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sábado, 19 de setembro de 2020

Quando é culpa da tireoide? Médico desmistifica a relação entre hipotireoidismo e sobrepeso

Foto: Divulgação / MF Press Global
Se estiver controlada, o médico Dr. Lucas Costa Felicíssimo garante que o impacto da disfunção sobre o peso é mínimo

  

Se ela desregula, tudo desanda! Localizada na região do pescoço, a tireoide é uma glândula responsável por orquestrar o funcionamento do organismo. A partir dela, são liberados hormônios que atuam em todo o corpo — os chamados T3 e T4. Caso esteja disfuncional, a glândula torna o metabolismo mais lento e favorece o aparecimento de sintomas como cansaço, ressecamento de pele, unhas e cabelos, e o mais temido de todos: o ganho de peso.

Não é regra, mas boa parte de pessoas que sofrem de hipotireoidismo e estão acima do peso culpam a disfunção pelo aumento da massa corpórea. Em uma postagem no perfil @dr.lucascostas, o médico da Medicina Integrativa Dr. Lucas Costa Felicíssimo explicou que apesar desse ganho ser, de fato, um sintoma, ele não é tão decisivo quando se falta em um aumento significativo de peso.

 “A alteração é mínima. Para muitas pessoas, isso é um choque tremendo, e eu sei que tem gente que fica arrasado de saber que o ganho de peso não é culpa apenas do hipotireoidismo. Esse aumento de massa corporal tem relação com alimentação errônea, sedentarismo e em muitos casos, é mais fácil culpar a tireoide do que enxergar os erros alimentares. Ninguém engorda 10 kg por conta do problema”, pondera o médico. 

Segundo especialista, de fato, o hipotireoidismo é uma doença comum e que reduz o metabolismo, podendo afetar a disposição do paciente. Porém, diversos estudos comprovam que mesmo em casos de hipotireoidismo franco e evidente, o ganho de peso é relativamente discreto, variando entre dois ou três quilos.

“Tratar disfunções na tireoide associando todo um processo de mudança de hábitos e adesão de um estilo de vida mais saudável, de fato pode ser um grande alicerce no emagrecimento. Todavia, isso não quer dizer que o aumento significativo do peso esteja conectado ao hipotiroidismo”, explica o médico. 

Quando o hipotireoidismo não é tratado, aí sim a disfunção de peso pode ser maior. O problema é que uma parcela significativa da população não trata o problema. Segundo um levantamento encomendando pela farmacêutica Sanofi, quase ¼ da população brasileira que possui o problema não o trata de maneira adequada. Desse número, 34% não realizam nenhum tipo de controle ou sabem das consequências da doença.

“São nesses casos onde o descontrole das funções da tiroide podem causar grandes ganhos de peso. Mas quando controlada, a pessoa segue uma rotina de vida normal. O importante é independente da condição ou não, optar por um estilo de vida mais saudável, fazendo exercícios e comendo de forma equilibrada”, recomenda.


FISIOTERAPEUTA ENSINA 5 EXERCÍCIOS PARA QUEM SOFRE COM DESVIO DE COLUNA

Ter hábitos saudáveis e praticar exercícios físicos pode ajudar a tratar e prevenir esses desvios.

 

A coluna vertebral é uma parte muito importante do nosso corpo, pois é ela que sustenta, protege e auxilia a nossa locomoção. Portanto, qualquer alteração nesta parte, que também está intimamente ligada com os nossos órgãos e nervos, pode trazer consequências futuras graves em nosso sistema nervoso central.

De acordo com o fisioterapeuta Bernardo Sampaio, nossa coluna possui algumas curvaturas que são fisiológicas, ou seja, naturais. E essas curvas são denominadas como cifose ou lordose e quando ocorrem alterações nessas curvas damos o nome de hiperlordose ou hipercifose, que é quando ocorre um desvio geralmente na região torácica e lombar do corpo. “Outro desvio bastante conhecido é a escoliose, que é um desvio lateral das vértebras. Esse desvio pode acontecer tanto na parte superior quanto na inferior (escoliose em C) ou em ambas (escoliose em S).” – Explica Bernardo, que também é diretor clínico do Instituto Trata e do ITC Vertebral, unidades de Guarulhos.

O fisioterapeuta diz ainda que, que as causas para esses desvios variam desde condições genéticas ou posturais, passando até por causas idiopáticas (de origem desconhecida). Mas poucos são os casos genéticos. “Por esse motivo, ter bons hábitos e praticar exercícios regularmente podem ser boas ferramentas não só para tratar, como também para prevenir esses desvios.” – Alerta.

Dessa forma, qualquer alteração na condição normal da coluna deve ser tratada e corrigida o mais rápido possível, pois os desvios posturais podem levar a uma série de consequências que alteram diretamente na qualidade de vida do paciente. Pensando nisso, Bernardo Sampaio separou alguns exercícios e alongamentos para quem sofre com os desvios na coluna e que podem ser feitos em casa.

“Mas antes de se aventurar nestes exercícios, é importante lembrar os tratamentos devem ser prescritos por um profissional, e de forma individual, pois devem ser levados em consideração fatores como graus dos desvios, idade, tipo de curvatura, gravidade e sintomas apresentados, para decidir qual o melhor tratamento” – Finaliza o fisioterapeuta.

1. Inclinações pélvicas

A inclinação pélvica ajudará a alongar os músculos tensos dos quadris e da parte inferior das costas. Para fazer uma inclinação pélvica:

  • Deite-se de costas com os pés apoiados no chão e os joelhos dobrados;
  • Contraia os músculos do estômago enquanto ajusta as costas em direção ao chão;
  • Segure por 5 segundos, respirando normalmente;
  • Depois descanse.
  • Faça duas séries de 10.

2. Elevação de braço e perna


É possível fortalecer a região lombar com elevações de braços e pernas. Para fazer os movimentos:

  • Deite-se de frente com a testa em direção ao chão;
  • Estenda os braços sobre a cabeça, com as palmas das mãos posicionadas no chão. Mantenha as pernas retas;
  • Levante um braço do chão;
  • Segure por uma ou duas respirações completas e abaixe o braço de volta;
  • Repita com cada braço e cada perna;
  • Faça 15 repetições em cada membro.

3. Postura do Gato e da Vaca


Essa é uma postura muito popular no Yoga e ajuda a manter a coluna flexível e sem dor. Veja como fazer a postura do Gato e da Vaca:

 

  • Comece com as mãos e os joelhos apoiados no chão, em uma postura de quatro apoios, garantindo que suas costas estejam niveladas e que sua cabeça e pescoço estejam confortáveis;
  • Respire profundamente e leve suas costas e cabeça em direção ao teto;
  • Ao expirar solte os ombros e leve as costas em direção ao chão;
  • Faça duas séries de 10.

 

4. Super Homem


Esse é outro exercício inspirado no Yoga e excelente para a coluna. Veja como fazer: 

 

  • Comece com as mãos e os joelhos no chão e com as costas retas;
  • Estenda um braço para frente e para fora enquanto estende a perna oposta para trás;
  • Respire normalmente e segure por 5 segundos;
  • Repita com o braço e perna opostos;
  • Faça  de 10 a 15 repetições de cada lado.

5. Alongamento do músculo grande dorsal


É possível alongar o grande dorsal - o maior músculo da parte superior do corpo - com esse alongamento. Ele é excelente para a escoliose torácica, que afeta diretamente esse musculo e também para a escoliose lombar que  pode causar tensão nas costas e se estende até o grande dorsal. Aprenda:

 

  • Fique de pé com boa postura em uma posição neutra;
  • Mantenha os pés afastados na largura dos ombros e os joelhos levemente dobrados;
  • Leva as mãos acima da cabeça e segure o pulso direito com a mão esquerda;
  • Curve-se levemente  para o lado direito até sentir um alongamento no lado esquerdo do corpo;
  • Segure por uma ou duas respirações e, em seguida, volte a posição inicial;
  • Repita no lado oposto.
  • Faça de  5 a 10 repetições de cada lado.

 



BERNARDO SAMPAIOFisioterapeuta (Crefito: 125.811-F), diretor regional da Associação Brasileira de reabilitação de coluna - ABR Coluna e diretor clínico do ITC Vertebral e do Instituto Trata, de Guarulhos, Bernardo Sampaio é também professor do curso de fisioterapia do Centro Universitário ENIAC (Guarulhos) e do Instituto Imparare e leciona como convidado no cursos de pós-graduação na Santa Casa de São Paulo. Possui experiência em fisioterapia ortopédica, traumatologia e esporte; e especialização em fisioterapia músculo esquelética, aprimoramento em membro superior e oncologia ortopédica pela Santa Casa de São Paulo. Saiba mais em: www.institutotrata.com.br  e www.itcvertebral.com.br


Inibidores de apetite usados de forma indiscriminada podem causar doenças cardiovasculares, alerta nutricionista

Foto: Divulgação / MF Press Global

O uso desse tipo de medicamento deve ser empregado apenas quando reeducação alimentar e exercícios físicos não produzem o resultado desejado

  

A obesidade é um problema de saúde a nível global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 2,3 bilhões de pessoas no mundo convivem com o problema segundo relatório de dezembro de 2019.  Diante deste cenário, quando a união entre exercícios físicos e reeducação alimentar não surge os efeitos necessários, algumas pessoas optam por entrar com soluções medicamentosas — recheadas de prós, contras e polêmicas. 

A nutricionista Dani Borges explica que um dos tipos de drogas utilizados para esse fim são os anorexígenos, manipulados à base anfetamina e que agem no sistema nervoso central controlando e moderando as sensações de fome e saciedade. “Esse tipo de tratamento é indicado apenas para pessoas que possuem Índice de Massa Corporal maior que 30 kh/m², associado a problemas como diabetes, hipertensão e colesterol elevado, que podem ser ainda mais perigosos quando somados à obesidade”, alerta. 

Devido a sua composição, o uso indiscriminado e incorreto destes remédios pode causar efeitos adversos como arritmia cardíaca e taquicardia, precisando sempre de orientação de um médico, alerta Dani Borges. A utilização desse fármaco é tão polêmica, que em 2011 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou a proibir a comercialização. O retorno da legalidade de compra veio apenas após a aprovação da Lei nº 13.454 de 23 de junho de 2017, que regulamentou a venda de drogas como anorexígenos sibutraminas, anfepramona, femproporex e mazindol.  

Mesmo com a existência de remédios que podem acelerar o processo de emagrecimento, a nutricionista Dani Borges aponta que um projeto de perda de peso baseado na alimentação e no exercício ainda são a melhor opção, sendo os fármacos apropriados para quem tem sobrepeso. “Ter resultados rápido é um desejo comum aos pacientes, porém, deve-se observar a possibilidade realista disso. A construção de um corpo saudável e com a estética desejada leva tempo e paciência, não existe fórmula mágica”, analisa.

Caso queira uma ajudinha de inibidores, a nutricionista aponta que alguns alimentos naturalmente condicionam a saciedade por um tempo maior. “Há ainda aqueles que ajudam a ‘queimar calorias’ no processo de digestão por ter um fator térmico alto, como as proteínas, por exemplo, que são fundamentais em uma dieta para não veganos e vegetarianos. A proteína possui um fator térmico de metabolização alto, no qual você gasta mais calorias para digeri-la, além de proporcionar maior saciedade. As oleaginosas (castanhas, nozes), ovos e gorduras boas (abacate, azeite extra virgem), assim como as fibras (aveia, linhaça, chia) também proporcionam maior saciedade e podem ajudar a diminuir a fome”, aponta Dani Borges.


Como entender a necessidade dos exames solicitados?

Médico David Pares, da ISA Home Lab, explica como avaliar o porquê de cada análise clínica exigida pelos especialistas

 

Você já reparou nos exames que seu médico tem solicitado, seja por rotina ou por algum problema clínico? E já se perguntou porque alguns deles sempre se repetem, independente da área de atuação do especialista? David Pares, médico e sócio-fundador da ISA Home Lab, laboratório 100% digital, explica o porquê de alguns exames serem sempre solicitados, para que você entenda, de uma vez por todas, o que os doutores buscam identificar com cada um deles. Confira:


Hemograma completo

Será sempre solicitado por qualquer especialidade quando rotina, acompanhamento ou até para identificar o porquê de determinada reclamação do paciente. Feito com amostra de sangue, analisa informações específicas sobre os tipos e quantidades dos componentes no sangue, como os glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas (coagulação sanguínea). É um importante exame de auxílio diagnóstico, não somente para doenças hematológicas e sistêmicas, mas também para identificar a possibilidade de anemias, reações infecciosas e inflamatórias, além de acompanhamento de terapias medicamentosas.

"Quando o paciente vai ao médico reclamando de qualquer dor ou desconforto, o hemograma é o primeiro exame a se pensar, exatamente porque encontra ou descarta muitas possibilidades. Um bom exemplo, é que ele consegue apontar ao médico se o paciente tem uma infecção viral ou bacteriana, se possui algum tipo de parasitose, inflamação ou até intoxicação e possíveis tumores", explica Pares.


Glicemia

Feito também com uma coleta de sangue, esse exame serve para medir o nível da glicose na circulação sanguínea do paciente. É o principal identificador da Diabetes Mellitus, uma doença crônica que acomete mais de 12 milhões de brasileiros, segundo o Ministério da Saúde.

Segundo dados do IDF, Federação Internacional de Diabetes, divulgado em novembro de 2019, atualmente, 463 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos possuem diabetes, no mundo. No Brasil, o número aumentou mais de 30% de 2017 para 2019, um valor muito acima da média em comparação aos outros países.

"É feito rotineiramente porque a doença pode ser descoberta antes do paciente ter qualquer tipo de sintoma. Se feito com frequência, pode identificar em estágio bem inicial, que chamamos de pré-diabetes. No caso da Tipo 2, que surge, normalmente, por causa de hábitos alimentares não-saudáveis, é possível evitar ou retardar o aparecimento da doença e suas complicações. A Tipo 1, por ter uma ligação com a predisposição genética, a identificação logo no início auxilia no tratamento e evita que a doença cause outros problemas mais graves", esclarece David.


Colesterol total e suas frações

O exame de colesterol total, também chamado de painel ou perfil lipídico, mostra os níveis de colesterol na corrente sanguínea. O valor de referência desejável é abaixo de 190 mg/dL. "O controle do colesterol é tão importante quanto o da glicemia, porque normalmente, quando os índices estão altos, o paciente não tem sequer um sintoma que indique o que chamamos de dislipidemia, uma doença que pode ser grave ou fatal, por aumentar a chance de entupimento das artérias (aterosclerose) e de ataques cardíacos, acidente vascular cerebral ou outros problemas circulatórios", aponta o médico.


Creatinina

A creatinina é filtrada nos nossos rins e excretada pela urina. Quando o rim não está funcionando bem, o processo é comprometido e por não eliminar a substância na urina, fazendo com que seus níveis fiquem elevados no sangue. Quando esses números estão acima do normal, indicam ao médico a possibilidade de insuficiência renal, infecção nos rins e desidratação. "Em alguns casos renais, os pacientes acusam sintomas, mas que podem ser confundidos com outros problemas não relacionados ao órgão. Por isso, o exame é ideal para confirmar e investigar possíveis doenças renais, e quando descoberto com antecedência, evitar maiores complicações", explica o especialista.


TGO e TGP (avaliação da função hepática)

O Exame TGO mede os níveis da enzima transaminase no sangue. Serve, principalmente, para investigar problemas no fígado, nos músculos e no coração. Também conhecida como aspartato aminotransferase (AST), a enzima TGO é necessária para a produção de energia. A maior quantidade de TGO está contida nas células do fígado (hepatócitos). Quando o fígado apresenta problemas, os hepatócitos são danificados e ocorre o extravasamento da TGO, aumentando os níveis dessa enzima no sangue. Contudo, como ela também está presente em menor quantidade em órgãos como coração, músculos, rins e cérebro, o aumento da TGO nem sempre indica danos no fígado. Por isso, o exame TGO é requisitado com o exame TGP (transaminase glutâmico-pirúvica), também conhecida como ALT (alanina aminotransferase). Considerando que a TGP está presente exclusivamente no fígado, sabe-se que um aumento nas duas enzimas se deve a um comprometimento da função hepática.

"Por outro lado, um aumento apenas da TGO pode indicar problemas em outro órgão. Níveis elevados de TGO com ou sem aumento de TGP estão relacionados a doenças e problemas como: alcoolismo, câncer de fígado, cirrose, esteatose (gordura no fígado), hepatites, infarto, intoxicação hepática, isquemia hepática, lesão muscular, lesão no pâncreas e mononucleose", conta David.


Exame de urina

O exame de urina é importante para avaliações da função renal e do trato urinário. A infecção urinária, por exemplo, pode ser diagnosticada através dele. Além disso, também é possível auxiliar no diagnóstico de diabetes e de doenças metabólicas.

"É de extrema importância realizar um check-up anualmente, fazendo esses exames, que muito provavelmente, serão os primeiros da lista do pedido médico. Porque são os chamados "preventivos", que auxiliam no diagnóstico de diversas doenças mais comuns. Mas além deles, é importantíssimo que as pessoas mantenham a vacinação em dia, também, sendo esse um dos métodos mais eficientes de prevenção de doenças infecto-contagiosas", finaliza Pares.

 


ISA Home Lab


Retomada de atividade física requer cuidados

No caso das corridas, por exemplo, o aquecimento e alongamento são essenciais para evitar lesões, ressalta especialista da ABTPé

Aos poucos, algumas atividades vão retomando após serem totalmente interrompidas por conta da pandemia. Com a reabertura de academias e espaços para práticas de modalidades esportivas alguns cuidados precisam ser observados para evitar nova parada. Para quem pensa em retomar os exercícios físicos após seis meses sem se exercitar, o desafio é voltar ao ritmo com o menor risco possível de lesões e, por isso, a retomada requer cuidados, salienta o presidente da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), José Antônio Veiga Sanhudo.

Nos consultórios, os especialistas observam que as rupturas do tendão de Aquiles, por exemplo, são habitualmente muito mais frequentes nos meses de outubro, novembro e dezembro de cada ano, quando os indivíduos que estavam sedentários durante o inverno retomam as atividades esportivas sem os devidos cuidados.

