Levantamento da Associação de Educação Financeira do Brasil mostra que o hábito de falar sobre dinheiro e endividamento ainda precisa ser popularizado no País e que o acesso à formação sobre o tema gera resultados importantes
Entre os dias 23 e 29 de novembro
acontece a 7ª Semana Nacional de Educação Financeira, que tem como objetivo
disseminar a importância da educação financeira em todo País e contribuir para
fortalecimento do tema com diversas ações educacionais gratuitas para toda a
população brasileira. Diante disso, a Associação
de Educação Financeira do Brasil - AEF-Brasil, que desenvolve
metodologias para a disseminação do tema junto a estudantes e educadores, acaba
de divulgar uma pesquisa que mostra a importância da educação financeira no
Brasil e que 62,6% dos pais afirmaram que o tema é muito importante para seus
filhos, já que, desde o início do ano, este tema passou a compor Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) como disciplina transversal no ensino infantil e
fundamental, tornando-se obrigatória em todas as escolas do Brasil.
A pesquisa foi realizada após a aplicação de três projetos da AEF-Brasil:
Projeto Itinerante, em parceria com a Serasa Consumidor e a Serasa Experian, o
Projeto Renova, uma parceria com a Fundação Renova e o Projeto Polos
Municipais, iniciativa que a AEF-Brasil realiza em municípios do Brasil.
"O objetivo do levantamento é mostrar o comportamento dos estudantes e
suas famílias em torno do assunto, alertando para questões que ainda são
sensíveis no que se refere à conscientização da população, além de mostrar que
ainda há um grande trabalho a ser feito no país nesse sentido", explica
Claudia Forte, superintendente da AEF-Brasil.
Durante o período da aplicação dos projetos em 2019, um total de 82 municípios
foram impactados (18 estados mais o Distrito Federal), 2.820 professores foram
capacitados, além de impactar 153.480 alunos e 6.742 pais/responsáveis.
Os resultados mostram que a decisão foi acertada e atende a um anseio da
população, que sabe da importância do assunto para formar uma nova geração mais
consciente e com uma vida financeira mais estruturada. Principalmente, após a
pandemia do novo coronavírus, que mudou a rotina das famílias brasileiras no que
diz respeito às finanças. Com salários reduzidos e demissões, muitos tiverem
que organizar as contas de casa para poder sobreviver. Inclusive, o tema da 7ª
Semana Nacional de Educação Financeira será "Resiliência financeira: como
atravessar a crise?".
O que disseram os estudantes e suas famílias?
A pesquisa aplicada com os alunos envolvidos na iniciativa mostra que 49,2%
participam do orçamento doméstico, economizando nos gastos pessoais, contra
11,9% que já possuem renda e pagam algumas despesas da família. Outros dados
indicam que a educação financeira ainda precisa ser popularizada dentro das
casas, no diálogo familiar, já que 41,6% dos alunos afirmaram que nunca
conversam com os pais sobre dívidas em atraso, contra 35% que informaram
conversar com os pais sempre sobre contas de consumo.
Outro dado importante é que 39,9% preferem aprender educação financeira com
influenciadores digitais contra 20,4% que escolheram games educativos. Além
disso, para as perspectivas de futuro, 35,6% se veem cursando uma faculdade.
Sobre o hábito de poupar, 36,2% dos alunos disseram ter um cofrinho em casa
para guardar dinheiro e continuarão poupando.
Já a respeito das famílias, 34,6% dos pais informaram que as mães são as
principais responsáveis pelas contas domésticas, 45,8% dos pais/responsáveis
têm formação até o Ensino Médio. E 62,6% afirmaram que aprender sobre o tema é
muito importante, sendo que dentre as razões desta importância, os pais
mencionaram que é bom para o futuro, contra o desperdício e para o trabalho.
Nesse sentido, 42,7% da amostra afirmou que aprender sobre educação financeira
permitirá que seus filhos tomem decisões financeiras melhores.
A visão dos professores
De acordo com o levantamento da AEF-Brasil, 67% dos professores ministram o
tema educação financeira de alguma forma nas escolas, contra 83,7% que nunca
haviam participado de capacitação sobre o tema. O assunto é, frequentemente,
ministrado em aulas de matemática (41,4%), contra 33% que não consta no projeto
pedagógico da escola.
Porém, perguntado como deveria ser tratado o tema na sala de aula, 79% optaram
pela forma interdisciplinar ou transversal de ensino, contra 19,8% que preferem
abordar em uma disciplina específica. E sobre a importância de abordar a
educação financeira após a pandemia da Covid-19, 96,2% indicaram que esta crise
favorece a entrada do tema nas escolas e 40,8% sentiu uma piora significativa
em relação ao seu controle financeiro na crise.
"A educação financeira nas escolas impacta toda a sociedade. O aluno leva
o que aprendeu para casa e passa a usar os princípios com toda a família. Ao
impactar o aluno, impactamos toda uma sociedade ao redor. Com os altos índices
de inadimplência do país, o assunto se torna ainda mais urgente para que a
população, ao entender e incorporar a educação financeira em sua vida, possa se
planejar e deixar de fazer parte dessas estatísticas. Sabemos que a situação do
superendividamento passa também pela criação de políticas públicas e de todo um
movimento da sociedade, mas a educação financeira é peça importante para
revertermos essa situação e fazer com que o país volte a crescer",
finaliza Claudia.
AEF-Brasil - Associação de Educação Financeira do Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário