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sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Educação desconectada no Brasil

Quase dois anos após o início da pandemia um dos setores mais impactados em todo o mundo foi a educação. Diversos países avançaram no estudo sobre os impactos do momento nos modelos de ensino aplicados até então. Após esse tempo de observação, ensaiaram e já executam um plano sistemático para preservar o aprendizado em todas as faixas de ensino, mas, sobretudo, para enfrentar os problemas que o fechamento repentino de escolas e universidades expôs.

Enquanto o mundo se pergunta o que a pandemia revela sobre os sistemas educacionais aplicados, no Brasil, o debate segue atrasado e ainda permanece nos rudimentos da polêmica sobre a reabertura ou não das escolas e universidades. Enquanto outros países se reorganizam de forma estruturada para conceber novas alternativas para educação, no Brasil, ainda não está clara uma política nacional que priorize o futuro da educação no cenário pandêmico.

Nos Estados Unidos por exemplo, como dirigente há mais de 10 anos da universidade totalmente americana e online ‘Ambra University’, observamos que a pandemia expôs as lacunas e discrepâncias do investimento em tecnologias da educação e busca por sistema de ensino alternativo. A ruptura repentina do sistema presencial de ensino escancarou a inércia geral de gestores públicos na busca por compreender os benefícios do sistema remoto de ensino como alternativa.

No Brasil, o mesmo efeito foi claramente sentido. Falta de investimentos em internet banda larga nas escolas, ausência de capacitação de professores para uso de tecnologias e ferramentas digitais, inexistência de um plano alternativo ao modelo presencial de ensino, e tantos outros gargalos expostos pela pandemia seguem colocando a educação no país à deriva. Um cenário que sem coordenação nacional, já amarga quase dois anos da paralização do modelo presencial de ensino sem qualquer aceno de gestão para uma solução no curto ou médio prazo.

Sem aprender com a pandemia e olhar para o futuro, o Brasil segue alterando o pouco que se previu para o modelo alternativo de educação remota – a EAD no país (regulamentada há 14 anos, mas com poucos avanços concretos no sistema de gestão da educação brasileiro). Na última quarta-feira, 4, foi publicada Medida Provisória retirando prazo para que o governo federal repasse R$3,5 bilhões para fornecimento de internet gratuita às escolas brasileiras.

Em outro movimento recente, também foi vetado projeto que previa a aplicação do dinheiro do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) para garantir, até 2024, internet banda larga em todas as escolas brasileiras. O Fust foi criado em 2000 com o objetivo de universalizar, e tornar acessíveis, serviços de comunicação (internet, telefonia, rádio e TV), especialmente para a população de baixa renda.

Enquanto isso, aumenta a judicialização para retorno às aulas presenciais nos estados brasileiros. Cada ente da federação busca isoladamente por alternativas para manter o sistema de ensino o que aumenta ainda mais a desigualdade no país com relação ao acesso à educação no país. Um cenário que exige

urgentemente a elaboração de um plano nacional para preservação do ensino do nível básico ao superior. Ou o Brasil se inspira nas estratégias que vem sendo adotadas em outros países do mundo no tocante à educação, ou seguiremos na retaguarda à espera de que o modelo presencial de ensino retorne nos moldes anteriores à pandemia.

O que o mundo já viu e que o Brasil precisa ver é que o ensino virtual e o uso de tecnologias para educação são fenômenos irreversíveis e que não haverá futuro próximo com prioridade de investimentos para o ensino totalmente presencial. É preciso avançar em direção ao futuro. Os dados de conectividade e adesão ao mundo digital são indícios fortes de que as pessoas não abandonarão os benefícios de uma aprendizagem remota e de qualidade.

A história mostrará se escolhemos permanecer à deriva ou se ajustamos o prumo e avançamos com o mundo para uma educação híbrida, integrada, conectada e totalmente capaz de preservar a aprendizagem.

 

 

Alfredo Freitas - pós-graduado em ‘Project Management’ pela Sheridan College no Canadá, graduado em Engenharia de Controle e Automação e Mestre em Ciências, Automação e Sistemas, pela Universidade de Brasília. O renomado profissional tem mais de 15 anos de experiência em Tecnologia e Educação. É atualmente Diretor de Educação e Tecnologia da Ambra University. A Universidade americana é credenciada e tem cursos reconhecidos pelo Florida Department of Education (Departamento de Educação da Flórida) sob o registro CIE-4001. Além disso, a universidade conta com histórico de revalidação de diplomas no Brasil.

 

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