“É importante retomar os treinos sob orientação de um profissional e de forma gradual, fazendo os exercícios com uma intensidade ou carga menor do que estava acostumado, para que o corpo possa se readaptar. A retomada das atividades na intensidade prévia à parada pode causar fortes dores musculares e lesões sérias, com comprometimento desta retomada”, ressalta Sanhudo.

O alongamento antes do treino, embora dispensado por alguns educadores físicos, é importante na visão do especialista, pois prepara o corpo para o esforço, diminui a tensão das estruturas musculotendíneas e tem por objetivo minimizar lesões, como o estiramento ou mesmo a ruptura destas estruturas.

O presidente da ABTPé recomenda que a retomada seja gradual, respeitando a regra de reiniciar os exercícios físicos com 50% da intensidade e 50% da carga que vinha realizando antes da parada, e aumentar não mais do que 10% por semana. “Com este cuidado, as chances de lesão são muito menores”, pontua.

Para quem deseja retornar às corridas, fazer exercícios para os músculos dos pés é essencial, ressalta o especialista.  “O pé é o primeiro amortecedor na corrida, mas ele precisa estar com a musculatura bem condicionada para exercer essa função, do contrário, o corpo tende a sofrer mais com o impacto de cada passada”, fala.

Treinos de propriocepção (equilíbrio) são extremamente úteis antes da retomada, para minimizar lesões, especialmente as entorses. “Andar mais descalço também é uma opção para fortalecer os pés, pois a sola é repleta de sensores que ajudam o cérebro a controlar melhor o movimento e o equilíbrio”, explica Sanhudo.


Covid-19: o protagonismo da Proteína Spike

Especialista explica importância dos testes que analisam anticorpos contra a proteína Spike e relação disso com a vacina

 

Enquanto a Organização Mundial da Saúde vê um aumento gradual no número de mortos por coronavírus no mundo, as pessoas de todas as regiões aguardam uma redução no tempo de espera pela chegada da vacina. Ela se tornou objeto de desejo em todos os países. É a saída para a volta à normalidade, para a retomada da vida pré-pandemia. É por isso que os olhos de todos estão voltados não apenas para o coronavírus em si, mas para sua estrutura viral e, mais especificamente, para a proteína Spike, uma das que compõem o vírus. 

De acordo com a infectologista Nancy Bellei, mestre e doutora em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Unifesp, o coronavírus é composto pelas proteínas Envelope, Membrana, Nucleocapsídeo (que envolve o RNA viral) e Spike. Essa última é a responsável pela entrada do vírus na nossa célula, é a que se acopla ao nosso receptor ACE2. Isso significa que os anticorpos produzidos contra ela são capazes de impedir a entrada do coronavírus, neutralizando-o. Por isso, o seu protagonismo neste momento. 

“A proteína S se acopla ao ACE2 e sofre uma divisão para que haja a fusão da membrana viral com a célula ou a endocitose. A partir disso, é liberado o RNA que está no interior do vírus”, explica a médica. Ela acrescenta que a proteína S tem um formato de cabeça de prego, com uma porção mais larga e outra mais estreita. A mais larga é chamada de porção S1 e é nela que está a parte que se liga ao receptor ACE2. 

“O domínio de ligação ao receptor (RBD) da proteína Spike foi identificado como alvo mais promissor para a eficácia da produção de vacinas, diferentemente dos anticorpos contra a proteína nucleocapsídeo, por exemplo, que não se mostraram neutralizantes”, diz a Dra. Nancy. A grande expectativa é, então, que os estudiosos e fabricantes de vacinas foquem na proteína S para desenvolver o produto tão aguardado em todo o planeta. 

Foi com base nesses dados que a Beckman Coulter, multinacional que oferece soluções científicas e laboratoriais inovadoras, trouxe ao Brasil o Access SARS-CoV-2 IgG. Diferentemente da maioria dos exames disponíveis no país, o ensaio da empresa que processa apenas a imunoglobulina G detecta anticorpos exatamente contra a proteína Spike e justamente contra a porção S1. 

"É provável que os candidatos à vacinação, no futuro, precisem fazer o teste em algum momento para checar se desenvolveram esses anticorpos que chamamos de neutralizantes, e não os convencionais. O nosso teste identifica os anticorpos produzidos contra a estrutura S1 da proteína Spike, que têm mostrado em diversos estudos clínicos serem os com maior potencial de serem neutralizantes. Portanto, o Access SARS-CoV-2 IgG pode ajudar não somente a mapear indivíduos que de fato já possuem anticorpos neutralizantes neste momento, mas também neste passo seguinte, na esperada vacinação”, explica Daniela Putti, Head de Marketing da Beckman Coulter na América Latina.

Além disso, o teste da multinacional tem especificidade maior, o que aumenta a chance de detectar resultados verdadeiramente negativos. Ele também não demonstrou risco de reação cruzada e ainda apareceu com a melhor sensibilidade do mercado quando feito de 0 a 6 dias do início dos sintomas: 70,2%. 


Sepse e Segurança do Paciente: qual a relação entre esses dois fatores?

Ações de prevenção e tratamento precoce das infecções são essenciais para reforçar a qualidade do tratamento, seja em casa ou no ambiente hospitalar


Quando um paciente precisa ser hospitalizado, as primeiras preocupações da equipe médica e assistencial giram em torno do diagnóstico correto e da terapia adequada para cada caso. Mas durante todo o período de permanência dentro do hospital, existem outras metas a serem batidas, como as relacionadas à segurança do paciente. Isso não significa que toda pessoa que ficar internada terá um vigia ao lado de sua cama fiscalizando todas as suas ações, por exemplo. O objetivo é reforçar a qualidade do atendimento, evitando intercorrências que possam levar a complicações ou a extensão do tempo de cuidado.

