A fumaça do cigarro é
uma mistura de aproximadamente 4.720 substâncias tóxicas diferentes que
constituem-se de duas fases fundamentais: a particulada e a gasosa. A fase
gasosa é composta, entre outros por monóxido de carbono, amônia, cetonas,
formaldeído, acetaldeído, acroleína. A fase particulada contém nicotina e
alcatrão
O tabagismo passivo é uma
ameaça conhecida à saúde ocular entre os adultos. Muitos estudos vinculam a
exposição à fumaça a um risco aumentado de doenças oculares que afetam as
pessoas, mais tarde na vida, como catarata e degeneração macular relacionada à
idade (DMRI), uma das principais causas de cegueira. Mas o fumo passivo
representa uma ameaça à visão das crianças? Um novo estudo de Hong Kong sugere que sim. Os pesquisadores descobriram
que crianças com menos de 6 anos já mostravam sinais de lesões nos olhos
decorrentes do tabagismo passivo.
“Uma das partes mais vulneráveis do
olho à fumaça de cigarro é chamada coroide. A coroide é uma densa rede de vasos sanguíneos na parte posterior do olho. É responsável por fornecer oxigênio e nutrição à retina e mantém a temperatura e o volume do olho.
Estudos mostraram que fumantes e pessoas expostas ao fumo passivo têm uma
coroide mais fina. O afinamento coroidal está relacionado ao desenvolvimento de
DMRI com risco de perda de visão, entre outras condições”, afirma o
oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias
Oculares.
Para descobrir se as
crianças expostas ao fumo passivo apresentavam danos semelhantes, pesquisadores
de Hong Kong examinaram 1.400 crianças de 6 a 8 anos de idade. Eles mostraram
que as crianças expostas ao fumo passivo apresentavam coroides
significativamente mais finas em comparação com as crianças que não eram
expostas à fumaça do cigarro. A diferença era de cerca de 6 a 8 mícrons.
Os dados também mostraram
que o afinamento coroidal em crianças aumentou com o número de membros da
família que fumavam e com a quantidade de cigarros fumados por dia. Embora a
implicação, a longo prazo, dessa influência na saúde ocular futura das crianças
ainda esteja por ser determinada, este estudo mostra o papel potencial da
exposição precoce ao fumo em doenças crônicas que ocorrem mais tarde na vida.
O tabagismo passivo
Ao longo dos anos, a taxa
de tabagismo diminuiu nos Estados Unidos, mas continua a ser um risco para a
saúde. Uma pesquisa de 2018, nos EUA, relatou que até 25,2% da população foi
exposta ao tabagismo passivo e que 37,9% das crianças (de 3 a 11 anos) e
adolescentes (de 12 a 19) foram expostas ao fumo.
Segundo dados do Instituto Nacional do
Câncer (INCA), a fumaça que sai da ponta do cigarro e se difunde homogeneamente
no ambiente, contém em média três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido
de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que o
fumante inala.
A exposição involuntária à fumaça do
tabaco pode acarretar desde reações alérgicas (rinite, tosse, conjuntivite,
exacerbação de asma) em curto período, até infarto agudo do miocárdio, câncer
do pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite
crônica) em adultos expostos por longos períodos. Em crianças, aumenta o número
de infecções respiratórias. Assim, o fumante deve ter conhecimento de que a
fumaça do seu cigarro ou de outro produto derivado do tabaco pode causar
doenças nas pessoas com quem convive em casa, no trabalho e em demais espaços
coletivos e que não existe nível seguro de exposição à fumaça.
“O fumo passivo é
uma séria preocupação para a saúde pública. Cerca de 40% das crianças são
expostas ao fumo passivo, muitas, a longo prazo, o que identificamos como fator
de risco para problemas de visão futuros. As novas descobertas mostram a importância
de pôr um fim ao tabagismo passivo em torno das crianças, em um esforço para
preservar da visão e da saúde em geral”, defende Centurion.
IMO-Instituto de Moléstias Oculares
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