferencial bem definido, se ganha segurança e a partir daí é
caminhar para transformar seu produto em branding”, declarou.
No segundo dia do MBI (07), os CEOs, diretores,
superintendentes, consultores e gerentes das empresas, além de representantes
do Sindvest, da ABIT, do SENAI Departamento Nacional, SENAI- SP, SENAI-SC e
SENAI CETIQT visitaram a planta piloto da Confecção 4.0, na unidade Riachuelo
do SENAI CETIQT. Todos ficaram entusiasmados ao verem de perto as várias etapas
do processo automatizado. Na minifábrica 4.0, o sistema começa a funcionar a
partir de um Espelho Virtual, no qual o cliente se posiciona para tirar suas
medidas e escolher a peça que será fabricada. Em vinte minutos, a roupa está
pronta e embalada. A visita às instalações do CETIQT contou também com uma
presença ilustre. Bernardinho, que comandou a seleção brasileira de vôlei por mais
de quinze anos, chegou de surpresa e falou sobre empenho e superação, assunto
importante que permeia toda a proposta do MBI.
“Em muitas indústrias do Paraná – e acredito que em
todo o país – temos muitas micro e pequenas empresas que acabam se formando de
um modo informal, com métodos e processos antigos e caseiros. Vejo nesse MBI
uma oportunidade de levar para essas empresas conhecimento em automação e mais
tecnologia a fim de que consigam produzir melhor, com mais qualidade,
aumentando sua competitividade. Seria uma forma delas serem automatizadas, sem
precisar gastar tempo e dinheiro com processos demorados e retrabalho”,
comentou Luciana Bechara, proprietária da Belittle Confecção Infantil e
Diretora da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP).
“A indústria já está em um processo de pequenas
automações, mas agora aprenderemos de fato a utilizar todas essas tecnologias
para tornar o processo fabril mais confiável, com menos perdas e melhor
garantia de qualidade. Como trabalhar essas informações, como implementar tudo
isso, sem se atropelar, de forma a criar dentro de cada empresa uma coisa
consolidada, aos moldes do modelo 4.0, é a minha grande expectativa!”, concluiu
Thais Bryan, da Vicunha Têxtil, que tem várias unidades no Brasil e exterior.
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