São seis pontos de atenção constante: 1. a identificação correta do paciente; 2. comunicação efetiva; 3. uso seguro dos medicamentos e hemocomponentes; 4. cirurgia segura; 5. prevenção de quedas e lesões de pele; e, talvez a mais importante de todas, 6. a prevenção de infecções. Mas por que os quadros infecciosos preocupam tanto a equipe médica de um hospital? Segundo a gerente de Qualidade do Hospital Santa Cruz, a infectologista Dra. Adriana Blanco (CRM-PR 19.294, RQE 325), isso acontece devido à rapidez com que esses quadros evoluem, podendo levar o paciente à óbito.

“Por isso, aplicamos o protocolo de prevenção de sepse, que antes era chamada de infecção generalizada. Com essas diretrizes, conseguimos avaliar precocemente os sinais de deterioração clínica e iniciar o tratamento precoce com antibióticos para os casos suspeitos”, detalha a médica. A equipe está sempre alerta e acompanha de perto todos os pacientes, mas existem alguns perfis que demandam mais atenção. Entre eles, estão as crianças, os idosos, os portadores de doenças crônicas e os imunossuprimidos. “Nesses pacientes, os casos de infecção tendem a evoluir com ainda mais rapidez”, completa.

 

Você sabia que a sepse não ocorre apenas no hospital?

Exatamente. Por ser um conjunto de manifestações graves e atingir todo o organismo, a infecção pode acontecer em qualquer momento e não apenas em pacientes internados. “É preciso ter em mente que qualquer tipo de infecção é preocupante, mas o mais importante é estar atento aos sintomas clínicos que indicam um agravamento do quadro, como falta de ar, redução da produção de urina, tontura ou alteração do estado mental com confusão, agitação ou sonolência. Esses podem ser encarados como os principais marcadores de disfunções orgânicas”, explica Dra. Adriana.

 

E como saber qual a hora de procurar um médico?

De acordo com a infectologista do Hospital Santa Cruz, os primeiros sintomas são aqueles associados à fonte de infecção normalmente: tosse devido à pneumonia, dor abdominal se o foco for uma apendicite, por exemplo. Em paralelo, pode ocorrer febre e aumento das frequências cardíaca e respiratória. Mas o mais importante é: “toda suspeita de sepse deve ser encaminha ao hospital para investigação”, enfatiza a médica. Ou seja, com esse cenário, é hora de procurar o pronto-socorro.

 

 


Hospital Santa Cruz

www.hospitalsantacruz.com


Setembro roxo chama atenção para a prevenção do Alzheimer

 Quadro foto criado por freepik
Doença que atinge memória e leva a perda cognitiva muda a vida de paciente e familiares

 

Setembro é o Mês Mundial da Doença de Alzheimer, que incentiva a conscientização e move campanhas no mundo todo, coordenado pela Alzheimer’s Disease International (ADI), associação que congrega todas as instituições mundialmente. Este ano o tema é ‘Vamos conversar sobre demência’ e a ABRAz (Associação Brasileira de Alzheimer) chama a atenção para os números da doença.

A cada 3 segundos alguém é diagnosticado com esse tipo de demência no mundo e até 2050 serão 152 milhões de pessoas com Alzheimer, de acordo com a estimativa da ABRAz. “É preciso falar sobre o assunto, trabalhar para prevenção e diagnóstico precoce, já que não há cura, mas há possibilidades de tratamentos avançados capazes de retardar o avanço. Por isso é tão importante o conhecimento e acompanhamento com profissionais especializados”, explica Marcella dos Santos, enfermeira chefe do Grupo DG Sênior e responsável por três casas de residenciais para idosos, em Santo Andre - SP.

Quem tem um familiar com Alzheimer ou conhece alguém que já cuidou de um parente com a doença sabe que a experiência não é nada fácil. Doença neurodegenerativa mais frequente na espécie humana, o problema afeta a memória, o comportamento e outras funções mentais de forma progressiva. Nos estágios mais avançados, impede a pessoa de exercer suas atividades diárias, reconhecer os familiares e se comunicar adequadamente. Na maioria dos casos, a doença é detectada após um longo período, trazendo cada vez mais dificuldades para os familiares em lidar com o paciente.

Hoje já é possível contar com diversos tratamentos e tecnologias para diagnosticar, tratar e facilitar o dia a dia do portador e dos familiares. A última novidade veio de neurocientistas suecos que desenvolveram o aplicativo Altoida, recém-chegado no Brasil. A ferramenta reconhece alterações cognitivas, o que pode ajudar a identificar a doença de Alzheimer 10 anos antes da manifestação dos primeiros sintomas, e de acordo com o desenvolvedor, o app tem até 94% de precisão, e através de um teste rápido ele trabalha com inteligência artificial identificando o CCL (comprometimento cognitivo leve), que é a fase inicial do Alzheimer.

Marcella explica que é preciso ter cautela com a realização dos testes, para que os pacientes não fiquem ansiosos ou até mesmo deprimidos com resultados que apontem para o diagnóstico positivo. “Sempre conversamos muito com a família. A confirmação do Alzheimer pode mudar a forma de lidar com o familiar, mas é importante entender o que realmente é possível fazer por aquela pessoa querida.”

Há muitos fatores que levam ao aparecimento da doença e o papel dos profissionais da saúde é ajudar paciente e familiares a entender melhor a questão para tomar as providências com o máximo de antecedência possível. “É preciso deixar de lado o estigma da doença e trabalhar o psicológico de todos. Acompanhamos de perto tanto pacientes com perda cognitiva e de memória quanto a família que passa por fases bastante delicadas de aceitação”, conta a profissional.


Demência x Alzheimer - Uma dúvida muito frequente é sobre a diferença da demência e do Alzheimer. De acordo com doutor Dráuzio Varella, é necessário entender que a doença de Alzheimer é um dos tipos de doença do quadro demencial. “Para a medicina, a demência não tem ligação com o conceito popular, conhecido como loucura”, explica.

De acordo com o médico, a demência se refere a alterações da cognição. Ele explica que toda análise que fazemos sobre o mundo, como visão, audição, reflexos, percepções de vida, acontecem por meio de processos cognitivos. Nas demências, esses processos vão se embaralhando e a visão da realidade começa a ser deturpada.

“Há vários processos que provocam demência, por exemplo, um derrame cerebral que atinge uma área responsável pelo entendimento de mundo que nos cerca, ocasionando uma confusão”, diz Varella. O doutor reforça que existem vários tipos de demência, como falta de vitamina B12 ou até mesmo casos de hipotireoidismo que levam a quadros confusionais.

“A demência mais comum de todas é a doença de Alzheimer. Ela se deve à deficiência da cognição que vai se instalando gradativamente, começando com pequenos lapsos de memórias, esquece acontecimentos recentes, mas tem memória para fatos tardios. Começa confundir pessoas, contar a mesma história dezenas de vezes, o quadro vai progredindo gradativamente até atingir a parte motora, e acabam sendo dependentes totalmente”, conclui.  


Estudo associa low carb com prevenção de doenças neurodegenerativas

De acordo com o médico e diretor-presidente da ABLC, José Carlos Souto, estudo se junta a vários outros menores indicando os benefícios deste tipo de alimentação para demência e Alzheimer


A relação entre uma dieta com excesso de carboidratos (açúcar) e o surgimento de doenças degenerativas no cérebro, como o Alzheimer, já vem sendo aventada há tempos pela comunidade científica. Recentemente, um novo estudo, realizado pela universidade nova-iorquina Stone Brook veio jogar mais luz nesta questão. Concluiu-se que mudanças neurobiológicas associadas à idade - ou melhor, o envelhecimento do cérebro que pode levar a falhas cognitivas - podem ser evitadas ou revertidas com base em mudanças na dieta, que envolvem minimizar o consumo de carboidratos simples ou por meio da ingestão de cetonas (ou corpos cetônicos).

Antes de mais informações a respeito do novo estudo, vale abrir um parêntese para explicar o que são corpos cetônicos. Conforme o médico, diretor-presidente da Associação Brasileira Low Carb (ABLC), José Carlos Souto, corpos cetônicos são moléculas produzidas no fígado através da metabolização da gordura, capazes de gerar energia alternativa ao corpo. Numa dieta low carb, a gordura natural dos alimentos não é demonizada, e agrega sabor, além de aumentar a saciedade que é própria às proteínas. Souto explica que por serem moléculas grandes as gorduras não podem chegar diretamente ao cérebro, mas os corpos cetônicos, quebrados no fígado, conseguem.

O problema é que para conseguir utilizar adequadamente as cetonas como fonte de energia as pessoas precisam estar adaptadas a um dieta cetogênica, com baixíssima quantidade de carboidratos. “No mundo atual, uma pessoa que passou a vida inteira comendo carboidratos de três em três horas atrofiou sua capacidade de usar gordura como combustível. Assim, se ficar sem açúcar ou em jejum pode passar mal”, diz Souto, destacando que, porém, há estudos in vitro que mostram que o combustível preferido dos neurônios são os corpos cetônicos e não a glicose.

Constatação corroborada pelo novo estudo norte-americano, que consistiu na análise de neuroimagens do cérebro de mais de 1 mil pessoas, entre 18 anos e 88 anos. Os participantes foram submetidos por uma semana a uma dieta padrão (irrestrita) versus uma dieta low carb. Além disso, beberam uma pequena dose de glicose e corpos cetônicos. Constatou-se que em uma dieta padrão, o principal combustível metabolizado foi a glicose, enquanto em uma dieta com baixo teor de carboidratos, o principal combustível metabolizado foram as cetonas De acordo com a análise dos exames, a glicose diminuiu e os corpos cetônicos aumentaram a estabilidade das redes cerebrais. Os pesquisadores reputam esse efeito ao fato de que as cetonas fornecem mais energia às células do que a glicose.

Os cientistas sublinham a relevância do resultado para o futuro do tratamento de doenças degenerativas cerebrais, haja visto que o envelhecimento do cérebro, especialmente a demência, está associado ao hipometabolismo, no qual os neurônios perdem gradualmente a capacidade de usar a glicose como combustível de modo eficaz. Sem a glicose, os neurônios acabam morrendo de fome e as redes cerebrais se desestabilizam. Portanto, de acordo com os pesquisadores, ao dar indícios de que a quantidade de energia disponível no cérebro é aumentada através de um combustível diferente (cetona), abre-se a possibilidade de restaurar o cérebro e retardar o envelhecimento de seu funcionamento.

Sobre a pesquisa, o diretor-presidente da ABLC destaca o fato de ela ter sido realizada em humanos, diferentemente de outros estudos que estabeleceram a relação entre carboidratos e mau funcionamento do cérebro por meio de testes in vitro.

Vale ressaltar, contudo, conforme Souto, que os resultados foram vistos em exames e trata-se de um estudo de mecanismos, em que não se consegue estabelecer um relação de causa e efeito. “Assim, não é possível afirmar, por meio dele, que uma estratégia alimentar low carb ou cetogênica irá reduzir o risco de desenvolver alterações degenerativa cerebrais”, diz.  Mesmo assim, segundo o médico, é de grande importância, pois se junta a vários outros estudos menores como indício dos benefícios deste tipo de alimentação para doenças neurodegenerativas.

Por enquanto, o que já foi comprovado cientificamente, através de estudos clínicos randomizados – que conseguem estabelecer causa e efeito – é que uma alimentação pobre em carboidratos e rica em proteínas e gorduras é capaz de melhorar e às vezes reverter o diabetes, a obesidade,  a síndrome metabólica e a resistência à insulina. “Ora, sabemos que tais condições são todas fatores de risco estabelecidos para demência e Alzheimer, logo uma alimentação low carb, em teoria ao menos, pode ser útil na prevenção destes quadros”, afirma.


Pecuária: produção do Brasil deve crescer 10% em 2020

Para comissões do CRMV-SP, resultado histórico deve-se a competitividade brasileira, aliada a preços e vendas externas


Não faltarão motivos para celebrar em 14 de outubro, o Dia da Pecuária. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o setor em 2020 deve ter um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 771,4 bilhões, 10,1% superior em relação a 2019 e o maior já obtido na série histórica, iniciada em 1989. Destes números, R$ 252,3 bilhões são oriundos da pecuária.

Ainda segundo o Mapa, alguns produtos estão obtendo resultados nunca vistos antes, como a soja, milho, carne bovina, carne suína e ovos. Preços internos, superiores aos de 2019, e as exportações de carnes e grãos, principalmente para a China, impulsionaram esse desempenho favorável.

