Quedas estão entre
as principais causas de lesões e fraturas nesta faixa etária
Enfraquecimento muscular, perda óssea, diminuição
da velocidade de reação e equilíbrio, além de redução da nitidez e clareza da
visão, estão entre os fatores que colocam a população com mais de 60 anos no
grupo de risco para acidentes domésticos.
Dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), do Ministério
da Saúde, indicam que, para cada três indivíduos com mais de 65 anos, um sofre
uma queda anualmente e que, para cada 20 idosos que caíram, ao menos um sofre
uma fratura ou necessita de internação. Dentre os mais idosos, com 80
anos ou mais, 40% caem anualmente.
Os números preocupam as entidades de saúde, sobretudo em meio à pandemia da
Covid-19, em que o longo período de isolamento social levou ao aumento de casos
de acidentes em casa entre os idosos.
Segundo dados da USP (Universidade Federal de São Paulo), 13% das pessoas com
mais de 60 anos caem de forma recorrente, número que chegou a 30% na pandemia.
O médico Paulo Renzo, da CER Ilha do Governador, Emergência do Hospital
Municipal Evandro Freire, gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas
“Dr. João Amorim”, no Rio de Janeiro, destaca que o atendimento para este
perfil é bastante comum e que essa demanda aumentou significativamente com a
pandemia.
“O confinamento, principalmente em relação aos
idosos, impacta diretamente no aumento de acidentes domésticos. A nova condição
de isolamento social, sem os devidos cuidados para manter a sanidade física e
mental, contribui muito para isso. Os idosos deixaram de realizar suas
atividades fora de casa e, consequentemente, perdem condicionamento físico e
mental. Ganham em ansiedade e depressão”, explica o Dr. Renzo.
Segundo ele, os acidentes e suas consequências são
de ampla variedade quanto à complexidade. Entre os casos mais frequentes que
chegam à Emergência do Evandro Freire estão os idosos com fraturas e contusões.
Em geral, ocasionadas por quedas da própria altura.
“Estamos percebendo também, nestes tempos de
pandemia, o aumento de casos de inapetência, depressão e ansiedade”, ressalta o
especialista, o que fragiliza e até pode gerar acidentes.
Ao tratar de pacientes idosos, todo cuidado é
pouco. “Eles sempre geram preocupações quanto à gravidade, pois a fragilidade é
inerente à idade e à complexidade. Então, tratamos e investigamos todos os
casos, desde os mais simples aos mais complicados”, reitera o médico. Ele
lembra que fraturas e lesões podem impactar seriamente a mobilidade e autonomia
do paciente e até deixar sequelas.
Segundo o Dr. Renzo, cuidar do ambiente onde vive a
pessoa idosa é muito importante, eliminando do caminho qualquer objeto que
possa servir de vetor para acidentes. E cita, como exemplo, manter caminhos
livres de tapetes, móveis em excesso, entre outras providências preventivas
relacionadas ao manejo da rotina domiciliar.
O médico destaca, porém, que a melhor maneira de
manter as pessoas idosas longe das situações de risco é dando atenção a elas,
considerando, claro, todos os cuidados necessários ao enfrentamento da
pandemia.
“Familiares ou cuidadores devem incluir as pessoas
idosas no contexto familiar, participando não só das atividades da casa, como
das atividades lúdicas (jogos de quebra-cabeça, palavras cruzadas e leituras).
Se houver quintal ou varanda na residência, é importante levá-las para um banho
de sol, nos horários apropriados (antes das 10h ou depois das 16h) e,
principalmente, reservar um tempo para ouvi-las. Elas têm muita sabedoria,
histórias de vida e, certamente, amam compartilhar e reviver suas memórias”,
orienta o especialista.
Como proteger o idoso
Quando pensamos na segurança do idoso dentro de
casa, qualquer cômodo pode ser perigoso. Móveis frágeis, objetos de decoração,
cadeira bamba, piso escorregadio ou tapetes soltos possuem grande potencial de
risco para quedas.
Doenças específicas mais comuns entre idosos, como
Parkinson, esclerose múltipla e artroses, além do aumento da probabilidade de
uso de medicamentos sedativos, impactam no equilíbrio e na estabilidade,
afetando sua segurança no dia a dia.
Quedas (de escadas, cama, pisos molhados etc.) e
acidentes com utensílios domésticos (facas, pregos e vidros, entre outros),
além de queimaduras, são os principais responsáveis por fraturas e lesões, em
alguns casos com consequências graves.
Além disso, descuidos com instrumentos de cozinha
ou construção podem causar lesões nos vasos sanguíneos, tendões e nervos das
mãos, enquanto as quedas podem gerar fraturas que necessitem de intervenção
cirúrgica.
Portanto, são recomendadas pelas autoridades de
saúde alguns cuidados básicos e adaptações nos ambientes:
- A iluminação de todos os cômodos da casa deve ser
reforçada.
- Móveis pequenos, como criados-mudos, servem como
sustentação para o idoso, portanto devem estar firmes e, preferencialmente, sem
rodinhas.
- Atenção especial a possíveis vazamentos em pias e
vasos sanitários, evitando que o piso fique molhado.
- Adequar os principais acessos da casa para evitar
que o idoso precise subir e descer escadas com frequência.
- Inserir barras de apoio, principalmente nos
banheiros.
- Dar preferência ao uso de pisos antiderrapantes e
evitar tapetes.
- Durante o manuseio do fogão, manter os cabos de
panelas sempre voltados para dentro e dar preferência a equipamentos com
acendimento automático e trava de segurança.
Dr. Renzo frisa que, em caso de qualquer acidente, familiares ou cuidadores
devem procurar atendimento médico imediatamente.
CEJAM
- Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
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