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quinta-feira, 22 de julho de 2021

Herpes sem crise, mas com prevenção e tratamento

Herpes. Muita gente, só de ler essa palavra, já sairia correndo e nem leria esse texto. Uma palavrinha que carrega muito estigma, tabu e preconceito, mas que representa uma condição que muitos sabem tratar, porém desconhecem a possibilidade de prevenção. Há muita desinformação a cerca da doença, que tem dois tipos diferentes, é contagiosa e ligada a partes do corpo que envolvem contato íntimo e pessoal. ¹ E aí, como prevenir? 

Segundo o Dr. Alexandre Fabris, médico membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, tanto o tipo HSV-1, labial, quanto tipo HSV-2, genital, são da família do herpesvírus. “Embora ambos possam causar lesões em qualquer uma dessas áreas, as associadas ao herpes vírus tipo 1 normalmente ocorrem em região labial ou ao redor dos lábios enquanto que lesões relacionadas ao herpes vírus tipo 2 ocorrem normalmente em região genital”, explica o dermatologista. 

O herpes vírus tipo 1 é o mais prevalente, atingindo mais de 90% da população adulta.² O contágio se dá através de contato direto ou através de gotículas de saliva em superfícies ou objetos compartilhados, muitas vezes durante a infância. ¹ Já a infecção pelo HSV-2 é menos prevalente que pelo HSV-1 e sua transmissão se dá principalmente através de contato sexual. Portanto, é mais frequente a partir da adolescência.  

De acordo com Dr. Alexandre Fabris, a maioria das infecções pelo vírus do herpes é assintomática. “Quando existem sintomas, a primeira apresentação é comumente mais severa que as subsequentes, levando a erupções vesiculares (feridas) mais extensas, que podem ser acompanhadas de dor importante e febre. Quando há recorrência, ela surge em vesículas ao redor da boca, sobre a base avermelhada que cicatrizam em cerca de 10 dias. Alguns pacientes relatam sintomas com a sensação de queimação ou "pinicação" na área de aparecimento das lesões imediatamente antes do surgimento das vesículas”, explica o dermatologista, que acrescenta que, no caso do HSV-2, as lesões na área íntima são as mais frequentes, mas também podem ocorrer em outras áreas como nádegas e coxas. 

Embora possa haver infecção sintomática simultaneamente por ambos os tipos de vírus do herpes, Dr. Alexandre diz que pessoas que apresentam lesões causadas por um subtipo parecem apresentar resistência ao surgimento de lesões pelo outro: “ou seja, pessoas com lesões no rosto normalmente não apresentam lesões genitais e vice-versa”. 

Mas há como evitar a doença! ³ “A prevenção da infecção pelo vírus do herpes tipo 1, por ser de muito fácil contágio, é bastante difícil, sendo que a grande maioria das pessoas na idade adulta apresentam sorologia positiva para este vírus. A infecção pelo herpes vírus tipo 2 pode ser prevenida através de medidas como uso de preservativos e redução do número de parceiros sexuais”, ressalta o dermatologista. “Uma vez infectado, o indivíduo deve procurar evitar situações que levam ao desencadeamento das crises como exposição solar, estresse intenso, privação de sono e também alguns alimentos ricos em arginina, como, por exemplo, pipoca, gelatina, chocolate e nozes”, completa. 

Não existe cura definitiva para o herpes, mas é possível prevenir. Uma dica é a suplementação de lisina. O vírus do herpes utiliza o aminoácido arginina intracelular para se replicar. ³ “Quando aumentamos a ingestão do aminoácido lisina, há redução da quantidade de arginina intracelular e, portanto, menor substrato para a replicação do vírus. Alguns estudos demonstraram que, em indivíduos que apresentam crises de repetição, a suplementação de lisina reduz significativamente o número de crises de herpes, além de acelerar a cicatrização das feridas, reduzindo o tempo de cura das lesões. Essa suplementação pode ser associada ao tratamento com medicações antivirais durante as crises de recorrência”, explica.

 

 

Referências consultadas:

1. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Herpes simplex virus. <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/herpes-simplex-virus> Acesso: junho 2021.

2. GELLER, M. et al. Herpes simples: Atualização clínica, epidemiológica e terapêutica. J bras Doenças Sex Transm, v. 24, n. 4, 2012.

3. THIEN, D. J. et al. Lysine as a prophylactic agent in the treatment of recurrent herpes simplex labialis. Oral Surg, v. 58, p. 659-666, 1984.

 

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