Para o zootecnista Celso da Costa Carrer, presidente da Comissão de Zootecnia e Ensino do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), há uma série de fatores que influenciam os bons resultados esperados para 2020.

Segundo ele, a competividade brasileira é uma delas, pois o tamanho do rebanho permite escalar grandes volumes de produção. Além disso, o uso de tecnologia própria e internalizada por nosso ecossistema de pesquisa e extensão há mais de 40 anos contribuem diretamente para melhoria e desenvolvimento contínuos do setor.

Carrer ainda destaca vantagens comparativas em relação ao clima, extensão de terras e custos de insumos utilizados, com relações de troca relativamente favoráveis. “Esse conjunto de fatores nos tornam muito competitivos no quesito preço.”

Na mesma linha segue o médico-veterinário e membro da Comissão de Saúde Animal do CRMV-SP, Fábio Alexandre Paarmann. De acordo com ele, os resultados de 2020 estão atrelados à competitividade, além do volume e preço das commodities.

“O nosso custo de produção é reduzido, e com a nossa moeda, o Real, mais baixa que outras, é mais vantajoso para vender os produtos”, avalia Paarmann, que também é auditor fiscal federal agropecuário do Mapa.


Tecnologia, produção e espaço físico

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), nos últimos anos, o Brasil reduziu a área ocupada com o gado e ao mesmo tempo expandiu a produção de carne. De 1980 a 2018 a produtividade aumentou em 176% e a produção de carne cresceu 139%. Isso significa também que 250,6 milhões de hectares deixaram de ser desmatados com o aumento da tecnologia dos últimos anos.

O zootecnista Carrer explica que, classicamente, da combinação dos fatores de produção (terra, trabalho e capital) é que são geradas as condições ideais para que se viabilize a produção e a agregação de valor nos produtos agropecuários. A tecnologia é considerada um quarto fator de produção, porque quando aplicada corretamente, deve economizar pelo menos um dos fatores anteriores.

“Neste sentido, quando se entra com uma tecnologia integrada, que resulta em conforto animal, manejo de pastagens, genética adaptada, biotécnicas de reprodução e formas mais precisas de gestão, melhorando as tomadas de decisão, intensifica-se a produção como medida de redução de impactos ambientais, sociais e econômicos. Aumenta-se o giro do capital e agrega-se valor aos produtos. O Brasil não precisa ampliar a área a ser explorada, mas recuperar a capacidade de produção de áreas sub-exploradas na pecuária”, ressalta o zootecnista.


Pandemia do novo coronavírus e desafios

Com a pandemia mundial do novo coronavírus, vários mercados e diversos setores produtivos sofreram impactos. No entanto, de acordo com o zootecnista do CRMV-SP, o resultado atual

a pecuária de vários países desenvolvidos não possui as mesmas condições brasileiras. “A ameaça da pandemia, com toda a tragédia humana que tem ocorrido, abriu espaços de mercado externo que o Brasil está conquistando”, avalia Carrer.

Atualmente, de acordo com Carrer, os maiores desafios passam pela queda da renda da população e, consequentemente, do consumo no mercado interno; por questões de convencimento dos compradores de que o Brasil respeita e produz carne de maneira social e ambientalmente corretas; exacerbação de movimentos de natureza claramente especulativos no tocante a terras e rebanhos.

“Também é um desafio para o setor pecuarista brasileiro a solução de questões para a volta do investimento no âmbito produtivo e de logística nos modais de transporte e por uma reestruturação dos serviços de apoio e inspeção, de forma multiprofissional e integrada para o País”, finaliza.


Números do setor

De acordo com dados da Abiec, foram exportadas 191 mil toneladas de carnes, resultando em 750 milhões de dólares. Os principais mercados para os produtos brasileiros são a China (40,93%), Hong Kong (15,93%), Egito (8,44%,), Chile (5,56%) e Estados Unidos (3,7%).

Ainda segundo a Abiec:

- 214,69 milhões de cabeças de gado

- 44,23 milhões de cabeças abatidas

- 10,96 milhões de toneladas de carne bovina (TEC) produzidas

- 8,75 milhões de toneladas de carne bovina (TEC) ficam no mercado interno

- 2,21 milhões de toneladas de carne bovina (TEC) são exportadas

Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2019 foram produzidas 13,245 milhões de toneladas de carne de frango, sendo 4,214 milhões exportadas, gerando US$ 6,994 milhões. Em relação à carne suína, no mesmo período foram produzidas 3,983 milhões de toneladas, sendo exportadas 750 mil toneladas no valor de US$ 1,597 milhão de dólares.




Sobre o CRMV-SP

O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas do estado de São Paulo, com mais de 39 mil profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, estados e municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.

 

Vaquinhas virtuais ajudam brasileiros a contornar pandemia

De acordo com o site Vakinha, as arrecadações criadas com tema de coronavírus já totalizaram mais de R$ 15 milhões



Os brasileiros são muito conhecidos pela solidariedade, característica que está ainda mais forte desde o início da pandemia. De acordo com o Vakinha, site de vaquinhas online do Brasil, o número de campanhas saltou de 196 mil para mais de 379 mil entre março e agosto, se compararmos 2019 com 2020. Em paralelo, as arrecadações também cresceram: R$ 15 milhões em vaquinhas criadas a partir do coronavírus.

"Ficamos felizes que o aumento de campanhas tenha sido condizente com o aumento de doações. Nossa ideia é que o Vakinha seja uma forma rápida e segura para doações e prezamos muito por despertar ainda mais esse lado solidário do brasileiro", pontua Luiz Felipe Gheller, CEO do Vakinha, que criou uma página específica para campanhas relacionadas ao coronavírus.

E foi nesse contexto que a vaquinha em prol dos músicos da banda do Ivo Meirelles foi criada, com a intenção de arrecadar o valor de R$ 5 mil para a sobrevivência dessas famílias, uma vez que as apresentações foram paralisadas por conta do isolamento social. Do outro lado do Brasil, em Alagoas, uma campanha foi criada para ajudar o Tokura, um músico oboísta, a sobreviver e não precisar vender seu instrumento, responsável por grande parte de sua renda.

