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quinta-feira, 4 de março de 2021

08 de março - Dia da Mulher

 Transformando a dor do divórcio em superação e solidariedade


Estou divorciada há quatro anos. Foi muito duro o período da separação. Recordo que na época em que me divorciei tive assessoria jurídica e procurei por ajuda psicológica, pois o sofrimento era gigantesco. Muitas dúvidas, filho pequeno, como recomeçar? Hoje, me sinto privilegiada por ter conseguido apoio, enquanto muitos não têm.

O divórcio não é apenas um papel assinado. Vai muito além. As pessoas que cercam um recém-divorciado não as apoiam por muito tempo, pois a sensação de luto é muito particular, varia para cada um; afinal, ninguém morreu. No entanto, é preciso considerar que uma vida passada morreu, uma rotina, um investimento, um mundo particular.

A performance no trabalho cai e o choro às escondidas é inevitável. Por dentro, eu estava quebrantada. Quando nos damos conta, estamos calados, com sorrisos forçados para conseguir conviver com uma máscara social.

O recomeço aconteceu aos poucos. Mudança de casa, nova escola para a criança, novas roupas. E, assim, eu me redescobri em uma mistura de medo com surpresas. Nos detalhes, via que poderia me reerguer sem ele, sem meu velho eu.

Muitas decisões foram tomadas, iniciando com um pedaço de papel, no qual escrevi o que eu tinha vontade de fazer, sem julgamentos, sendo sincera comigo mesma. E lá ia eu colocar em prática tudo o que não conseguia fazer enquanto casada, e foram muitas coisas! Iniciar uma atividade física, retomar as aulas de inglês, me voluntariar em uma ONG, reencontrar amigos da faculdade, ficar com meus irmãos, dançar com meu filho na sala sem qualquer recriminação de olhares.

Voltei a me olhar no espelho e, aos poucos, minha autoestima foi sendo reconstruída, meses a fio jogando fora todo lixo emocional que carreguei por anos.

Descobri que poderia ter sido diferente, mas precisei passar por muita dor emocional e aprender a olhar o próximo. Quantos passam por isso sem qualquer apoio, com a sensação infinita de solidão e muitas culpas?

Foi aí que decidi criar o Idivorciei, plataforma que agrega serviços e orientações que ajudam a transformar a dor do término do casamento em uma experiência de superação. Quero ajudar as pessoas que passam por esse mesmo processo de dor e conflitos a dar a volta por cima.

Da dor ao amor, me sinto hoje preparada para amarrar pontas entre muitos profissionais que são fundamentais nessa fase de separação; fortalecendo os planos de abrigar e orientar pessoas divorciadas e seus filhos.

Que nossa cadeia de infinitas dúvidas entre o que é certo e errado, do amor e do ódio, seja revista para que possamos viver melhor, conosco e com o próximo.

Meu divórcio foi necessário. Sem ele, não saberia o que é ser feliz hoje.

 


Calila Matos - empresária, fundadora do Idivorciei (https://www.idivorciei.com.br); voluntária em projetos sociais


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