"Vimos campanhas de todas os tipos sendo abertas, desde causas pessoais até pequenos negócios que pretendiam arrecadar algum fundo para não precisarem fechar as portas. E o que mais nos satisfaz é saber que muitas vezes os donos das vaquinhas são pessoas que querem ajudar aquela causa, e não necessariamente quem precisa. Isso mostra que toda ajuda realmente começa aqui", pontua o executivo.

O processo no Vakinha acontece de forma muito simples: o usuário acessa a plataforma, faz um rápido cadastro e abre sua vaquinha, inserindo informações e a causa a ser contemplada, meta, data de encerramento e uma imagem ilustrativa. A partir disso, o dono da campanha a compartilha com a sua rede, e, na medida em que recebe contribuições, o Vakinha debita do valor arrecadado com uma taxa fixa de 6,4% mais R$ 0,50 por doação. A partir do recebimento da doação, o valor total fica disponível para saque, que é transferido das contas do Vakinha para a conta direta do usuário. As taxas e prazos são iguais para todas as vaquinhas.


Sobre o Vakinha:

Vakinha é o primeiro e maior site de vaquinhas online do Brasil, lançado em janeiro de 2009 e que oferece uma solução com tudo o que é necessário para uma arrecadação coletiva. Fundada pelos sócios Luiz Felipe Gheller e Fabrício Milesi, a empresa se consolidou no mercado de causas pessoais como a plataforma que oferece maior transparência, segurança e impacto para os envolvidos. Por dia, mais de 2 mil campanhas são abertas no site.



O papel do negociador quando o divórcio é inevitável

Negociar em conflitos familiares não é tarefa fácil, mas talvez seja a mais recompensadora de todas. Relações familiares são complexas assim como as

questões inerentes a esse vínculo importante. É uma contingência onde as discussões são as variadas e as motivações emocionais nem sempre são
óbvias. Nessa seara, a complexidade é diretamente proporcional a satisfação.

Queremos entender esse caldeirão composto por consanguinidade, emoções e faltas expressas através dos conflitos. Sob esse alicerce podemos tornar o processo da separação mais macio, menos traumático e eficiente para a perpetuação do vínculo, independente do contexto.

E por que essa preocupação? Porque as famílias precisarão encontrar um ponto de equilíbrio para manter a convivência pacífica. Isso só será possível através da composição habilidosa de interesses pessoais e coletivos no tecido delicado deste grupo. E isso não inclui apenas o casal, mas a família estendida, os amigos e, principalmente as crianças.

Imagine-se você, como uma criança de 5 anos de idade, que teve a presença de seus pais reforçando laços de afetividade e proteção. De forma abrupta, passa a presenciar suas figuras de apego no travamento de batalhas cuja objetivo central não é claro nem para eles próprios. O seu mundo se torna sensível e vulnerável, mostrando que aquele ambiente de proteção não existe mais. Se o conflito for recorrente, trará consequências diretas na sensação de apego seguro dessa criança, o que influenciará na estruturação da sua personalidade. Essa é apenas uma entre tantas outras consequências irreparáveis para a família em toda a sua rede.

A empatia aguçada é a ferramenta primordial para que possamos compreender a necessidade por trás do conflito. Esse é o primeiro passo para qualquer negociação, especialmente as familiares. É um movimento sutil e consistente de um bom advogado que compila técnicas de variadas áreas para viabilizar a conciliação. Entender as faltas faz com que possamos ser cirúrgicos no manejo dos fatos e direcionar a composição a um desfecho ajustado para aquelas partes.

Na Escola de Negócios de Harvard, onde fiz o aperfeiçoamento das técnicas de negociações, pude perceber que o modelo não é o mais bem-sucedido por acaso. Entender e acolher, cognitiva e emocionalmente todas as partes envolvidas, possibilita a compreensão das as reais necessidades entre as partes. Esse movimento torna viável visualizar o espaço para negociação. Acende a luz para que possamos diferenciar as variáveis relevantes gerando nos clientes uma sensação de segurança e esperança em um desfecho suave e eficiente, bem longe das disputas judiciais.

Negociadores desatentos a esse aspecto, elevam a resistência das partes, promovendo um ambiente que reforça a insegurança, já tão presente nesse momento difícil que a família enfrenta. Quando as pessoas se sentem inseguras elas aumentam sua reatividade e isso sequestra a capacidade de tomarem
decisões ponderadas. Por isso a uma postura sensível diante da dor do cliente proporciona esse ambiente seguro onde a possibilidade de bons acordos floresce.

Imagine-se como aquela mesma criança de 5 anos de idade, mas agora você tem pais separados e que vivem a realidade de compartilhar saudavelmente seu tempo com você. Independente dos lares distintos e do novo modelo de família, o vínculo seguro segue presente. Você sabe que seus pais estarão na festinha da escola sem ressalvas, que eles estarão com você, te apoiando e reforçando o que verdadeiramente importa. E agora pense em cada um desses pais. Na possibilidade de elaborar o luto da relação conjugal afetiva, mas manter a integridade de sua parentalidade. Na possibilidade de viver em paz com aquele que um dia foi amor, mas hoje pode ser alguém importante com quem se pode contar.

Esse pode parecer um desfecho romântico, mas asseguro que é uma totalmente possível. Depende de nós mais do que das partes. No momento da dor, seremos nós, os negociadores, aptos a proporcionar esse senso faltante. Seremos nós os profissionais hábeis para o manejo do conflito. E isso se faz com bom domínio técnico e disponibilidade em se envolver verdadeiramente no processo da separação, preservando sobretudo a autonomia destas pessoas.

O advogado negociador, que escolhe o direito de família para atuação, precisa aprimorar habilidades que vão muito além do conteúdo ditado pelo direito. Deve reconhecer a abrangência de suas  habilidades, conhecer suas emoções e reconhecer os seus limites. Navegar por esse terreno emocional é o alicerce do processo. Só depois disso florescerão as técnicas que auxiliam no reconhecimento de oportunidades e criação de estratégias de negociações eficientes. Primeiro a terra, depois a semente. Necessariamente nessa ordem.

 

 

Niver M. Bossle Acosta - Advogada especialista em negociações em Direito de família

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